segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Comércio Portugal-Cabo Verde (2012-2016 e 1º Sem 2017)


Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com Cabo Verde
-2012 a 2016 e 1º Semestre de 2017 -

(disponível para download > aqui )


1 – Nota introdutória
São pouco expressivas as exportações de Cabo Verde, centradas que são em produtos do mar, calçado e vestuário. Entre 2000 e 2008 Portugal foi o principal país de destino, tendo passado ao segundo lugar, depois da Espanha, a partir de 2009, excepção feita ao ano de 2015. As importações portuguesas com esta origem resumiram-se a apenas 0,1% dos fornecimentos do conjunto dos países terceiros em 2016 e 1º Semestre de 2017.
Na vertente das importações em Cabo Verde, foi Portugal o primeiro fornecedor entre 2000 e 2016. Neste último ano Cabo Verde ocupou a 11ª posição nas exportações portuguesas para o espaço extracomunitário, subindo ao 9º lugar no 1º Semestre de 2017.
Cabo Verde foi em 1996 um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus actuais nove membros.
Em 2016 Cabo Verde ocupou a 5ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto dos seus parceiros na CPLP (0,6%), precedido do Brasil, Angola, Guiné Equatorial e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações portuguesas para esta Comunidade (9,6%), depois de Angola e do Brasil.
Para além de um breve conjunto de dados sobre o comércio internacional de Cabo Verde face ao mundo, de fonte Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, vai-se neste trabalho analisar, com algum detalhe, a evolução das importações e exportações de mercadorias entre Portugal e Cabo Verde ao longo dos últimos cinco anos (2012 a 2016) e no 1º Semestre de 2017 e semestre homólogo do ano anterior, com base em dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), com última actualização em 9 de Outubro de 2017.
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Cabo Verde
O ritmo de “crescimento” em valor das importações e das exportações cabo-verdianas desde o início do século, tendencialmente crescente, tem-se rodeado de alguma irregularidade, tendo registado a importação uma quebra em 2012, seguida de alguma desaceleração.


De acordo com dados provisórios divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, em escudos de Cabo Verde aqui convertidos em Euros, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) de Cabo Verde foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com um saldo negativo da ordem dos -500 milhões de Euros.

As importações aqui consideradas não incluem mercadorias entradas em regime temporário nem as que retornam ao país depois de expedidas em regime temporário (reimportação). Por sua vez, nas exportações não se encontram incluídas as mercadorias saídas temporariamente, as mercadorias reexportadas nem as nacionais e nacionalizadas destinadas à navegação nacional.
Em 2016 as importações cresceram +10,5% face ao ano anterior, com as exportações a decrescerem -10,2%, o que conduziu a um aumento do défice de +13,1%, ao situar-se em -548 milhões de Euros, com um grau de cobertura das importações pelas exportações de 9,0%.
Portugal, a principal origem das importações de Cabo Verde ao longo do último quinquénio, representou 46,5% das importações caboverdianas em 2016.
Entre os restantes fornecedores destacaram-se a Espanha (11,3%), os Países Baixos (6,4%), a China (4,8%), o Brasil (3,4%), a Bélgica (3,1%) e a França (2,4%).

Entre os mercados de destino, em 2016 a primeira posição foi ocupada pela Espanha (72,4%), seguida de Portugal (19,2%), da Turquia (4,2%), da Itália (1,2%), dos EUA (1,1%) e de Marrocos (0,3%), países que no seu conjunto representaram 98,5% do total das exportações de Cabo Verde nesse ano.

Por Grupos de Produtos (ver conteúdo por capítulos do Sistema Harmonizado-SH em tabela anexa), destacaram-se em 2016 as importações do grupo “Agro-alimentares” (31,0% do total), seguido dos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (16,1%), “Químicos” (10,7%), “Minérios e metais” (10,6%), “Produtos acabados diversos” (9,6%) e “Energéticos” (8,9%).
Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (5,5%), “Madeira, cortiça e papel” (4,2%), “Têxteis e vestuário” (2,6%), “Calçado, peles e couros” (0,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2%).

Na vertente das exportações destacou-se aqui também o grupo “Agro-alimentares” (83,6%), essencialmente constituído por peixe, crustáceos, moluscos, e suas preparações.
Seguiran-se os grupos “Têxteis e vestuário” (10,4%), “Calçado, peles e couros” (5,7%), “Produtos acabados diversos”, designadamente brinquedos e jogos, e “Químicos” (0,1%), essencialmente constituído por produtos farmacêuticos.

