domingo, 2 de maio de 2021

Comércio Internacional de Têxteis e Vestuário (2011-2020)

 

Comércio Internacional 
de Têxteis e Vestuário
2011-2020

                                                        (disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

As exportações do conjunto de produtos “Têxteis” e “Vestuário”, que haviam registado um forte incremento após a adesão de Portugal às Comunidades, começaram a decair em 2002, quebra que se acentuou significativamente após a concretização do desmantelamento do “Acordo Multifibras” (Janeiro de 2005), em conformidade com as regras da “Organização Mundial de Comércio” (OMC), e do consequente aumento, principalmente, da competição chinesa no sector, a que a indústria reagiu apostando na qualidade, na inovação e no “design”, com aumento de valor acrescentado.

A partir de 2009 assistiu-se a uma recuperação sustentada destas exportações, que atingiram o seu ponto de maior crescimento em 2018, para decrescerem a partir de então, mais acentuadamente em 2020, na sequência da pandemia que assolou o mundo.

Estes produtos continuam a ocupar uma importante posição no contexto das exportações, com grande interligação com as importações ao nível das matérias-primas necessárias para alimentação da indústria exportadora.

Contudo o seu peso no total tem vindo a decrescer ao longo do último quinquénio. Tendo representado 10,1% do total das exportações em 2016 e 6,4% das importações, o seu peso situou-se respectivamente em 8,6% e 5,6% em 2020, de acordo com os dados estatísticos preliminares disponíveis.

Neste trabalho, que cobre a última década (2011-2020), os produtos “Têxteis” vão ser divididos em quatro componentes: “Fibras e Fios”, “Tecidos”, “Têxteis-Lar” e “Outros Têxteis”. Por sua vez o “Vestuário” vai ser considerado em duas componentes: “Vestuário de Malha” e “Vestuário excepto de Malha” (ver Anexo).

Na vertente das importações predominam os “Têxteis” (52,5% em 2020), enquanto que do lado das exportações o maior peso cabe ao “Vestuário” (55,8%).

Os dados estatísticos de base aqui utilizados, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), correspondem a versões definitivas para os anos de 2011 a 2019 e a uma versão preliminar para 2020.

2 – Balança Comercial do conjunto dos “Têxteis e Vestuário”

A balança comercial do conjunto dos “Têxteis e Vestuário” é favorável a Portugal. O saldo positivo, da ordem dos mil milhões de Euros entre 2012 e 2018, baixou para 771 milhões em 2019 e 850 milhões em 2020.

3 – Comércio internacional dos “Têxteis”

3.1 – Balança Comercial

Em 2011 a balança comercial destes produtos foi deficitária (-5 milhões de Euros), tornando-se o saldo positivo a partir de então, mas de pequena monta face aos valores em apreço, para voltar a ser pontualmente negativo em 2019 (-8 milhões de Euros).

Ao longo da última década o grau de cobertura das importações pelas exportações manteve-se em torno dos 100%.

Em 2019, face ao ano anterior, as importações que vinham registando taxas de crescimento positivas desde 2013, decresceram -1,2%, com nova quebra no ano seguinte, -4,8%.

Comportamento idêntico registaram as exportações, com um decréscimo de -1,8% em 2019, seguido de nova descida em 2020, -1,5%.

3.2 – Importação de “Têxteis” por componentes

Em 2020 predominaram as importações de “Fibras e Fios” (34,8%), principalmente fios de algodão e de fibras sintéticas não acondicionados para venda a retalho. Seguiram-se os “Outros Têxteis” (31,4%), como moldes para vestuário, tecidos impregnados ou revestidos a plástico, falsos tecidos, produtos para usos técnicos, fitas de matérias têxteis, sacos para embalagem, encerados, toldos, tendas e velas, etiquetas, emblemas e semelhantes, não bordados, entre outros. Os “Tecidos”, destinados em grande parte a ser utilizados na fabricação de vestuário para exportação, representaram 25,3% das importações de têxteis em 2020. Entre os “Têxteis-Lar” destacaram-se as importações de roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, tapetes e outros revestimentos para pavimentos, cortinados, estores e reposteiros, guarnições para interiores, esfregões, panos, flanelas e outros artefactos de limpeza em matérias têxteis.

3.3 – Mercados de origem das importações de “Têxteis”

O principal mercado de origem das importações de “Têxteis” em 2020 foi a China, com uma quota de 19,3% e uma taxa de crescimento de +88,7% face ao ano anterior. Entre os restantes nove principais fornecedores, o único país em que não se registou uma quebra em relação a 2019 foram os Países Baixos (+5,9%).

3.4 – Exportação de “Têxteis” por componentes


Em 2020 predominou a componente “Outros Têxteis” (39,3%), designadamente cordéis, cordas e cabos mesmo impregnados ou revestidos de borracha ou plástico, artefactos têxteis incluindo moldes para vestuário, tecidos impregnados ou revestidos com plástico, telas para pneus, artefactos para usos técnicos, fitas, redes, tecidos com borracha, falsos tecidos, encerados, toldos, tendas, velas, e feltros, entre outros. Seguiram-se os “Têxteis-Lar” (28,8%), com destaque para as roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha. As componentes “Tecidos” e “Fios e Fibras”, de conteúdo muito variado, pesaram 10,6% cada no Total.

