Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(1º Semestre de 2017 e 2018)
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1 – Nota introdutória
Portugal é
detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE), com
mais de 1,7 milhões de Km2, aguardando-se uma decisão das Nações
Unidas sobre uma proposta de extensão da sua plataforma continental das 200
para as 350 milhas apresentada em Maio de 2009 que, a ser aceite, alargaria a
ZEE nacional para mais de 3 milhões de Km2.
Apesar da
enorme extensão já disponível, a balança comercial da pesca, preparações, conservas
e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações um valor
duplo das exportações.
No
presente trabalho pretende-se analisar a evolução destas trocas comerciais com
o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística para o 1º Semestre de 2017 e 2018, ambos ainda em versão
preliminar, com uma última actualização em 9 de Agosto de 2018.
2- Peso do sector no comércio internacional global
De
acordo com os dados disponíveis, as importações portuguesas de produtos da
pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, representaram 3,1% das
importações globais no 1º Semestre de 2018 (3,0% no semestre homólogo de 2017)
e 1,8% das exportações no período em análise nos dois anos.
3 – Balança Comercial
De acordo com os dados disponíveis, a balança comercial
da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar foi deficitária no 1º
Semestre de 2017 e 2018, com défices de -534 milhões de Euros em 2017 e -603
milhões em 2018, e um grau de cobertura das importações pelas exportações inferior
a 50%.
Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas
duas vertentes comerciais, o “Peixe”,
os “Crustáceos, moluscos e outros
invertebrados aquáticos” e as “Conservas
de peixe, crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, nos
dois anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais de produtos do
mar.
O único agregado, entre os sete
considerados, em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal no 1º
Semestre de 2017 e 2018 foi o de “Conservas
de peixe, crustáceos e moluscos”.
4 – Importações
As importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações,
conservas e outros produtos do mar cresceram +9,3% no 1º Semestre de 2018, face ao semestre homólogo do ano anterior
(+96,6 milhões de Euros). Os maiores aumentos incidiram nos “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados
aquáticos“ (com um peso de 25,7% no total e um acréscimo de +50,9 milhões
de Euros) e no “Peixe” (64,1% do
Total, com +46,0 milhões).
Nas
importações do primeiro destes itens (16,7% do Total) destacam-se as de ‘moluscos em qualquer estado, excluindo
conservas’, que registaram um acréscimo de +44,9 milhões de Euros face ao
mesmo período do ano anterior.
Nas
importações de “Peixe”, o maior peso no 1º Semestre de 2018 coube ao ‘peixe congelado excluindo filetes e
conservas’ (23,6% do Total, com um acréscimo de +21,5 milhões de Euros),
seguido do ‘peixe seco, salgado, em
salmoura ou fumado’ (18,4% do Total e +7,3 milhões) e do ‘peixe fresco e refrigerado, excluindo
filetes’ (15,4% do Total e +4,4 milhões de Euros)
Nas importações de “Peixe seco, salgado, em salmoura ou fumado”, assumem particular
relevância as de bacalhau, que será adiante objecto de análise mais pormenorizada.
4.1 – Mercados de origem
Em termos globais, no 1º Semestre de 2018 os
principais fornecedores destes produtos foram a Espanha (34,9%), a Suécia (12,5%),
os Países Baixos (9,8%), a Rússia (4,7%), a China (4,4%), a Índia (2,8%) e a Dinamarca
(2,7%), conjunto de países fornecedores de mais de 70% do total importado por
Portugal neste período.
5 – Exportações
As Exportações
cresceram +5,5% em termos homólogos (+27,9 milhões de Euros). Este aumento centrou-se
em “Crustáceos, moluscos e outros
invertebrados aquáticos“, com um peso de 30,7% no total e um acréscimo de +27,8
milhões. Os fornecimentos de “Conservas
de peixe, crustáceos e moluscos” (23,6% do Total), registaram um aumento de
6,9 milhões de Euros. As exportações de “Peixe”
(43,4% do Total) acusaram uma quebra (-4,2%, -10,3 milhões), com principal
incidência no ‘peixe fresco ou
refrigerado’ e nos ‘filetes e outra
carne de peixe’.
