Comércio internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(Janeiro a Setembro de 2017 e 2018)
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1 – Nota introdutória
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10
de Dezembro de 1982, os países costeiros têm direito a declarar uma zona económica exclusiva (ZEE) de espaço marítimo para além das
suas águas territoriais, na qual têm prerrogativas na utilização dos recursos do leito do mar, fundos marinhos e seu subsolo, com
responsabilidade na sua gestão ambiental.
Portugal é detentor de uma
das maiores Zonas Económicas Exclusivas
(ZEE), a nível europeu e mundial, com mais de 1,7 milhões de Km2,
compreendendo três subáreas: Continente (287,5 mil Km2), Açores (930,7
mil Km2) e Madeira (442,2 mil Km2). Aguarda-se uma
decisão das Nações Unidas sobre uma proposta de extensão da sua plataforma continental
das 200 para as 350 milhas, apresentada em Maio de 2009, que a ser aceite
alargará a ZEE nacional para mais de 3 milhões de Km2.
Apesar
da enorme extensão já hoje disponível, a balança comercial da pesca, preparações,
conservas e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações
um valor duplo do das exportações. No presente trabalho pretende-se analisar a
evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base
divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística para o os primeiros nove
meses de 2017 (versão provisória) e 2018 (versão preliminar), com última
actualização em 9 de Novembro de 2018.
2- Peso do sector no comércio internacional
global
De acordo com os dados disponíveis, as importações de produtos da pesca, preparações,
conservas e outros produtos do mar, representaram 3,0% das importações globais
no período de Janeiro a Setembro de 2018 (3,1% em 2017) e 1,8% das exportações (1,9%
no mesmo período de 2017).
3 – Balança Comercial
A balança comercial destes produtos do mar foi
deficitária nos primeiros nove meses dos anos em análise, com défices de -812
milhões de Euros em 2017 e -859 milhões em 2018 e um grau de cobertura das
importações pelas exportações inferior a 50%.
Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas
duas vertentes comerciais, o “Peixe”,
os “Crustáceos, moluscos e outros
invertebrados aquáticos” e as “Conservas
de peixe, crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, nos
dois anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais de produtos do
mar.
O único agregado, entre os sete considerados, em
que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.
Em Anexo
apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial destas componentes
desagregadas por produtos da NC e quantidades transaccionadas.
4 – Importações
As importações do conjunto destes produtos cresceram +4,0% nos
primeiros nove meses de 2018, face ao mesmo período do ano anterior (+64,7
milhões de Euros), tendo os maiores aumentos incidido nas importações de “Peixe” (62,1% do total e +35,0 milhões
de Euros) e de “Crustáceos, moluscos e
outros invertebrados aquáticos“ (26,8% no total e um acréscimo de +31,4
milhões de Euros).
Nestas
importações assumem particular relevância as de bacalhau, nos seus diversos
estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.
4.1 – Mercados de origem
Em termos globais, no período de Janeiro a Setembro
de 2018 os principais fornecedores destes produtos foram a Espanha (36,6%), a
Suécia (11,0%), os Países Baixos (8,7%), a China (4,6%), a Rússia (4,0%), a
Dinamarca (2,9%), a Índia (2,5%), a Grécia (2,3%) e o Vietname (2,0%), conjunto
de países fornecedores de cerca de 75% do total importado por Portugal neste período.
5 – Exportações
As Exportações
cresceram +2,3% em termos homólogos (+17,8 milhões de Euros). Este aumento centrou-se
em “Crustáceos, moluscos e outros
invertebrados aquáticos“, 30,8% no total e um acréscimo de +25,4 milhões de
Euros.
Os
fornecimentos de “Conservas de peixe, crustáceos
e moluscos” (22,3% do Total), registaram um aumento de 4,7 milhões de Euros.
Por sua vez, as exportações de “Peixe”
(44,6% do Total) acusaram uma quebra (-4,5%, -17,0 milhões de Euros), com principal
incidência no ‘peixe fresco ou
refrigerado’ e nos ‘filetes e outra
carne de peixe’.
5.1 – Mercados de destino
Também do
lado das exportações é a Espanha o principal mercado de destino, com mais de
metade do total em 2018 (51,7%). Seguiram-se a Itália (13,6%), a França (9,4%)
e o Brasil (6,6%), representando estes quatro países mais de 80% das
exportações efectuadas n0 período em análise.
