quinta-feira, 30 de abril de 2020

Exportações da UE-28 para a China e quotas de Portugal (2018-2019)


Exportações de mercadorias
da UE-28 para a China
e quotas de Portugal
(2018-2019)
                                                                ( disponível para download  >> aqui )
                                                       
1 – Nota introdutória
De acordo com cálculos do “International Trade Centre” (ITC) com base em estatisticas alfandegárias chinesas, constantes da sua base de dados, em 2019 as importações com origem no conjunto dos 28 países comunitários terão representado 13,4% do total. Os principais países que se seguiram foram a Coreia do Sul e Taiwan (8,4% cada), o Japão (8,3%), a própria China (6,3%) - estas principalmente relativas a reimportações de produtos de origem chinesa “exportados” para Hong-Kong e reimportados através da província de Guangdong, ao que tudo indica por conveniência geográfica e logística -, os EUA (6,0%) e a Austrália (5,8%).


Neste trabalho analisa-se a exportação do conjunto de países que integram a UE-28 para a China em 2019, por grupos de produtos desagregados pelos principais produtos e as correspondentes quotas de Portugal, com o objectivo último de identificar possíveis pistas para o incremento das exportações portuguesas com este destino.
São aqui utilizadas estatísticas do EUROSTAT para as exportações dos 28 Estados-membros para a China em 2019 que, quando convertidas a valores Cif por aplicação de um factor fixo (0,9533) se situam num valor global considerado aceitável para o fim em vista, (4,3% abaixo do indicado pelos cálculos do ITC efectuados com base nas estatísticas alfandegárias da China). Já ao nível de país os valores globais divergem, por vezes acentuadamente, a que não será alheia uma possível errónea atribuição alfandegária dos países de origem.
Como se pode observar no gráfico seguinte, a maior diferença ao nível de grupos de produtos, em termos de estrutura, incide no grupo “Químicos”.


2 – Posição relativa dos fornecedores comunitários
Em 2019 o valor das importações na China com origem na UE-28 aproximou-se de 247 mil milhões de Euros (Cif), de acordo com o ITC, tendo-se situado esse valor em 236 mil milhões (Cif), quando calculado a partir dos dados de exportação de fonte Eurostat. 

O principal fornecedor foi a Alemanha (38,0% segundo o ITC e 42,8% de acordo com o Eurostat), seguida pela França e pelo Reino Unido (fonte ITC) ou por estes mesmos dois países mas por ordem inversa, como indica a segunda fonte.
Portugal, na primeira destas versões terá representado 0,8% do Total (18ª posição), ou 0,3% na segunda (20ª posição).
3 – Exportações da UE-28 para a China por Grupos de Produtos
Por Grupos de Produtos (ver definição do conteúdo em quadro Anexo), de acordo com os dados de fonte EUROSTAT, as principais exportações comunitárias para a China, em 2019, incidiram no grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (30,7%), seguido dos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (15,0%), “Químicos” (14,9%), “Minérios e metais” (9,9%), “Produtos acabados diversos” (9,7%), “Agro-alimentares” (6,6%), “Aeronaves, embarcações e partes” (5,0%), “Energéticos” (2,8%), “Madeira, cortiça e papel” (2,5%), “Têxteis e vestuário” (1,9%) e “Calçado, peles e couros (1,1%).

No quadro seguinte encontram-se relacionadas, por grupos de produtos desagregados por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2), as principais exportações do conjunto dos 28 países comunitários para a China em 2019 e correspondentes quotas de Portugal.
Face ao tipo de produtos oriundos do espaço comunitário importados no mercado chinês, e respectiva comparticipação recente portuguesa, poderão ser identificadas pistas indicadoras de um possível futuro incremento das exportações nacionais com este destino.
No último ponto deste trabalho, apresenta-se a evolução das principais exportações portuguesas por grupos de produtos nos dois últimos anos, agora desagregadas a quatro dígitos da NC, e principais acréscimos e decréscimos em 2019 face ao ano anterior.

No quadro seguinte destacam -se, por grupos de produtos, os Capítulos da NC em que Portugal registou quotas superiores a 1% dos fornecimentos globais comunitários.

