Comércio Internacional de mercadorias
de Portugal com Espanha
- 2012 a 2016 e 1º Semestre de 2017 -
1 – Nota introdutória
A Espanha
é o principal parceiro comercial de Portugal, tendo sido em 2016 o mercado de
origem de cerca de 1/3 das importações globais (32,9%) e o destino de mais de 1/4
das exportações (25,9%).
Em 1985,
ano anterior à adesão dos dois países à então Comunidade Económica Europeia
(CEE), o peso de Espanha era, nas importações e nas exportações globais,
respectivamente de 7,4% e 4,1%, para no ano da adesão subir já para 10,9% e
6,6%. A partir de então esse crescimento foi-se intensificando, estabilizando as
importações em torno dos 32% a partir de 2009. Por sua vez decresceu o peso das
exportações a partir de 2007, para voltar a aumentar sustentadamente após 2012.
Nos gráficos seguintes encontra-se representada, por
grupos de produtos, a variação em valor das importações originárias de Espanha
ao longo do último quinquénio (2012=100).
Pretende-se
aqui avaliar, com algum detalhe, a evolução das chegadas e das expedições de
mercadorias de e para Espanha (que designaremos respectivamente por importações
e exportações) nos últimos cinco anos (2012-2016) e no primeiro semestre de
2016-2017. Para o efeito, os produtos transaccionados foram agregados em 11
grupos de produtos, cujo conteúdo, em termos de Nomenclatura Combinada, se
encontra definido em quadro anexo.
De acordo
com dados disponíveis para 2015, as Comunidades Autónomas de Espanha que
registaram as maiores quotas de importação das mercadorias portuguesas foram a
Galiza (17,4%), Madrid (16,9%) e Catalunha (16,5%). Seguiram-se a Comunidade
Valenciana (9,8%), Andaluzia (9,6%) e Castela e Leão (6,0%).
Com quotas
inferiores a 4,0% as restante Comunidades: País Basco, Castela-La Mancha,
Aragão, Extremadura, Astúrias, Navarra, Múrcia, I.Canárias, La Rioja, Cantábria
e I.Baleares.
2 – Balança Comercial
A Balança
Comercial de mercadorias de Portugal com Espanha é deficitária, tendo o défice
oscilado entre -7,2 e -7,9 mil milhões de Euros ao longo dos últimos cinco anos,
com um grau de cobertura médio das importações pelas exportações da ordem dos
60%.
No 1º
Semestre de 2017 o défice registou um crescimento de +12,3% face ao semestre
homólogo do ano anterior, ao situar-se em -3,7 mil milhões de Euros, com um
grau de cobertura de cerca de 66%.
Segue-se
um conjunto de quadros e gráficos com a balança comercial por Grupos de
Produtos no período 2012-2016 e 1º Semestre 2016-2017, e quota detida por
Espanha em cada um dos grupos.
Como se
pode observar, o único grupo de produtos em que o saldo da balança é positivo
foi “Têxteis e vestuário”.
3 – Importações
O grupo
de produtos com maior peso nas importações é “Agro-alimentares”, sempre acima de 20% na estrutura ao longo dos
últimos cinco anos e no 1º Semestre do ano em curso (21,4%). Neste semestre
alinharam-se depois os grupos “Químicos”
(16,1%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(11,9%), “Minérios e metais” (11,4%)
e “Material de transporte terrestre e
partes” (10,3%). Com peso inferior a 10% seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (7,1%), “Têxteis e vestuário” (7,0%), “Energéticos” (6,8%), “Madeira, cortiça e papel” (5,3%), “Calçado, peles e couros” (2,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,4%).
3.1 – Principais acréscimos e decréscimos das
importações
no 1º Semestre de 2017, por grupos de produtos
No 1º
Semestre de 2017 verificou-se um acréscimo de +985,0 milhões de Euros (M€) nas
importações portuguesas de mercadorias provenientes de Espanha, face ao 1º
semestre do ano anterior. Em todos os grupos de produtos se verificaram
acréscimos nas importações, à excepção do grupo “Calçado, peles e couros”.
