quinta-feira, 20 de junho de 2024

Comércio Externo de Moçambique (2021-2022) e Portugal-Moçambique 2019-2023 e Jan-Abr 2023-2024

 

Comércio Externo de Moçambique
2021-2022
e
Portugal-Moçambique
2019-2023 e Janeiro-Abril 2023-2024

                                                      (Disponível para download >>> aqui )

 1 - Introdução

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Moçambique  face ao mundo, entre 2021 e 2022, com base em dados divulgados na publicação da série anual “Estatísticas do Comércio Externo de Bens-Moçambique - Instituto Nacional de Estatística”, e quotas de PortugalAnalisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Moçambique ao longo do período 2019-2023 e Janeiro a Abril de 2023-2024, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 7 de Junho de 2024.

Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), que integra dezasseis países: Africa do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o francês.

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que foi observador associado desde 2006.

2 – Comércio Externo de Moçambique

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Moçambique tem-se mantido deficitária desde 2010, em níveis superiores ao desse ano, à excepção do ano de 2017.

Em 2022 aumentaram significativamente em Moçambique, face ao ano anterior, a importação (+91,2%), a exportação (+66,6%) e o défice da Balança Comercial (+136,4%), com o grau de cobertura da importação pela exportação a decrescer de 64,8%, em 2021, para 56,4%.


2.2 – Importações em Moçambique por grupos de produtos                           (2021-2022) e quotas de Portugal em 2022                               

Para o cálculo das quotas de Portugal foram utilizados, tanto nas importações como nas exportações, dados de base do INE de Portugal, com as necessárias conversões Cif/Fob e Fob/Cif, numa tentativa de se obter dados o mais próximos possível da realidade. À parte os dados do INE de Moçambique, em US$ (desconhecendo-se o câmbio do dólar ali considerado), relativos a Portugal, terem sido convertidos em Euros, há desfasamentos entre as duas fontes ao nível de produtos. 

Em termos globais, em 2022 o peso de Portugal nas importações moçambicanas terá sido de 1,9%, segundo o INE de Moçambique e de 1,7%, de acordo com cálculos com base no INE de Portugal.

Em 2022, por grupos de produtos (ver em ANEXO a definição do conteúdo definido por Capítulos das Nomenclaturas NC-2/ SH2), as principais importações em Moçambique incidiram nos grupos de produtos “Aeronaves, embarcações e partes” (32,0%), “Energéticos” (19,1%), “Agro-alimentares” e “Químicos” (12,0% cada).

Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (9,0%), “Material de transporte terrestre e partes” (5,0%), “Minérios e metais” (4,9%), “Produtos acabados diversos” (2,7%), “Têxteis e vestuário” (1,8%), “Madeira cortiça e papel” (1,2%) e “Calçado, peles e couros” (0,3%).  

As maiores quotas de Portugal, por grupos de produtos, incidiram em “Madeira, cortiça e papel” (7,8%), “Produtos acabados diversos” (6,1%), “Máquinas, aparelhos e partes” (5,0%), “Calçado, peles e couros” (4,0%) e “Minérios e metais” (3,9%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados por Moçambique em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC-2/ SH-2).


2.3 – Exportações de Moçambique por grupos de produtos                             (2021-2022) e quotas de Portugal em 2022                                           

As principais exportações de Moçambique em 2022 incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (50,8% e 42,0% em 2021), “Minérios e metais” (34,1% e 39,2%) e “Agro-alimentares” (11,0% e 13,8%).

Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Químicos” (1,4% nos dois anos), Têxteis e vestuário” (1,2% e 1,4%), “Madeira, cortiça e papel” (0,6% e 1,1%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (0,5% e 0,6%), sendo as exportações dos restantes grupos muito pouco significativas.

Em 2022 Portugal, que terá pesado 0,7% no Total das exportações moçambicanas, registou as maiores quotas nos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (24,8%), “Agro-alimentares” (4,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (4,3%) e “Calçado, peles e couros” (4,0%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos exportados por Moçambique em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC-2/ SH2).

