Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com o Brasil
2014-2018 e Janeiro-Setembro 2018-2019
1 – Nota introdutória
O Brasil ocupou em 2018 e no período
de Janeiro a Setembro de 2019 a 11ª posição entre os mercados de origem das
importações portuguesas de mercadorias, com respectivamente 1,3% e 1,2% do total
(5,5% e 5,1% do total dos
países terceiros).
Na vertente das exportações ocupou o
10º lugar em 2018, com 1,4% do total e o 11º no período em análise de 2019, com
1,2% (5,9% e 5,2% no âmbito dos países extracomunitários).
A par de Portugal, o Brasil foi um dos
fundadores, em 1996, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios,
o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao
desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus
actuais nove membros.
Após um breve relance sobre a evolução
do ‘Comércio Exterior do Brasil’, com base em dados de fonte International
Trade Centre (ITC), vai-se analisar a evolução das importações e
exportações de mercadorias entre Portugal e o Brasil ao longo dos últimos cinco
anos (2014-2018) e período de Janeiro a Setembro de 2018 e 2019, com base em
dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de
Portugal (INE), definitivos para os anos de 2014 a 2017, provisórios para
2018 e preliminares para 2019, com última actualização em 8 de Novembro de 2019.
2 – Alguns dados sobre o ‘Comércio Exterior’ do
Brasil
De acordo com os dados disponíveis, quando medidos em Euros, o saldo (Fob-Cif) da Balança Comercial de mercadorias do
Brasil, que em 2014 foi deficitário (-3,1 mil milhões de Euros), tornou-se positivo
em 2015, cresceu até 2017 (+59,3 mil milhões), tendo decrescido em 2018 (+49,7
mil milhões).
Ao longo dos cinco anos em análise, o
ritmo de evolução das importações manteve-se sempre abaixo do nível de 2014.
Por sua vez, as exportações, praticamente estáveis nos dois anos seguintes, viram
o seu ritmo aumentar até 2018, atingindo 120,0% face a 2014.
Os principais parceiros do Brasil em
2018, em ambas as vertentes comerciais, foram a China e os EUA, com 19,2% e 16,2%
nas importações e 26,8% e 12,1% nas exportações, seguidos da Argentina, com 6,1% e
6,2%, respectivamente.
Por Grupos de Produtos (ver conteúdo na tabela em Anexo), em
2018 verificou-se um acréscimo em valor nas importações de +15,0% face ao ano anterior, sendo o grupo de
produtos “Agro-alimentares”, com um
peso de 6,1% na estrutura, o que registou,
entre três, o maior decréscimo, -5,7% (-561 milhões de Euros).
Os maiores acréscimos, em Euros,
ocorreram nos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (+8,2 mil
milhões), “Químicos” (+3,6 mil milhões), “Energéticos” (+3,1 mil
milhões), “Minérios e metais” (+2,1 mil milhões) e “Material de
transporte terrestre e partes (+1,8 mil milhões de Euros).
Em 2018 Portugal pesou 0,5% no Total
das importações brasileiras (37ª posição). Entre os onze grupos, aqueles em que
se registaram as maiores quotas foram “Agro-alimentares”
(4,3%), “Madeira, cortiça e papel” (1,5%)
e “Têxteis e vestuário” (0,6%).
Na vertente das exportações registou-se um acréscimo de +5,4% em 2018 face ao ano
anterior (+10,4 mil milhões de Euros), tendo-se verificado os principais
aumentos, em Euros, nos grupos “Energéticos”
(+6,3 mil milhões), “Aeronaves,
embarcações e partes” (+3,8 mil milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+1,8
mil milhões) e “Produtos acabados diversos”
(+1,7 mil milhões).
O principal decréscimo incidiu no
grupo “Material de transporte terrestre e partes” (-2,4 mil milhões de Euros).
Em 2018 Portugal pesou 0,6% nas
exportações brasileiras (35ª posição).
