Comércio Externo da China
e
Portugal-China
(2018-2022)
1 - Introdução
Na nomenclatura
internacional de países, para efeitos estatísticos do comércio internacional,
mantém–se a distinção entre China Continental (também designada por Interior da
China) e as actuais Regiões Administrativas Especiais de
Macau e Hong-Kong. Neste trabalho, ao referir-se “China” estamos a considerar apenas a
China Continental, sendo o comércio de Macau e Hong-Kong objecto de
análises autónomas.
Começa-se por analisar, com
base em dados estatísticos de fonte “Intrernational Trade Centre”, (ITC),
calculados a partir de estatísticas da “Administração Geral das Alfândegas
da China”, a evolução do comércio externo da China (continental) no período
de 2018 a 2022.
Segue-se a análise da
evolução do comércio internacional de Portugal com a China no mesmo período,
com base em dados estatísticos do “Instituto Nacional de Estatística de
Portugal” (INE), em versão definitiva para 2021 e preliminar para
2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.
2 – Comércio
Externo de mercadorias da China (2018-2022)
2.1 – Balança
Comercial
A Balança Comercial de
mercadorias da China, face ao Mundo, é favorável, tendo registado um grau de
cobertura das importações pelas exportações tendencialmente crescente entre
2018 e 2022, subindo de 116,8% para
132,3%.
Em 2022 as importações
atingiram 2 296 mil milhões de Euros (+1,5% face ao ano anterior), e as
exportações 3 038 mil milhões (+6,9% face a 2021).
Neste período o saldo da
Balança Comercial mais do que duplicou, aumentando de 304 para 742 mil milhões
de Euros.
O ritmo de evolução anual
em valor das importações no período 2018-2022, após uma desaceleração em 2020
aumentou a partir de então, atingindo 127,0% face ao nível que detinham de
2018. Por sua vez, as exportações registaram um ritmo sustentadamente crescente
desde 2018, mais acentuado a partir de 2020, atingindo 142,8% em 2022.
2.2 –
Importação por grupos de produtos
Os capítulos do Sistema Harmonizado (SH-2) foram aqui agregados em 11 grupos
de produtos (ver em ANEXO a definição do conteúdo de cada grupo).
Em 2022, as principais importações incidiram no
grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (31,2% do Total e 33,6% em 2021), com
destaque para os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos. Seguiram-se
os grupos “Energéticos” (respectivamente 19,7% e 14,7%), com o petróleo
bruto e gás em evidência, “Minérios e metais” (18,6% e 19,2%), principalmente
minérios de ferro e cobre, “Químicos” (10,8% e 10,9%), como polímeros de
etileno e plásticos, produtos químicos orgânicos e farmacêuticos, entre outros,
e “Agro-alimentares” (8,2% e 7,8%), diversificados, com destaque para as
sementes e frutos de oleaginosas, carnes, cereais, peixe, crustáceos, moluscos
e frutas.
Com menor peso alinharam-se depois os grupos “Produtos
acabados diversos” (4,2% e 5,7%), principalmente aparelhos ópticos,
médicos, de medida e precisão, “Material de transporte terrestre e partes”
(3,0% e 3,3%), principalmente veículos automóveis para o transporte de
passageiros, partes e peças, “Madeira, cortiça e papel” (2,0% e 2,1%), designadamente
pastas de papel, madeira e suas obras, “Têxteis e vestuário” (1,2% e
1,4%), principalmente algodão e vestuário de malha e outro, “Calçado, peles
e couros” (0,6% e 0,7%), tanto calçado e suas partes como obras de couro e
de viagem, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% e 0,6%), com
predomínio de aeronaves.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
2.3 –
Exportação por grupos de produtos
As principais exportações
em 2022, à semelhança das importações, couberam ao grupo de produtos “Máquinas,
aparelhos e partes” (41,9% do Total e 43,0% em 2021), com destaque para os circuitos integrados e microconjuntos
electrónicos.
Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Produtos acabados diversos”
(12,8% e 14,2%), principalmente aparelhos de iluminação, mobiliário, assentos, colchões,
edredões e semelhantes, brinquedos como triciclos e carros de pedais, jogos de
salão e equipamentos de desporto, “Químicos” (11,7% e 11,2%), como
polímeros de etileno e plásticos, “Têxteis e vestuário” (9,5% e 9,7%),
principalmente vestuário, e “Minérios e metais” (9,5% e 9,0%), com destaque para o ferro, aço e suas obras,
e alumínio.
Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Material
de transporte terrestre e partes” (4,7% e 4,3%), com predomínio das partes
e acessórios de veículos para o transporte de dez ou mais passageiros, veículos
automóveis e motociclos, “Calçado, peles e couros” (1,9% e 2,6%), tanto
calçado e suas partes como obras de couro e de viagem, produtos “Agro-alimentares”
(2,7% e 2,5%), muito diversificados, “Energéticos” (1,8% e 1,2%),
principalmente produtos refinados do petróleo, “Madeira, cortiça e papel”
(1,6% e 1,5%), como papel, cartão e suas obras, contraplacados e obras de
madeira, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,9% e 0,,8%),
principalmente embarcações para o transporte de pessoas ou mercadorias.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
2.4 –
Mercados de origem e destino em 2022
Em 2022 os principais
mercados de origem das importações da China foram Taiwan, a Coreia do Sul, o
Japão, os EUA, a Austrália, a Rússia, a Alemanha, a Malásia e o Brasil, países
que reuniram, no seu conjunto, mais de 50% do Total.
Nas exportações, a
primeira posição foi ocupada pelos EUA, seguidos de Hong-Kong, do Japão, da
Coreia do Sul, do Vietname, da Índia, dos Países Baixos, da Alemanha e da
Malásia, países que reuniram metade das exportações.
Neste ano Portugal
representou 0,1% das importações e 0,2% das exportações.
No mesmo ano as
importações da China (continental) a partir de Hong-Kong e Macau representaram
0,4% do Total e as exportações para estas duas Regiões Administrativas
Especiais pesaram 8,4%.
No quadro seguinte pode
observar-se a evolução das importações e das exportações da China ao longo dos
últimos cinco anos face aos países de língua portuguesa do “Fórum de Macau”.
3 – Comércio
de Portugal com a China (2018-2022)
3.1 – Balança
Comercial
A Balança Comercial de
mercadorias de Portugal com a China é fortemente deficitária, tendo o saldo negativo
aumentado sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, passando de -1,6 mil
milhões de Euros, em 2018, para -4,9 milhões de Euros, com o grau de cobertura
das importações pelas exportações a descer de 28,0% para 11,3%, de acordo com
dados de base do INE definitivos até 2021 e preliminares para 2022.
No período em análise, o ritmo de evolução anual em
valor das importações (com 2018=100) foi sustentadamente crescente, atingindo
em 2022 uma aceleração significativa face a 2018 (235,9%). Por sua vez o ritmo
das exportações, à excepção do ano 2021 (103,8%), manteve-se sempre ligeiramente
abaixo do nível de 2018.
3.2- Importações por grupos de produtos
Em 2022 as
principais importações de Portugal com origem na China incidiram no grupo de
produtos “Máquinas, aparelhos e partes”, a grande distância dos
restantes grupos (48,7% do Total em 2022 e 47,4% em 2021), com destaque para as
máquinas e aparelhos eléctricos, mais de metade constituídas por díodos,
transístores, outros dispositivos com semicondutores, e circuitos impressos.
Seguiram-se os
grupos “Químicos” (11,4% e 11,2% em 2022 e 2021), “Têxteis e
vestuário” (9,4% e 10,0%), “Produtos acabados diversos” (8,5% e
10,0%) e “Minérios e metais” (8,1% e 8,0%).
Com pesos
inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e
partes” (5,1% e 5,0%), “Calçado, peles e couros” (3,4% e 2,5%), “Agro-alimentares”
(2,6% e 2,7%), “Madeira, cortiça e papel” (1,5% e 1,2%), “Energéticos”
(1,3% e 0,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes”, com importações
praticamente nulas em 2022 e 1,2% do Total no ano anterior, centradas em
embarcações.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
3.3 - Exportações por grupos de produtos
As principais
exportações, em 2022, couberam ao grupo de produtos “Minérios e metais”
(29,3% em 2022 e 32,0% em 2021), com o cobre e suas obras em destaque.
Seguiram-se os
grupos “Madeira, cortiça e papel” (16,6% e 15,6%), principalmente pastas
de papel, cortiça e suas obras, “Máquinas, aparelhos e partes” (16,4% e
10,8%), com as máquinas e aparelhos eléctricos em destaque, “Agro-alimentares”
(11,2% e 14,1%), principalmente produtos da pesca, bebidas alcoólicas e carnes,
“Têxteis e vestuário” (9,5% e 10,1%), como artigos têxteis para uso técnico
e vestuário de malha, “Químicos” (8,5% e 7,6%), com destaque para os
artigos de plástico e de borracha, “Produtos
acabados diversos”, (5,2% e 5,6%), principalmente aparelhos de precisão, e “Calçado,
peles e couros” (1,8% e 3,8%), com destaque para o calçado de couro. O
grupo “Material de transporte terrestre e partes” representou apenas
0,5% do Total em ambos os anos, tendo sido praticamente nulas as exportações
dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” e “Energéticos”.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.
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