sábado, 4 de março de 2017

Comércio Internacional de Mercadorias - Jan-Dez 2016


          1 - Balança comercial

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações de mercadorias em 2016 cresceram em valor +0,9% face ao ano anterior (+464 milhões de Euros), a par de um acréscimo das importações de +1,2% (+745 milhões de Euros).
As exportações para o espaço comunitário (expedições) registaram um aumento de +3,7% (+1573 milhões de Euros), ao mesmo tempo que as exportações para os países terceiros acusaram uma quebra de -8,2% (‑1109 milhões de Euros).
Por sua vez, as importações de mercadorias provenientes dos parceiros comunitários (chegadas) aumentaram +2,8% (+1298 milhões de Euros), com as importações originárias dos países terceiros a diminuírem -3,9% (-553 milhões de Euros).
Na sequência deste comportamento, o défice comercial externo (Fob-Cif) aumentou +2,7%, ao situar-se em -10766 milhões de Euros (-9619 milhões no comércio intracomunitário e ‑1146 milhões no extracomunitário).
Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações desceu ligeiramente no período em análise, de 82,6% em 2015 para 82,4% em 2016.


A acentuada descida em valor das importações de produtos “Energéticos” em 2016, face ao ano anterior (-27,4%), é explicada não só, mas principalmente, pela descida do preço do petróleo no mercado internacional mas também por uma quebra no volume de petróleo bruto importado (-230 mil tons, -1,7%). O preço de importação do petróleo repercutiu-se, naturalmente, no valor das exportações neste ano (‑22,6%, ou seja -672 milhões de Euros) e logo na balança comercial, sendo certo que cumulativamente ocorreu um decréscimo no volume da exportação de produtos da posição NC-2710, que inclui os produtos refinados (-326 mil tons em termos brutos, -4,0%).

O valor unitário mensal da importação de petróleo, que havia aumentado entre Janeiro e Maio de 2015, mês em que atingiu 442 Euros/ton desceu a partir de então, apenas com uma ligeira recuperação no mês de Novembro, atingindo em Fevereiro de 2016 o seu valor mais baixo, 210 Euros/ton, ou seja, menos de metade do seu valor em Maio de 2015. A partir daí inverteu-se a tendência, até atingir 343 Euros/ton em Dezembro, o valor mais alto do ano.


Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medido em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.







Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da Nomenclatura Combinada), o grau de cobertura (Fob-Cif) das importações pelas exportações dos restantes produtos sobe de 82,4% para 86,6%, com as importações a crescerem +4,4% e as exportações +1,9%.


O peso dos produtos “Energéticos” no total das importações desceu de 20,8%, em 2012, para 10,1% em 2016, ou seja, para menos de metade. Por sua vez, nas exportações, o seu peso desceu de 10,4% em 2013 para 6,2% em 2016. 


Excluindo os produtos Energéticos, verifica-se que o défice do conjunto dos restantes produtos na balança comercial, após uma quebra significativa em 2012, aumentou sustentadamente nos anos seguintes.

2 – Evolução mensal

Após um aumento de +1,0% no 1º trimestre, as importações registaram uma quebra em valor de ‑3,4% no 2º trimestre, para crescerem +1,3% no 3º trimestre e +6,4% no 4º.

Por sua vez as exportações, que no 1º e 2º trimestres haviam decrescido -1,5%, aumentaram +1,9% no 3º trimestre e +4,9% no último trimestre do ano.

Após descidas em valor no mês de Outubro quer das importações quer das exportações face ao mês homólogo do ano anterior, respectivamente -1,5% e -3,4%, ambas as vertentes apresentaram crescimentos no mês seguinte, +8,7% e + 7,8% respectivamente, e aumentos ainda mais vigorosos no mês de Dezembro, +12,6% e + 11,8%.

       3 - Mercados de destino e de origem

       3.1 - Exportações

Em 2016, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 75,2% do total (72,8% em 2015), cresceram em valor +4,3%, contribuindo com +3,2 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de crescimento global de +0,9%.
As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram 24,8% do total em 2016 (27,2% em 2015), registaram uma quebra em valor de -8,2%, contribuindo negativamente com -2,2 p.p. para a taxa de crescimento global.

Por continentes, destacam-se as exportações extracomunitárias para os países de África (8,2%) e da América (8,0%).

Os dez principais mercados de destino das nossas mercadorias em 2016 foram a Espanha (26,2%), a França (12,6%), a Alemanha (11,6%), o Reino Unido (7,0%), os EUA (4,9%), os Países Baixos (3,7%), a Itália (3,4%), Angola (3,0%), a Bélgica (2,4%) e Marrocos (1,4%), conjunto de países que absorveu 76,3% das nossas exportações.

Entre os trinta principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações (+0,9%), couberam a Espanha (+1,4 p.p.), França (+0,6 p.p.), Reino Unido (+0,4 p.p.) e Itália (+0,3 p.p.).
O maior contributo negativo incidiu em Angola (‑1,2 p.p.), o segundo mercado de destino das exportações para os países terceiros depois dos EUA, envolto numa crise financeira na sequência da descida do preço do petróleo, a sua principal fonte de receita, tendo-se assistido a uma quebra generalizada das exportações portuguesas com este destino. Seguiram-se a China, Moçambique e os fornecimentos de Provisões de Bordo para o espaço extracomunitário (-0,3 p.p. cada), e os Países Baixos, EUA, Argélia e Canadá (-0,2 p.p. cada). 


