Exportações e
importações
de Produtos Industriais Transformados,
por níveis de intensidade tecnológica
(2018-2022)
1 - Introdução
A evolução do
nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos
Industriais Transformados (PIT), com maior valor acrescentado do que
os restantes, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo
na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial.
Pretende-se neste
trabalho analisar, a partir de dados de base de fonte INE para os anos
de 2018 a 2021 em versões definitivas e 2022 em versão preliminar, com última
actualização em 10/04/2023), a evolução do comércio internacional português
destes produtos.
Os níveis de intensidade tecnológica considerados
são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da “International Standard Industrial Classification”
(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34,
352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351 e Baixa tecnologia - 15 a
22, 36 e 37).
A partir da tabela
correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC
Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a
oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as
sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo
o período de 2007 a 2022.
2 – Balança comercial dos Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo do
período de 2018 a 2022, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial anual portuguesa
de “Produtos Industriais Transformados” foi negativo, tendo-se
verificado um acréscimo de quatro mil milhões de Euros em 2022, face ao ano
anterior.
No período em análise foi negativo o saldo da
Balança Comercial dos produtos de Alta e de Média-alta tecnologia, não suficientemente
compensado pelos saldos positivos verificados nos produtos de Média-baixa e de
Baixa tecnologia.
3 – Exportação de Produtos Industriais transformados, por níveis de intensidade tecnológica
Entre 2018 e 2022 o peso dos Produtos Industriais
Transformados na exportação global oscilou entre 94,6%, em 2019, e 93,3% em
2021, tendo-se situado em 93,4% em 2022.
Em 2022, o maior peso entre os níveis de
intensidade tecnológica incidiu na Baixa tecnologia (33,4% e 34,4% em
2021), seguida da Média-alta tecnologia (29,9% e 31,9%), da Média-baixa
tecnologia (25,9% e 23,7%) e da Alta tecnologia (10,8% e 9,9%).
O peso dos produtos de Alta tecnologia no
total das exportações de Produtos Industriais Transformados, que havia subido
de 8,8% em 2018 para 11,5% em 2020, decaiu em 2021 para 9,9%, para recuperar
parcialmente em 2022, atingindo 10,8% do total.
Aqui se enquadram, por ordem decrescente do seu
peso em 2022, o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (34,9% do
total deste nível), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão”
(30,0%), os “Produtos farmacêuticos” (25,6%), os produtos da área “Aeronáutica
e aeroespacial” (4,8%) e o “Equipamento de escritório e computação”
(4,7%).
O peso dos produtos de Média-alta
tecnologia, que em 2019 havia atingido 32,6% do total dos Produtos Industriais Transformados,
decresceu tendencialmente a partir de então, situando-se em 29,9% em 2022.
Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu
valor em 2022, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (39,5% do
total deste nível), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos”
(22,5%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos”
(20,5%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (13,7%) e o
“Equipamento ferroviário e de transporte n.e.” (3,8%).
Por sua vez, o conjunto dos produtos de Média-baixa
tecnologia, após uma quebra entre 2018 e 2020, de 24,3% para 21,8%, viram o
seu peso subir sucessivamente, atingindo 25,9% dos (PIT) em 2022.
Incluem-se aqui, por ordem decrescente do seu peso
em 2022, produtos “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis
nucleares” (29,7% do total deste nível), “Produtos da borracha e do
plástico” (22,7%), “Fabrico de produtos metálicos, excluindo máquinas e
equipamentos” (18,3%), “Metalurgia de base” (15,6%), “Produtos
minerais não metálicos” (13,0%) e “Construção e reparação naval” (0,7%).
Por fim, nos produtos de Baixa tecnologia,
após uma queda de 35,2% para 33,9% entre 2018 e 2019, assistiu-se a uma
recuperação para 34,9% em 2020, decaindo sucessivamente nos dois anos seguintes, para se situar em 33,4% dos (PIT) em 2022.
Incluem-se a este nível os “Têxteis, vestuário,
couros e calçado” (34,7%), “Produtos alimentares, bebidas e tabaco”
(31,5%), “Pasta, papel, cartão e publicações” (16,0%), “Manufacturas
n.e. e reciclagem” (9,5%) e “Madeira e produtos da madeira e cortiça”
(8,3%).
Entre 2018 e 2022 cresceu significativamente o
ritmo de crescimento nominal das exportações de Produtos Industriais
Transformados, com destaque para os produtos de Alta tecnologia e de
Média-baixa tecnologia.
