sexta-feira, 22 de maio de 2020

Índices do Comérciio Internacional - Janeiro a Março 2020/2019


Comércio Internacional de mercadorias
- Taxas de variação homóloga em
valor, volume e preço
por grupos e subgrupos de produtos
(Janeiro-Março 2020/2019)

" Disponível para download > aqui"


1 - Nota introdutória
No presente trabalho apresentam-se indicadores de evolução em valor, volume e preço das importações e das exportações portuguesas de mercadorias no período de Janeiro a Março de 2020, face ao período homólogo de 2019.
Para o cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e às exportações de mercadorias com movimento nos dois anos, foram agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo).
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Março de 2020, em versão preliminar, e dados disponíveis para 2019 também ainda em versão preliminar, com última actualização em 8 de Maio de 2020.
2 – Nota metodológica
O método utilizado para o cálculo dos índices de preço de Paasche globais assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos, construída com base em metodologia definida e longamente ensaiada e testada na antiga Direcção-Geral do Comércio Externo e noutras que lhe sucederam, índices posteriormente ponderados para o cálculo dos índices dos respectivos grupos, e estes por sua vez ponderados para o cálculo do índice do total, em cada uma das vertentes comerciais.
Os índices de preço de cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, com base nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos.
Segue-se uma análise crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente anormal, pode vir a ser incluído na amostra.
Mais frequentemente procede-se à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo a informação do conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na proximidade do intervalo previamente encontrado.
Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por mercados se, através de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis face aos restantes.

3 – Balança Comercial
De acordo com os dados preliminares disponíveis, no período de Janeiro a Março de 2020 o défice da balança comercial de mercadorias decresceu -6,9% face ao período homólogo do ano anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a aumentar de 75,1% para 75,8%.

As importações (somatório das ‘chegadas’ de mercadorias provenientes do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com um decréscimo em valor de -4,0%, terão registado uma quebra em volume de -2,9% e um decréscimo em preço de ‑1,1%.
Por sua vez, a descida em valor de -3,0% verificada nas exportações terá resultado de uma descida em volume de -1,8%, com o preço a decair –1,3%.
Na presente conjuntura, dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos também no andamento do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que integram o grupo “Energéticos”

De acordo com os dados disponíveis, as importações, com exclusão dos produtos “Energéticos”, terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de -4,9%, -3,5% e -1,4%.
Por sua vez, as exportações terão averbado uma quebra em valor de -4,6%, em resultado de descidas de -3,5% em volume e -1,2% em preço.
Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial em 2020 situou-se em -3,3 mil milhões de Euros, contra -4,6 mil milhões em termos globais. Por sua vez o grau de cobertura das importações pelas exportações, sem “Energéticos”, sobe de 75,8% para 80,4%
Em 2020, o saldo da balança comercial foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que representaram 29,7% das exportações e 16,5% das importações totais, designadamente “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.


4 – Importações

No período em análise, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram: “Químicos” (17,6% em 2020 e 16,4% em 2019), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,2% e 17,8%), “Agro-alimentares” (14,2% e 13,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,5% e 12,7%) e “Energéticos” (12,0% e 11,2%). Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,1% em 2020 e 8,5% em 2019), “Produtos acabados diversos” (6,0% e 5,8%), “Têxteis e vestuário” (5,4% e 5,7%), “Madeira, cortiça e papel” (3,1% e 3,0%), “Calçado, peles e couros” (2,0% e 2,2%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (2,0% e 3,5%).


No conjunto dos onze grupos de produtos considerados (nos gráficos seguintes não consta o grupo “Aeronaves, embarcações e partes”, para o qual não foram calculados índices de volume e preço), apenas em três deles não se registaram, no primeiro trimestre de 2020 taxas de variação homóloga em valor negativas: “Energéticos” e “Agro-alimentares” (+3,1% em cada) e “Químicos” (+2,8%). 

Os maiores decréscimos em volume ocorreram nos grupos “Calçado, peles e couros” (‑11,6%), “Têxteis e vestuário” (-10,5%) e “Material de transporte terrestre e partes” (-9,0%), tendo incidido o maior aumento no grupo “Químicos” (+8,3%). Na óptica do preço, as principais quebras couberam aos grupos “Químicos” (-5,1%), “Madeira. Cortiça e papel” (‑5,0%) e “Minérios e metais” (-4,4%). O maior acréscimo coube ao grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+3,8%).

5 – Exportações
No período em análise, em 2020 os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de mercadorias foram “Material de transporte terrestre e partes” (14,8% do total em 2020 e 16,4% em 2019), “Máquinas aparelhos e partes” (14,3% e 13,8%), “Agro-alimentares” (12,5% e 11,7%) e “Químicos” (12,5% em cada um dos anos).
Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,7% em ambos os anos), “Minérios e metais” (9,0% e 9,6%), “Têxteis e vestuário” (8,9% e 9,2%), “Madeira, cortiça e papel” (7,6% nos dois anos), “Energéticos” (6,7% e 5,1%), “Calçado, peles e couros” (3,5% e 3,6%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% e 0,7%).


Verificaram-se decréscimos em valor, face ao ano anterior, em oito dos grupos de produtos, designadamente “Aeronaves, embarcações e partes” (-24,8%), não constante dos gráficos seguintes por não ser, à semelhança das importações, objecto de cálculo dos índices de volume e preço, “Material de transporte terrestre e partes” (-12,9%), “Minérios e metais (‑9,4%), “Têxteis e vestuário”” (-6,5%), “Calçado, peles e couros” (‑6,0%), “Produtos acabados diversos” (-3,2%), “Químicos” (-3,0%) e “Madeira, cortiça e papel” (‑2,9%). O maior acréscimo ocorreu no grupo “Energéticos” (+27,3%), a que se seguiram os grupos “Agro-alimentares” (+3,7%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,5%).


Em volume, verificaram-se descidas nas exportações dos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (-14,9%), “Têxteis e vestuário” (‑8,4%) e “Minérios e metais” (-5,6%), “Calçado, peles e couros” (-4,0%) e “Produtos acabados diversos” (--1,6%). O maior acréscimo ocorreu no grupo “Energéticos” (+31,1%), seguido dos grupos “Agro-alimentares” (+5,6%), “Madeira, cortiça e papel” (+2,1%), “Químicos” e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,3% cada).  

No âmbito do preço verificaram-se quebras em sete dos grupos, designadamente “Madeira, cortiça e papel” (‑4,9%), “Minérios e metais” (‑4,0%), “Químicos” (-3,3%), “Energéticos” (‑2,9%), “Calçado, peles e couros” (-2,0%), “Agro-alimentares” (-1,8%) e “Produtos acabados diversos” (-1,6%). Os acréscimos verificaram-se nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+2,4%), “Têxteis e vestuário” (+2,1%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,2%).
6 – Representatividade das amostras

Como se pode observar no quadro, a representatividade da amostra global de cada uma das vertentes comerciais, que serviu de base ao cálculo dos respectivos índices de preço de Paasche, foi da ordem dos 90%, o que também aconteceu na maior parte dos grupos.


Alcochete, 22 de Maio de 2020.



Sem comentários:

Enviar um comentário