1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 9 de Fevereiro de 2021, para o ano de 2020, e definitivos para 2019, as exportações de mercadorias, face ao ano anterior, decresceram em valor ‑10,2% (‑6,1 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -15,2% (-12,2 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos
homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente
nos meses de Abril e Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e
-38,8% nas exportações). A partir de então, e até Setembro, o volume destas
quebras, face ao mês homólogo do ano anterior, reduziu-se sucessivamente,
situando-se a taxa de variação, em Setembro, em -8,3% nas importações, tornando-se mesmo
ligeiramente positiva nas exportações, +0,3%. No mês de Dezembro, de acordo com
os dados preliminares disponíveis, face ao ano anterior, as
importações decresceram -6,9% e as exportações -7,8%.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total
corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram em
2020 uma quebra de ‑9,4% (‑4,0 mil milhões de Euros), tendo as exportações para
os países terceiros decaído -12,3% (‑2,1 mil milhões). Por sua vez, as
importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –14,2% (-8,4 mil milhões de
Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -18,0% (-3,8 mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -30,0% ao situar-se em -14,1
mil milhões de Euros (menos 6,0 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de -4,4 mil milhões no comércio intracomunitário e de -1,6
mil milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura
(Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,9%, em 2019, para 79,3%,
em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020 o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 433 para 295 Euros/Ton.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida
em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos
factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 8,7% no total das importações em 2020 e 4,6% do lado das
exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações no
comércio global sobe de 79,3% para 82,8%.
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020,
as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 71,4% do
total (70,7% em 2019), decresceram em valor -94%, contribuindo com -6,6 pontos
percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global negativa de -9,4%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,6%
do total em 2020 (29,3% em 2019), decaíram -12,3%, contribuindo com -3,6 p.p.
para a taxa de ‘crescimento’ global.
Os principais destinos em 2020 foram a Espanha (25,4%), a França (13,5%), a Alemanha (11,8%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (5,0 %), a Itália (4,4%), os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%) e a Polónia (1,4%), destinos que representaram 74,8% do total das exportações.
Angola, o
terceiro principal mercado entre os países terceiros, depois do Reino Unido e
dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –30,4% em 2020 (-317
milhões de Euros), envolvendo a otalidade dos onze grupos de produtos.
As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-85,9 milhões de Euros), “Agro-alimentares”
(-67,0 milhões), “Químicos” (‑47,2 milhões),
“Minérios e metais” (-42,8 milhões), “Produtos
acabados diversos” (‑29,6 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-20,9
milhões), e “Têxteis e vestuário” (-13,3 milhões de Euros).
Entre os
principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’ (negativo)
das exportações neste período (-10,2%), pertenceram à Irlanda (+0,13 p.p.), à Suíça
(+0,06 p.p.) e à Roménia (+0,05 p.p.).
O maior contributo
negativo coube a Espanha (‑1,9 p.p.), seguida da Alemanha (-1,4 p.p.), do
Reino Unido (-1,0 p.p.), da França (-0,8 p.p.), das Provisões de Bordo para
Países Terceiros, Angola, EUA, Países Baixos e Itália (todos com -0,6 p.p.) e Provisões
de Bordo para Países Comunitários (-0,5 p.p.).
Os maiores acréscimos nas
expedições para o espaço comunitário,
em termos homólogos, incidiram na Irlanda, seguida da Roménia e da Suécia. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Países Baixos, Itália e Provisões
de Bordo, seguidos da Áustria, Bélgica, Grécia, Finlândia, Eslováquia, Polónia,
Eslovénia, Malta e Bulgária.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os de Gibraltar, do Japão, da Coreia
do Sul, de Israel e da Suíça.
Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido das Provisões
de Bordo, Angola, EUA, Canadá, Marrocos, México, Egipto, Argélia, África do
Sul, China, Noruega e Emiratos.
3.2 - Importações
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑18,0%,
representando 25,4% do total em 2020 (26,2% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,7 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (32,6% do
Total), a Alemanha (13,3%) e a França (7,3%).
Seguiram-se
os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica (2,9%), o
Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,4%) e os EUA (1,8%).
Estes
países representaram, no seu conjunto, 78,4% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑15,2%)
destacou-se o do Brasil (+0,8 p.p.), seguido da Nigéria (+0,2 p.p.), da China e
da Polónia (+0,1 p.p. cada).
Os maiores contributos negativos
couberam a França (-3,6 p.p.), Espanha (-2,9p.p.) e Alemanha (-2,0 p.p.).
Seguiram-se a Turquia (-1,2 p.p.), Angola
(-0,9 p.p.), a Rússia (-0,7 p.p.), a Itália (-0,7 p.p.), a Bélgica (0,6 p.p.), o
Azerbaijão, a Arábia Saudita e o Azerbaijão (-0,5 p.p. cada).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif)
couberam à França (+2288 milhões de Euros), aos EUA (+1423 milhões) e ao Reino
Unido (+1224 milhões). Seguiram-se a Turquia (+549 milhões) e Angola (+482 milhões).
O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-8452
milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-2670 milhões), da China (‑2499
milhões), dos Países Baixos (-1720 milhões) e da Itália (-1186 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os
capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando
65,7% do total, foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (14,7% do total e ‑5,1% de
TVH), “Material de transporte terrestre e
partes” (13,9% e -16,9%), “Agro-alimentares” (13,9% e +2,2%), “Químicos”
(13,2% e ‑6,2%) e “Produtos acabados
diversos” (10,0% e -8,4%).
À
excepção do grupo “Agro-alimentares” (+157 milhões de Euros), em todos
os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a
2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-6,1 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (-1,5
mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑1,2 mil milhões) e “Têxteis e
vestuário” (-583 milhões de Euros).
5.2 – Importações
Em 2020,
os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 81,5% do total, foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (19,1% e TVH -9,4%), “Químicos” (18,5% do total e TVH -2,3%), “Agro-alimentares”
(15,9% e TVH -4,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,9% e TVH -24,4%),
“Energéticos” (8,7% e TVH -35,4%) e “Minérios
e metais” (8,4% e TVH -10,6%).
Verificaram-se
decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -12,2 mil
milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos”
(-3,2 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes”
(-2,4 mil milhões), “Aeronaves,
embarcações e partes” (‑2,1 mil milhões). e “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões.
6 – Mercados por grupos de produtos
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,4% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª
posição, precedida do Brasil, da França, da Roménia, dos EUA e do Reino Unido).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,5%), a
Alemanha (11,8%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (5,0%), a Itália (4,4%), os
Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%) e a Polónia (1,4%). Estes
dez países representaram 74,8% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 32,6% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha,
EUA e Ilhas Virgens Britânicas).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,3%), a França (7,3%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,4%) e os EUA (1,8%). Estes dez países cobriram 78,4% das importações totais.
Alcochete, 10 de Fevereiro de 2021.
ANEXO
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