De salientar a quota de Portugal nas exportações do Capítulo 45 do grupo “Madeira, cortiça e papel”, (64,6%), designadamente em cortiça aglomerada e suas obras, e também cortiça natural em bruto e obras de cortiça natural. A segunda maior quota ao nível de produtos coube, dentro do grupo “Minérios e metais”, ao Capítulo 25, principalmente mármores e pedras calcárias em blocos ou placas e também granito, basalto e outras pedras em blocos ou placas. De realçar também a variedade de produtos exportados no âmbito do grupo “Têxteis e vestuário”.
3.1 – Síntese das quotas de Portugal por grupos de produtos
Em 2019, a quota de Portugal no conjunto das exportações comunitárias de mercadorias para a China foi de apenas 0,27% do Total. Ao nível de grupos de produtos as maiores quotas incidiram em “Madeira, cortiça e papel” (1,96%), “Calçado, peles e couros” (1,19%) e “Têxteis e vestuário” (1,12%) Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (0,53%), “Agro-alimentares” (0,51%), “Químicos” (0,20%), “Produtos acabados diversos” (0,17%), “Material de transporte terrestre” (0,14%)  e “Máquinas, aparelhos e partes” (0,10%). Os grupos “Aeronaves, embarcações e partes” e “Energéticos” tiveram representatividade nula.


4 – Exportações portuguesas para a China
Em 2019, face ao ano anterior, as exportações portuguesas para a China registaram um decréscimo de -54,4 milhões de Euros, que envolveu três dos onze grupos de produtos.
As quebras incidiram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (‑103,9 milhões de Euros), essencialmente automóveis de passageiros, “Têxteis e vestuário” (‑10,2 milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-2,9 milhões).
Os maiores acréscimoss ocorreram nos grupos “Minérios e metais” (+23,9 milhões de Euros), “Químicos” (+21,9 milhões) e “Produtos acabados diversos” (+10,0 milhões).

4.1 – Principais produtos exportados, a 4 dígitos da NC
Do quadro seguinte constam as exportações para a China em 2018 e 2019, por grupos de produtos desagregados a quatro dígitos da NC, com uma representatividade superior a 80% em cada grupo.


ANEXO


Alcochete, 21 de Abril de 2020.


quinta-feira, 23 de abril de 2020

Export/Import Produtos Industriais Transformados (2014 a 2019)


Exportações e Importações
de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2014 a 2019)

                                                                ( disponível para download  >> aqui )


1 - Nota introdutória
À evolução do nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados, corresponde um maior ou menor valor acrescentado, com reflexo na balança comercial, sendo na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial. Pretende-se neste trabalho analisar, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período 2014-2019, com última actualização em 11/03/2019, a evolução do comércio internacional português destes produtos. Em todos os anos considerados foi considerada a União Europeia a 27, excluindo o Reino Unido.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade tecnológica aqui considerados são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da ISIC Rev.3 (Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353); Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359); Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351) e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37). A partir da tabela correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI / SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 para o período de 2007 a 2019.
3 – Balança comercial dos produtos industriais transformados,
       por níveis de intensidade tecnológica
No período de 2014 a 2019 o saldo (Fob-Cif) da balança dos Produtos Industriais Transformados foi sempre negativo. A saldos positivos da balança dos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia, contrapuseram-se, em cada um dos anos, saldos negativos mais volumosos da balança dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia.


4 – Exportação dos Produtos Industriais Transformados
      por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na exportação global oscilou, no período de 2014 a 2019, entre 94,8%, em 2015, e 94,2%, em 2018, situando-se em 94,5% em 2019.

Por níveis de intensidade tecnológica, em 2019 o maior peso nas exportações do conjunto dos Produtos Industriais Transformados incidiu na Baixa tecnologia (34,0%), seguida da Média-alta tecnologia (32,8%), da Média-baixa tecnologia (22,9%) e da Alta tecnologia (10,3%).

Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em 2019, os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (33,8%), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,8%), os “Produtos farmacêuticos” (19,5%), os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial” (11,0%) e o “Equipamento de escritório e computação” (4,8%).
A Média-alta tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor em 2019, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (47,5%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (18,7%), os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos” (18,3%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (13,1%) e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte” (2,4%).

