domingo, 10 de outubro de 2021

Comércio internacional da Pesca - 1º Semestre 2020-2021

 

Comércio Internacional da pesca, preparações, conservas 
e outros produtos do mar
(1º Semestre 2020-2021)

( disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

Portugal, detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém no âmbito da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, uma balança comercial deficitária, representando as importações (Fob) um valor cerca de duas vezes superior ao das exportações (Fob).

Neste trabalho vai-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior no 1º Semestre de 2021, face ao semestre homólogo de 2020, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística em versão definitiva para 2020 e preliminar para 2021, com última actualização em 9 de Setembro de 2021.

2- Peso do sector no comércio internacional global

As importações deste conjunto de produtos representaram 3,2% das importações globais em 2016 e 2,8% em 2020. Por sua vez, o peso das exportações decresceu, entre os dois anos, de 1,9% para 1,7%.  

No 1º Semestre de 2021, as importações, que no semestre homólogo do ano anterior tinham representado 3,0% das importações globais, viram o seu peso descer para 2,4%, tendo no mesmo período o peso das exportações no Total descido ligeiramente, de 1,6% para 1,5%.

3 – Balança Comercial

No 1º Semestre de 2020 e 2021 a balança comercial destes produtos do mar foi deficitária, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -575 milhões de Euros e -457 milhões, o que representou um decréscimo de -20,4%.

Em 2021, face ao ano anterior, as importações decresceram -5,4% e as exportações aumentaram +15,9%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a subir de 41,5% para 50,8%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, produtos que representaram no seu conjunto, nos dois últimos anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.

No quadro seguinte consta a balança comercial no 1º Semestre de 2020 e 2021 de cada um dos sete agregados de produtos aqui considerados

O único agregado em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” no 1º Semestre de 2021, +24,8 milhões de Euros, contra um défice de -1,1 milhões no ano anterior.

Os défices dominantes incidiram no “Peixe”, -375,2 milhões de Euros em 2021 e -458,1 milhões em 2020 e no agregado “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, ‑99,2 e -105,2 milhões respectivamente.


Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes desagregados por produtos a quatro ou a seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com indicação das respectivas quantidades transacionadas.

4 – Importação

No 1º Semestre de 2021, face ao homólogo do ano anterior, as importações decresceram ‑5,4% (‑52,7 milhões de Euros). As maiores quebras couberam ao “Peixe”, -66,4 milhões de Euros, seguidas das “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, -18,0 milhões.


Nas importações de “Peixe” assumem relevância, entre outras, as de bacalhau nos seus diversos estados, que serão mais adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.

4.1 – Mercados de origem

No 1º Semestre de 2021 os principais fornecedores foram a Espanha (40,8%), a Suécia (14,5%), os Países Baixos (9,0%), a Dinamarca (3,8%), a China (3,4%), a Rússia (2,6%) e a Índia (2,3%), países que totalizaram 76,4% dos fornecimentos.

Os maiores decréscimos, em Euros, couberam aos Países baixos (-27,8 milhões), à China (‑12,2 millhões) e à Rússia (-6,7 milhões).

Por sua vez, entre os 20 maiores fornecedores os principais acréscimos incidiram em Espanha (+8,0 milhões), Suécia (+2,5 milhões), Índia (+2,4 milhões), Marrocos (+2,0 milhões), Equador (+1,8 milhões) e Moçambique (+1,1 milhões de Euros).


5 – Exportação

As exportações aumentaram neste 1º Semestre +15,9% em termos homólogos (+64,7 milhões de Euros). Ocorreram acréscimos em todas as componentes à excepção das “Gorduras e óleos de peixe e mamíferos aquáticos” (-18,6%, -186 mil Euros).

Os principais aumentos, em Euros. incidiram nos “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+36,6 milhões, +47,7%) e no “Peixe” (+16,5 milhões, +8,2%).

Seguiram-se as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos“ (+7,9 milhões de Euros, +6,5%), o “Sal,águas-mãe de salinas e algas” (+2,0 milhões, +49,1%) e os “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana” (+1,8 milhões, +83,6%).

