terça-feira, 2 de outubro de 2018

Comércio Portugal-Venezuela (2013-2017 e 1º Sem. 2018)


Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com a Venezuela
(2013-2017 e 1º Semestre 2017-2018)

( disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória
Para além de um breve conjunto de dados, pouco detalhados, sobre o comércio externo da Venezuela face ao mundo, de fonte Banco Central de Venezuela – Comercio Exterior, para o período 2010-2014 (os dados anuais mais recentes de fonte nacional que nos foi possível encontrar, e mesmo assim em versão ainda provisória), vai-se neste trabalho analisar, com algum detalhe, a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre a UE-28 e a Venezuela ao longo dos últimos cinco anos (2013-2017), com base em dados do Eurostat, e de Portugal com este país sul-americano, a partir de dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE) para o período 2013-2017 e 1º Semestre de 2017-2018, com última actualização em 10 de Setembro de 2018.
De referir que os dados globais disponibilizados pelo Banco Central de Venezuela, em particular os respeitantes à importação, divergem substancialmente, para mais, dos constantes, por exemplo, da base de dados do International Trade Centre (ITC), que permitiriam uma análise detalhada dos produtos e dos mercados envolvidos.

2 – Alguns dados sobre o comércio externo da Venezuela

As importações e as exportações venezuelanas cresceram significativamente entre 2010 e 2012, para decrescerem a partir de então a um ritmo acentuado.

De acordo com dados provisórios divulgados pelo Banco Central de Venezuela, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi superavitária ao longo do período 2010-2014, com saldos positivos oscilando entre 21,7 e 37,2 mil milhões de dólares.
O grau de cobertura das importações pelas exportações atingiu 165,8% em 2011, para se situar em 145,4% em 2014.


O peso do petróleo no total das exportações da Venezuela ao longo destes cinco anos foi sempre superior a 93%.
3 – Comércio com a Venezuela no âmbito da UE-28  
      (2013-2017)
A Balança Comercial da União Europeia a 28 com a Venezuela apresentou saldos tendencialmente decrescentes entre 2013 e 2017, tornando-se mesmo deficitária em 2017.


O valor das exportações desceu sucessivamente de 4,7 mil milhões de Euros, em 2013, para 798 milhões, em 2017.
Por sua vez as importações, que em 2013 e 2014 rondavam os 3,5 mil milhões de Euros, decresceram até 1,3 mil milhões em 2016, para aumentarem em 2017 para 1,6 mil milhões de Euros.
As principais importações em 2017, por grupos de produtos, incidiram no grupo “Energéticos”, com 64,6% do total.
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (11,9% do total), “Produtos acabados diversos” (8,3%), “Agro-alimentares” (7,1%), “Químicos” (6,5%) e “Calçado, peles e couros” (1,1%). Residualmente, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (0,2%), “Madeira, cortiça e papel” e “Material de transporte terrestre e partes” (0,1% do total cada). 


Os principais países comunitários importadores de mercadorias venezuelanas em 2017 foram a Espanha (23,2% do Total), a Suécia (20,4%), a Alemanha (13,4%), os Países Baixos (10,9%) e a Itália (10,2%).
Seguiram-se o Reino Unido (6,7%), a Bélgica (6,2%), a França (3,8%) Portugal e a Polónia (1,5% cada) e a Eslováquia (0,8%).
Estes onze países totalizaram nesse ano 98,7% das importações comunitárias com origem na Venezuela.

As principais exportações comunitárias para a Venezuela em 2017 incidiram nos grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (34,9% do Total), “Químicos” (22,6%), e “Agro-alimentares” (10,9%).
Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (8,1%), “Produtos acabados diversos” (7,7%), “Minérios e metais” (5,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,2%), “Energéticos” (2,7%), “Têxteis e vestuário” (1,5%), “Aeronaves, embarcações e partes” (1,5%) e “Calçado, peles e couros” (0,2% do Total).
As exportações globais, que em 2013 se aproximaram dos 4,7 mil milhões de Euros, viram o seu valor descer sucessivamente ao longo dos anos, para averbarem menos de 800 milhões de Euros em 2017.

Os principais países comunitários exportadores de mercadorias para a Venezuela em 2017 foram a Alemanha (21,5% do Total), a Itália (18,6%), a Espanha (13,7%), o Reino Unido (9,6%) e os Países Baixos (8,3%).
Seguiram-se a França (7,1%), a Bélgica (7,0%), a Suécia (4,5%), a Polónia (2,7%), a Áustria (1,4%), a Dinamarca (1,3%) e Portugal (1,1%).
Estes doze países totalizaram nesse ano 96,9% das exportações comunitárias com destino à Venezuela.