6 – Importação e exportação de sardinha
São
conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em
que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à
acentuada redução do “stock” de sardinha
verificada ao longo da última década, havendo mesmo um parecer científico do
Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselha a sua
proibição em 2019.
Nos
primeiros nove meses de 2018 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha
fresca, refrigerada ou congelada de -28,0% em quantidade, em termos homólogos,
e a uma redução na exportação de -36,5%, sendo o grau de cobertura do valor das
importações pelas exportações de 64,4% em 2017 e de 77,3% em 2018.
As principais
exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um
elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que
registaram uma descida em quantidade de -21,4%.
No período
de Janeiro a Setembro de 2018 o principal mercado de origem das importações de
sardinha fresca, refrigerada ou congelada foi a Espanha (70,9%), seguida de
Marrocos (20,3%), do Reino Unido (3,2%), da Croácia (2,7%), dos Países Baixos (1,7%) e da França (1,1%).
Os principais formecedores de conservas de sardinha
foram Marrocos (43,2% em 2018 e 64,9% em 2017) e a Espanha (respectivamente 42,3%
e 34,2%). Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi a
França (36,2%), seguida do Reino Unido (10,3%), da Áustria (8,5%), dos EUA (6,8%),
da Bélgica (6,1%), da Espanha (5,7%) e da Alemanha (5,4%).
7 – Importação e exportação de bacalhau
Cerca de 1/4
das importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e
outros produtos do mar reportam-se a bacalhau, nos seus variados estados.
Entre os
vários tipos de bacalhau importados destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’, seguido do ‘Congelado (excluindo filetes)’.
A
principal origem da importação de bacalhau no período em análise foi a Suécia (37,5%
do Total em 2018 e 37,7% em 2017), seguida dos Países Baixos (23,1% e 30,0%,
respectivamente) e da Rússia (15,8% e 9,3%).
Sabe-se
que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na
Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis
apontam para um fornecimento de apenas 115 toneladas nos primeiros 9 meses de 2018
(fornecimento nulo em 2017), contra mais de 25 000 toneladas provenientes
da Suécia em cada um dos anos.
Tudo
indica que a prevalência da Suécia entre os principais fornecedores de Portugal
contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a
Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.
No período
de Janeiro a Setembro de 2017 e 2018 Portugal exportou, em cada um dos anos, 14,1
mil toneladas de bacalhau, principalmente ‘Congelado
(excluindo filetes)’ e ‘Seco,
salgado, em salmoura ou fumado’, tendo sido os principais destinatários o Brasil,
a Espanha e a França.
8 – Taxas de variação homóloga em valor, volume e
preço
das importações e exportações
dos produtos do mar
Os
índices de preço, do tipo Paasche,
utilizados depois como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos
correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base
divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de
Janeiro a Setembro de 2018, em primeira versão preliminar, sendo ainda provisória
a versão dos correspondentes dados utilizados para 2017.
Para o cálculo
dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura
Combinada (NC-8), relativas às importações e exportações destes produtos, foram
agregadas em sete agrupamentos.
Os índices
de preço de cada agrupamento foram obtidos a partir de uma primeira amostra
automática construída com base nos produtos a 8 dígitos da NC com movimento nos
dois anos, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos.
Seguiu-se
uma análise crítica, que incluiu a desagregação por mercados de origem e de
destino de posições pautais com peso relativo relevante que se encontravam fora
do intervalo, incluindo-se na amostra aquelas que apresentavam um comportamento
coerente na proximidade do intervalo encontrado.
De acordo
com os cálculos efectuados, entre os dois anos as importações cresceram em preço
+2,7% e as exportações +4,5%, com as importações a aumentarem em volume +1,3% e
as exportações a decrescerem -2,1%.
Nos
quadros seguintes pode observar-se a evolução das importações e das exportações
dos produtos do mar em valor, volume e preço, nos sete agregados de produtos considerados.
Alcochete, 4 de Dezembro de 2018.
ANEXOS
Quadros e gráficos com a balança comercial das componentes
desagregadas
por produtos NC e quantidades transacionadas
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