Os maiores acréscimos no valor das exportações para o espaço comunitário (expedições), em termos homólogos, verificaram-se em Espanha, França, Reino Unido e Itália, seguidos da Roménia, Irlanda, Bélgica, Suécia e Eslováquia, tendo o maior decréscimo incidido nos Países Baixos, seguido dos das Provisões de Bordo e da Alemanha. 

Entre os Países Terceiros, os maiores acréscimos ocorreram nas exportações para Taiwan, Suíça, Turquia, Cabo Verde, Tunísia e Israel. Entre os maiores decréscimos assume particular relevância a quebra acentuada em Angola. Seguiram-se a China, Moçambique, as Provisões de Bordo, EUA, Argélia, Canadá, Gibraltar e Venezuela.
      
       3.2 - Mercados de origem das importações

Em 2016, as importações com origem na UE (chegadas), que representaram 77,7% do total (76,5% em 2015), contribuíram com +2,2 p.p., para uma taxa de crescimento global de +1,2%, a par de um contributo negativo dos países terceiros de 0,9 p.p..

As importações com origem no espaço extracomunitário, que representaram 22,3% do total (23,5% em 2015), registaram uma quebra de -3,9%. Por continentes, o maior decréscimo ocorreu em África.
Os dez principais mercados de origem neste período foram a Espanha (32,8%), a Alemanha (13,5%) e a França (7,8%).
Seguiram-se a Itália (5,5%), os Países Baixos (5,1%), o Reino Unido (3,1%), a China (3,0%), a Bélgica (2,8%), a Federação Russa (1,9%) e o Brasil (1,7%), conjunto de países que representou 77,2% das nossas importações.



Entre os maiores contributos positivos para o crescimento das importações destacam~se a Federação Russa (+0,91 p.p.), a Alemanha (+0,80 p.p.), a França (+0,50 p.p.), o Brasil (+0,32 p.p.) e a Polónia (+0,24 p.p.). Estes cinco países contribuíram com +2,78 p.p. para a taxa de crescimento global.

Por sua vez, os maiores contributos negativos couberam a Angola (-0,55 p.p.), seguida do Cazaquistão (‑0,40 p.p.), da Arábia Saudita (-0,43 p.p.), da Argélia (-0,32 p.p.) e dos EUA (-0,15 p.p.). Estes países contribuíram com -1,89 p.p. para a taxa de crescimento global.
Nas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária no período em análise e os que tiveram origem nos países terceiros.


      4 – Saldos da Balança Comercial

Em 2016, o maior saldo positivo da balança comercial (fob-cif) coube ao Reino Unido (+1661 milhões de Euros), seguido dos EUA (+1587 milhões), da França (+1563 milhões), de Angola (+695 milhões) e de Marrocos (+559 milhões de Euros).

O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-6837 milhões de Euros), seguido do da Alemanha (‑2401 milhões), da Itália (‑1614 milhões), dos Países Baixos (‑1233 milhões) e da China (-1143 milhões de Euros).

      5 – Evolução das Exportações e das Importações
           por grupos de produtos 


    5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2) em uso na União Europeia (coincidentes com o Sistema Harmonizado – SH / HS) foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver Anexo).

Em 2016 os grupos de produtos com maior peso nas exportações portuguesas de mercadorias, representando 62,0% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (15,4% do total, com uma taxa de variação homóloga em valor de +6,2%), “Agro-alimentares” (13,1% e +3,3%), “Químicos” (12,9% e +3,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,4% e -3,1%) e “Têxteis e vestuário” (10,2% e +5,1%).


O maior acréscimo ocorreu no grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (+449 milhões de Euros) e o maior decréscimo no grupo “Energéticos” (-672 milhões de Euros).

5.2 – Importações

No período em análise os grupos de produtos com maior peso nas importações portuguesas de mercadorias, representando 71,9% do total, foram “Químicos” (16,8% do total, com uma taxa de variação homóloga em valor de +1,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (16,7% e +7,2%), “Agro-alimentares” (15,8% e +3,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,5% e +10,3%) e “Energéticos” (10,1% e -22,7% face ao período homólogo anterior).

Os maiores acréscimos couberam aos grupos “Material de transporte terrestre e partes” e “Máquinas, aparelhos e partes” (+711 e +687 milhões de Euros, respectivamente) e o maior decréscimo ao grupo “Energéticos” (-1811 milhões de Euros).

      6 – Mercados por grupos de produtos 

    6.1 – Exportações 

De salientar que, entre os mercados de destino das exportações de mercadorias, a Espanha ocupou em 2016 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 26,2% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (3ª posição), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição) e “Aeronaves, embarcações e partes” (7ª posição).


Seguiram-se no “ranking” a França (12,6%), a Alemanha (11,6%) e o Reino UInido (7,0%). Com quotas inferiores, os EUA (4,9%), os Países Baixos (3,7%) a Itália (3,4%), Angola (3,0%), a Bélgica (2,4%) e Marrocos (1,4%). Estes dez países cobriram 76,3% das exportações totais.

      6.2 – Importações 

Nesta vertente, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos com 32,8% do total das importações, sendo as excepções nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” , em que ocupou a 2ª posição a seguir à Alemanha e “Aeronaves, embarcações e partes”, em 4º lugar  depois do Brasil, EUA e França.



Seguiram-se a Alemanha (13,5%), a França (7,8%), a Itália (5,5%), os Países Baixos (5,1%), o Reino Unido (3,1%), a China (3,0%), a Bélgica (2,8%), a Federação Russa (1,9%) e o Brasil (1,7%). Estes dez países cobriram 77,2% das importações totais




ANEXO



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