Comércio Internacional de mercadorias
- Taxas de variação homóloga em
- Taxas de variação homóloga em
valor, volume e preço
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1 - Nota
introdutória
No presente trabalho apresentam-se
indicadores de evolução em valor, volume e preço das importações e das exportações
portuguesas de mercadorias no período de Janeiro a Março de 2020, face ao período
homólogo de 2019.
Para o cálculo dos índices
de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas
às importações e às exportações de mercadorias com movimento nos dois anos, foram
agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo).
Os índices de preço, do tipo
Paasche, utilizados como deflatores
dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume,
foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a
Março de 2020, em versão preliminar, e dados disponíveis para 2019 também ainda
em versão preliminar, com última actualização em 8 de Maio de 2020.
2 – Nota
metodológica
O método utilizado para o
cálculo dos índices de preço de Paasche
globais assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos
preços de cada subgrupo de produtos, construída com base em metodologia definida
e longamente ensaiada e testada na antiga Direcção-Geral do Comércio Externo e noutras
que lhe sucederam, índices posteriormente ponderados para o cálculo dos índices
dos respectivos grupos, e estes por sua vez ponderados para o cálculo do índice
do total, em cada uma das vertentes comerciais.
Os índices de preço de
cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, com base
nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo
definido por métodos estatísticos.
Segue-se uma análise
crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das
matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de
consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente
anormal, pode vir a ser incluído na amostra.
Mais frequentemente procede-se
à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso
relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo
a informação do conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na
proximidade do intervalo previamente encontrado.
Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o
índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por mercados se, através
de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis face aos restantes.
3 – Balança
Comercial
De acordo com os dados preliminares
disponíveis, no período de Janeiro a Março de 2020 o défice da balança
comercial de mercadorias decresceu -6,9% face ao período homólogo do ano
anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a aumentar de
75,1% para 75,8%.
As importações (somatório das ‘chegadas’ de mercadorias provenientes
do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com
um decréscimo em valor de -4,0%, terão registado uma quebra em volume de -2,9% e
um decréscimo em preço de ‑1,1%.
Por sua vez, a descida em
valor de -3,0% verificada nas exportações
terá resultado de uma descida em volume de -1,8%, com o preço a decair –1,3%.
Na presente conjuntura,
dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos também no
andamento do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que
integram o grupo “Energéticos”.
De acordo com os dados
disponíveis, as importações, com
exclusão dos produtos “Energéticos”,
terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de -4,9%,
-3,5% e -1,4%.
Por sua vez, as exportações terão averbado uma quebra em
valor de -4,6%, em resultado de descidas de -3,5% em volume e -1,2% em preço.
Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial em 2020 situou-se em
-3,3 mil milhões de Euros, contra -4,6 mil milhões em termos globais. Por sua
vez o grau de cobertura das importações pelas exportações, sem “Energéticos”,
sobe de 75,8% para 80,4%
Em 2020, o saldo da balança
comercial foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que
representaram 29,7% das exportações e 16,5% das importações totais,
designadamente “Madeira, cortiça e papel”,
“Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.
4 –
Importações
No período em análise, os grupos
de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram: “Químicos”
(17,6% em 2020 e 16,4% em 2019), “Máquinas,
aparelhos e partes” (17,2% e 17,8%), “Agro-alimentares”
(14,2% e 13,2%), “Material de transporte
terrestre e partes” (12,5% e 12,7%) e
“Energéticos” (12,0% e 11,2%). Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,1% em 2020 e 8,5%
em 2019), “Produtos acabados diversos”
(6,0% e 5,8%), “Têxteis e vestuário”
(5,4% e 5,7%), “Madeira, cortiça e papel”
(3,1% e 3,0%), “Calçado, peles e couros”
(2,0% e 2,2%) e “Aeronaves, embarcações e
partes” (2,0% e 3,5%).
