domingo, 17 de novembro de 2019

Índices do Comércio Internacional - Jan-Set 2019


Comércio Internacional de mercadorias
- Taxas de variação homóloga em
valor, volume e preço
por grupos e subgrupos de produtos
(Janeiro a Setembro de 2019/2018)

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1 - Nota introdutória
O presente trabalho visou o cálculo de indicadores de evolução em valor, volume e preço das importações e das exportações portuguesas de mercadorias no período acumulado de Janeiro a Setembro de 2019, face ao período homólogo do ano anterior.
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados depois como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período em análise, em versão preliminar com última actualização em 9 de Novembro de 2019, sendo ainda provisória a versão dos correspondentes dados utilizados para 2018.
Para o cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e às exportações com movimento nos dois anos, foram agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo).

2 – Nota metodológica
O método utilizado para o cálculo dos índices de preço de Paasche divulgados neste trabalho assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos (construída com base em metodologia definida na antiga Direcção-Geral do Comércio Externo, ensaiada e aperfeiçoada ao longo de muitos anos), posteriormente ponderados para o cálculo dos índices dos respectivos grupos, e estes por sua vez ponderados para o cálculo do índice do total de cada uma das vertentes comerciais.
Os índices de preço de cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, com base nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos. Segue-se uma análise crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente anormal, pode vir a ser incluído na amostra. Mais frequentemente procede-se à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo o conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na proximidade do intervalo previamente encontrado.
Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por mercados se, através de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis face aos restantes.
3 – Balança Comercial
De acordo com os dados preliminares utilizados, o défice da balança comercial de mercadorias no período de Janeiro a Setembro de 2019 aumentou +27,2% face ao mesmo período do ano anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 78,0% para 74,1%.

As importações (somatório das ‘chegadas’ provenientes do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com um acréscimo em valor de +7,9%, terão registado um aumento em volume de +8,9% e um decréscimo em preço de -0,9%. Por sua vez, o aumento em valor de +2,5% verificado nas exportações terá resultado de um incremento em volume de +2,9%, com o preço a decrescer -0,4%. Na presente conjuntura, dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos também no andamento do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que integram o grupo “Energéticos”

De acordo com os dados disponíveis, as importações, com exclusão dos produtos “Energéticos”, terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de +9,0%, +10,0% e -0,9%. Por sua vez, as exportações terão averbado um aumento em valor de +4,3%, em resultado de um incremento em volume de +4,5% e de um decréscimo em preço de -0,2%.
 Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial cresceu +30,9%, contra +27,2% em termos globais, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer, entre 2018 e 2019, de 82,4% para 78,9% (em lugar de 78,0% para 74,1%).
A evolução em volume das exportações constitui uma medida da capacidade produtiva da indústria, tendo-se verificado no período em análise uma taxa de crescimento global de +2,9%, ou de +4,5% se excluirmos os produtos “Energéticos”. 


No período em análise de 2019, o saldo da balança comercial foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que representaram 30,1% das exportações e 16,5% das importações totais: “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.


4 – Importações
No período em análise, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram: “Máquinas, aparelhos e partes” (17,6% do total em 2019 e 17,3% em 2018), “Químicos” (16,1% e 16,3%, respectivamente), “Agro-alimentares” (14,1% e 14,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,2% e 12,4%) e “Energéticos” (11,6% e 12,4%).
Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,2% em 2019 e 8,7% em 2018), “Produtos acabados diversos” (5,8% e 5,9%), “Têxteis e vestuário” (5,6% e 5,8%), “Aeronaves, embarcações e partes” (3,9% e 1,0%), “Madeira, cortiça e papel” (3,0% e 3,2%) e “Calçado, peles e couros” (2,1% em 2019 e 2,2% em 2018).


À excepção do grupo “Calçado, peles e couros” (-0,9%), em todos os grupos se registaram taxas de crescimento em valor positivas. O maior acréscimo ocorreu no grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+300,6%), não constante do gráfico seguinte por não serem aqui calculados índices de volume e preço. Entre os restantes destacaram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+9,7%), “Químicos” (+6,9%), “Produtos acabados diversos” (+6,6%) e “Material de transporte terrestre e partes” (+6,5%), seguidos dos grupos “Têxteis e vestuário”  (+3,2%) e “Agro-alimentares” (+2,9%).
Em todos os grupos, excepto em “Calçado, peles e couros” (-1,0%), se verificaram crescimento em volume, com destaque para os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+12,1%), “Químicos” (+9,5%), “Produtos acabados diversos” (+5,6%), “Têxteis e vestuário” (+5,0%), “Minérios e metais” (+4,4%), “Material de transporte terrestre e partes” (+3,5%) e “Agro-alimentares” (+3,4%).
Na óptica da evolução em preço verificaram-se acréscimos nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+2,9%) e “Produtos acabados diversos” (+0,9%), estagnação nos grupos “Madeira, cortiça e papel” e “Calçado, peles e couros”, e decréscimos nos restantes, principalmente “Minérios e metais” (‑3,1%), “Químicos” (-2,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (-2,2%) e “Têxteis e vestuário” (-1,6%). 