O maior
aumento ocorreu no grupo de produtos “Agro-alimentares” (+258,2 M€), o grupo com maior peso no
total, 21,4% e t.v.h. +12,6%, envolvendo, entre outras, importações de gorduras
e óleos (+79,1 M€), principalmente azeite (+51,6 M€), carnes e miudezas
comestíveis (+28,4 M€), em sua grande parte de suíno, peixe, crustáceos e
moluscos (+25,5 M€), principalmente peixe congelado excepto filetes e moluscos,
frutas (+21,3 M€), animais vivos (+15,8M€), principalmente suínos, produtos
hortícolas (+15,6 M€) e vinho (+16,0 M€). O maior decréscimo incidiu nas
importações de tabaco e seus sucedâneos manufacturados, como cigarros,
cigarrilhas e charutos (-5,8 M€).
Seguiu-se
o grupo “Energéticos” (+179,3 M€), com um peso de 6,8% na estrutura e
t.v.h. +32,3%, com acréscimos principalmente nos produtos refinados do petróleo
(+67,9 M€), energia eléctrica (+59,0 M€) e gás (+25,0 M€).
No grupo “Minérios
e metais” (+160,9 M€), com um peso de 11,4% e t.v.h. +15,2%,
destacam-se os aumentos verificados nas importações de ferro fundido, ferro e
aço (+57,9 M€), como perfis, fio-máquina, barras e laminados, e de suas obras
(+25,0 M€), de alumínio e suas obras (+43,2 M€), e de zinco e suas obras (+15,8
M€). Verificou-se um decréscimo nas importações de pedras preciosas e
semipreciosas, metais preciosos e bijutarias à base destes materiais (-14,1
M€).
Seguiu-se
o grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+148,7 M€), 10,3%
na estrutura e t.v.h. +15,5%, incidindo os acréscimos essencialmente nos
automóveis de passageiros (+65,9 M€) e partes e acessórios de automóveis (+62,0
M€).
No grupo “Máquinas,
aparelhos e partes” (+113,6 M€), com um peso no total das importações
de 11,9% e t.v.h. +9,7%, destacam-se, entre os aparelhos mecânicos, os
acréscimos nas importações de caixas de fundição e moldes (+30,0 M€), de
máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades (+13,6 M€) e
de torneiras e válvulas (+8,5 M€). Entre os aparelhos eléctricos (+26,6 M€) sobressaíram
as de fios e cabos (+18,8 M€), de telefones e aparelhos de telecomunicação
(+13,5 M€) e de partes de leitores, gravadores de som e vídeos (+10,4 M€).
Nos
restantes grupos de produtos verificaram-se acréscimos de menor amplitude:
No grupo “Químicos” (+35,4 M€), com um peso na estrutura de 16,1% e t.v.h.
+2,1%, os acréscimos incidiram principalmente na área dos plásticos e da
borracha, designadamente pneus novos. Verificou-se um decréscimo significativo
nas importações de produtos químicos inorgânicos (-49,9 M€), na sua quase
totalidade compostos e amálgamas de ouro e também carbonatos, seguido de
quebras nos produtos químicos orgânicos (-19,5 M€), principalmente compostos
heterocíclicos de azoto, e nos sabões e ceras (-10,5 M€), com destaque para os
primeiros;
No grupo “Produtos
acabados diversos” (+34,3 M€), com peso de 7,1% no total e t.v.h. +4,7%,
destacam-se os acréscimos nas importações o vidro e suas obras (+9,1 M€), de brinquedos
e jogos (+8,7 M€), de aparelhos ópticos, de fotografia, de medida e precisão
(+7,2 M€), de produtos cerâmicos (+6,0 M€) e de mobiliário, colchões, almofadas
e candeeiros (+5,9M€);
No grupo “Madeira.
Cortiça e papel” (+30,0 M€), com um peso de 5,3% na estrutura e t.v.h.
