segunda-feira, 17 de abril de 2023

Comércio Internacional de mercadorias - Série mensal - Janeiro a Fevereiro de 2023

 

Comércio Internacional 
de mercadorias
- Série mensal -
(Janeiro a Fevereiro de 2023)

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Fevereiro de 2022 e 2023, em versões preliminares com última actualização em 10 de Abril de 2023, as exportações de mercadorias aumentaram em valor, em termos homólogos, +10,3% (+1195 milhões de Euros), a par de um aumento das importações de +8,6% (+1366 milhões).

A partir de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram acrescentados, na sequência do “Brexit”, dois códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros desta série mensal manteremos, para já, este código GB, correspondente ao somatório dos dois novos códigos.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros, registaram no período em análise um acréscimo de +7,4% (+627 milhões de Euros), tendo as exportações para os Países Terceiros aumentado +18,4% (+568 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) aumentaram +14,6% (+1616 milhões) e as originárias dos Países Terceiros decresceram -5,3% (-250 milhões de Euros).

O défice comercial externo (Fob-Cif) cresceu +4,0% ao situar-se em -4399 milhões de Euros (superior em 171 milhões ao do ano anterior), a que correspondeu um agravamento de 990 milhões no comércio intracomunitário e uma redução de 819 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 73,2%, em 2022, para 74,4%, em 2023.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. No período de Janeiro a Fevereiro de 2023 o valor médio de importação do petróleo bruto foi idêntico ao do mesmo período do ano anterior, respectivamente 588 e 586 Euros/Ton. 

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (o gráfico inclui já a cotação média do mês de Março).


Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 12,3% no total das importações em 2023 e 7,3% nas exportações, em 2023 o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe de 74,4%, no comércio global, para 78,7%.


2 – Evolução mensal




3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em Janeiro-Fevereiro de 2023 as exportações para a UE (expedições), que representaram 71,3% do Total, cresceram +7,4% contribuindo com +5,4 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de +10,3%. As exportações para o espaço extracomunitário (28,7% do Total), cresceram +18,4%, contribuindo com +4,9 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os dez principais destinos das exportações no período em análise de 2023 foram a Espanha (26,2%), a França (13,5%), a Alemanha (10,9%), os EUA (5,1%), o Reino Unido incl. Irlanda NT (4,6%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (4,0%), a Bélgica (2,6%), Angola (1,9%) e Brasil (1,5%), que representaram 74,4% do total.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros no ano de 2022, depois dos EUA e do Reino Unido, registou em Janeiro-Fevereiro de 2023 um aumento de 23,2% nas nossas exportações (+46,9 milhões de Euros), envolvendo acréscimos nos grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (+21,3 milhões), Químicos (+9,1 milhões), “Minérios e metais” (+8,0 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+3,8 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+3,3 milhões), “Energéticos” (+1,4 milhões), “Têxteis e vestuário” (+716 mil Euros) e “Calçado, peles e couros” (+313 mil Euros). 

Registaram-se decréscimos nos grupos “Madeira, cortiça e papel” (-500 mil Euros), “Produtos acabados diversos” (-380 mil Euros) e “Agro-alimentares” (-107 mil Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações neste período (+10,3%) pertenceram a Espanha (+1,8 p.p.), à Alemanha (+1,3 p.p.), à França e ao Reino Unido (+0,8 p.p. cada), ao Brasil (0,6 p.p.), à Turquia e Provisões de Bordo, tanto Intra como Extracomunitárias (0,5 p.p. cada), a Angola (0,4 p.p.) e à Bélgica (+0,3 p.p.).

Os maiores contributos negativos couberam aos Países Baixos, Gibraltar e Dinamarca (-0,1 p.p. cada). 


Os maiores acréscimos nas expedições para o espaço comunitário incidiram em Espanha, Alemanha, França, Provisões de Bordo, Bélgica, Suécia, Polónia e Eslováquia. 

Os maiores decréscimos ocorreram com os Países Baixos e Dinamarca.


No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se o Reino Unido, o Brasil, a Argélia, o Japão, a Turquia, as Provisões de Bordo, Angola, a Austrália e a África do Sul.

Entre os maiores decréscimos evidenciaram-se os do Panamá, do Catar, da Argentina e de Gibraltar.

