quinta-feira, 7 de maio de 2020

Comércio externo de Cabo Verde (2014-2019)



Comércio Externo de Cabo Verde
Comércio Internacional
de Portugal com Cabo Verde
2014-2019
  ( disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória
Cabo Verde foi, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus actuais nove membros.
Em 2019 Cabo Verde ocupou a 5ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto dos seus oito parceiros na CPLP (0,5%), precedido de Angola, Brasil, Guiné Equatorial e Moçambique, e seguido de Timor-Leste, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Nas exportações ocupou o 3º lugar (10,8%), depois de Angola e do Brasil.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, nesse ano Portugal foi o primeiro fornecedor das suas importações (47,0% do Total) e o segundo destinatário das exportações (18,0%), precedido da Espanha (77,5%).

Para além da apresentação de um conjunto de dados sobre o comércio externo de Cabo Verde, de fontes oficiais do país, vai-se também analisar a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e Cabo Verde ao longo do período de 2014 a 2019, com algum pormenor nos últimos dois anos, a partir de dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), com  última actualização em 9 de Abril de 2020.
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Cabo Verde
O ritmo de “crescimento” em valor das importações e exportações cabo-verdianas desde 2000, embora com alguma irregularidade é tendencialmente crescente, mais vivo do lado das pouco expressivas exportações, centradas que são em produtos do mar, vestuário e calçado.

De acordo com dados divulgados pelo “Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde”, em escudos de Cabo Verde aqui convertidos a Euros (1 Euro=110,265 CVE), a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) foi deficitária ao longo dos últimos seis anos, com saldos negativos compreendidos entre -484 milhões de Euros, em 2015, e -656 milhões, em 2017, situando-se em -955 milhões em 2019.

As importações aqui consideradas não incluem mercadorias entradas em regime temporário nem as que retornam ao país depois de expedidas em regime temporário (reimportação). Por sua vez, nas exportações não se encontram incluídas as mercadorias saídas temporariamente, as mercadorias reexportadas após uma importação temporária, nem as nacionais ou nacionalizadas destinadas à navegação nacional.
Em 2019 as importações cresceram +2,7% face ao ano anterior, com as exportações a decrescerem -14,0%, o que conduziu a um aumento do défice de +4,4%, e o grau de cobertura das importações pelas exportações a situar-se em apenas 7,8%.
Portugal é desde há muito a principal origem das importações cabo-verdianas, tendo averbado 47,0% do Total em 2019. Entre os restantes fornecedores destacaram-se, no mesmo ano, os Países Baixos (12,5%), a Espanha (10,5%), a China (5,4%), a Itália (3,0%), o Brasil (2,9%), a Alemanha (2,7%) e a França (2,2%), países que, juntamente com Portugal, representaram 86,2% do Total.

Entre os mercados de destino das exportações de Cabo Verde a primeira posição foi ocupada pela Espanha (77,5%), seguida de Portugal (18,0%), dos EUA (3,1%), da Alemanha (0,4%), da Guiné-Bissau (0,3%), da Roménia (0,2%) dos Países Baixos (0,2%) e da China (0,1%), países que representaram a quase totalidade das exportações em 2019 (99,8%).
Não se dispondo para 2019 de informação detalhada a dois dígitos da Nomenclatura, de fonte oficial cabo-verdiana, passamos a analisar as importações e as exportações efectuadas em 2018 e no ano precedente.

Por Grupos de Produtos (ver conteúdo por capítulos NC/SH na tabela em Anexo), em 2018 destacaram-se as importações do grupo “Agro-alimentares” (30,3% do total). Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (14,5%), “Energéticos” (12,1%), “Químicos” (10,1%), “Minérios e metais” (9,8%), “Produtos acabados diversos” (9,1%) e “Material de transporte terrestre e partes” (6,3%). Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,3%), “Têxteis e vestuário” (2,4%), “Aeronaves, embarcações e partes” (1,6%) e “Calçado, peles e couros” (0,4%).
No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da NC/SH, os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.

Do lado das exportações, pouco expressivas, destacou-se igualmente o grupo de produtos “Agro-alimentares” (83,6% em 2018), seguido dos grupos “Têxteis e vestuário” (8,9%), “Calçado, peles e couros” (5,5%) e “Produtos acabados diversos” (2,1%).