Na Média-baixa tecnologia perfilam-se os “Produtos da borracha e do plástico” e os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear” (25,2% cada), a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (19,2%), os “Produtos minerais não metálicos” e a “Metalurgia de base” (14,8% cada) e, residualmente, a “Construção e reparação naval” (0,8%).
Por fim, na Baixa tecnologia alinham-se os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (37,9%), os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (28,9%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (14,0%), as “Manufacturas não especificadas e reciclagem” (11,0%) e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (8,3%).
As exportações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente ao longo dos últimos seis anos, com destaque para o ritmo de crescimento dos produtos de Alta e de Média-alta tecnologia.

4.1 – Mercados de destino das exportações
As exportações de Produtos Industriais Transformados, têm por principal destino o espaço comunitário.
Em 2019 estas exportações representaram 76,5% do Total das exportações (75,6% em 2018).
O maior peso dos fornecimentos à UE, por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta tecnologia (83,3%), seguidos dos de Baixa-tecnologia (75,9%), de Alta tecnologia (70,7%) e de Média-baixa tecnologia (70,3%).


Os dez países constantes do quadro seguinte representaram 75,1% das exportações globais portuguesas em 2019 e 75,2% das exportações de Produtos Industriais Transformados.
Entre estes países destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (23,7% do total), seguida da França (13,4%) e da Alemanha (12,4%). Com pesos menores alinham-se depois o Reino Unido (6,2%), os EUA (5,3%), a Itália (4,6%), os Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,3%), Angola (2,2%) e a Polónia (1,3%).

Em 2019 a Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta tecnologia.
Entre os quatro níveis de intensidade tecnológica, na Baixa tecnologia predominaram as exportações para Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, EUA, Países Baixos, Angola, Bélgica e Polónia. Na Média-baixa tecnologia prevaleceram a Espanha, a França, os EUA, a Alemanha, o Reino Unido, os Países Baixos, a Itália, a Bélgica, Angola e a Polónia.  Na Média-alta tecnologia, a seguir à Espanha alinharam-se a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Itália, os Países Baixos, a Bélgica, Angola, os EUA e a Polónia. Por fim, na Alta tecnologia destacou-se a Alemanha, seguida da Espanha, do Reino Unido, da França, dos EUA, dos Países Baixos, de Angola, da Itália, da Bélgica e da Polónia.

Na figura seguinte encontra-se representada a distribuição das exportações de cada um destes mercados por níveis de intensidade tecnológica.

5 – Importação dos Produtos Industriais Transformados
      por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação global portuguesa aumentou, no período de 2014 a 2019, de 80,0% para 85,8%.

Por níveis de intensidade tecnológica, em 2019 o maior peso no conjunto das importações de Produtos Industriais Transformados incidiu na Média-alta tecnologia (39,1%), seguida da Baixa tecnologia (25,6%), da Alta tecnologia (18,7%) e da Média-baixa tecnologia (16,6%).

Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em 2019, os produtos de “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (27,6%), de “Aeronáutica e aeroespacial” (24,9%), os “Produtos farmacêuticos” (22,1%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (15,2%) e o “Equipamento de escritório e computação” (10,2%).
No mesmo ano, a Média-alta tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (37,7%), os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos” (28,7%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,9%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (9,9%) e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte” (1,7%).
Na Média-baixa tecnologia perfilam-se, por ordem decrescente de valor em 2019, a “Metalurgia de base” (32,2%), os “Produtos da borracha e do plástico” (22,2%), os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear” (19,2%), a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (17,0%), os “Produtos minerais não metálicos” (8,8%) e, residualmente e a “Construção e reparação naval” (0,5%).
Na Baixa tecnologia alinham-se, por ordem decrescente do seu peso, os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (43,2%), os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (33,2%), as “Manufacturas não especificadas e reciclagem” (10,1%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (9,0%) e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (4,4%).


As importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente ao longo dos últimos seis anos, incluindo em todos os níveis de intensidade tecnológica à excepção da Média-baixa tecnologia, em que se verificaram desacelerações nos anos de 2015 e 2016.
Os ritmos de crescimento relativo com maior amplitude verificaram-se na Alta tecnologia (+88,4% em 2019 face a 2014) e na Média-alta tecnologia (+51,7%).

