quarta-feira, 15 de abril de 2020

Comércio Internacional da Pesca (2018-2019)


Comércio Internacional da Pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(2018-2019)
                                                                 ( disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória

Apesar da enorme extensão da Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal já hoje disponível, a balança comercial portuguesa da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações (Fob) um valor duplo do das exportações (Fob).

No presente trabalho pretende-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, para 2018, em versão provisória, e para 2019, em versão preliminar, com última actualização em 11 de Março de 2020.
2- Peso do sector no comércio internacional global
De acordo com os dados disponíveis, as importações de produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar representaram 2,7% das importações globais em 2019 (2,9% em 2018) e 1,8% das exportações (1,9% em 2018).


3 – Balança Comercial

A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária nos anos em análise, com défices (Fob-Cif) de -1117 milhões de Euros em 2018 e -1126 milhões em 2019, o que representou um acréscimo de +0,8%.

Em 2019, face ao ano anterior, as importações decresceram -0,5% e as exportações decaíram -1,9%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a descer de 49,5% para 48,8%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Conservas de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, em cada um dos anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.

O único agregado, entre os sete considerados neste trabalho, em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.

Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes, correspondentes a desagregações por produtos a quatro ou seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com indicação das respectivas quantidades transacionadas em cada um dos anos.
4 – Importação
Em 2019 as importações deste conjunto de produtos decreceram -0,5% face ao ano anterior (‑11,3 milhões de Euros).
A um aumento de +54,8 milhões de Euros nas importações de “Peixe” correspondeu uma quebra de –77,3 milhões nas de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, principalmente moluscos, excluindo conservas. 

Nas importações de “Peixe” assumem particular relevância, entre outras, as de bacalhau nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada
4.1 – Mercados de origem
Em 2019 os principais fornecedores deste conjunto de produtos foram a Espanha (39,3%), a Suécia (11,6%), os Países Baixos (8,1%), a China (4,2%), a Rússia (4,0%), a Dinamarca (3,1%) e a Índia (2,4%).  
Os maiores acréscimos, em Euros, couberam à Suécia (+23,2 milhões de Euros), à Espanha (+19,5 milhões), à Noruega (+18,1 milhões) e à Rússia (+11,7 milhões), tendo os maiores decréscimos incidido na Alemanha (‑18,8 milhões), em Marrocos (-15,9 milhões) e na Grécia (‑12,7 milhões).

5 – Exportação
As exportações decresceram -1,9% em termos homólogos (-20,6 milhões de Euros). A principal quebra incidiu em “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“ (com um peso de 24,9% no total e uma quebra de ‑66,7 milhões de Euros), principalmente moluscos, excluindo conservas (-40,0 milhões de Euros), a que se seguiram descidas nas de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (21,1% do total e -11,9 milhões) e de “Sal, águas mãe de salina s e algas” (0,9% do total e -6,0 milhões de Euros).
A estas descidas contrapôs-se um aumento das exportações de “Peixe” (52,2% e +65,5 milhões de Euros), principalmente peixe congelado (+38,9 milhões) e peixe fresco ou refrigerado, excluindo filetes (+24,1 milhões).


5.1 – Mercados de destino
Em 2019 as expedições portuguesas de mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 82,5% do Total, com predomínio da mercado espanhol. Entre os países terceiros o destino dominante foi o Brasil.
Em termos globais, a Espanha averbou mais de metade do Total das exportações destes produtos em 2019 (51,9%), a que correspondeu uma quebra de -2,4% face a 2018 (-13,8 milhões de Euros). Seguiram-se a Itália (11,7%), a França (10,3%) e o Brasil (7,2%), representando juntamente com a Espanha  mais de 80% das exportações efectuadas no período em análise.
Os maiores decréscimos couberam às exportações para Espanha (-13,8 milhões de Euros), Angola (-11,8 milhões), Itália (-10,8 milhões) e EUA (-8,2 milhões).

6 – Importação e exportação de sardinha
São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição em 2019.

Em 2019 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada, em termos homólogos, de -16,7% em valor e -22,4% em quantidade, e a um aumento significativo na exportação, respectivamente de +52,1% e +41,2%, tendo o grau de cobertura da importação pela exportação aumentado de 42,1% para 76,9%.
Neste período, o principal mercado de origem foi a Espanha (79,4%), seguida à distância pelo Reino Unido (7,5%), Marrocos (4,6%), Croácia (3,2%) e França (2,4%). As importações de Marrocos, que em 2018 fora o 2º fornecedor com 3,9 milhões de Euros, cifraram-se em apenas 893 mil Euros em 2019.

Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (68,5%), seguida dos EUA (7,3%), do Canadá (6,4%) e da França (4,5%).

As principais exportações portuguesas no contexto da sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram uma descida em valor de -2,6% e de -3,6% em quantidade.

Em 2019, os principais fornecedores de conservas de sardinha foram a Espanha (64,5%), Marrocos (21,0%) e a Alemanha (10,7%). 

Por sua vez, o principal mercado de destino foi a França (38,5%), seguida do Reino Unido (11,3%), da Áustria (8,9%), da Bélgica (6,8%), dos EUA (5,7%), da Alemanha (3,7%) e da Espanha (3,4%).

7 – Importação e exportação de bacalhau
A exportação de bacalhau, nos seus diversos estados, representou 24,2% das importações em 2019 (23,2% em 2018).

Em 2019, o bacalhau pesou 27,0% nas importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar (24,3% em 2018).
Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (62,7% em 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (29,6%).

O principal mercado de origem da importação de bacalhau em 2019 foi a Suécia (38,4% do Total), seguida dos Países Baixos (21,4%), da Rússia (14,8%) e da Espanha (8,4%).

Sabe-se que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento em 2019 de apenas 2,6 mil toneladas (115 mil em 2018), contra 29,6 mil toneladas provenientes da Suécia (30,7 mil em 2018).
Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.
Em 2019 Portugal exportou 14,7 mil toneladas de bacalhau (13,9 mil no ano anterior), principalmente ‘Congelado (excluindo filetes)’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ e “Carne de bacalhau congelada (excluindo filetes)”.

Os principais países destinatários, em 2019, foram o Brasil (40,6%), a Espanha (17,0%) e a França (14,8%).

Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial das componentes do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar consideradas neste trabalho, desagregadas por produtos da NC a 4 ou 6 dígitos e quantidades transacionadas.

Alcochete, 5 de Abril de 2020.

ANEXO
Balança Comercial dos componentes
(2018-2019)


















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