3.1–Partição das exportações entre espaço Intra e
Extra UE-27 em 2021 e 2022
As exportações de Produtos Industriais
Transformados têm a União Europeia por principal destino (69,7% em 2022 e 71,0%
em 2021).
No período em análise, o maior peso das exportações
de Produtos Industriais Transformados coube aos produtos de Média-alta
tecnologia (75,6% em 2022 e 75,5% em 2021).
Seguiu-se a Baixa tecnologia (70,6% e
70,5%), a Alta tecnologia (68,0% e 69,8%) e a Média-baixa
tecnologia (62,4% e 66,0%).
O peso dos Produtos Industriais Transformados na
importação global portuguesa, que em 2018 representava 84,0%, aumentou nos dois
anos seguintes, atingindo 86,3% em 2000.
A partir de 2000 o seu peso decresceu
sucessivamente, tendo-se situado em 81,2% em 2022.
Em 2022, o maior peso entre os níveis de
intensidade tecnológica da importação incidiu na Média-alta tecnologia (36,9%
e 37,9% em 2021), seguida da Baixa tecnologia (25,5% e 24,9%), da Média-baixa
tecnologia (20,5% e 19,6%) e da Alta tecnologia (17,1% e 17,7%).
O peso dos produtos de Alta tecnologia no
total das importações de Produtos Industriais Transformados, que havia subido
de 15,9% em 2018 para 19,1% em 2020, decaiu sucessivamente a partir de então,
situando-se em 17,1% em 2022.
Aqui se enquadram, em 2022, por ordem decrescente
do seu peso, o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (35,9% do total
deste nível), os “Produtos farmacêuticos” (28,9%), os “Instrumentos
médicos, ópticos e de precisão” (16,9%), o “Equipamento de escritório e computação”
(11,8%) e os produtos da área “Aeronáutica e aeroespacial” (6,5%).
O peso dos produtos de Média-alta
tecnologia, que em 2019 havia atingido 40,2% do total dos Produtos Industriais
Transformados, decresceu sucessivamente a partir de então, situando-se em 36,9%
em 2022.
Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu
valor em 2022, os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (34,8%), os “Veículos
a motor, reboques e semi-reboques” (30,7% do total deste nível), as “Máquinas
e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (20,5%), as “Máquinas
e aparelhos eléctricos n.e.” (11,4%) e o “Equipamento ferroviário e de
transporte n.e.” (2,6%).
Por sua vez, o conjunto dos produtos de Média-baixa
tecnologia, num patamar entre 16,4% e 16,8% de 2018 a 2020, viram aa suas
importações crescer nos dois anos seguintes, atingindo 20,5% em 2022.
Inclui-se aqui “Metalurgia de base” (34,5%
do total deste nível), “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis
nucleares” (24,2%), “Produtos da borracha e do plástico” (18,4%), “Fabrico
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (14,6%), “Produtos minerais não metálicos”
(8,1%) e “Construção e reparação naval” (0,3%).
Os produtos de Baixa tecnologia tiveram um
comportameto irregular, mas tendencialmente decrescente, tendo decaído o seu
peso de 27,0%, em 2018, para 25,5% em 2022.
Incluem-se aqui “Produtos alimentares, bebidas e
tabaco” (44,4% do total deste nível), “Têxteis, vestuário, couros e
calçado” (31,2%), “Manufacturas n.e. e reciclagem” (9,9%), “Pasta, papel, cartão e publicações” (9,6%)
e “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (4,8%).
Entre 2018 e 2022 cresceu significativamente o
ritmo de crescimento nominal das importações de Produtos Industriais
Transformados, com destaque para os produtos de Média-baixa tecnologia e de Alta
tecnologia.
4.1–Partição das importações entre espaço Intra e Extra UE-27 em 2021 e 2022
As importações de Produtos Industriais
Transformados têm a União Europeia por principal origem (77,8% em 2022 e 79,4%
em 2021).
Em 2022, o maior peso nas importações de Produtos
Industriais Transformados coube aos produtos de Média-alta tecnologia (80,5%,
com 81,5% em 2021).
Seguiu-se a Baixa tecnologia (79,9% e 80,8%),
a Média-baixa tecnologia (73,9% e 73,7%) e a Alta tecnologia (73,8%
e 79,8%).
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