+5,6%, sobressai um aumento no papel, cartão e suas obras (+22,1 M€), seguido
da cortiça (+5,9 M€), tendo-se registado um decréscimo nas importações de
livros e jornais (-6,9 M€);
No grupo “Aeronaves,
embarcações e partes” (+25,6 M€), com um peso de apenas 0,4% na
estrutura e t.v.h.+162,1%, o acréscimo verificado incidiu na sua quase
totalidade em aeronaves;
O grupo “Têxteis
e vestuário” (+14,2 M€), com um peso de
7,2% na estrutura e t.v.h. +1,9%, registou um acréscimo nas importações de
vestuário de tecido (+14,9 M€) e um decréscimo nas aquisições de algodão, de lã
e de filamentos sintéticos ou artificiais (-12,7 M€).
O único
grupo de produtos em que se registou um decréscimo nas importações foi “Calçado,
peles e couros” (-15,3 M€), 2,3% na estrutura e t.v.h. +4,7%, sendo
superiores as quebras verificadas nas peles (-9,3 M€) às do calçado e suas
partes (-7,1 M€).
4 – Exportações
O grupo
com maior peso nas exportações é também aqui o dos produtos “Agro-alimentares”, com uma quota que
oscilou entre 17,6% e 18,9% ao longo dos últimos cinco anos.
No 1º
Semestre de 2017 este grupo representou 15,9% do total (16,3% no Semestre
homólogo). Alinharam-se depois, por ordem decrescente, os grupos “Químicos” (13,6%), “Têxteis e vestuário” (12,9%), “Minérios
e metais” (12,4%) e “Material de transporte terrestre e partes”
(11,5%).
Com um
peso inferior a 10% seguiram-se os grupos “Produtos
acabados diversos” (9,1%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (8,6%), “Madeira,
cortiça e papel” e “Energéticos”
(6,9% cada), “Calçado, peles e couros”
(1,9%) e “Aeronaves, embarcações e
partes” (0,2%).
Nos
gráficos que se seguem encontra-se representada, por grupos de produtos, a
variação em valor das exportações com destino a Espanha ao longo do último
quinquénio (2012=100).
4.1 – Principais acréscimos e decréscimos das
exportações
no 1º Semestre de 2017, por
grupos de produtos
No 1º
Semestre de 2017 verificou-se um acréscimo de +584,4 milhões de Euros (M€) nas
exportações de mercadorias com destino a Espanha, face ao 1º Semestre do ano
anterior.
O maior
aumento ocorreu no grupo de produtos “Minérios e metais” (+152,7 M€), com
um peso no total de 12,4% e t.v.h. +21,0%, envolvendo, entre outras, as exportações
de ferro fundido, ferro ou aço e suas obras (+101,3 M€), principalmente
desperdícios e sucata, laminados planos, fio-máquina e outros fios,
construções, reservatórios, fios e cabos para uso não eléctrico, as de alumínio
e suas obras (+32,9 M€), as de minérios, escórias e cinzas (+14,1 M€), com
destaque para o minério de cobre, de cobre e suas obras (+8,5 M€),
principalmente desperdícios, residuos e sucata, e as de chumbo e suas obras
(+5,0 M€).
Os
maiores decréscimos incidiram na platina em formas brutas (-14,8 M€), nos
minérios de zinco (-8,6 M€) e no ferro fundido em formas primárias (-5,9 M€).
Seguiu-se
o grupo “Energéticos” (+137,3 M€), com um peso de 6,9% e t.v.h. +39,3%,
com acréscimos nos refinados de petróleo (+101,6 M€) e na energia eléctrica
(+28,1 M€).
No grupo “Máquinas,
aparelhos e partes” (+73,7 M€), com 8,6% na estrutura e t.v.h. +13,9%, destacam-se
acréscimos nas exportações de máquinas e aparelhos mecânicos (+65,8 M€), como
moldes e caixas de fundição, máquinas automáticas para processamento de dados e
suas unidades, motores e máquinas motrizes, elevadores, escadas rolantes,
transportadores e “robots” industriais, entre outros, e nas máquinas e
aparelhos eléctricos (+7,8 M€), como receptores de rádio, partes de motores e
geradores, quadros eléctricos e transformadores.
Os maiores decréscimos
ocorreram nas exportações de partes de emissores, radares, receptores rádio e TV
(-6,7 M€), de bombas de ar ou vácuo, compressores, ventiladores e exaustores
(-5,6 M€) e de fios e cabos eléctricos ou de fibra óptica (-5,2 M€).
