Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com Cabo Verde
-2012 a 2016 e 1º Semestre de 2017 -
(disponível para download > aqui )
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1 – Nota introdutória
São pouco
expressivas as exportações de Cabo Verde, centradas que são em produtos do mar,
calçado e vestuário. Entre 2000 e 2008 Portugal foi o principal país de
destino, tendo passado ao segundo lugar, depois da Espanha, a partir de 2009,
excepção feita ao ano de 2015. As importações portuguesas com esta origem
resumiram-se a apenas 0,1% dos fornecimentos do conjunto dos países terceiros
em 2016 e 1º Semestre de 2017.
Na
vertente das importações em Cabo Verde, foi Portugal o primeiro fornecedor
entre 2000 e 2016. Neste último ano Cabo Verde ocupou a 11ª posição nas
exportações portuguesas para o espaço extracomunitário, subindo ao 9º lugar no
1º Semestre de 2017.
Cabo
Verde foi em 1996 um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação
em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o
levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens
e serviços entre os seus actuais nove membros.
Em 2016
Cabo Verde ocupou a 5ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto
dos seus parceiros na CPLP (0,6%), precedido do Brasil, Angola, Guiné
Equatorial e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações portuguesas para esta
Comunidade (9,6%), depois de Angola e do Brasil.
Para além de um breve conjunto de
dados sobre o comércio internacional de Cabo Verde face ao mundo, de fonte Instituto Nacional de Estatística de Cabo
Verde, vai-se neste trabalho analisar, com algum detalhe, a evolução das
importações e exportações de mercadorias entre Portugal e Cabo Verde ao longo
dos últimos cinco anos (2012 a 2016) e no 1º Semestre de 2017 e semestre homólogo
do ano anterior, com base em dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de
Portugal (INE), com última actualização em 9 de Outubro de 2017.
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Cabo Verde
O ritmo de “crescimento” em valor das importações e das exportações cabo-verdianas
desde o início do século, tendencialmente crescente, tem-se rodeado de alguma
irregularidade, tendo registado a importação uma quebra em 2012, seguida de
alguma desaceleração.
De acordo com dados provisórios
divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, em escudos de
Cabo Verde aqui convertidos em Euros, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif)
de Cabo Verde foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com um saldo negativo
da ordem dos -500 milhões de Euros.
As importações aqui consideradas não incluem mercadorias entradas em
regime temporário nem as que retornam ao país depois de expedidas em regime temporário
(reimportação). Por sua vez, nas exportações não se encontram incluídas
as mercadorias saídas temporariamente, as mercadorias reexportadas nem as nacionais
e nacionalizadas destinadas à navegação nacional.
Em 2016 as importações cresceram
+10,5% face ao ano anterior, com as exportações a decrescerem -10,2%, o que
conduziu a um aumento do défice de +13,1%, ao situar-se em -548 milhões de
Euros, com um grau de cobertura das importações pelas exportações de 9,0%.
Portugal,
a principal origem das importações
de Cabo Verde ao longo do último quinquénio, representou 46,5% das importações
caboverdianas em 2016.
Entre
os restantes fornecedores destacaram-se a Espanha (11,3%), os Países Baixos
(6,4%), a China (4,8%), o Brasil (3,4%), a Bélgica (3,1%) e a França (2,4%).
Entre os
mercados de destino, em 2016 a primeira posição foi ocupada pela Espanha
(72,4%), seguida de Portugal (19,2%), da Turquia (4,2%), da Itália (1,2%), dos
EUA (1,1%) e de Marrocos (0,3%), países que no seu conjunto representaram 98,5%
do total das exportações de Cabo Verde nesse ano.
Por
Grupos de Produtos (ver conteúdo por
capítulos do Sistema Harmonizado-SH em tabela anexa), destacaram-se em 2016
as importações do grupo “Agro-alimentares” (31,0% do total),
seguido dos grupos “Máquinas, aparelhos e
partes” (16,1%), “Químicos”
(10,7%), “Minérios e metais” (10,6%),
“Produtos acabados diversos” (9,6%) e
“Energéticos” (8,9%).
Com menor
expressão alinharam-se depois os grupos “Material
de transporte terrestre e partes” (5,5%), “Madeira, cortiça e papel” (4,2%),
“Têxteis e vestuário” (2,6%), “Calçado,
peles e couros” (0,4%) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,2%).
Na
vertente das exportações destacou-se aqui também o grupo “Agro-alimentares” (83,6%), essencialmente constituído por peixe,
crustáceos, moluscos, e suas preparações.
Seguiran-se
os grupos “Têxteis e vestuário”
(10,4%), “Calçado, peles e couros”
(5,7%), “Produtos acabados diversos”,
designadamente brinquedos e jogos, e “Químicos”
(0,1%), essencialmente constituído por produtos farmacêuticos.
3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde
A
evolução das trocas comerciais de Portugal com Cabo Verde têm-se revestido de
alguma irregularidade.