5.1 – Mercados de destino
Também do
lado das exportações é a Espanha o principal mercado de destino, com mais de
metade do total no 1º Semestre de 2018 (50,9%). Seguiram-se a Itália (13,0%), a
França (9,8%) e o Brasil (6,8%), representando estes quatro países mais de 80%
das exportações efectuadas neste período.
6 – Importação e exportação de sardinha
São
conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em
que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à
acentuada redução do “stock” de
sardinha verificada ao longo da última década, havendo mesmo um parecer científico
do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselha a sua
proibição em 2019.
No 1º
Semestre de 2018 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha fresca,
refrigerada ou congelada de -39,4% em quantidade, em termos homólogos, e a uma
redução na exportação da mesma ordem de grandeza, -39,1%, sendo o grau de
cobertura das importações pelas exportações inferior a 50% nos dois períodos em
análise.
As
principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais
conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas
exportações), que registaram uma descida em quantidade de -19,6%.
No 1º
Semestre de 2018 o principal mercado de origem em Portugal das importações de
sardinha fresca, refrigerada ou congelada foi a Espanha (69,1%), seguida de
Marrocos (17,7%), Reino Unido (4,6%), Croácia (4,1%), Países Baixos (2,9%) e
França (1,3%).
Por sua
vez, o principal mercado de destino das exportações de conservas de sardinha
foi a França (33,9%), seguida do Reino Unido (11,8%), da Áustria (10,0%), dos EUA
(6,7%), da Espanha (6,4%), da Bélgica (6,0%) e da Alemanha (4,8%).
7 – Importação e exportação de bacalhau
Cerca de 28%
das importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e
outros produtos do mar reportam-se a bacalhau nos seus variados estados.
Entre os
vários tipos de bacalhau importados destaca-se o ‘seco, salgado, em salmoura ou
fumado’, seguido do ‘bacalhau congelado (excluindo filetes)’.
A
principal origem da importação de bacalhau neste 1º Semestre foi a Suécia
(38,1% do Total em 2018 e 39,3% em 2017), seguida dos Países Baixos (24,9% e
32,0%, respectivamente) e da Rússia (16,6% e 8,5%).
Sabe-se
que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na
Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos
disponíveis apontam para um fornecimento de apenas 48 toneladas no 1º Semestre
de 2018, contra mais de 20 000 toneladas provenientes da Suécia, não se
encontrando registadas importações com origem norueguesa no semestre homólogo
de 2017.
Tudo
indica que a prevalência da Suécia entre os principais fornecedores de Portugal
contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a
Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.
No 1º
Semestre de 2017 e 2018 Portugal exportou, em cada um dos anos, 9,3 mil
toneladas de bacalhau, principalmente ‘congelado excluindo filetes’ e ‘seco,
salgado, em salmoura ou fumado’, tendo sido os principais destinatários o
Brasil, a França e a Espanha.
8 – Taxas de variação homóloga em valor, volume e
preço
das importações e exportações
dos produtos do mar
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados depois como
deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de
volume, foram calculados a partir de dados de base divulgados pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) para o 1º semestre de 2018, em primeira versão
preliminar, sendo também ainda preliminar a versão dos correspondentes dados utilizados
para 2017.
Para o
cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da
Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e exportações destes
produtos, foram agregadas em sete agrupamentos.
Os
índices de preço de cada agrupamento foram obtidos a partir de uma primeira
amostra automática construída com base nos produtos a 8 dígitos da NC com
movimento nos dois anos, dentro de um intervalo definido por métodos
estatísticos.
Seguiu-se
uma análise crítica, que incluiu a desagregação por mercados de origem e de
destino de posições pautais com peso relativo relevante que se encontravam fora
do intervalo, incluindo-se na amostra aquelas que apresentavam um comportamento
coerente na proximidade do intervalo encontrado.
De
acordo com os cálculos efectuados, no 1º Semestre de 2018, face ao semestre
homólogo de 2017, as importações cresceram em preço +0,6% e as exportações +0,9%,
com as importações a crescerem em volume +8,7% e as exportações +5,6%.
Nos
quadros seguintes pode observar-se a evolução das importações e das exportações
dos produtos do mar em valor, volume e preço, dos sete agregados de produtos
considerados.
Alcochete, 31 de Agosto de 2018.
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