Comércio Internacional de Mercadorias
com o Brasil
2016 a 2020 e 1º Trimestre 2020-2021
(disponível para download >> aqui )
1 – Nota
introdutória
O Brasil ocupou em 2020 a 9ª posição entre os principais mercados de origem das importações portuguesas de mercadorias, com 2,4% do total, e o 11º lugar entre os mercados de destino, com 1,4% do Total. Após uma abordagem à evolução do ‘Comércio Exterior do Brasil’, com base em dados de fonte International Trade Centre (ITC), vai-se analisar a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e o Brasil ao longo dos últimos cinco anos (2016-2020) e 1º Trimestre de 2020-2021, com base em dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), definitivos até 2019 e preliminares para 2020 e 2021, com última actualização em 10 de Maio de 2021.
2 – Alguns dados sobre
o ‘Comércio Exterior’ do Brasil
2.1 - Balança
Comercial
De acordo com os dados disponíveis, medidos em Euros, o saldo (Fob-Cif) da Balança Comercial de mercadorias do Brasil foi positivo ao longo dos últimos cinco anos, tendo-se situado em +44,6 mil milhões de Euros em 2020.
Neste período, o ritmo de evolução das
importações e das exportações manteve-se sempre acima do nível de 2016. Tendo
aumentado entre 2016 e 2019, o ritmo das importações decaiu em 2020. Por sua
vez, o ritmo das exportações, que aumentou entre 2016 e 2018, desacelerou a
partir de então.
2.2 – Mercados de origem
e de destino
Os principais parceiros do Brasil em 2020, em ambas as vertentes comerciais, foram a China e os EUA, com respectivamente 21,9% e 17,8% do Total das importações e 32,4% e 10,3% das exportações. Portugal ocupou nesse ano a 35ª posição nas importações (0,5% do Total) e o 31º lugar nas exportações (0,8%).
A par de Portugal, o Brasil foi um dos
fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criada durante a Cimeira de Chefes de
Estado e de Governo realizada em Lisboa em 1996, sendo os restantes países
fundadores Angola, Cabo Verde, a Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.
Em 2002, no decorrer da cimeira de Brasília, foi a vez de integrar Timor-Leste e
mais recentemente, em 2014, na cimeira de Dili, a Guiné-Equatorial.
Esta Comunidade tem, entre os seus objectivos,
no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias
estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio
internacional de bens e serviços entre os seus actuais nove membros.
Do quadro seguinte consta o peso relativo de
cada um dos países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
Portugal ocupou a primeira posição em
cada uma das vertentes comerciais, com cerca de 78% do Total da CPLP, seguido
de Angola, com 17,9% das importações e 16,7% das exportações.
2.3 – Importações no
Brasil por Grupos de Produtos
O conjunto dos produtos do Sistema
Harmonizado, constantes da base de dados do “International Trade Centre”
(ITC) aqui utilizada, foram agregados em onze grupos de produtos (ver
definição do conteúdo de cada grupo no Anexo-1).
Por Grupos de Produtos), em 2020, face ao ano anterior,
verificou-se um decréscimo das importações brasileiras de -12,1% (-19,2 mil
milhões de Euros), extensivo a todos os grupos de produtos à excepção do grupo “Aeronaves,
embarcações e partes” (+4,9 mil milhões de Euros).
Os maiores decréscimos, em Euros;
incidiram nos grupos “Energéticos” (-9,0 mil milhões), “Material de
transporte terrestre e partes” (-4,3 mil milhões), “Máquinas, aparelhos
e partes” (‑3,3 mil milhões) e “Químicos”
(-3,3 mil milhões).
Em 2020 Portugal pesou 0,4% no Total
das importações brasileiras (35ª posição).
Entre os onze grupos, aqueles em que se
registaram as maiores quotas de Portugal foram “Agro-alimentares” (4,4%) e“Madeira,
cortiça e papel” (1,0%).
2.4 – Exportações no
Brasil por Grupos de Produtos
Na vertente das exportações registou-se um decréscimo de -8,1% em 2020 face ao ano
anterior (-16,3 mil milhões de Euros).
As principais descidas, em Euros, verificaram-se
nos grupos “Energéticos” (-5,2 mil
milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (-4,0 mil milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (-3,7
mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,3 mil milhões,),
“Químicos” (-2,0 mil milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-1,5
mil milhões de Euros).
O principal acréscimo incidiu no
grupo “Agro-alimentares” (+3,4 mil milhões de Euros), seguido dos grupos “Têxteis
e vestuário" (+368 milhões) e “Minérios e metais” (+139 milhões).
Em 2020 Portugal pesou 0,8% nas
exportações brasileiras (31ª lugar no “ranking”). Os grupos de produtos
em que Portugal registou as maiores quotas foram “Energéticos” (4,0% do grupo), “Madeira, cortiça e papel” e “Calçado, peles e couros” (0,6% de
cada um dos grupos),
Em quadros anexos encontram-se relacionadas
as importações (Anexo-2) e as exportações brasileiras (Anexo-3) efectuadas em 2019
e 2020, por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2) com valor superior a 1
milhão de Euros, desagregados a 4 dígitos da Nomenclatura (NC-4) com um valor
superior a 250 mil Euros.