As
importações, após uma descida entre 2004 e 2010, recuperaram a partir de então,
situando-se desde 2013 num patamar acima do que ocupavam em 2000.
Por sua
vez as exportações, que haviam aumentado a partir de 2005, registaram uma
quebra entre 2010 e 2013, tornando-se tendencialmente crescentes a partir de
então.
3.1 – Balança Comercial
A Balança
Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, com um
saldo positivo de 247,2 milhões de Euros em 2016.
No 1º
Semestre de 2017 o saldo situou-se em cerca de 130 milhões de Euros, com uma
taxa de crescimento de +13,3% face ao mesmo período do ano anterior.
Após um
crescimento de cerca de +25% em 2013, face ao ano anterior, as importações
mantiveram-se até 2016 em torno de um valor de 11 milhões de Euros.
No 1º
Semestre de 2017 registou-se um acréscimo de +24,6% face ao semestre homólogo
do ano anterior.
Por sua
vez as exportações, que entre 2012 e 2015 se mantiveram numa faixa entre 200 e
215 milhões de Euros, acusaram em 2016 um acréscimo de +20,5%, aproximando-se
de 260 milhões de Euros.
No 1º
Semestre de 2017 verificou-se também um aumento face ao semestre homólogo do
ano anterior, +13,8%.
Na
sequência de um significativo desfasamento entre o valor das importações e das
exportações de mercadorias, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é
muito elevado.
3.2 – Importações por grupos de produtos
Ao longo
dos últimos cinco anos, as importações portuguesas de mercadorias com origem em
Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado,
peles e couros”, “Agro-alimentares”
e “Máquinas, aparelhos e partes”, este
último com uma quebra acentuada em 2016.
No 1º
Semestre de 2017, face ao semestre homólogo de 2016, verificou-se um acréscimo
de +24,6% (+1,5 milhões de Euros), que ficou a dever-se a uma recuperação de
importações inseridas no grupo “Máquinas,
aparelhos e partes” (+1,9 milhões de Euros), que haviam registado uma
descida significativa em 2016, que englobam partes de guindastes, pontes
rolantes, pórticos, “bulldozers”, niveladoras, máquinas de terraplanagem, de nivelamento
e semelhantes.
Neste 1º
Semestre assistiu-se a descidas em todos os restantes grupos de produtos, à
excepção da “Madeira, cortiça e papel”
e “Aeronaves, embarcações e partes”, com
peso pouco significativo.
Os grupos
mais importantes, “Têxteis e vestuário” e
“Calçado, peles e couros”, embora com pequenas descidas, mantiveram
praticamente os mesmos níveis de valor.
3.3 – Exportações por grupos de produtos
Os grupos
de produtos com maior peso nas exportações são “Agro-alimentares”, “Máquinas
aparelhos e partes”, “Minérios e metais”,
“Químicos” e “Produtos acabados diversos”.
No 1º
Semestre de 2017 as exportações de produtos “Agro-alimentares”
incidiram principalmente em óleos alimentares, como óleo de soja e azeite, em cerveja,
vinhos, leite e lacticínios, frutas,
preparações de produtos hortícolas e de frutas, preparações à base de cereais e
produtos de pastelaria, legumes em grão, carnes, miudezas comestíveis e
enchidos, farinhas e outros produtos da moagem.
No grupo “Máquinas, aparelhos e partes” destacaram-se,
entre as máquinas e aparelhos ditos mecânicos, as exportações de aparelhos para
filtrar ou depurar líquidos ou gases, bombas para líquidos, torneiras e
válvulas, bombas de ar ou vácuo, refrigeradores e congeladores, computadores,
impressoras, aparelhos de ar condicionado, aparelhos diversos para tratamento
de matérias por mudança de temperatura e aparelhos de elevação, como
elevadores, tapetes rolantes, guindastes e pórticos. Entre as máquinas e
aparelhos eléctricos sobressaíram os quadros e cabinas, os telefones, os fios e
cabos eléctricos, os transformadores e conversores, os aparelhos de
interrupção, seccionamento, protecção e suas partes, os grupos electrogéneos, os
monitores e os televisores.
No grupo “Minérios e metais” de referir o ferro
fundido, ferro, aço e suas obras, a pedra, gesso, cal e cimento, o alumínio e
suas obras e obras diversas de metais comuns.
No grupo “Químicos” exportaram-se principalmente
plásticos e suas obras, produtos farmacêuticos, tintas e vernizes, produtos de
perfumaria e cosmética, sabões, ceras e velas, e borracha e suas obras, entre
outros.
Entre os “Produtos acabados diversos” assumiram
relevância os aparelhos de óptica, de fotografia, de medida, de precisão e para
medicina, o mobiliário, colchões, almofadas e candeeiros, e o vidro e suas
obras.
Seguiram-se,
por ordem decrescente de valor, os grupos “Madeira,
cortiça e papel”, “Material de
transporte terrestre e partes”, “Têxteis
e vestuário”, “Energéticos”, “Calçado, peles e couros” e “Aeronaves, embarcações e partes”.
23 de Outubro de 2017.
ANEXO