5.1 – Mercados de destino

No 1º Semestre de 2021 as expedições portuguesas de mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 78,8% do Total, com predomínio do mercado espanhol (45,6%), seguido da França (13,7% e da Itália (11,4%).

Entre os países terceiros o destino dominante foi o Brasil (6,4%), seguido dos EUA (3,5%).

Os principais acréscimos, em Euros, incidiram nas exportações para Espanha (+26,7 milhões), seguidas da Itália e da França (+8,6 milhões cada), dos EUA (+7,3 milhões), da China (+4,2 milhões), dos Países Baixos (+2,3 milhões) e do Brasil (+2,0 milhões de Euros).

O maior decréscimo coube a Angola (-1,6 milhões de Euros), seguido do Reino Unido (-870 mil Euros).

6 – Importação e exportação de sardinha

São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição.

No 1º Semestre de 2021, face ao semestre homólogo do ano anterior, reduziu-se a importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (-6,1% em valor e -9,9% em quantidade), tendo aumentado a sua exportação (respectivamente +18,4% e +21,5%).

O grau de cobertura da importação pela exportação subiu de 57,7%, no 1º Semestre de 2020, para 72,8% no semestre homólogo de 2021.



No 1º Semestre de 2021 o principal mercado de origem das importações foi a Espanha (71,8%), seguida por Marrocos (12,9%) e pela França (9,0%).

O principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (47,9%), seguida da França (13,8%), do Canadá (9,7%) e dos EUA (8,3%).

As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas, com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações, que registaram no 1º semestre de 2021 acréscimos de +4,9% em valor e +8,2% em quantidade.


Nos primeiros seis meses de 2021, o principal destino das conservas de sardinha foi a França (41,3% do Total), seguida da Áustria (10,5%), do Reino Unido (9,5%), da Bélgica (6,8%) e dos EUA (5,2%). Os principais fornecedores das importações foram a Espanha (53,8%), Marrocos (34,5%) e a Alemanha (9,0%).

7 – Importação e exportação de bacalhau

O bacalhau, também conhecido em Portugal pela designação de “fiel amigo”, ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses.

A importação de bacalhau é, em valor, mais de 4 vezes superior à de exportação. No 1º Semestre de 2021, nos seus diversos estados, a sua importação representou 26,0% do conjunto dos componentes em análise e 29,4% no ano anterior, com a exportação a pesar respectivamente 12,1% e 14,2%.

Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o bacalhau ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’, que pesou 64,4% no 1º Semestre de 2021, seguido do bacalhau ‘Congelado, excluindo filetes’, 27,1%.


Estes mesmos tipos de bacalhau predominaram também do lado da exportação, com pesos respectivamernte de 39,3% e 36,2%. 

O principal mercado de origem do bacalhau é a Suécia (47,5% do Total no 1º Semestre de 2021 e 40,0% em 2020), seguida dos Países Baixos (25,8% e 30,4%, respectivamente), da Rússia (10,0% e 10,7%) e da Espanha (6,3% e 6,9%).

Sabe-se que uma grande parte do bacalhau consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia. Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras. 

No 1º Semestre de 2021 as principais exportações de bacalhau tiveram por destino o Brasil (41,5%, com 37,8% no mesmo período do ano anterior), a França (19,7% e 17,9%) e a Espanha (10,5% e 18,2%), Seguiram-se a Itália, a Suíça, os EUA, a Bélgica, Angola, o Luxemburgo, o Reino Unido, a Alemanha, a Dinamarca e o Canadá.

Este conjunto de países representou 96,3% em 2021 e 95,1% em 2020 do Total das exportações de bacalhau neste primeiro Semestre.

Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial dos componentes do conjunto dos produtos consideradas neste trabalho, desagregadas a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades transaccionadas.

Alcochete, 9  de Outubro de 2021.

ANEXO



























Sem comentários:

Enviar um comentário