3.5 – Mercados de destino das exportações de “Têxteis”

Em 2020 o principal mercado de destino das exportações de “Têxteis” foi a Espanha (16,9% do Total), seguida da França (14,9%), dos EUA (11,1%), da Alemanha (9,4%) e do Reino Unido (7,0%).

Entre os dez principais mercados foi negativa a taxa de variação homóloga, face a 2019, de Espanha (-6,6%), de Itália (-20,6%) e da Roménia (-19,9%).

O maior acréscimo coube a França, +24,9%, mais 60,9 milhões de Euros do que no ano anterior.

4 – Comércio internacional do “Vestuário”

4.1 – Balança Comercial

A balança comercial do “Vestuário” foi favorável a Portugal ao longo da última década, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações, tendo o seu saldo oscilado entre 1,7 e 2,1 mil milhões de Euros.

Em 2020, face ao ano anterior, as importações e as exportações de “Vestuário” registaram quebras em valor respectivamente de -23,2% e -17,2%.

O saldo (Fob-Cif) da balança comercial situou-se em 2,1 mil milhões de Euros, com  um grau de cobertura das importações pelas exportações de 143,7%.

4.2 – Importação de “Vestuário” por componentes

As duas componentes do “Vestuário”, “Vestuário de malha” e “Vestuário excepto de malha” têm na vertente das importações aproximadamente o mesmo peso.



Em 2020, face ao ano anterior, as importações de “Vestuário de malha” e de “Vestuário excepto de malha” desceram acentuadamente face ao ano anteroir, respectivamente -21,4% e -25,1%, regressando praticamente ao nível de 2011.

Entre o “Vestuário de malha” destacam-se as importações de camisolas e pulôveres, cardigans e semelhantes, de “T-shirts” e camisolas interiores, de fatos, conjuntos, casacos, vestidos e saias para senhora, de camisas para homem, e de fatos saia-casaco, conjuntos, casacos, vestidos, saias, calças, jardineiras, bermudas e calções para senhora, que pesaram 55,7% no Total em 2020.

No âmbito do “Vestuário excepto de malha” predominaram as importações de fatos, conjuntos, vestidos, saias, calças, bermudas, jardineiras e calções para senhora, e de fatos, conjuntos, casacos, calças, bermudas e calções para homem, que representaram 47,6% do total em 2020. 

4.3 – Mercados de origem das importações de “Vestuário”

O principal mercado de origem das importações de “Vestuário” é a Espanha, com cerca de metade do Total, seguida da Itália (10,5% em 2020), da França (8,7%), da China (6,2%), da Alemanha (5,9%), do Bangladesh (3,2%), dos Países Baixos (2,7%), da Bélgica (2,2%), de Marrocos (1,9%) e da Índia (1,8%).

Todos estes mercados registaram taxas de variação homóloga em valor negativas em 2020.

4.4 – Exportação de “Vestuário” por componentes


Nas exportações de “Vestuário” prevalece o “Vestuário de malha”, que em 2020 representou 71,5% do Total.


As exportações de “Vestuário”, que já em 2019 haviam decrescido face ao ano anterior (-1,9%), decaíram acentuadamente em 2020 (-17,2%). Em termos percentuais, o maior decréscimo incidiu no “Vestuário excepto de malha” (‑25,0%), que desceu abaixo do nível que detinha em 2011.

Entre o “Vestuário de malha” destacaram-se, em 2020, as exportações de “T-shirts”, camisolas interiores e semelhantes, de camisolas e pulôveres, cardigans e artigos semelhantes, de fatos de saia-casaco, conjuntos, casacos, vestidos, saias, calças, jardineiras e calções para senhora, de meias-calça e meias de variados tipos incluindo para varizes, de camisas para homem, de fatos, conjuntos, casacos, calças, bermudas, jardineiras e calções para homem, e de vestuário e seus acessórios para bebé, que representaram 88,1% o Total.

No âmbito do “Vestuário excepto de malha” prevaleceram, em 2020, as exportações de fatos de saia-casaco, conjuntos, casacos, vestidos, saias, calças, jardineiras e calções para senhora, de fatos, conjuntos, casacos, calças, bermudas, jardineiras e calções para homem, de camiseiros e blusas para semhora, e de camisas para homem, produtos que pesaram 73,8% no Total.

4.5 – Mercados de destino das exportações de “Vestuário”

Mais de 1/3 das exportações de “Vestuário” em 2020 tiveram por destino a Espanha. Seguiu-se a França (15,3%), a Alemanha (9,7%), o Reino Unido (8,8), a Itália (7,9%), os Paises Baixos (5,7%), os EUA (4,0%), a Suécia (2,6%), a Dinamarca (2,1%) e a Bélgica (2,0%), países que representaram neste ano 91,4% do Total.



Alcochete, 1 de Maio de 2021.



Sem comentários:

Enviar um comentário