domingo, 8 de outubro de 2017

Comércio Internacional Portugal-Espanha - 2012-2016 e 1º Semestre 2017


Comércio Internacional de mercadorias
de  Portugal com Espanha
- 2012 a 2016 e 1º Semestre de 2017 -
(disponível para download > aqui )

1 – Nota introdutória
A Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal, tendo sido em 2016 o mercado de origem de cerca de 1/3 das importações globais (32,9%) e o destino de mais de 1/4 das exportações (25,9%).
Em 1985, ano anterior à adesão dos dois países à então Comunidade Económica Europeia (CEE), o peso de Espanha era, nas importações e nas exportações globais, respectivamente de 7,4% e 4,1%, para no ano da adesão subir já para 10,9% e 6,6%. A partir de então esse crescimento foi-se intensificando, estabilizando as importações em torno dos 32% a partir de 2009. Por sua vez decresceu o peso das exportações a partir de 2007, para voltar a aumentar sustentadamente após 2012.



Pretende-se aqui avaliar, com algum detalhe, a evolução das chegadas e das expedições de mercadorias de e para Espanha (que designaremos respectivamente por importações e exportações) nos últimos cinco anos (2012-2016) e no primeiro semestre de 2016-2017. Para o efeito, os produtos transaccionados foram agregados em 11 grupos de produtos, cujo conteúdo, em termos de Nomenclatura Combinada, se encontra definido em quadro anexo.
De acordo com dados disponíveis para 2015, as Comunidades Autónomas de Espanha que registaram as maiores quotas de importação das mercadorias portuguesas foram a Galiza (17,4%), Madrid (16,9%) e Catalunha (16,5%). Seguiram-se a Comunidade Valenciana (9,8%), Andaluzia (9,6%) e Castela e Leão (6,0%). 
Com quotas inferiores a 4,0% as restante Comunidades: País Basco, Castela-La Mancha, Aragão, Extremadura, Astúrias, Navarra, Múrcia, I.Canárias, La Rioja, Cantábria e I.Baleares.

2 – Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Espanha é deficitária, tendo o défice oscilado entre -7,2 e -7,9 mil milhões de Euros ao longo dos últimos cinco anos, com um grau de cobertura médio das importações pelas exportações da ordem dos 60%.
No 1º Semestre de 2017 o défice registou um crescimento de +12,3% face ao semestre homólogo do ano anterior, ao situar-se em -3,7 mil milhões de Euros, com um grau de cobertura de cerca de 66%.

Segue-se um conjunto de quadros e gráficos com a balança comercial por Grupos de Produtos no período 2012-2016 e 1º Semestre 2016-2017, e quota detida por Espanha em cada um dos grupos.
Como se pode observar, o único grupo de produtos em que o saldo da balança é positivo foi “Têxteis e vestuário”.



3 – Importações
O grupo de produtos com maior peso nas importações é “Agro-alimentares”, sempre acima de 20% na estrutura ao longo dos últimos cinco anos e no 1º Semestre do ano em curso (21,4%). Neste semestre alinharam-se depois os grupos “Químicos” (16,1%), “Máquinas, aparelhos e partes” (11,9%), “Minérios e metais” (11,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (10,3%). Com peso inferior a 10% seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (7,1%), “Têxteis e vestuário” (7,0%), “Energéticos” (6,8%), “Madeira, cortiça e papel” (5,3%), “Calçado, peles e couros” (2,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,4%).

Nos gráficos seguintes encontra-se representada, por grupos de produtos, a variação em valor das importações originárias de Espanha ao longo do último quinquénio (2012=100).