3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde
A evolução das trocas comerciais de Portugal com Cabo Verde têm-se revestido de alguma irregularidade.
As importações, após uma descida entre 2004 e 2010, recuperaram a partir de então, situando-se desde 2013 num patamar acima do que ocupavam em 2000.
Por sua vez as exportações, que haviam aumentado a partir de 2005, registaram uma quebra entre 2010 e 2013, tornando-se tendencialmente crescentes a partir de então.

3.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, com um saldo positivo de 247,2 milhões de Euros em 2016.
No 1º Semestre de 2017 o saldo situou-se em cerca de 130 milhões de Euros, com uma taxa de crescimento de +13,3% face ao mesmo período do ano anterior.
Após um crescimento de cerca de +25% em 2013, face ao ano anterior, as importações mantiveram-se até 2016 em torno de um valor de 11 milhões de Euros.
No 1º Semestre de 2017 registou-se um acréscimo de +24,6% face ao semestre homólogo do ano anterior.
Por sua vez as exportações, que entre 2012 e 2015 se mantiveram numa faixa entre 200 e 215 milhões de Euros, acusaram em 2016 um acréscimo de +20,5%, aproximando-se de 260 milhões de Euros.
No 1º Semestre de 2017 verificou-se também um aumento face ao semestre homólogo do ano anterior, +13,8%.
Na sequência de um significativo desfasamento entre o valor das importações e das exportações de mercadorias, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é muito elevado.

3.2 – Importações por grupos de produtos
Ao longo dos últimos cinco anos, as importações portuguesas de mercadorias com origem em Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros”, “Agro-alimentares” e “Máquinas, aparelhos e partes”, este último com uma quebra acentuada em 2016.
No 1º Semestre de 2017, face ao semestre homólogo de 2016, verificou-se um acréscimo de +24,6% (+1,5 milhões de Euros), que ficou a dever-se a uma recuperação de importações inseridas no grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (+1,9 milhões de Euros), que haviam registado uma descida significativa em 2016, que englobam partes de guindastes, pontes rolantes, pórticos, “bulldozers”, niveladoras, máquinas de terraplanagem, de nivelamento e semelhantes.
Neste 1º Semestre assistiu-se a descidas em todos os restantes grupos de produtos, à excepção da “Madeira, cortiça e papel” e “Aeronaves, embarcações e partes”, com peso pouco significativo.
Os grupos mais importantes, “Têxteis e vestuário” e “Calçado, peles e couros”, embora com pequenas descidas, mantiveram praticamente os mesmos níveis de valor.

3.3 – Exportações por grupos de produtos
Os grupos de produtos com maior peso nas exportações são “Agro-alimentares”, “Máquinas aparelhos e partes”, “Minérios e metais”, “Químicos” e “Produtos acabados diversos”.

No 1º Semestre de 2017 as exportações de produtos “Agro-alimentares” incidiram principalmente em óleos alimentares, como óleo de soja e azeite, em cerveja,  vinhos, leite e lacticínios, frutas, preparações de produtos hortícolas e de frutas, preparações à base de cereais e produtos de pastelaria, legumes em grão, carnes, miudezas comestíveis e enchidos, farinhas e outros produtos da moagem.
No grupo “Máquinas, aparelhos e partes” destacaram-se, entre as máquinas e aparelhos ditos mecânicos, as exportações de aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases, bombas para líquidos, torneiras e válvulas, bombas de ar ou vácuo, refrigeradores e congeladores, computadores, impressoras, aparelhos de ar condicionado, aparelhos diversos para tratamento de matérias por mudança de temperatura e aparelhos de elevação, como elevadores, tapetes rolantes, guindastes e pórticos. Entre as máquinas e aparelhos eléctricos sobressaíram os quadros e cabinas, os telefones, os fios e cabos eléctricos, os transformadores e conversores, os aparelhos de interrupção, seccionamento, protecção e suas partes, os grupos electrogéneos, os monitores e os televisores.
No grupo “Minérios e metais” de referir o ferro fundido, ferro, aço e suas obras, a pedra, gesso, cal e cimento, o alumínio e suas obras e obras diversas de metais comuns.
No grupo “Químicos” exportaram-se principalmente plásticos e suas obras, produtos farmacêuticos, tintas e vernizes, produtos de perfumaria e cosmética, sabões, ceras e velas, e borracha e suas obras, entre outros.
Entre os “Produtos acabados diversos” assumiram relevância os aparelhos de óptica, de fotografia, de medida, de precisão e para medicina, o mobiliário, colchões, almofadas e candeeiros, e o vidro e suas obras.
Seguiram-se, por ordem decrescente de valor, os grupos “Madeira, cortiça e papel”, “Material de transporte terrestre e partes”, “Têxteis e vestuário”, “Energéticos”, “Calçado, peles e couros” e “Aeronaves, embarcações e partes”.
23 de Outubro de 2017.
ANEXO






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