5 – Exportações
No período de Janeiro a Setembro de 2019, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de mercadorias foram “Material de transporte terrestre e partes” (15,1% do total em 2019 e 13,7% em 2018), “Máquinas aparelhos e partes” (13,8% e 14,3% respectivamente), “Químicos” (12,7% e 12,1%) e “Agro-alimentares” (11,9% em cada um dos anos). Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,8% e 9,3%), “Minérios e metais” (9,5% e 9,8%), “Têxteis e vestuário” (9,0 e 9,3%), “Madeira, cortiça e papel” (7,6% em cada um dos anos), “Energéticos” (5,8% e 7,4%), “Calçado, peles e couros” (3,7% e 4,0%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (1,2% e 0,6%).


Verificaram-se decréscimos em valor, face ao período homólogo do ano anterior, em cinco dos grupos de produtos: “Energéticos” (-20,4%), “Calçado, peles e couros” (‑4,4%), “Minérios e metais” e “Máquinas, aparelhos e partes” (‑1,0% em cada) e “Têxteis e vestuário” (‑0,7%). O maior acréscimo ocorreu no grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+91,6%), não constante do gráfico seguinte à semelhança do verificado nas importações, a que se seguiram os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+13,4%), “Químicos” (+7,7%), “Produtos acabados diversos” (+7,0%), “Madeira, cortiça e papel” (+2,5%) e Agro-alimentares” (+2,4%).
 Em volume, verificaram-se descidas nos grupos “Energéticos” (-17,4%),  “Calçado, peles e couros” (-4,3%) e “Têxteis e vestuário” (-0,9%).
Os maiores acréscimos ocorreram nos grupos “Químicos” (+10,8%) e “Material de transporte terrestre e partes” (+8,4%), seguidos dos grupos “Produtos acabados diversos” (+3,7%), “Agro-alimentares” (+3,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (+2,7%), “Madeira, cortiça e papel” (+1,8%) e “Minérios e metais” (+0,8%).
No âmbito do preço verificaram-se quebras nos grupos “Energéticos” (-3,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑3,5%), “Químicos” (‑2,8%), “Minérios e metais” (-1,8%), “Agro-alimentares” (-1,2%) e “Calçado, peles e couros” (-0,1%).
Os maiores acréscimos em preço verificaram-se nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+4,7%) e “Produtos acabados diversos” (+3,1%), seguidos da “Madeira, cortiça e papel” (+0,6%) e dos “Têxteis e vestuário” (+0,2%).

6 – Representatividade das amostras
A representatividade da amostra global de cada uma das vertentes comerciais, que serviu de base ao cálculo dos respectivos índices de preço de Paasche foi, respectivamente em 2018 e 2019, de 92,6% e 92,4% nas importações e de 93,8% em cada um dos anos,  nas exportações. No quadro seguinte pode observar-se a representatividade das amostras em cada um dos grupos de produtos.

7 – Evolução por trimestres acumulados
Para além de os dados de base não serem ainda definitivos, qualquer análise comparativa que se pretenda fazer sobre o comportamento das importações e das exportações ao longo destes períodos acumulados, deverá ter em consideração que as posições pautais que constituem as amostras utilizadas no cálculos dos índices de preço em cada um dos períodos não serão exactamente as mesmas.
A experiência mostra que não há normalmente diferenças sensíveis entre os índices de preço de Paasche quando calculados a partir das primeiras versões dos dados ou sobre versões já definitivas. Para uma maior aproximação à realidade, os índices de volume constantes do quadro que se segue foram calculados a partir dos índices de valor implícitos na última versão disponível dos dados de base (8 de Novembro de 2019).  


No quadro em Anexo encontra-se definido o conteúdo dos grupos e subgrupos de produtos aqui considerados, com base na Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia.

Alcochete, 17 de Novembro de 2019.
  





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