terça-feira, 10 de novembro de 2020

Série mensal - Janeiro-Setembro 2020 - Comércio Internacional

 

Comércio Internacional de mercadorias
- Série Mensal -
Janeiro a Setembro de 2020 

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 9 de Novembro de 2020, para o período acumulado de Janeiro a Setembro de 2020, e definitivos para o ano de 2019, as exportações de mercadorias, face ao mesmo período do ano anterior, decresceram em valor ‑12,7% (‑5,6 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -17,2% (-10,3 mil milhões).

Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e -38,8% nas exportações). A partir de então o volume destas quebras, face ao mês homólogo do ano anterior, tem-se vindo a reduzir sucessivamente, situando-se no mês de Setembro em ‑9,9% nas importações e -0,4% nas exportações.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no período acumulado de Janeiro a Setembro uma quebra de ‑11,8% (‑3,7 mil milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -14,7% (‑1,9 mil milhões).  Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –17,0% (-7,5 mil milhões), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -17,7% (-2,8 mil milhões).

O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -30,6% ao situar-se em -10,6 mil milhões de Euros (menos 4,7 mil milhões do que no ano anterior), a que correspondeu uma redução de 3,7 mil milhões no comércio intracomunitário e de 914 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,5%, em 2019, para 78,6%, em 2020.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020, neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019, de 433 para 305 Euros/Ton, com prática estagnação nos últimos quatro meses.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,7% e 9,2% do total das importações em 2019 e 2020, no período em análise, 5,8% e 4,7% na vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe, em 2020, de 78,6%, no comércio global, para 82,6%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em 2020, no período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 71,6% do total (70,9% em 2019), decresceram em valor -11,8%, contribuindo com -8,4 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global negativa de -12,7%.

As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,4% do total em 2020 (29,1% em 2019), decaíram -14,7%, contribuindo com -4,3 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os principais destinos nos primeiros nove meses de 2020 foram a Espanha (25,3%), a França (13,7%), a Alemanha (12,1%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,1%), a Itália (4,3%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%), a Polónia e o Brasil (1,3% cada), a Suíça (1,2%), a Suécia e Turquia (1,1% cada), destinos que  representaram 79,8% do total das exportações.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –28,8% em 2020 (-259,9 milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-68,9 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (-43,1 milhões), “Químicos” (‑41,8 milhões), “Minérios e metais” (-39,3 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑25,6 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-17,0 milhões), e “Têxteis e vestuário” (-13,0 milhões de Euros).

Entre os trinta principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ negativo das exportações neste período (-12,7%), pertenceram à Irlanda (+0,1 p.p.), à Suécia (+0,05 p.p.) e à Turquia (+0,02 p.p.).

O maior contributo negativo coube a Espanha (‑2,5 p.p.), seguida da Alemanha (-1,6 p.p.), do Reino Unido (-1,2 p.p.), da França (-1,0 p.p.), da Itália (-0,8 p.p.), dos Países Baixos (-0,7 p.p.), dos EUA, Provisões de Bordo para Países Terceiros e Angola (‑0,6 p.p. cada), e do Canadá (-0,5 p.p.).

Os maiores acréscimos, de pequena monta, nas expedições para o espaço comunitário, em termos homólogos, incidiram na Irlanda e na Suécia. Os maiores decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Provisões de Bordo, seguidos da Bélgica, Áustria, Polónia, Grécia, Finlândia, Eslováquia, Eslovénia, Bulgária e Malta.


No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, de Gibraltar e da Coreia do Sul.

Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido dos EUA, Provisões de Bordo, Angola, Canadá, Marrocos, México, Egipto, China, Argélia, África do Sul, Noruega e Índia.

3.2 - Importações

De Janeiro a Setembro de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 73,5% do total (73,4% em 2019), registaram um decréscimo de -17,0% e contribuíram com -12,5 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑17,2%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑17,7%, representando 26,5% do total em 2020 (26,6% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’ global de -4,7 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (31,9% do Total), a Alemanha (13,3%) e a França (7,3%).

Seguiram-se os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9%), o Reino Unido (2,8%), o Brasil (2,6%), os EUA e a Nigéria (1,8% cada).

Estes países representaram, no seu conjunto, 79,4% das importações totais.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑17,2%) destacou-se o do Brasil (+0,9 p.p.), seguido da Nigéria (+0,4 p.p.).

Os maiores contributos negativos couberam a França (-4,0 p.p.), Espanha (-3,7 p.p.) e Alemanha (-2,1 p.p.).

Seguiram-se a Federação Russa (-1,0 p.p.), Angola e a Itália (-0,9 p.p. cada), o Azerbaijão (-0,8 p.p.), a Bélgica e a Arábia Saudita (-0,6 p.p. cada), e os Países Baixos (-0,5 p.p.).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.


4 – Saldos da Balança Comercial

Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1710 milhões de Euros), aos EUA (+1085milhões) e ao Reino Unido (+757 milhões). Seguiram-se a Turquia (+410 milhões) e Angola (+294 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-5934 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-1891 milhões), da China (‑1889 milhões), dos Países Baixos (-1237 milhões) e da Nigéria (-845 milhões).

5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando 55,2% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,3% do total e ‑8,5% de TVH), “Agro-alimentares” (14,0% e TVH +3,0%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,6% e -21,6%) e “Químicos” (13,3% e ‑9,8%).

À excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+157 milhões de Euros), em todos os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a 2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,6 mil milhões de Euros), couberam aos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (-1,5 mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑771 milhões), “Quimicos” (-561 milhões), “Minérios e metais” (-537 milhões),  “Máquinas, aparelhos e partes” (-520 milhões) e “Têxteis e vestuário” (-510 milhões de Euros).

5.2 – Importações

Em 2020, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 81,4% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (18,6% e TVH -12,4%), “Químicos” (18,5% do total e TVH -5,7%), “Agro-alimentares” (16,2% e TVH -4,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,6% e TVH -27,6%), “Energéticos” (9,2% e TVH -34,6%) e “Minérios e metais” (8,3% e TVH -15,1%). 

Verificaram-se decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -10,3 mil milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos” (-2,4 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,0 mil milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (‑1,5 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões), “Minérios e metais” (-734 milhões de Euros), “Químicos” (-555 milhões) e “Têxteis e vestuário” (-502 milhões de Euros).

6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 25,3% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª posição, precedida do Brasil, dos EUA, da França e da Roménia).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,7%), a Alemanha (12,1%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,1%), a Itália (4,3%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%) e a Polónia (1,3%). Estes dez países representaram 75,0% das exportações totais.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 31,9% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha, EUA e Ilhas Virgens Britânicas).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,3%), a França (7,3%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,8%), o Brasil (2,6%) e os EUA (1,8%). Estes dez países cobriram 77,7% das importações totais.

Alcochete, 10 de Novembro de 2020.

ANEXO


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