3.2 - Importações

Em Janeiro-Fevereiro de 2023 as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 73,8% do total, registaram um acréscimo de +14,6% e contribuíram com +10,2 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de +8,6%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram no mesmo período um decréscimo de -5,3%, representando 26,2% do total, com um contributo para o ‘crescimento’ global de -1,6 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2023 foram a Espanha (32,8% do Total), seguida da Alemanha (11,8%), da França (7,0%), dos Países Baixos (5,1%), da China e da Itália (4,7% cada), do Brasil (3,7%), da Bélgica (3,0%), dos EUA (2,7%), e da Irlanda (2,3%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 77,9% do total das importações.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações no período em análise (+10,3%) destacou-se o da Espanha, (+3,4 p.p.), seguida da Irlanda (+1,9 p.p.), da Alemanha (+1,3 p.p.), da França (+1,2 p.p.), do Brasil (+0,9 p.p.), dos Países Baixos (+0,6 p.p.), da Polónia e da Itália (0,5 p.p. cada) e do Reino Unido (+0,4 p.p.).

Os principais contributos negativos incidiram na Nigéria (‑1,5 p.p.), na Federação Russa (-1,1 p.p.) e no Azerbaijão e EUA (-0,8 p.p. cada).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos do valor das importações com origem intracomunitária e nos Países Terceiros, entre o período de Janeiro a Fevereiro de 2023 e de 2022.


4 – Saldos da Balança Comercial        

Em Janeiro-Fevereiro de 2023, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+512 milhões de Euros), ao Reino Unido (+391 milhões), aos EUA (+194 milhões), a Angola (+165 milhões) e a Israel (+72 milhões).

O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-2280 milhões de Euros), seguida da China (-699 milhões), da Alemanha (‑630 milhões), do Brasil (-452 milhões) e dos Países Baixos (-376 milhões).

5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos, tendo em atenção as alterações pautais de 2023 face ao ano anterior (ver ANEXO).

Em Janeiro-Fevereiro de 2023, à excepção do grupo “Energéticos”, todos os restantes registaram acréscimos nas exportações face a 2022.

Os grupos que detiveram maior peso na estrutura foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,9% e +378 milhões face a 2022), “Agro-alimentares” (13,2% e +219 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (12,7% e +255 milhões) “Químicos” (12,7% e +43 milhões), e “Minérios e metais” (10,1% e 36 milhões).

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,7% e +167 milhões), “Têxteis e vestuário” (8,1% e +10 milhões), “Madeira cortiça e papel” (7,5% e +82 milhões), “Energéticos” (7,3% e -37 milhões), “Calçado, peles e couros” (3,3% e +38 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% e +4 milhões de Euros).

5.2 – Importações

Em 2023, no período em análise, à excepção dos grupos “Energéticos” e “Têxteis e vestuário” e “Minérios e metais”, foi positiva a taxa de variação homóloga em valor, face ao ano anterior, nos restantes grupos de produtos.

Os grupos de produtos com maior peso foram “Químicos” (18,6% e +278 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,3% e +277 milhões), “Agro-alimentares” (13,4% e +420 milhões), “Energéticos” (12,3 % e -359 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (11,6% e +545 milhões) e “Minérios e metais” (9,2% e -57 milhões). 

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (5,7% e +96 milhões), “Têxteis e vestuário” (4,8% e -20 milhões), Madeira, cortiça e papel” (3,2% e +27 milhões), “Calçado, peles e couros” (1,9% e +51 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (1,1% e +106 milhões de Euros).

6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em Janeiro-Fevereiro de 2023 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 26,2% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª posição, precedida do Brasil, França, Suíça e Angola).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,5%), a Alemanha (10,9%), os EUA (5,1%), o Reino Unido/Irl NT (4,6%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (4,0% cada), a Bélgica (2,6%), Angola (1,9%) e o Brasil (1,5%). Estes dez destinos representaram 74,4% das exportações totais.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em dez dos onze grupos de produtos, com 32,8% do total.

A excepção foi o grupo ““Aeronaves, embarcações e partes” (3º lugar, depois da Alemanha e Canadá).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (11,8%), a França (7,0%), os Países Baixos (5,1%), a China e Itália (4,7%), o Brasil (3,7%), a Bélgica (3,0%), os EUA (2,7%)  e a Irlanda (2,3%).

Estes dez países cobriram 77,9% das importações totais.

7 – Valor dos grupos de produtos das exportações em 2023                        face a 2022, por meses homólogos não acumulados


Alcochete, 17 de Abril de 2023.