5.1 – Mercados de origem das importações
À semelhança das exportações, as importações globais portuguesas, bem como as de Produtos Industriais Transformados, têm por principal origem o espaço comunitário.
Em 2019, as importações destes produtos industriais provenientes do espaço intra-comunitário representaram 83,7% do Total (84,1% em 2018), contra 16,3% das oriundas dos países terceiros (15,9% em 2018).
O maior peso da União Europeia nas importações portuguesas de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta tecnologia (86,1%). Seguiram-se a Alta tecnologia (83,7%), a Baixa tecnologia (82,5%) e a Média-baixa tecnologia (79,9%).


Os países constantes do quadro seguinte representaram 76,2% das importações globais portuguesas em 2019 e 82,4% das importações de produtos industriais transformados. Entre estes dez países destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (32,3% do total), seguida da Alemanha (15,2%) e da França (10,9%). Com pesos inferiores alinham-se depois a Itália (5,9%), os Países Baixos (5,4%), a China (4,2%), a Bélgica (3,6%), o Reino Unido (2,7%), os EUA (1,5%) e a Rússia (0,8%).


Em 2019 a Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologia, cabendo à França o primeiro lugar ao nível da Alta tecnologia.
Na figura seguinte encontra-se representada a distribuição das importações com origem em cada um destes mercados, por níveis de intensidade tecnológica.



Alcochete, 14 de Abril de 2020.


sábado, 18 de abril de 2020

Acréscimos e decréscimos das exportações - Fevereiro de 2020




Acréscimos e decréscimos
das exportações
por produtos e mercados
Evolução Mensal
(Fevereiro de 2020)
 ( disponível para download  >> aqui )
1 - Nota introdutória
Neste trabalho pretende-se analisar onde incidiram os maiores acréscimos e decréscimos nas exportações portuguesas de mercadorias, por produtos e por mercados, nos dois primeiros meses de 2020, face aos período homólogo de 2019. Para este fim são utilizados dados de base divulgados no portal do Instituto Nacional de Estatística (INE), em versão preliminar, com última actualização em 9 de Abril de 2020.

2 – Exportações no período acumulado de Janeiro a Fevereiro
Em 2020, no período em análise, as exportações de mercadorias cresceram em valor +2,5% face a igual período do ano anterior (+242 milhões de Euros). O maior acréscimo, em Euros, incidiu no grupo “Energéticos” (+227 milhões de Euros). Seguiram-se aumentos nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+88 milhões), “Produtos acabados diversos” (+50 milhões), “Agro-alimentares” (+20 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+2 milhões).

Verificaram-se decréscimos nos grupos “Minérios e metais” (-59 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (-34 milhões), “Químicos” (-25 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-13 milhões), “Têxteis e vestuário” (-10 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-3 milhões).



Considerando a partição entre espaço Intra e Extra UE-27 (Reino Unido excluído), verifica-se que nos dois primeiros meses de 2020, no seio da Comunidade, as exportações, que representaram 72,2% do Total, cresceram +3,1% face ao período homólogo do ano anterior (+217 milhões de Euros).

Por sua vez, para fora da Comunidade as exportações registaram um crescimento de +0,9% (+26 milhões de Euros).
Os maiores acréscimos couberam a Espanha (+155 milhões de Euros), França (+104 milhões), EUA (+59 milhões) e Bélgica (+45 milhões).
Os decréscimos mais significativos incidiram na Alemanha (-61 milhões de Euros), Angola (-53 milhões) e Reino Unido (-43 milhões).
3 – Exportações no mês de Fevereiro (não acumulado)
Os grupos de produtos com maior peso nas exportações portuguesas no mês de Fevereiro de 2020 (ver definição do conteúdo dos grupos em Anexo), foram “Material de transporte terrestre e partes” (17,0% do Total), “Máquinas, aparelhos e partes” (14,3%), “Agro-alimentares” e  “Químicos” (11,7% cada) e “Produtos acabados diversos” (10,4%).

Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” e “Minérios e metais” (8,8% cada), “Madeira, cortiça e papel” (7,1%), “Energéticos” (6,2%), “Calçado, peles e couros” (3,6%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5%).

Os maiores acréscimos, face ao mês de Fevereiro de 2019, ocorreram nos grupos “Energéticos” (+87 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (+30 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+29 milhões). Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+15 milhões de Euros) e “Agro-alimentares” (+3 milhões).