3.1 – Principais acréscimos e decréscimos das importações
          no 1º Semestre de 2017, por grupos de produtos
No 1º Semestre de 2017 verificou-se um acréscimo de +985,0 milhões de Euros (M€) nas importações portuguesas de mercadorias provenientes de Espanha, face ao 1º semestre do ano anterior. Em todos os grupos de produtos se verificaram acréscimos nas importações, à excepção do grupo “Calçado, peles e couros”.
O maior aumento ocorreu no grupo de produtos “Agro-alimentares” (+258,2 M€), o grupo com maior peso no total, 21,4% e t.v.h. +12,6%, envolvendo, entre outras, importações de gorduras e óleos (+79,1 M€), principalmente azeite (+51,6 M€), carnes e miudezas comestíveis (+28,4 M€), em sua grande parte de suíno, peixe, crustáceos e moluscos (+25,5 M€), principalmente peixe congelado excepto filetes e moluscos, frutas (+21,3 M€), animais vivos (+15,8M€), principalmente suínos, produtos hortícolas (+15,6 M€) e vinho (+16,0 M€). O maior decréscimo incidiu nas importações de tabaco e seus sucedâneos manufacturados, como cigarros, cigarrilhas e charutos (-5,8 M€).
Seguiu-se o grupo “Energéticos” (+179,3 M€), com um peso de 6,8% na estrutura e t.v.h. +32,3%, com acréscimos principalmente nos produtos refinados do petróleo (+67,9 M€), energia eléctrica (+59,0 M€) e gás (+25,0 M€).
No grupo “Minérios e metais” (+160,9 M€), com um peso de 11,4% e t.v.h. +15,2%, destacam-se os aumentos verificados nas importações de ferro fundido, ferro e aço (+57,9 M€), como perfis, fio-máquina, barras e laminados, e de suas obras (+25,0 M€), de alumínio e suas obras (+43,2 M€), e de zinco e suas obras (+15,8 M€). Verificou-se um decréscimo nas importações de pedras preciosas e semipreciosas, metais preciosos e bijutarias à base destes materiais (-14,1 M€).
Seguiu-se o grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+148,7 M€), 10,3% na estrutura e t.v.h. +15,5%, incidindo os acréscimos essencialmente nos automóveis de passageiros (+65,9 M€) e partes e acessórios de automóveis (+62,0 M€).
No grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (+113,6 M€), com um peso no total das importações de 11,9% e t.v.h. +9,7%, destacam-se, entre os aparelhos mecânicos, os acréscimos nas importações de caixas de fundição e moldes (+30,0 M€), de máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades (+13,6 M€) e de torneiras e válvulas (+8,5 M€). Entre os aparelhos eléctricos (+26,6 M€) sobressaíram as de fios e cabos (+18,8 M€), de telefones e aparelhos de telecomunicação (+13,5 M€) e de partes de leitores, gravadores de som e vídeos (+10,4 M€).
Nos restantes grupos de produtos verificaram-se acréscimos de menor amplitude:
No grupo “Químicos” (+35,4 M€), com um peso na estrutura de 16,1% e t.v.h. +2,1%, os acréscimos incidiram principalmente na área dos plásticos e da borracha, designadamente pneus novos. Verificou-se um decréscimo significativo nas importações de produtos químicos inorgânicos (-49,9 M€), na sua quase totalidade compostos e amálgamas de ouro e também carbonatos, seguido de quebras nos produtos químicos orgânicos (-19,5 M€), principalmente compostos heterocíclicos de azoto, e nos sabões e ceras (-10,5 M€), com destaque para os primeiros;
No grupo “Produtos acabados diversos” (+34,3 M€), com peso de 7,1% no total e t.v.h. +4,7%, destacam-se os acréscimos nas importações o vidro e suas obras (+9,1 M€), de brinquedos e jogos (+8,7 M€), de aparelhos ópticos, de fotografia, de medida e precisão (+7,2 M€), de produtos cerâmicos (+6,0 M€) e de mobiliário, colchões, almofadas e candeeiros (+5,9M€);
No grupo “Madeira. Cortiça e papel” (+30,0 M€), com um peso de 5,3% na estrutura e t.v.h. +5,6%, sobressai um aumento no papel, cartão e suas obras (+22,1 M€), seguido da cortiça (+5,9 M€), tendo-se registado um decréscimo nas importações de livros e jornais (-6,9 M€);
No grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+25,6 M€), com um peso de apenas 0,4% na estrutura e t.v.h.+162,1%, o acréscimo verificado incidiu na sua quase totalidade em aeronaves;
O grupo “Têxteis e vestuário” (+14,2 M€), com um peso de 7,2% na estrutura e t.v.h. +1,9%, registou um acréscimo nas importações de vestuário de tecido (+14,9 M€) e um decréscimo nas aquisições de algodão, de lã e de filamentos sintéticos ou artificiais (-12,7 M€).
O único grupo de produtos em que se registou um decréscimo nas importações foi “Calçado, peles e couros” (-15,3 M€), 2,3% na estrutura e t.v.h. +4,7%, sendo superiores as quebras verificadas nas peles (-9,3 M€) às do calçado e suas partes (-7,1 M€).
4 – Exportações
O grupo com maior peso nas exportações é também aqui o dos produtos “Agro-alimentares”, com uma quota que oscilou entre 17,6% e 18,9% ao longo dos últimos cinco anos. 