 

ANEXO




terça-feira, 4 de abril de 2023

Comércio Externo da China e Portugal-China (2018-2022)


Comércio Externo da China
e
Portugal-China

(2018-2022)

 
                               (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Na nomenclatura internacional de países, para efeitos estatísticos do comércio internacional, mantém–se a distinção entre China Continental (também designada por Interior da China) e as actuais Regiões Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong. Neste trabalho, ao referir-se “China” estamos a considerar apenas a China Continental, sendo o comércio de Macau e Hong-Kong objecto de análises autónomas.

Começa-se por analisar, com base em dados estatísticos de fonte “Intrernational Trade Centre”, (ITC), calculados a partir de estatísticas da “Administração Geral das Alfândegas da China”, a evolução do comércio externo da China (continental) no período de 2018 a 2022.

Segue-se a análise da evolução do comércio internacional de Portugal com a China no mesmo período, com base em dados estatísticos do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva para 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.

2 – Comércio Externo de mercadorias da China (2018-2022)

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias da China, face ao Mundo, é favorável, tendo registado um grau de cobertura das importações pelas exportações tendencialmente crescente entre 2018 e 2022, subindo de 116,8% para 132,3%.

Em 2022 as importações atingiram 2 296 mil milhões de Euros (+1,5% face ao ano anterior), e as exportações 3 038 mil milhões (+6,9% face a 2021).

Neste período o saldo da Balança Comercial mais do que duplicou, aumentando de 304 para 742 mil milhões de Euros.

O ritmo de evolução anual em valor das importações no período 2018-2022, após uma desaceleração em 2020 aumentou a partir de então, atingindo 127,0% face ao nível que detinham de 2018. Por sua vez, as exportações registaram um ritmo sustentadamente crescente desde 2018, mais acentuado a partir de 2020, atingindo 142,8% em 2022.

2.2 – Importação por grupos de produtos

Os capítulos do Sistema Harmonizado (SH-2) foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver em ANEXO a definição do conteúdo de cada grupo).

Em 2022, as principais importações incidiram no grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (31,2% do Total e 33,6% em 2021), com destaque para os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos. Seguiram-se os grupos “Energéticos” (respectivamente 19,7% e 14,7%), com o petróleo bruto e gás em evidência, “Minérios e metais” (18,6% e 19,2%), principalmente minérios de ferro e cobre, “Químicos” (10,8% e 10,9%), como polímeros de etileno e plásticos, produtos químicos orgânicos e farmacêuticos, entre outros, e “Agro-alimentares” (8,2% e 7,8%), diversificados, com destaque para as sementes e frutos de oleaginosas, carnes, cereais, peixe, crustáceos, moluscos e frutas.

Com menor peso alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (4,2% e 5,7%), principalmente aparelhos ópticos, médicos, de medida e precisão, “Material de transporte terrestre e partes” (3,0% e 3,3%), principalmente veículos automóveis para o transporte de passageiros, partes e peças, “Madeira, cortiça e papel” (2,0% e 2,1%), designadamente pastas de papel, madeira e suas obras, “Têxteis e vestuário” (1,2% e 1,4%), principalmente algodão e vestuário de malha e outro, “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,7%), tanto calçado e suas partes como obras de couro e de viagem, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% e 0,6%), com predomínio de aeronaves.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportação por grupos de produtos

As principais exportações em 2022, à semelhança das importações, couberam ao grupo de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (41,9% do Total e 43,0% em 2021), com destaque para os circuitos integrados e microconjuntos electrónicos.

Seguiram-se, a grande distância,  os grupos “Produtos acabados diversos” (12,8% e 14,2%), principalmente aparelhos de iluminação, mobiliário, assentos, colchões, edredões e semelhantes, brinquedos como triciclos e carros de pedais, jogos de salão e equipamentos de desporto, “Químicos” (11,7% e 11,2%), como polímeros de etileno e plásticos, “Têxteis e vestuário” (9,5% e 9,7%), principalmente vestuário, e “Minérios e metais” (9,5% e 9,0%),  com destaque para o ferro, aço e suas obras, e alumínio.

Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (4,7% e 4,3%), com predomínio das partes e acessórios de veículos para o transporte de dez ou mais passageiros, veículos automóveis e motociclos, “Calçado, peles e couros” (1,9% e 2,6%), tanto calçado e suas partes como obras de couro e de viagem, produtos “Agro-alimentares” (2,7% e 2,5%), muito diversificados, “Energéticos” (1,8% e 1,2%), principalmente produtos refinados do petróleo, “Madeira, cortiça e papel” (1,6% e 1,5%), como papel, cartão e suas obras, contraplacados e obras de madeira, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,9% e 0,,8%), principalmente embarcações para o transporte de pessoas ou mercadorias.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.4 – Mercados de origem e destino em 2022

Em 2022 os principais mercados de origem das importações da China foram Taiwan, a Coreia do Sul, o Japão, os EUA, a Austrália, a Rússia, a Alemanha, a Malásia e o Brasil, países que reuniram, no seu conjunto, mais de 50% do Total.

Nas exportações, a primeira posição foi ocupada pelos EUA, seguidos de Hong-Kong, do Japão, da Coreia do Sul, do Vietname, da Índia, dos Países Baixos, da Alemanha e da Malásia, países que reuniram metade das exportações.

Neste ano Portugal representou 0,1% das importações e 0,2% das exportações.

No mesmo ano as importações da China (continental) a partir de Hong-Kong e Macau representaram 0,4% do Total e as exportações para estas duas Regiões Administrativas Especiais pesaram 8,4%.

No quadro seguinte pode observar-se a evolução das importações e das exportações da China ao longo dos últimos cinco anos face aos países de língua portuguesa do “Fórum de Macau”.


3 – Comércio de Portugal com a China (2018-2022)

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com a China é fortemente deficitária, tendo o saldo negativo aumentado sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, passando de -1,6 mil milhões de Euros, em 2018, para -4,9 milhões de Euros, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 28,0% para 11,3%, de acordo com dados de base do INE definitivos até 2021 e preliminares para 2022.

No período em análise, o ritmo de evolução anual em valor das importações (com 2018=100) foi sustentadamente crescente, atingindo em 2022 uma aceleração significativa face a 2018 (235,9%). Por sua vez o ritmo das exportações, à excepção do ano 2021 (103,8%), manteve-se sempre ligeiramente abaixo do nível de 2018.

3.2- Importações por grupos de produtos

Em 2022 as principais importações de Portugal com origem na China incidiram no grupo de produtos “Máquinas, aparelhos e partes”, a grande distância dos restantes grupos (48,7% do Total em 2022 e 47,4% em 2021), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, mais de metade constituídas por díodos, transístores, outros dispositivos com semicondutores, e circuitos impressos.

Seguiram-se os grupos “Químicos” (11,4% e 11,2% em 2022 e 2021), “Têxteis e vestuário” (9,4% e 10,0%), “Produtos acabados diversos” (8,5% e 10,0%) e “Minérios e metais” (8,1% e 8,0%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (5,1% e 5,0%), “Calçado, peles e couros” (3,4% e 2,5%), “Agro-alimentares” (2,6% e 2,7%), “Madeira, cortiça e papel” (1,5% e 1,2%), “Energéticos” (1,3% e 0,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes”, com importações praticamente nulas em 2022 e 1,2% do Total no ano anterior, centradas em embarcações.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

3.3 - Exportações por grupos de produtos

As principais exportações, em 2022, couberam ao grupo de produtos “Minérios e metais” (29,3% em 2022 e 32,0% em 2021), com o cobre e suas obras em destaque.

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (16,6% e 15,6%), principalmente pastas de papel, cortiça e suas obras, “Máquinas, aparelhos e partes” (16,4% e 10,8%), com as máquinas e aparelhos eléctricos em destaque, “Agro-alimentares” (11,2% e 14,1%), principalmente produtos da pesca, bebidas alcoólicas e carnes, “Têxteis e vestuário” (9,5% e 10,1%), como artigos têxteis para uso técnico e vestuário de malha, “Químicos” (8,5% e 7,6%), com destaque para os artigos de plástico e de borracha, “Produtos acabados diversos”, (5,2% e 5,6%), principalmente aparelhos de precisão, e “Calçado, peles e couros” (1,8% e 3,8%), com destaque para o calçado de couro. O grupo “Material de transporte terrestre e partes” representou apenas 0,5% do Total em ambos os anos, tendo sido praticamente nulas as exportações dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” e “Energéticos”.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.