No conjunto dos onze grupos
de produtos considerados (nos gráficos seguintes não consta o grupo “Aeronaves,
embarcações e partes”, para o qual não foram calculados índices de volume e
preço), apenas em três deles não se registaram, no primeiro trimestre de 2020 taxas
de variação homóloga em valor negativas: “Energéticos” e “Agro-alimentares”
(+3,1% em cada) e “Químicos” (+2,8%).
Os maiores decréscimos em volume
ocorreram nos grupos “Calçado, peles e couros” (‑11,6%), “Têxteis e
vestuário” (-10,5%) e “Material de transporte terrestre e partes” (-9,0%),
tendo incidido o maior aumento no grupo “Químicos” (+8,3%). Na óptica do
preço, as principais quebras couberam aos grupos “Químicos”
(-5,1%), “Madeira. Cortiça e papel” (‑5,0%) e “Minérios e metais”
(-4,4%). O maior acréscimo coube ao grupo “Material de transporte terrestre
e partes” (+3,8%).
5 –
Exportações
No período em análise, em
2020 os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de
mercadorias foram “Material de transporte
terrestre e partes” (14,8% do total em 2020 e 16,4% em 2019), “Máquinas aparelhos e partes” (14,3% e 13,8%),
“Agro-alimentares” (12,5% e 11,7%) e “Químicos” (12,5% em cada um dos anos).
Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,7% em
ambos os anos), “Minérios e metais”
(9,0% e 9,6%), “Têxteis e vestuário”
(8,9% e 9,2%), “Madeira, cortiça e papel”
(7,6% nos dois anos), “Energéticos” (6,7%
e 5,1%), “Calçado, peles e couros” (3,5%
e 3,6%) e “Aeronaves, embarcações e
partes” (0,5% e 0,7%).
Verificaram-se
decréscimos em valor, face ao ano
anterior, em oito dos grupos de produtos, designadamente “Aeronaves,
embarcações e partes” (-24,8%), não constante dos gráficos seguintes por
não ser, à semelhança das importações, objecto de cálculo dos índices de volume
e preço, “Material de transporte
terrestre e partes” (-12,9%), “Minérios e metais (‑9,4%), “Têxteis e vestuário””
(-6,5%), “Calçado, peles e couros” (‑6,0%),
“Produtos acabados diversos” (-3,2%), “Químicos” (-3,0%) e “Madeira, cortiça e papel” (‑2,9%). O
maior acréscimo ocorreu no grupo “Energéticos”
(+27,3%), a que se seguiram os grupos “Agro-alimentares” (+3,7%) e “Máquinas,
aparelhos e partes” (+0,5%).
Em volume, verificaram-se descidas nas exportações dos grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(-14,9%), “Têxteis e vestuário” (‑8,4%)
e “Minérios e metais” (-5,6%), “Calçado,
peles e couros” (-4,0%) e “Produtos acabados diversos” (--1,6%). O
maior acréscimo ocorreu no grupo “Energéticos”
(+31,1%), seguido dos grupos “Agro-alimentares”
(+5,6%), “Madeira, cortiça e papel” (+2,1%), “Químicos” e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,3% cada).
No âmbito do preço verificaram-se quebras em sete dos
grupos, designadamente “Madeira, cortiça
e papel” (‑4,9%), “Minérios e metais”
(‑4,0%), “Químicos” (-3,3%), “Energéticos”
(‑2,9%), “Calçado, peles e couros”
(-2,0%), “Agro-alimentares” (-1,8%) e “Produtos acabados diversos” (-1,6%). Os acréscimos verificaram-se
nos grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (+2,4%), “Têxteis
e vestuário” (+2,1%) e “Máquinas,
aparelhos e partes” (+0,2%).
6 –
Representatividade das amostras
Como se pode observar no quadro, a representatividade da
amostra global de cada uma das vertentes comerciais, que serviu de base ao cálculo
dos respectivos índices de preço de Paasche,
foi da ordem dos 90%, o que também aconteceu na maior parte dos grupos.
Alcochete,
22 de Maio de 2020.
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