No 1º Semestre de 2017 este grupo representou 15,9% do total (16,3% no Semestre homólogo). Alinharam-se depois, por ordem decrescente, os grupos “Químicos” (13,6%), “Têxteis e vestuário” (12,9%), “Minérios e metais” (12,4%)  e “Material de transporte terrestre e partes” (11,5%).
Com um peso inferior a 10% seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,1%), “Máquinas, aparelhos e partes” (8,6%), “Madeira, cortiça e papel” e “Energéticos” (6,9% cada), “Calçado, peles e couros” (1,9%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2%).
Nos gráficos que se seguem encontra-se representada, por grupos de produtos, a variação em valor das exportações com destino a Espanha ao longo do último quinquénio (2012=100).

4.1 – Principais acréscimos e decréscimos das exportações
          no 1º Semestre de 2017, por grupos de produtos
No 1º Semestre de 2017 verificou-se um acréscimo de +584,4 milhões de Euros (M€) nas exportações de mercadorias com destino a Espanha, face ao 1º Semestre do ano anterior.
O maior aumento ocorreu no grupo de produtos “Minérios e metais” (+152,7 M€), com um peso no total de 12,4% e t.v.h. +21,0%, envolvendo, entre outras, as exportações de ferro fundido, ferro ou aço e suas obras (+101,3 M€), principalmente desperdícios e sucata, laminados planos, fio-máquina e outros fios, construções, reservatórios, fios e cabos para uso não eléctrico, as de alumínio e suas obras (+32,9 M€), as de minérios, escórias e cinzas (+14,1 M€), com destaque para o minério de cobre, de cobre e suas obras (+8,5 M€), principalmente desperdícios, residuos e sucata, e as de chumbo e suas obras (+5,0 M€).
Os maiores decréscimos incidiram na platina em formas brutas (-14,8 M€), nos minérios de zinco (-8,6 M€) e no ferro fundido em formas primárias (-5,9 M€).
Seguiu-se o grupo “Energéticos” (+137,3 M€), com um peso de 6,9% e t.v.h. +39,3%, com acréscimos nos refinados de petróleo (+101,6 M€) e na energia eléctrica (+28,1 M€).
No grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (+73,7 M€), com 8,6% na estrutura e t.v.h. +13,9%, destacam-se acréscimos nas exportações de máquinas e aparelhos mecânicos (+65,8 M€), como moldes e caixas de fundição, máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades, motores e máquinas motrizes, elevadores, escadas rolantes, transportadores e “robots” industriais, entre outros, e nas máquinas e aparelhos eléctricos (+7,8 M€), como receptores de rádio, partes de motores e geradores, quadros eléctricos e transformadores.
Os maiores decréscimos ocorreram nas exportações de partes de emissores, radares, receptores rádio e TV (-6,7 M€), de bombas de ar ou vácuo, compressores, ventiladores e exaustores (-5,6 M€) e de fios e cabos eléctricos ou de fibra óptica (-5,2 M€).
Seguiu-se o grupo dos produtos “Agro-alimentares” (+71,9 M€), com um peso de 15,9% no total e t.v.h. +6,8%. Os acréscimos mais significativos couberam às frutas (+33,3 M€), peixe, crustáceos e moluscos (+31,7 M€), produtos hortícolas (+10,4 M€), carnes e miudezas (+7,1 M€), preparações de carne, peixe, crustáceos e moluscos (+6,2 M€) e gorduras e óleos animais ou vegetais (+6,2 M€).