2.4 – Principais mercados de origem e de destino em 2022

De acordo com os dados de base divulgados pelo INE de Moçambique, em 2022 o principal mercado de origem das importações moçambicanas foi a Coreia do Sul (32,0% em 2022 e apenas 0,5% em 2021), seguida da África do Sul, que vem sendo no passado o mercado dominante (15,6% e 26,6%), dos Emiratos Árabes Unidos (10,0% e 8,4%), da China (7,2% e 10,8%), da Índia (5,7% e 8,6%) e de Singapura (4,6% e 6,9%).

Portugal, segundo a fonte moçambicana, terá ocupado a 7ª posição no ‘ranking’, com 1,9% em 2022 (3,4% em 2021).

O conjunto dos países da SADC representou 18,2% do Total das importações em 2022 e 30,0% no ano anterior. Por sua vez a UE-27 foi a origem de 5,8% das importações em 2022, com 10,5% em 2021. 

Em 2022 o principal mercado de destino das exportações de Moçambique foi a Índia (21,1% e 14,1% em 2021), seguida da África do Sul (13,5% e 17,0%) e do Reino Unido (11,9% e 10,5%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois a Coreia do Sul (6,1% e 3,7%), a China (5,2% e 8,8%), Singapura (3,9% e 6,9%), os Países Baixos (3,8% e 8,2%), o Zimbabwe (2,5% e 3,9%), a Itália (2,5% e 3,2%) e a Espanha (2,2% e 2,1%).

A SADC, no seu conjunto, pesou 19,8% (24,0% no ano anterior), cabendo 14,1% à UE-27 (19,8% em 2021). Segundo a fonte moçambicana, Portugal terá representado 0,3% do Total das exportações em 2022 e 0,5% em 2021.

3 – Comércio de Portugal com Moçambique                                                  2019-2023 e Janeiro-Abril 2023-2024

Após um comportamento algo irregular entre 2010 a 2013, em que atingiram 63 milhões de Euros, no período de 2014 a 2023 o ritmo das importações de mercadorias com origem em Moçambique, à excepção de uma subida pontual significativa em 2022, manteve-se numa faixa compreendida entre 35 e 41 milhões de Euros, face a 29 milhões em 2010.

Por sua vez o ritmo das exportações, que entre 2010 e 2015, numa subida sustentada, havia crescido de 151 para 355 milhões de Euros, decresceu acentuadamente a partir de então, mantendo-se nos anos seguintes num patamar entre 180 e 223 milhões de Euros.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos e primeiros quatro meses de 2024, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.

O saldo anual da Balança oscilou entre um mínimo de 154,1 milhões de Euros, em 2021, e 179,0 milhões, em 2023.

No período de Janeiro a Abril de 2024, face ao período homólogo do ano anterior, o saldo subiu de 52,3 para 66,2 milhões de Euros.

3.2 – Importações por grupos de produtos

Pouco diversificadas, as principais importações portuguesas com origem em Moçambique nos primeiros quatro meses de 2024 centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares” (84,4% em 2024 e 61,0% em 2023), seguidas dos grupos “Têxteis e vestuário” (8,8% e 3,1%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (5,6% e 0,2%). As importações de “Madeira, cortiça e papel”, que em 2023, no mesmo período, haviam atingido 3,6 milhões de Euros, reduziram-se a escassos 5 mil Euros, ao mesmo tempo que as de “Minérios e metais” decresceram de 447 mil Euros para apenas 15 mil.

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos da Nomenclatura (NC-2/ SH-2).

3.3 – Exportações por grupos de produtos

No período em análise de 2024, face a 2023, os grupos de produtos com maior peso no Total foram “Máquinas, aparelhos e partes” (26,9% e 28,3%), “Químicos” (26,4% e 24,7%), “Agro-alimentares” (17,8% e 17,1%), “Produtos acabados diversos” (9,1% e 8,0%) e “Minérios e metais” (7,2% e 9,2%).

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,7% e 6,1% ), “Material de transporte terrestre e partes” (2,5% e 2,9%), “Energéticos” (1,8% e 0,5%), “Aeronaves, embarcações e partes” (1,7% e 0,0%), “Têxteis e vestuário” (1,5% e 2,4%) e “Calçado, peles e couros” (1,4% e 0,8%).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos da Nomenclatura (NC-2/SH-2).



ANEXO



Alcochete, 18 de Junho de 2024.


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