As exportações do grupo “Agro-alimentares” (83,6%) foram essencialmente constituídas por peixe, crustáceos, moluscos e suas preparações, as de “Têxteis e vestuário” (8,9%) por vestuário, tanto de malha como de tecido, as de “Calçado, peles e couros” (5,5%) por calçado e suas partes, e as de “Produtos acabados diversos” (2,1%) por brinquedos e jogos.
3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde
As importações portuguesas com origem em Cabo Verde, após uma pequena descida em 2015 face ao ano anterior, aumentaram até 2017, ano em que o seu valor atingiu 134,7% face a 2014 (2014=100), descendo depois sucessivamente até 2019, ano em que se situaram em 109,7%.
Por sua vez as exportações, que haviam registado um pequeno decréscimo em 2015 face a 2014, aumentaram tendencialmente a partir daí, com uma inflexão em 2018, para em 2019 atingirem 132,5% do valor que detinham em 2014.

3.1 – Balança Comercial
O saldo da Balança Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, em consequência do grande desfasamento existente entre os valores de importação e de exportação, tendo atingido em 2019, de acordo com os dados preliminares disponíveis, um saldo positivo de 272,7 milhões de Euros,.
Mantendo-se em torno dos 11 milhões de Euros entre 2014 e 2016, as importações portuguesas provenientes de Cabo Verde registaram em 2017, face ao ano anterior, um crescimento de +31,7%, decaindo -3,8% em 2018 e -15,3% em 2019.
As exportações, que em 2014 e 2015 se mantiveram na ordem dos 215 milhões de Euros, registaram em 2016 um acréscimo de +20,5%, aproximando-se dos 260 milhões de Euros, a que se seguiu, nos dois anos seguintes, um aumento e um recuo, (267 e 254 milhões), para em 2019 crescerem +12,0%, situando-se em 284,9 milhões de Euros, o maior saldo dos últimos seis anos.
Face ao acentuado desfasamento existente entre os valores de importação e de exportação, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é muitíssimo elevado.

3.2 – Importações por grupos de produtos
Ao longo dos últimos seis anos, as importações portuguesas de mercadorias provenientes de Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros”  e “Agro-alimentares”.

Em 2015 e 2017 evidenciou-se também o grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, na sequência de importações pontuais, em 2015 de pórticos e pontes-guindastes e em 2017 de partes de máquinas elevatórias, “Bulldozers”, máquinas niveladoras, escavadoras e semelhantes.
No quadro seguinte encontram-se desagregados, a 2 ou a 4 dígitos da Nomenclatura, os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.

3.3 – Exportações por grupos de produtos
Em 2019, os grupos de produtos com maior peso nas exportações para Cabo Verde foram “Agro-alimentares” (27,5% do Total), “Minérios e metais” (17,8%), “Químicos” (15,3%), “Máquinas aparelhos e partes” (14,4%) e “Produtos acabados diversos” (11,2%).
Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (6,1%), “Têxteis e vestuário” (3,0%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,7%), “Energéticos” (1,1%), “Calçado, peles e couros” (0,8%) e, com peso praticamente nulo, “Aeronaves, embarcações e partes”.

No grupo ”Agro-alimentares” destacaram-se as exportações de bebidas alcoólicas, leite e lacticínios, frutas e suas preparações, gorduras e óleos, produtos à base de cereais e de pastelaria, produtos hortícolas, resíduos das indústrias alimentares e alimentos para animais, entre outros.
Entre os “Minérios e metais” salientaram-se as de ferro ou aço e suas obras, os cimentos hidráulicos e o alumínio e suas obras.
No grupo “Químicos” assumiram maior relevância as exportações de plásticos e suas obras, de medicamentos e também de extractos tanantes, tintas e vernizes, sabões e ceras, aglutinantes, óleos essenciais, produtos de perfumaria e de cosmética.
As exportações de “Máquinas, aparelhos e partes”, muito diversificadas, dividiram-se entre máquinas e aparelhos mecânicos, como refrigeradores e congeladores, máquinas automáticas para tratamento de dados, torneiras e válvulas, máquinas de impressão, centrifugadores, bombas para líquidos ou máquinas para obras públicas, entre muitas outras, e máquinas e aparelhos eléctricos, como fios e cabos eléctricos, telefones, quadros eléctricos, aparelhos para interrupção e seccionamento de energia, monitores e projectores, grupos electrogéneos, díodos e transístores ou transformadores eléctricos, entre os principais produtos fornecidos.
No grupo “Produtos acabados diversos” salientaram-se as exportações de móveis, colchões, candeeiros e outros objectos de uso caseiro, de produtos cerâmicos, de aparelhos para medicina, cirurgia e outros aparelhos de uso médico, de vidro e suas obras, de pedra de cantaria ou construção, entre numerosos outros produtos.
No quadro seguinte encontram-se desagregados a 2 ou a 4 dígitos da Nomenclatura, os principais produtos exportados no âmbito de cada grupo de produtos.



Alcochete, 6 de Maio de 2020.


ANEXO



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