Os maiores decréscimos verificaram-se nas exportações de bebidas (-12,6 M€), com destaque para as águas minerais, de preparações à base de cereais e de leite (-5,7 M€), de plantas vivas e floricultura (-3,4 M€), de animais vivos (-3,2 M€), principalmente bovinos, e de cereais (-3,1 M€), principalmente milho mas também arroz.
No grupo “Químicos” (+44,2 M€), 13,6% na estrutura e t.v.h. +4,8%, sobressaem os plásticos e suas obras (+43,2 M€). Seguiram-se os produtos químicos orgânicos (+19,5 M€), como etileno, propileno e outros, e a borracha e suas obras (+9,7 M€), principalmente pneus novos.
O decréscimo mais significativo coube aos metais preciosos no estado coloidal, compostos e amálgamas (-48,4 M€), designadamente compostos de ouro.
Seguiu-se o grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+42,2 M€), com 11,5% na estrutura e t.v.h. +5,4%, incidindo o acréscimo quase exclusivamente nos automóveis, tractores, ciclos e outros veículos terrestres , suas partes e acessórios (+42,2 M€). Destacam-se aqui as partes e acessórios de automóveis e tractores (+31,5 M€), veículos automóveis de passageiros, incluindo para 10 ou mais passageiros (+10,1 M€) e bicicletas e triciclos sem motor (+6,0 M€).
Neste 1º Semestre verificou-se uma quebra na exportação de veículos automóveis para o transporte de mercadorias (-6,7 M€).
Nos restantes grupos verificaram-se acréscimos de menor amplitude:
“Produtos acabados diversos” (+22,1 M€), com um peso de 9,1% e t.v.h. +3,5% inclui produtos muito diversificados, destacando-se entre os acréscimos os de mobiliário não médico (+8,9 M€) e entre os decréscimos os de assentos mesmo transformáveis em cama (-7,4 M€);
“Têxteis e vestuário” (+18,6 M€), com 12,9% na estrutura e t.v.h. +2,1%, com destaque para os aumentos no vestuário de tecido (+23,3 M€) nas e fibras sintéticas ou artificiais (+5,5 M€), incidindo o maior decréscimo no vestuário de malha (-14,2 M€);
“Madeira, cortiça e papel” (+10,8 M€), com um peso de 6,9% no total e t.v.h. +2,3%, registou acréscimos principalmente na cortiça e suas obras (+8,3 M€), no papel, cartão e suas obras (+5,3 M€), como caixas, sacos e embalagens, guardanapos, papel higiénico, lenços, fraldas e pensos, e na madeira e suas obras (+5,1 M€), principalmente obras de carpintaria para construção e ‘pellets’ de madeira. Entre os decréscimos detaca-se o das pastas de papel (-9,4 M€);
“Aeronaves, embarcações e partes” (+10,1 M€), com apenas 0,2% na estrutura e t.v.h. +138,2%, distribuindo-se os acréscimos por aeronaves, outros aparelhos aéreos e suas partes (+8,2 M€), essencialmente partes, e por embarcações (+1,8 M€), principalmente barcos para desporto ou recreio;
“Calçado, peles e couros” (+0,8 M€), com um peso de 1,9% e t.v.h. +0,6%, onde se registou um aumento nas exportações das obras de couro, bolsas e artigos de viagem (+1,7 M€) e um decréscimo no calçado (-0,6 M€) e também nas peles (-0,3 M€).

19 de Setembro de 2017

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