Os decréscimos mais volumosos ocorreram nos grupos “Minérios e metais” (-40 milhões de Euros), “Químicos” (-37 milhões” e “Têxteis e vestuário” (-20 milhões). Seguiram-se os grupos “Calçado, peles e couros” (-10 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (-8 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (-6 milhões).

A um nível mais fino encontram-se relacionados no quadro seguinte, por grupos de produtos, os principais acréscimos e decréscimos em produtos definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-2).


Na figura seguinte encontram-se desagregados, a um nível ainda mais fino (NC-4) as exportações do grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, muito diversificado.


4 – Evolução comparada das exportações mensais
      por grupos de produtos - 2020 face a 2019

5 – Acréscimos e decréscimos por mercados de destino
Na figura seguinte encontram-se relacionados os mercados que registaram acréscimos e decréscimos superiores a 4,5 milhões de Euros no mês de Fevereiro de 2020, mercados que representaram, no seu conjunto, cerca de 80% da exportação total.

Os principais acréscimos incidiram em Espanha (+70,2 milhões de Euros) e em França (+51,5 milhões). Seguiram-se os Emiratos (+17,9 milhões), a Bélgica (+12,3 milhões), Cabo Verde (+12,2 milhões), Marrocos (+10,7 milhões), as Provisões de Bordo para países terceiros (+9,8 milhões), a Suécia (6,6 milhões), a Roménia (+5,8 milhões) e a República Checa (+4,9 milhões).


Por sua vez, os principais decréscimos ocorreram com Angola (-33,1 milhões de Euros), Reino Unido (-22,6 milhões), Países Baixos (-14,4 milhões), China (-14,0 milhões), Áustria (-12,4 milhões), Argélia (-10,1 milhões), Alemanha (-9,8 milhões), EUA (-6,6 milhões), Finlândia (-6,0 milhões), México (-5,6 milhões) e Guiné-Bissau (-4,7 milhões).




Alcochete, 16 de Abril de 2020.


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Comércio Internacional da Pesca (2018-2019)


Comércio Internacional da Pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(2018-2019)
                                                                 ( disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória

Apesar da enorme extensão da Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal já hoje disponível, a balança comercial portuguesa da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações (Fob) um valor duplo do das exportações (Fob).

No presente trabalho pretende-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, para 2018, em versão provisória, e para 2019, em versão preliminar, com última actualização em 11 de Março de 2020.
2- Peso do sector no comércio internacional global
De acordo com os dados disponíveis, as importações de produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar representaram 2,7% das importações globais em 2019 (2,9% em 2018) e 1,8% das exportações (1,9% em 2018).


3 – Balança Comercial

A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária nos anos em análise, com défices (Fob-Cif) de -1117 milhões de Euros em 2018 e -1126 milhões em 2019, o que representou um acréscimo de +0,8%.

Em 2019, face ao ano anterior, as importações decresceram -0,5% e as exportações decaíram -1,9%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a descer de 49,5% para 48,8%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Conservas de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, em cada um dos anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.

O único agregado, entre os sete considerados neste trabalho, em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.

Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes, correspondentes a desagregações por produtos a quatro ou seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com indicação das respectivas quantidades transacionadas em cada um dos anos.
4 – Importação
Em 2019 as importações deste conjunto de produtos decreceram -0,5% face ao ano anterior (‑11,3 milhões de Euros).
A um aumento de +54,8 milhões de Euros nas importações de “Peixe” correspondeu uma quebra de –77,3 milhões nas de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, principalmente moluscos, excluindo conservas. 

Nas importações de “Peixe” assumem particular relevância, entre outras, as de bacalhau nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada
4.1 – Mercados de origem
Em 2019 os principais fornecedores deste conjunto de produtos foram a Espanha (39,3%), a Suécia (11,6%), os Países Baixos (8,1%), a China (4,2%), a Rússia (4,0%), a Dinamarca (3,1%) e a Índia (2,4%).  
Os maiores acréscimos, em Euros, couberam à Suécia (+23,2 milhões de Euros), à Espanha (+19,5 milhões), à Noruega (+18,1 milhões) e à Rússia (+11,7 milhões), tendo os maiores decréscimos incidido na Alemanha (‑18,8 milhões), em Marrocos (-15,9 milhões) e na Grécia (‑12,7 milhões).

