terça-feira, 28 de março de 2023

Comércio Externo de Macau e Portugal-Macau (2018-2022)

 

Comércio Externo de Macau
2017-2021
e
Portugal-Macau
2018-2022

                                         ( disponível para download  >> aqui )

1 - Introdução

Macau, território administrado por Portugal desde meados do séc, XVI durante mais de 400 anos, voltou para a soberania chinesa em 20 de Dezembro de 1999, constituindo actualmente aRegião Administrativa Especial de Macau”. Em Outubro de 2003, por iniciativa do Governo Central da China, foi criado o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau)”, em coordenação, actualmente, com nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Sediado permanentemente em Macau, o também designado por “Fórum de Macau” é, como se define no portal do ‘Secretariado Permanente’, “um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento económico e comercial, tendo como objectivos consolidar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, dinamizar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa e fomentar o desenvolvimento comum do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa e da RAEM”. De três em três anos realiza-se em Macau uma Conferência Ministerial, onde se planificam os “Planos de Acção para a Cooperação Económica e Comercial”.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução do comércio externo de Macau face ao mundo e aos países do “Fórum de Macau” e, com maior pormenor, entre Portugal e Macau. Não se dispondo, com origem em fontes oficiais, de dados estatísticos relativos ao comércio externo de mercadorias de Macau com base no “Sistema Harmonizado” (SH), foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC) para o peródo 2017-2021, calculados a partir de dados baseados em estatísticas COMTRADE, da ONU. A análise da evolução do comércio de Portugal com Macau entre 2018 e 2022 tem por base dados estatísticos do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.

2 – Comércio externo de Macau

No período de 2017 a 2021 o ritmo de evolução anual em valor das importações de Macau foi tendencialmente crescente, tendo registado em 2021 uma aceleração significativa.

Por sua vez o ritmo das exportações manteve-se, no mesmo período, em torno do nível de 2017, tendo resgistado em 2021 também uma aceleração considerável.

2.1- Balança Comercial de Macau (2017-2021)

De acordo com os dados de base de fonte ITC disponíveis, a Balança Comercial de Macau no período de 2017 a 2021 foi desfavorável, tendo o défice aumentado respectivamente e -7,5 mil milhões de Euros para -15,2 mil milhões, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 10,5% para 7,2%.

Em 2021 tanto as importações como as exportações registaram taxas de crescimento significativas face ao ano anterior, respectivamente de +56,2% e +31,1%.

2.2 – Importações por Grupos de Produtos

Em 2021 as principais importações de mercadorias de Macau incidiram no grupo de produtos “Químicos” (23,8% e 27,9% em 2020), principalmente óleos essenciais, perfumaria e cosmética, “Máquinas, aparelhos e partes” (17,9% e 12,7%), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, “Minérios e metais” (12,2% e 10,0%), principalmente pedras e metais preciosos e bijutaria, “Produtos acabados diversos” (11,5% e 10,6%), com os artigos de relojoaria em evidência, “Agro-alimentares” (11,1% e 14,7%), como bebidas alcoólicas, preparações à base de cereais ou leite, carnes e preparações alimentares diversas, e “Calçado, peles e couros” (10,3% e 8,0%), com destaque para as obras de couro e artigos de viagem.

Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (6,4% e 6,5%), principalmente vestuário de malha e outro, e seus acessórios, “Energéticos” (4,1% e 5,1%), com destaque para a energia eléctrica, “Material de transporte terrestre e partes” (1,9% e 2,6%), principalmente veículos automóveis, “Madeira. cortiça e papel” (0,6% e 0,8%), como papel higiénico, papel, cartão e suas obras, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em ambos os anos), essencialmente partes de aeronaves.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Entre as exportações destacaram-se, em 2021, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,2% e 23,9% no ano anterior), principalmente aparelhos telefónicos, “Produtos acabados diversos” (21,4% e 19,4%), com destaque para os artigos de relojoaria, “Minérios e metais” (20,2% e 20,9%), como pedras e metais preciosos e bijutaria, e “Têxteis e vestuário” (15,3% e 17,2%), essencialmente vestuário.

Seguiram-se os grupos “Calçado, peles e couros” (7,7% e 9,0%), “Agro-alimentares” (4,8% e 3,6%), e “Químicos” (4,5% e 5,5%).

Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes”, “Aeronaves, embarcações e partes” e “Madeira, cortiça e papel”, tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.4 – Mercados de origem e de destino

São idênticos os principais mercados das importações e das exportações de Macau em 2021 quando considerados a partir de dados de base do “ITC” ou do “Anuário Estatísticico 2021–Macau”. Para efeitos estatísticos são consideradas autonomamente as Região Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong, separadas do que se designa no Anuário Estatístico por “interior da China”.

Em 2021, segundo o ITC, as principais importações couberam à China, interior da China, (31,8%), seguida da França (18,1%), da Itália (11,0%), do Japão (8,8%), da Suíça (7,8%), dos EUA (6,8%) e de Hong-Kong (3,7%).    

As exportações dominantes incidiram em Hong-Kong (79,2%), seguido da China (13,0%), dos EUA (5,0%), do Vietname (1,0%) e de Singapura (0,5%).

As trocas comerciais entre Macau e os seus parceiros no “Fórum de Macau” são pouco expressivas, em particular do lado das exportações, em que se registou, em 2021, a exportação para o Brasil (106 mil Euros). Do lado das importações, com maior significado, registaram-se no mesmo ano fornecimentos por parte do Brasil (47,6 milhões de Euros), de Portugal (29,4 milhões), da Guiné-Bissau (29 mil Euros), de Angola (18 mil Euros) e de Moçambique (14 mil Euros).

3 – Comércio de Portugal com Macau (2018-2022)

No período de 2018 a 2022 o ritmo de evolução anual das importações e exportações portuguesas de mercadorias com Macau decresceu sustentadamente, de forma mais acentuada na vertente das importações.

3.1 – Balança Comercial

No período de 2018 a 2022 a Balança Comercial de Portugal com Macau foi favorável a Portugal, com saldos positivos oscilando entre +19 e +26 milhões de Euros, com +20,4 milhões em 2022. As importações, que em 2018 atingiram 2,8 milhões de Euros, decresceram sucessivamente, situando-se em 528 mil Euros em 2022. Por sua vez as exportações, que em 2018 e 2019 ultrapassaram os 27 milhões de Euros, desceram nos três anos seguintes para um patamar em torno dos 20 milhões de Euros, situando-se em 2022 em 20,9 milhões. 

3.2 – Importações por Grupos de Produtos

Em 2022 as principais importações com origem em Macau ocorreram nos grupos “Produtos acabados diversos” (47,8% e 5,7% no ano anterior), com destaque para o mobiliário de madeira para cozinha e quartos, “Químicos” (15,9% e 59,5%), tendo a quebra significativa incidido nos antibióticos, na sequência, aliás, de descidas acentuadas já em 2021 face aos três anos anteriores noutros tipos de produtos, e “Têxteis e vestuário” (10,4% e 4,7%), principalmente vestuário.

Com pesos inferiores, entre os restantes grupos são de referir “Madeira, cortiça e papel” (8,6% e 4,5%), com destaque para livros e impressos, “Agro-alimentares” (5,4% e 2,8%), designadamente mamíferos vivos, “Máquinas, aparelhos e partes” (4,5% e 15,7%), com destaque para as partes de aparelhos de filtrar ou depurar líquidos e gases e montagens electrónicas para máquinas automáticas de processamento de dados, e “Calçado, peles e couros” (3,9% e 6,8%), principalmente calçado. 

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

3.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Em 2022 o grupo de produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares” (61,7% e 66,9%), destacando-se as bebidas alcoólicas, as conservas de peixe e as preparações e conservas de carnes, seguido do grupo “Químicos” (22,2% e 20,9%), principalmente constituído por produtos farmacêuticos.

Alinharam-se depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (6,5% e 2,4%), principalmente máquinas e aparelhos eléctricos, “Produtos acabados diversos” (4,3% e 5,4%), como aparelhos de precisão para análises físicas ou químicas, lentes e outros elementos de óptica e aparelhos para uso médico, entre outros, “Calçado, peles e couros” (1,8% e 1,6%), como obras de couro e bolsas, “Madeira, cortiça e papel” (1,4% e 1,3%), como livros e impressos e “Têxteis e vestuário” (1,4% e 1,3%), principalmente vestuário de malha.

Com pesos mais reduzidos seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (0,5% e 0,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,3%, com exportação quase nula em 2021), tendo sido mesmo nulas as exportações de “Energéticos" e “Aeronaves, embarcações e partes”.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

ANEXO


Alcochete, 28 de março de 2023.














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