Seguiu-se
o grupo dos produtos “Agro-alimentares” (+71,9 M€), com
um peso de 15,9% no total e t.v.h. +6,8%. Os acréscimos mais significativos
couberam às frutas (+33,3 M€), peixe, crustáceos e moluscos (+31,7 M€),
produtos hortícolas (+10,4 M€), carnes e miudezas (+7,1 M€), preparações de
carne, peixe, crustáceos e moluscos (+6,2 M€) e gorduras e óleos animais ou
vegetais (+6,2 M€).
Os
maiores decréscimos verificaram-se nas exportações de bebidas (-12,6 M€), com
destaque para as águas minerais, de preparações à base de cereais e de leite
(-5,7 M€), de plantas vivas e floricultura (-3,4 M€), de animais vivos (-3,2
M€), principalmente bovinos, e de cereais (-3,1 M€), principalmente milho mas
também arroz.
No grupo “Químicos”
(+44,2 M€), 13,6% na estrutura e t.v.h. +4,8%, sobressaem os plásticos e suas
obras (+43,2 M€). Seguiram-se os produtos químicos orgânicos (+19,5 M€), como
etileno, propileno e outros, e a borracha e suas obras (+9,7 M€), principalmente
pneus novos.
O
decréscimo mais significativo coube aos metais preciosos no estado coloidal,
compostos e amálgamas (-48,4 M€), designadamente compostos de ouro.
Seguiu-se
o grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+42,2 M€), com 11,5% na estrutura e t.v.h. +5,4%, incidindo o
acréscimo quase exclusivamente nos automóveis, tractores, ciclos e outros
veículos terrestres , suas partes e acessórios (+42,2 M€). Destacam-se aqui as
partes e acessórios de automóveis e tractores (+31,5 M€), veículos automóveis
de passageiros, incluindo para 10 ou mais passageiros (+10,1 M€) e bicicletas e
triciclos sem motor (+6,0 M€).
Neste 1º
Semestre verificou-se uma quebra na exportação de veículos automóveis para o
transporte de mercadorias (-6,7 M€).
Nos
restantes grupos verificaram-se acréscimos de menor amplitude:
“Produtos
acabados diversos” (+22,1
M€), com um peso de 9,1% e t.v.h. +3,5% inclui produtos muito diversificados,
destacando-se entre os acréscimos os de mobiliário não médico (+8,9 M€) e entre
os decréscimos os de assentos mesmo transformáveis em cama (-7,4 M€);
“Têxteis
e vestuário” (+18,6 M€), com 12,9% na
estrutura e t.v.h. +2,1%, com destaque para os aumentos no vestuário de tecido
(+23,3 M€) nas e fibras sintéticas ou artificiais (+5,5 M€), incidindo o maior decréscimo
no vestuário de malha (-14,2 M€);
“Madeira, cortiça e papel” (+10,8 M€), com um peso de 6,9% no total e t.v.h.
+2,3%, registou acréscimos principalmente na cortiça e suas obras (+8,3 M€), no
papel, cartão e suas obras (+5,3 M€), como caixas, sacos e embalagens, guardanapos,
papel higiénico, lenços, fraldas e pensos, e na madeira e suas obras (+5,1 M€),
principalmente obras de carpintaria para construção e ‘pellets’ de madeira.
Entre os decréscimos detaca-se o das pastas de papel (-9,4 M€);
“Aeronaves,
embarcações e partes” (+10,1
M€), com apenas 0,2% na estrutura e t.v.h. +138,2%, distribuindo-se os
acréscimos por aeronaves, outros aparelhos aéreos e suas partes (+8,2 M€),
essencialmente partes, e por embarcações (+1,8 M€), principalmente barcos para
desporto ou recreio;
“Calçado,
peles e couros” (+0,8 M€), com um peso de
1,9% e t.v.h. +0,6%, onde se registou um aumento nas exportações das obras de
couro, bolsas e artigos de viagem (+1,7 M€) e um decréscimo no calçado (-0,6
M€) e também nas peles (-0,3 M€).
19 de Setembro de 2017
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