terça-feira, 4 de abril de 2023

Comércio Externo da China e Portugal-China (2018-2022)


Comércio Externo da China
e
Portugal-China

(2018-2022)

 
                               (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Na nomenclatura internacional de países, para efeitos estatísticos do comércio internacional, mantém–se a distinção entre China Continental (também designada por Interior da China) e as actuais Regiões Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong. Neste trabalho, ao referir-se “China” estamos a considerar apenas a China Continental, sendo o comércio de Macau e Hong-Kong objecto de análises autónomas.

Começa-se por analisar, com base em dados estatísticos de fonte “Intrernational Trade Centre”, (ITC), calculados a partir de estatísticas da “Administração Geral das Alfândegas da China”, a evolução do comércio externo da China (continental) no período de 2018 a 2022.

Segue-se a análise da evolução do comércio internacional de Portugal com a China no mesmo período, com base em dados estatísticos do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva para 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.

2 – Comércio Externo de mercadorias da China (2018-2022)

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias da China, face ao Mundo, é favorável, tendo registado um grau de cobertura das importações pelas exportações tendencialmente crescente entre 2018 e 2022, subindo de 116,8% para 132,3%.

Em 2022 as importações atingiram 2 296 mil milhões de Euros (+1,5% face ao ano anterior), e as exportações 3 038 mil milhões (+6,9% face a 2021).

Neste período o saldo da Balança Comercial mais do que duplicou, aumentando de 304 para 742 mil milhões de Euros.

O ritmo de evolução anual em valor das importações no período 2018-2022, após uma desaceleração em 2020 aumentou a partir de então, atingindo 127,0% face ao nível que detinham de 2018. Por sua vez, as exportações registaram um ritmo sustentadamente crescente desde 2018, mais acentuado a partir de 2020, atingindo 142,8% em 2022.

2.2 – Importação por grupos de produtos

Os capítulos do Sistema Harmonizado (SH-2) foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver em ANEXO a definição do conteúdo de cada grupo).

Em 2022, as principais importações incidiram no grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (31,2% do Total e 33,6% em 2021), com destaque para os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos. Seguiram-se os grupos “Energéticos” (respectivamente 19,7% e 14,7%), com o petróleo bruto e gás em evidência, “Minérios e metais” (18,6% e 19,2%), principalmente minérios de ferro e cobre, “Químicos” (10,8% e 10,9%), como polímeros de etileno e plásticos, produtos químicos orgânicos e farmacêuticos, entre outros, e “Agro-alimentares” (8,2% e 7,8%), diversificados, com destaque para as sementes e frutos de oleaginosas, carnes, cereais, peixe, crustáceos, moluscos e frutas.

Com menor peso alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (4,2% e 5,7%), principalmente aparelhos ópticos, médicos, de medida e precisão, “Material de transporte terrestre e partes” (3,0% e 3,3%), principalmente veículos automóveis para o transporte de passageiros, partes e peças, “Madeira, cortiça e papel” (2,0% e 2,1%), designadamente pastas de papel, madeira e suas obras, “Têxteis e vestuário” (1,2% e 1,4%), principalmente algodão e vestuário de malha e outro, “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,7%), tanto calçado e suas partes como obras de couro e de viagem, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% e 0,6%), com predomínio de aeronaves.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportação por grupos de produtos

As principais exportações em 2022, à semelhança das importações, couberam ao grupo de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (41,9% do Total e 43,0% em 2021), com destaque para os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos.

Seguiram-se, a grande distância,  os grupos “Produtos acabados diversos” (12,8% e 14,2%), principalmente aparelhos de iluminação, mobiliário, assentos, colchões, edredões e semelhantes, brinquedos como triciclos e carros de pedais, jogos de salão e equipamentos de desporto, “Químicos” (11,7% e 11,2%), como polímeros de etileno e plásticos, “Têxteis e vestuário” (9,5% e 9,7%), principalmente vestuário, e “Minérios e metais” (9,5% e 9,0%),  com destaque para o ferro, aço e suas obras, e alumínio.

Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (4,7% e 4,3%), com predomínio das partes e acessórios de veículos para o transporte de dez ou mais passageiros, veículos automóveis e motociclos, “Calçado, peles e couros” (1,9% e 2,6%), tanto calçado e suas partes como obras de couro e de viagem, produtos “Agro-alimentares” (2,7% e 2,5%), muito diversificados, “Energéticos” (1,8% e 1,2%), principalmente produtos refinados do petróleo, “Madeira, cortiça e papel” (1,6% e 1,5%), como papel, cartão e suas obras, contraplacados e obras de madeira, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,9% e 0,,8%), principalmente embarcações para o transporte de pessoas ou mercadorias.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.4 – Mercados de origem e destino em 2022

Em 2022 os principais mercados de origem das importações da China foram Taiwan, a Coreia do Sul, o Japão, os EUA, a Austrália, a Rússia, a Alemanha, a Malásia e o Brasil, países que reuniram, no seu conjunto, mais de 50% do Total.

Nas exportações, a primeira posição foi ocupada pelos EUA, seguidos de Hong-Kong, do Japão, da Coreia do Sul, do Vietname, da Índia, dos Países Baixos, da Alemanha e da Malásia, países que reuniram metade das exportações.

Neste ano Portugal representou 0,1% das importações e 0,2% das exportações.

No mesmo ano as importações da China (continental) a partir de Hong-Kong e Macau representaram 0,4% do Total e as exportações para estas duas Regiões Administrativas Especiais pesaram 8,4%.

No quadro seguinte pode observar-se a evolução das importações e das exportações da China ao longo dos últimos cinco anos face aos países de língua portuguesa do “Fórum de Macau”.


3 – Comércio de Portugal com a China (2018-2022)

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com a China é fortemente deficitária, tendo o saldo negativo aumentado sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, passando de -1,6 mil milhões de Euros, em 2018, para -4,9 milhões de Euros, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 28,0% para 11,3%, de acordo com dados de base do INE definitivos até 2021 e preliminares para 2022.

No período em análise, o ritmo de evolução anual em valor das importações (com 2018=100) foi sustentadamente crescente, atingindo em 2022 uma aceleração significativa face a 2018 (235,9%). Por sua vez o ritmo das exportações, à excepção do ano 2021 (103,8%), manteve-se sempre ligeiramente abaixo do nível de 2018.

3.2- Importações por grupos de produtos

Em 2022 as principais importações de Portugal com origem na China incidiram no grupo de produtos “Máquinas, aparelhos e partes”, a grande distância dos restantes grupos (48,7% do Total em 2022 e 47,4% em 2021), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, mais de metade constituídas por díodos, transístores, outros dispositivos com semicondutores, e circuitos impressos.

Seguiram-se os grupos “Químicos” (11,4% e 11,2% em 2022 e 2021), “Têxteis e vestuário” (9,4% e 10,0%), “Produtos acabados diversos” (8,5% e 10,0%) e “Minérios e metais” (8,1% e 8,0%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (5,1% e 5,0%), “Calçado, peles e couros” (3,4% e 2,5%), “Agro-alimentares” (2,6% e 2,7%), “Madeira, cortiça e papel” (1,5% e 1,2%), “Energéticos” (1,3% e 0,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes”, com importações praticamente nulas em 2022 e 1,2% do Total no ano anterior, centradas em embarcações.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

3.3 - Exportações por grupos de produtos

As principais exportações, em 2022, couberam ao grupo de produtos “Minérios e metais” (29,3% em 2022 e 32,0% em 2021), com o cobre e suas obras em destaque.

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (16,6% e 15,6%), principalmente pastas de papel, cortiça e suas obras, “Máquinas, aparelhos e partes” (16,4% e 10,8%), com as máquinas e aparelhos eléctricos em destaque, “Agro-alimentares” (11,2% e 14,1%), principalmente produtos da pesca, bebidas alcoólicas e carnes, “Têxteis e vestuário” (9,5% e 10,1%), como artigos têxteis para uso técnico e vestuário de malha, “Químicos” (8,5% e 7,6%), com destaque para os artigos de plástico e de borracha, “Produtos acabados diversos”, (5,2% e 5,6%), principalmente aparelhos de precisão, e “Calçado, peles e couros” (1,8% e 3,8%), com destaque para o calçado de couro. O grupo “Material de transporte terrestre e partes” representou apenas 0,5% do Total em ambos os anos, tendo sido praticamente nulas as exportações dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” e “Energéticos”.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.



ANEXO




Alcochete, 4 de Abril de 2023.



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