ANEXO




Alcochete, 4 de Abril de 2023.



terça-feira, 28 de março de 2023

Comércio Externo de Macau e Portugal-Macau (2018-2022)

 

Comércio Externo de Macau
2017-2021
e
Portugal-Macau
2018-2022

                                         ( disponível para download  >> aqui )

1 - Introdução

Macau, território administrado por Portugal desde meados do séc, XVI durante mais de 400 anos, voltou para a soberania chinesa em 20 de Dezembro de 1999, constituindo actualmente aRegião Administrativa Especial de Macau”. Em Outubro de 2003, por iniciativa do Governo Central da China, foi criado o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau)”, em coordenação, actualmente, com nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Sediado permanentemente em Macau, o também designado por “Fórum de Macau” é, como se define no portal do ‘Secretariado Permanente’, “um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento económico e comercial, tendo como objectivos consolidar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, dinamizar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa e fomentar o desenvolvimento comum do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa e da RAEM”. De três em três anos realiza-se em Macau uma Conferência Ministerial, onde se planificam os “Planos de Acção para a Cooperação Económica e Comercial”.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução do comércio externo de Macau face ao mundo e aos países do “Fórum de Macau” e, com maior pormenor, entre Portugal e Macau. Não se dispondo, com origem em fontes oficiais, de dados estatísticos relativos ao comércio externo de mercadorias de Macau com base no “Sistema Harmonizado” (SH), foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC) para o peródo 2017-2021, calculados a partir de dados baseados em estatísticas COMTRADE, da ONU. A análise da evolução do comércio de Portugal com Macau entre 2018 e 2022 tem por base dados estatísticos do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.

2 – Comércio externo de Macau

No período de 2017 a 2021 o ritmo de evolução anual em valor das importações de Macau foi tendencialmente crescente, tendo registado em 2021 uma aceleração significativa.

Por sua vez o ritmo das exportações manteve-se, no mesmo período, em torno do nível de 2017, tendo resgistado em 2021 também uma aceleração considerável.

2.1- Balança Comercial de Macau (2017-2021)

De acordo com os dados de base de fonte ITC disponíveis, a Balança Comercial de Macau no período de 2017 a 2021 foi desfavorável, tendo o défice aumentado respectivamente e -7,5 mil milhões de Euros para -15,2 mil milhões, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 10,5% para 7,2%.

Em 2021 tanto as importações como as exportações registaram taxas de crescimento significativas face ao ano anterior, respectivamente de +56,2% e +31,1%.

2.2 – Importações por Grupos de Produtos

Em 2021 as principais importações de mercadorias de Macau incidiram no grupo de produtos “Químicos” (23,8% e 27,9% em 2020), principalmente óleos essenciais, perfumaria e cosmética, “Máquinas, aparelhos e partes” (17,9% e 12,7%), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, “Minérios e metais” (12,2% e 10,0%), principalmente pedras e metais preciosos e bijutaria, “Produtos acabados diversos” (11,5% e 10,6%), com os artigos de relojoaria em evidência, “Agro-alimentares” (11,1% e 14,7%), como bebidas alcoólicas, preparações à base de cereais ou leite, carnes e preparações alimentares diversas, e “Calçado, peles e couros” (10,3% e 8,0%), com destaque para as obras de couro e artigos de viagem.

Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (6,4% e 6,5%), principalmente vestuário de malha e outro, e seus acessórios, “Energéticos” (4,1% e 5,1%), com destaque para a energia eléctrica, “Material de transporte terrestre e partes” (1,9% e 2,6%), principalmente veículos automóveis, “Madeira. cortiça e papel” (0,6% e 0,8%), como papel higiénico, papel, cartão e suas obras, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em ambos os anos), essencialmente partes de aeronaves.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Entre as exportações destacaram-se, em 2021, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,2% e 23,9% no ano anterior), principalmente aparelhos telefónicos, “Produtos acabados diversos” (21,4% e 19,4%), com destaque para os artigos de relojoaria, “Minérios e metais” (20,2% e 20,9%), como pedras e metais preciosos e bijutaria, e “Têxteis e vestuário” (15,3% e 17,2%), essencialmente vestuário.

Seguiram-se os grupos “Calçado, peles e couros” (7,7% e 9,0%), “Agro-alimentares” (4,8% e 3,6%), e “Químicos” (4,5% e 5,5%).

Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes”, “Aeronaves, embarcações e partes” e “Madeira, cortiça e papel”, tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.4 – Mercados de origem e de destino

São idênticos os principais mercados das importações e das exportações de Macau em 2021 quando considerados a partir de dados de base do “ITC” ou do “Anuário Estatísticico 2021–Macau”. Para efeitos estatísticos são consideradas autonomamente as Região Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong, separadas do que se designa no Anuário Estatístico por “interior da China”.

Em 2021, segundo o ITC, as principais importações couberam à China, interior da China, (31,8%), seguida da França (18,1%), da Itália (11,0%), do Japão (8,8%), da Suíça (7,8%), dos EUA (6,8%) e de Hong-Kong (3,7%).    

As exportações dominantes incidiram em Hong-Kong (79,2%), seguido da China (13,0%), dos EUA (5,0%), do Vietname (1,0%) e de Singapura (0,5%).

As trocas comerciais entre Macau e os seus parceiros no “Fórum de Macau” são pouco expressivas, em particular do lado das exportações, em que se registou, em 2021, a exportação para o Brasil (106 mil Euros). Do lado das importações, com maior significado, registaram-se no mesmo ano fornecimentos por parte do Brasil (47,6 milhões de Euros), de Portugal (29,4 milhões), da Guiné-Bissau (29 mil Euros), de Angola (18 mil Euros) e de Moçambique (14 mil Euros).

3 – Comércio de Portugal com Macau (2018-2022)

No período de 2018 a 2022 o ritmo de evolução anual das importações e exportações portuguesas de mercadorias com Macau decresceu sustentadamente, de forma mais acentuada na vertente das importações.

3.1 – Balança Comercial

No período de 2018 a 2022 a Balança Comercial de Portugal com Macau foi favorável a Portugal, com saldos positivos oscilando entre +19 e +26 milhões de Euros, com +20,4 milhões em 2022. As importações, que em 2018 atingiram 2,8 milhões de Euros, decresceram sucessivamente, situando-se em 528 mil Euros em 2022. Por sua vez as exportações, que em 2018 e 2019 ultrapassaram os 27 milhões de Euros, desceram nos três anos seguintes para um patamar em torno dos 20 milhões de Euros, situando-se em 2022 em 20,9 milhões. 

3.2 – Importações por Grupos de Produtos

Em 2022 as principais importações com origem em Macau ocorreram nos grupos “Produtos acabados diversos” (47,8% e 5,7% no ano anterior), com destaque para o mobiliário de madeira para cozinha e quartos, “Químicos” (15,9% e 59,5%), tendo a quebra significativa incidido nos antibióticos, na sequência, aliás, de descidas acentuadas já em 2021 face aos três anos anteriores noutros tipos de produtos, e “Têxteis e vestuário” (10,4% e 4,7%), principalmente vestuário.

Com pesos inferiores, entre os restantes grupos são de referir “Madeira, cortiça e papel” (8,6% e 4,5%), com destaque para livros e impressos, “Agro-alimentares” (5,4% e 2,8%), designadamente mamíferos vivos, “Máquinas, aparelhos e partes” (4,5% e 15,7%), com destaque para as partes de aparelhos de filtrar ou depurar líquidos e gases e montagens electrónicas para máquinas automáticas de processamento de dados, e “Calçado, peles e couros” (3,9% e 6,8%), principalmente calçado. 

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

3.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Em 2022 o grupo de produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares” (61,7% e 66,9%), destacando-se as bebidas alcoólicas, as conservas de peixe e as preparações e conservas de carnes, seguido do grupo “Químicos” (22,2% e 20,9%), principalmente constituído por produtos farmacêuticos.

Alinharam-se depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (6,5% e 2,4%), principalmente máquinas e aparelhos eléctricos, “Produtos acabados diversos” (4,3% e 5,4%), como aparelhos de precisão para análises físicas ou químicas, lentes e outros elementos de óptica e aparelhos para uso médico, entre outros, “Calçado, peles e couros” (1,8% e 1,6%), como obras de couro e bolsas, “Madeira, cortiça e papel” (1,4% e 1,3%), como livros e impressos e “Têxteis e vestuário” (1,4% e 1,3%), principalmente vestuário de malha.

Com pesos mais reduzidos seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (0,5% e 0,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,3%, com exportação quase nula em 2021), tendo sido mesmo nulas as exportações de “Energéticos" e “Aeronaves, embarcações e partes”.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

ANEXO


Alcochete, 28 de março de 2023.