1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 9 de Novembro de 2020, para o período acumulado de Janeiro a Setembro de 2020, e definitivos para o ano de 2019, as exportações de mercadorias, face ao mesmo período do ano anterior, decresceram em valor ‑12,7% (‑5,6 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -17,2% (-10,3 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos
homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e
Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e -38,8% nas exportações). A
partir de então o volume destas quebras, face ao mês homólogo do ano anterior, tem-se vindo a reduzir sucessivamente, situando-se no mês de Setembro em ‑9,9% nas
importações e -0,4% nas exportações.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no período acumulado de Janeiro a Setembro uma quebra de ‑11,8% (‑3,7 mil milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -14,7% (‑1,9 mil milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –17,0% (-7,5 mil milhões), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -17,7% (-2,8 mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -30,6% ao situar-se em -10,6
mil milhões de Euros (menos 4,7 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 3,7 mil milhões no comércio intracomunitário e de 914
milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif)
das importações pelas exportações subiu de 74,5%, em 2019, para 78,6%, em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 433 para 305 Euros/Ton, com prática estagnação nos últimos quatro meses.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,7% e 9,2%
do total das importações em 2019 e 2020, no período em análise, 5,8% e 4,7% na
vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe, em 2020, de 78,6%, no comércio global, para 82,6%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 71,6% do total (70,9% em 2019), decresceram em valor -11,8%, contribuindo
com -8,4 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -12,7%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,4%
do total em 2020 (29,1% em 2019), decaíram -14,7%, contribuindo com -4,3 p.p.
para a taxa de ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros nove meses de 2020 foram a Espanha (25,3%), a
França (13,7%), a Alemanha (12,1%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,1%), a Itália
(4,3%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%), a Polónia e o
Brasil (1,3% cada), a Suíça (1,2%), a Suécia e Turquia (1,1% cada), destinos
que representaram 79,8% do total das
exportações.
Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –28,8% em 2020 (-259,9 milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-68,9 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (-43,1 milhões), “Químicos” (‑41,8 milhões), “Minérios e metais” (-39,3 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑25,6 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-17,0 milhões), e “Têxteis e vestuário” (-13,0 milhões de Euros).
Entre os
trinta principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’
negativo das exportações neste período (-12,7%), pertenceram à Irlanda (+0,1
p.p.), à Suécia (+0,05 p.p.) e à Turquia (+0,02 p.p.).
O maior contributo negativo coube a Espanha (‑2,5 p.p.), seguida da Alemanha (-1,6 p.p.), do Reino Unido (-1,2 p.p.), da França (-1,0 p.p.), da Itália (-0,8 p.p.), dos Países Baixos (-0,7 p.p.), dos EUA, Provisões de Bordo para Países Terceiros e Angola (‑0,6 p.p. cada), e do Canadá (-0,5 p.p.).
Os maiores acréscimos, de
pequena monta, nas expedições para o espaço
comunitário, em termos homólogos, incidiram na Irlanda e na Suécia. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Provisões
de Bordo, seguidos da Bélgica, Áustria, Polónia, Grécia, Finlândia, Eslováquia,
Eslovénia, Bulgária e Malta.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, de Gibraltar e da Coreia
do Sul.
Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido dos EUA, Provisões
de Bordo, Angola, Canadá, Marrocos, México, Egipto, China, Argélia, África do
Sul, Noruega e Índia.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Setembro de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 73,5% do total (73,4% em 2019), registaram um decréscimo de -17,0%
e contribuíram com -12,5 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑17,2%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑17,7%,
representando 26,5% do total em 2020 (26,6% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,7 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (31,9%
do Total), a Alemanha (13,3%) e a França (7,3%).
Seguiram-se
os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9%), o
Reino Unido (2,8%), o Brasil (2,6%), os EUA e a Nigéria (1,8% cada).
Estes
países representaram, no seu conjunto, 79,4% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑17,2%)
destacou-se o do Brasil (+0,9 p.p.), seguido da Nigéria (+0,4 p.p.).
Os maiores contributos negativos
couberam a França (-4,0 p.p.), Espanha (-3,7 p.p.) e Alemanha (-2,1 p.p.).
Seguiram-se a Federação Russa (-1,0
p.p.), Angola e a Itália (-0,9 p.p. cada), o Azerbaijão (-0,8 p.p.), a Bélgica
e a Arábia Saudita (-0,6 p.p. cada), e os Países Baixos (-0,5 p.p.).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1710 milhões de Euros), aos EUA (+1085milhões) e ao Reino Unido (+757 milhões). Seguiram-se a Turquia (+410 milhões) e Angola (+294 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-5934 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-1891 milhões), da China (‑1889 milhões), dos Países Baixos (-1237 milhões) e da Nigéria (-845 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando 55,2% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,3% do total e ‑8,5% de TVH), “Agro-alimentares” (14,0% e TVH +3,0%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,6% e -21,6%) e “Químicos” (13,3% e ‑9,8%).
À
excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+157 milhões de Euros), em todos
os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a
2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,6 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (-1,5
mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑771 milhões), “Quimicos”
(-561 milhões), “Minérios e metais” (-537 milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (-520
milhões) e “Têxteis e vestuário” (-510 milhões de Euros).
5.2 – Importações
Verificaram-se
decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -10,3 mil
milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos”
(-2,4 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes”
(-2,0 mil milhões), “Aeronaves,
embarcações e partes” (‑1,5 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões), “Minérios
e metais” (-734 milhões de Euros),
“Químicos” (-555 milhões) e “Têxteis e vestuário” (-502 milhões de Euros).
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,3% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª
posição, precedida do Brasil, dos EUA, da França e da Roménia).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,7%), a
Alemanha (12,1%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,1%), a Itália (4,3%), os
Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%) e a Polónia (1,3%). Estes
dez países representaram 75,0% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 31,9% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha,
EUA e Ilhas Virgens Britânicas).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,3%), a França (7,3%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,8%), o Brasil (2,6%) e os EUA (1,8%). Estes dez países cobriram 77,7% das importações totais.
Alcochete, 10 de Novembro de 2020.
ANEXO
Sem comentários:
Enviar um comentário