4 – Comércio de Portugal com a Venezuela
      (2013-2017 e 1º Semestre 2017-2018)

4.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com a Venezuela foi favorável a Portugal entre 2013 e 2016, tornando-se deficitária em 2017 e no 1º Semestre de 2018.
Ao longo dos últimos cinco anos o maior valor das importações ocorreu em 2015, com 60,7 milhões de Euros (25,3 milhões em 2017), e o das exportações em 2014, com 207,0 milhões de Euros (apenas 8,9 milhões em 2017).
No 1º Semestre de 2018 as importações decresceram, em termos homólogos, ‑8,0%, cifrando-se em 11,1 milhões de Euros, e as exportações decaíram -64,3%, registando um valor de apenas 1,9 milhões de Euros,
O grau de cobertura das importações pelas exportações, extremamente elevado em 2014, desceu para 35,1% em 2017 e para apenas 17,1% no 1º Semestre de 2018.

4.2 – Importações por grupos de produtos
Ao longo dos últimos cinco anos e 1º Semestre de 2018, as importações portuguesas de mercadorias com origem na Venezuela incidiram principalmente no grupo de produtos “Minérios e metais”. No 1º Semestre de 2018, face ao semestre homólogo de 2017, estas importações representaram 94,6% do Total (98,9% no 1º Semestre de 2017), quase exclusivamente constituídas por produtos ferrosos em pedaços, esferas ou formas semelhantes.
Seguiu-se, neste 1º Semestre, o grupo “Madeira, cortiça e papel”, com 3,3 % do Total (0,2% em 2017), com destaque para o carvão vegetal, seguido do papel e cartão "kraft", das caixas, sacos e outras embalagens de papel ou cartão e do papel e cartão revestidos.
O grupo “Agro-alimentares” pesou 1,3% no Total (0,5% em 2017), com destaque para a fruta, como ananazes, peras abacates, goiabas, mangas e figos, seguida das gorduras e óleos e de bebidas não alcoólicas.


4.3 – Exportações por grupos de produtos
Entre 2013 e 2015 o valor médio das exportações portuguesas para a Venezuela rondou os 180 milhões de Euros. A partir de 2015 assistiu-se a um decréscimo acentuado das exportações de “Máquinas, aparelhos e partes”, de “Químicos” e de “Minérios e metais”, e a partir de 2016 também de “Agro-alimentares “, para em 2017 o valor total das exportações ser inferior a 9 milhões de Euros.

No 1º Semestre de 2018 o total das exportações cifrou-se em apenas 1,9 milhões de Euros, sendo os seguintes os grupos de produtos mais representativos: “Minérios e metais” (27,0% do Total), principalmente constituído por construções metálicas e suas partes, seguidas das barras e perfis de alumínio, das colheres, garfos, facas de peixe e semelhantes de metais comuns e dos fogões de sala ou de cozinha; “Produtos acabados diversos” (25,6%), com destaque para os relógios de pulso com caixa de metais preciosos e para os ladrilhos ou placas para pavimentação ou revestimento, em cerâmica, seguidos dos relógios de pulso excepto com metais preciosos, da pedra para calcetamento e lajes de pedra natural, e dos móveis e suas partes, entre outros; “Químicos” (18,2%), principalmente medicamentos e pneus novos, mas também borracha sintética ou artificial e misturas de borracha, revestimentos de pavimentos, paredes e tectos, de plástico, e misturas de substâncias odoríferas para fins industriais; “Agro-alimentares” (10,5%), como azeite de oliveira, vinhos, margarina e preparações alimentícias de gorduras e óleos, óleo de soja e produtos hortícolas preparados ou conservados; “Máquinas, aparelhos e partes”, com destaque para os refrigeradores e congeladores, torneiras e válvulas, máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades, partes de guinchos, macacos, máquinas de terraplanagem, de nivelamento ou escavadoras, e máquinas para a indústria alimentar ou de bebidas, entre outras.
O grupo “Têxteis e vestuário” representou 1,6% do total, “Material de transporte terrestre e partes” 0,8%, “Calçado, peles e couros” 0,6% e “Aeronaves, embarcações e partes” 0,1%.

1 de Outubro de 2018.





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