Os grupos de produtos em que Portugal
registou as maiores quotas foram “Energéticos”
(1,3% do grupo), “Minérios e metais”
(1,0%), “Têxteis e vestuário” e “Produtos acabados diversos”
(0,8% cada), “Calçado, peles e couros”
(0,7%), “Agro-alimentares” (0,5%), “Químicos” e “Madeira, cortiça
e papel” (0,3% cada).
No quadro seguinte encontram-se relacionadas,
por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2) desagregados a quatro dígitos
(NC-4), as importações dos produtos que registaram um valor superior a mil
milhões de Euros em 2018.
3 – Comércio de Portugal com o Brasil
3.1 – Evolução do peso
do Brasil nas importações
e exportações globais
O peso das importações portuguesas com
origem no Brasil no contexto global, que em 2015 descera de 1,5%, no ano
anterior, para 1,4%, aumentou nos dois anos seguintes para 1,7%, decaindo
para 1,3% em 2018. No período de Janeiro a Setembro desceu de 1,4%, em 2018,
para 1,2%, em 2019.
Por sua vez o peso das exportações nacionais
para o Brasil no total, que entre 2014 e 2016 havia descido de 1,3% para 1,1%, subiu
para 1,7% em 2017, para descer no ano seguinte para 1,4%. Nos primeiros nove
meses do ano assistiu-se a uma decida de 1,4%, em 2018, para 1,2%.
No período de Janeiro a Setembro de
2019, como já foi referido, as importações representaram 5,1% do total dos
Países Terceiros e as exportações 5,2%.
3.2 – Posição do Brasil nas trocas de Portugal no âmbito da
CPLP
Em 2016 o Brasil foi a origem de 40,6%
das importações de Portugal do conjunto dos seus parceiros na CPLP, seguido de
Angola com 37,5%, e o destino de 27,6% das exportações, precedido de Angola com
51,6%.
3.3 – Balança Comercial
A Balança Comercial de Portugal com o
Brasil é desfavorável. Ao longo dos últimos cinco anos o maior défice ocorreu em
2016, com -516 milhões de Euros, tendo-se situado em ‑197 milhões em 2018, o
menor do quinquénio, com um grau de cobertura das importações pelas exportações
de 80,4%, contra 51,1% em 2016.
Nos primeiros nove meses de 2019 as
importações decresceram ‑6,0% em termos homólogos, com as exportações a caírem
-9,7%, o défice a aumentar +5,5% e o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações
pelas exportações a descer, em termos homólogos, de 75,5% para 72,5%.
3.4 – Importações por grupos de produtos
As maiores importações portuguesas com
origem no Brasil incidiram, nos últimos cinco anos e período em análise de 2019,
no grupo de produtos “Agro-alimentares”, com
destaque em 2019 para a soja e bagaço de soja, milho, goma-laca, frutas como
goiaba, manga e papaia, para o café e açúcar. À excepção de 2016, em que foi
ultrapassado pelo grupo “Aeronaves,
embarcações e partes”, seguiu-se o grupo “Energéticos”, principalmente constituído por petróleo bruto.
3.5 – Exportações por grupos
de produtos
As principais exportações para o
Brasil nos períodos em análise inserem-se também no grupo de produtos “Agro-alimentares”, que representou
58,9% do total nos nove primeiros meses do ano, destacando-se aqui o azeite, o peixe
congelado e seco, principalmente bacalhau, os vinhos de uvas, fruta fresca,
como peras, maçãs e ameixas, e tripas, bexigas e buchos.
Seguiram-se, por ordem decrescente de valor,
os grupos “Aeronaves, embarcações e
partes” (16,7%), principalmente
partes de veículos aéreos, “Máquinas,
aparelhos e partes” (8,3%), “Químicos” (4,0%), “Minérios e metais” (3,6%), “Produtos acabados diversos”
(3.4%), “Têxteis e vestuário” (2,1%) e “Madeira, cortiça e papel”
(2,0%).
Por fim, os
grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (0,9%
do total) e “Calçado,
peles e couros” (0,1%), tendo sido nula a
exportação de “Energéticos”.
Alcochete,
23 de Novembro de 2019.
ANEXO
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