5 – Exportação
As exportações decresceram -1,9% em termos homólogos (-20,6 milhões de Euros). A principal quebra incidiu em “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“ (com um peso de 24,9% no total e uma quebra de ‑66,7 milhões de Euros), principalmente moluscos, excluindo conservas (-40,0 milhões de Euros), a que se seguiram descidas nas de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (21,1% do total e -11,9 milhões) e de “Sal, águas mãe de salina s e algas” (0,9% do total e -6,0 milhões de Euros).
A estas descidas contrapôs-se um aumento das exportações de “Peixe” (52,2% e +65,5 milhões de Euros), principalmente peixe congelado (+38,9 milhões) e peixe fresco ou refrigerado, excluindo filetes (+24,1 milhões).


5.1 – Mercados de destino
Em 2019 as expedições portuguesas de mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 82,5% do Total, com predomínio da mercado espanhol. Entre os países terceiros o destino dominante foi o Brasil.
Em termos globais, a Espanha averbou mais de metade do Total das exportações destes produtos em 2019 (51,9%), a que correspondeu uma quebra de -2,4% face a 2018 (-13,8 milhões de Euros). Seguiram-se a Itália (11,7%), a França (10,3%) e o Brasil (7,2%), representando juntamente com a Espanha  mais de 80% das exportações efectuadas no período em análise.
Os maiores decréscimos couberam às exportações para Espanha (-13,8 milhões de Euros), Angola (-11,8 milhões), Itália (-10,8 milhões) e EUA (-8,2 milhões).

6 – Importação e exportação de sardinha
São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição em 2019.

Em 2019 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada, em termos homólogos, de -16,7% em valor e -22,4% em quantidade, e a um aumento significativo na exportação, respectivamente de +52,1% e +41,2%, tendo o grau de cobertura da importação pela exportação aumentado de 42,1% para 76,9%.
Neste período, o principal mercado de origem foi a Espanha (79,4%), seguida à distância pelo Reino Unido (7,5%), Marrocos (4,6%), Croácia (3,2%) e França (2,4%). As importações de Marrocos, que em 2018 fora o 2º fornecedor com 3,9 milhões de Euros, cifraram-se em apenas 893 mil Euros em 2019.

Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (68,5%), seguida dos EUA (7,3%), do Canadá (6,4%) e da França (4,5%).

As principais exportações portuguesas no contexto da sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram uma descida em valor de -2,6% e de -3,6% em quantidade.

Em 2019, os principais fornecedores de conservas de sardinha foram a Espanha (64,5%), Marrocos (21,0%) e a Alemanha (10,7%). 

Por sua vez, o principal mercado de destino foi a França (38,5%), seguida do Reino Unido (11,3%), da Áustria (8,9%), da Bélgica (6,8%), dos EUA (5,7%), da Alemanha (3,7%) e da Espanha (3,4%).

7 – Importação e exportação de bacalhau
A exportação de bacalhau, nos seus diversos estados, representou 24,2% das importações em 2019 (23,2% em 2018).

Em 2019, o bacalhau pesou 27,0% nas importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar (24,3% em 2018).
Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (62,7% em 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (29,6%).

O principal mercado de origem da importação de bacalhau em 2019 foi a Suécia (38,4% do Total), seguida dos Países Baixos (21,4%), da Rússia (14,8%) e da Espanha (8,4%).

Sabe-se que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento em 2019 de apenas 2,6 mil toneladas (115 mil em 2018), contra 29,6 mil toneladas provenientes da Suécia (30,7 mil em 2018).
Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.
Em 2019 Portugal exportou 14,7 mil toneladas de bacalhau (13,9 mil no ano anterior), principalmente ‘Congelado (excluindo filetes)’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ e “Carne de bacalhau congelada (excluindo filetes)”.

Os principais países destinatários, em 2019, foram o Brasil (40,6%), a Espanha (17,0%) e a França (14,8%).

Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial das componentes do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar consideradas neste trabalho, desagregadas por produtos da NC a 4 ou 6 dígitos e quantidades transacionadas.

Alcochete, 5 de Abril de 2020.

ANEXO
Balança Comercial dos componentes
(2018-2019)