3 – Comércio de
Portugal com o Brasil
3.1 – Evolução do peso do Brasil nas importações e exportações globais
O peso das importações portuguesas com
origem no Brasil representou 1,7% do Total em 2016 e 2017, tendo descido nos
dois anos seguintes para 1,3%, para se situar em 2,4% em 2020. No período de
Janeiro a Março decaiu de 3,3%, em 2020, para 2,3%, em 2021.
Após uma forte aceleração em 2017, face a 2016, o ritmo de crescimento anual em valor das exportações face a 2016 desacelerou sucessivamente até 2020. Por sua vez, do lado das importações, após descidas em 2018 e 2019 abaixo do nível de 2016, verificou-se uma aceleração acentuada em 2020.
3.2 – Posição do
Brasil nas trocas de Portugal no âmbito da CPLP
Em 2020 o Brasil foi a origem de 67,3%
das importações de Portugal no conjunto dos seus parceiros na CPLP, seguido de
Angola e Guiné-Equatorial com respectivamente 16,4% e 14,4%, e o destino de 32,6%
das exportações, precedido de Angola, com 39,0%.
3.3 – Balança Comercial
A Balança Comercial de Portugal com o Brasil
é desfavorável. Ao longo dos últimos cinco anos o maior défice ocorreu em 2020,
com -874 milhões de Euros, com um grau de cobertura das importações pelas
exportações de 45,4%.
No primeiro Trimestre de 2021 as
importações decresceram ‑34,6% em termos homólogos face a 2020, com as
exportações a caírem -23,3%, o défice a diminuir -40,6%% e o grau de cobertura
(Fob/Cif) das importações pelas exportações a subir de 34,8% para 40,8%.
3.4 – Importações
por grupos de produtos
Em 2020 as maiores importações
portuguesas com origem no Brasil incidiram nos grupos de produtos “Energéticos”,
“Agro-alimentares” e ”Minérios e metais”,
No 1º Trimestre de 2021 prevaleceu
ainda na primeira posição o grupo “Energéticos”, seguido de “Agro-alimentares”
e “Madeira, cortiça e papel”.
No quadro seguinte encontram-se
relacionados os três grupos de produtos que representaram no 1º Trimestre de
2020 e 2021 mais de 90% do Total das importações, desagregados a quatro dígitos
da Nomenclatura Combinada.
O grupo “Energéticos” é praticamente
constituído por petróleo bruto.
No grupo “Agro-alimentares”
destaca-se a soja, a grande distância dos restantes produtos.
No grupo “Madeira, cortiça e papel”
predominam as estilhas, partículas e desperdícios de madeira e a madeira em
bruto.
3.5 – Exportações
por grupos de produtos
As principais exportações para o
Brasil no último quinquénio e 1º Trimestre de 2021 inserem-se no grupo de produtos
“Agro-alimentares”, que representou
58,7% do total em 2020 e 60,7% no 1º Trimestre de 2021.
O segundo grupo dominante nos últimos
cinco anos foi “Aeronaves, embarcações e partes”, essencialmente
constituído por partes de veículos aéreos.
No 1º Trimestre de 2021 este grupo foi
ultrapassado em peso pelo grupo “Máquinas, aparelhos e partes”.
No quadro seguinte encontram-se
relacionados os seis grupos de produtos que representaram no 1º Trimestre de
2020 e 2021 mais de 90% do Total das exportações, desagregados a quatro dígitos
da Nomenclatura Combinada (coincidente a este nível com o Sistema Harmonizado).
Nas exportações de “Agro-alimentares”
destacaram- se o azeite de oliveira, os vinhos e o peixe congelado. Nas de “Maquinas,
aparelhos e partes”, muito diversificados e diferenciadas entre os dois
trimestres, evidenciaram-se, em 2021, os fios e cabos eléctricos, as partes de
motores de explosão e a diesel, os refrigeradores e congeladores e os aparelhos
de aquecimento, torrefacção, esterilização e secagem, entre outros. O grupo “Aeronaves,
embarcações e partes” é constituído quase integralmente por partes de
veículos aéreos. No grupo “Minérios e metais” prevaleceram, em
2021, as exportações de minérios de zinco e laminados planos de ferro ou aço.
No grupo “Químicos” destacaram-se, no 1º Trimestre de 2021, as exportações
de insecticidas, fungicidas e herbicidas, de tintas e vernizes, de polímeros de
etileno em formas primárias, de chapas, folhas e lâminas de plástico, de
resinas e polímeros de PVC, de pneus novos, e de medicamentos acondicionados para
venda a retalho. Nas exportações de “Produtos acabados
diversos” sobressaíram, em 2021, as de mós e produtos para triturar, polir
ou cortar, a de louça e artigos domésticos de porcelana, e de abrasivos.
Alcochete,
25 de Maio de 2021.
ANEXO-1