quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Comércio Internacional Portugal-África (2016-2017)



Comércio internacional de mercadorias 
 de Portugal com África
(2016-2017)
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1 - Balança Comercial
De acordo com dados de base veiculados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para os anos de 2016 e 2017, em 2017, o comércio internacional de mercadorias de Portugal com o conjunto dos 59 países africanos representou 8,0% das exportações totais (8,3% em 2016) e 3,0% das importações (3,5% em 2016). Face ao conjunto dos países terceiros, o seu peso foi, respectivamente, 30,7% (33,2% em 2016) e 12,6% (15,9% em 2016). 
Neste trabalho os países africanos estão agrupados em três componentes: África do Norte (28,3% das importações portuguesas de África e 31,7% das exportações em 2017), Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) (16,3% e 54,4%, respectivamente) e Outros África (55,4% e 13,9%).

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com África foi favorável a Portugal nos dois últimos anos, tendo sido positivo o saldo com os países da África do Norte e com os PALOP e deficitária a balança com os Outros África.

Em 2017 o maior saldo positivo verificou-se com Angola (+1508 milhões de Euros) e o maior défice com a Guiné Equatorial (-382 milhões).

2 – Principais destinos e origens das trocas de mercadorias
      entre Portugal e África
2.1 - Destinos das exportações
Entre os países da África do Norte, que representaram 31,7% do total das exportações portuguesas para África em 2017, com uma taxa de variações homóloga (TVH), face ao ano anterior, de -8,4%, as maiores exportações incidiram em Marrocos (52,7% da região e 16,7% do conjunto dos países africanos, com TVH de +2,6%), seguido da Argélia, da Tunísia e do Egipto. A quebra em valor ficou a dever-se a decidas nas exportações para a Argélia (-36,2%) e para a Líbia (-52,1%).
Entre os PALOP, que representaram 54,4% das exportações para África em 2017 com uma TVH de +12,5% face ao ano anterior, o destaque vai para Angola (40,9% das exportações para África, 75,0% dos PALOP e TVH +19,0%), seguida de Cabo Verde e de Moçambique.
No conjunto dos Outros África (13,9% do total do continente), destacaram-se, por ordem decrescente de valor, a África do Sul, a grande distância dos restantes, o Gana, a Costa do Marfim, o Senegal, os Camarões, a Nigéria, o Quénia, a Guiné, o Burkina Faso, a Guiné Equatorial e a Mauritânia.

Do quadro seguinte constam as quotas de mercado das exportações portuguesas nos principais mercados de destino africanos, bem como a taxa de variação homóloga das importações globais em cada um dos países entre 2016 e 2017 e correspondentes taxas de variação das exportações portuguesas.

2.2 - Origens das importações
Entre os países da África do Norte, que representaram 28,3% das importações portuguesas oriundas da África, destacaram-se em 2017 a Argélia e Marrocos, seguidas do Egipto e da Tunísia.
Nas importações com origem nos PALOP, 16,3% do total África, predominou Angola, a grande distância de Moçambique e de Cabo Verde. As importações provenientes de Angola registaram em 2017 uma quebra de -65,6% face ao ano anterior.
As importações provenientes dos Outros África cresceram +67,1% entre 2016 e 2017, tendo representado 55,4% do total África, contra 31,6% no ano anterior. Os fornecimentos da Guiné Equatorial saltaram de 87,6 para 394,5 milhões de Euros, ocupando a primeira posição, que no ano anterior era ocupada pela África do Sul, apesar de as importações com esta origem terem crescido +40,0%. Aumentos importantes ocorreram também nos três países seguintes no “ranking”, os Camarões (+36,1%), o Congo (+1019,9%) e a Nigéria (+654,7%).

Em anexo apresentam-se quadros com os destinos e origens das exportações e importações dos 59 países, em valor, TVH e estrutura, em 2016 e 2017 (Anexos 1 e 2).
3 – Exportações portuguesas para África por grupos de produtos
Os grupos de produtos (ver definição do conteúdo no Anexo 3) com maior peso nas exportações portuguesas de mercadorias para o conjunto dos países africanos foram, em 2017, “Máquinas” (19,1% do Total), “Agro-alimentares” (16,7%), “Minérios e metais” (15,2%) e “Químicos” (13,5%). Seguiram-se os grupos “Energéticos” (9,8%), “Produtos acabados diversos” (8,2%), ”Madeira, cortiça e papel” (7,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,3%), “Têxteis e vestuário” (3,8%), “Calçado, peles e couros” (1,5%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2%).

Decresceram, face ao ano anterior, as exportações de ”Aeronaves, embarcações e partes” (-14,1 milhões de Euros) e praticamente estabilizaram as de “Madeira, cortiça e papel”, tendo aumentado nos restantes grupos de produtos.
Os maiores acréscimos incidiram nos grupos “Químicos” (+78,5 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (+60,6 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+43,2 milhões de Euros).

África do Norte

Nas exportações para o conjunto dos países da África do Norte os grupos de produtos dominantes em 2017 foram ”Minérios e metais” (22,4% do Total), “Energéticos” (20,0%), “Madeira, cortiça e papel” (13,5%), “Máquinas” (13,4%) e “Químicos” (10,3%).
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (5,5%), “Produtos acabados diversos” (4,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,5%), “Agro-alimentares” (3,3%), “Calçado, peles e couros” (2,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).
Para a quebra global de -8,4% face ao ano anterior (-126,8 milhões de Euros), contribuíram principalmente os grupos de produtos “Máquinas” (-50,7 milhões), “Energéticos” (-48,7 milhões” e “Minérios e metais” (-47,0 milhões de Euros). Os maiores acréscimos ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre” (+24,2 milhões de Euros) e “Madeira, cortiça e papel” (+9,2 milhões). 

PALOP
Nas exportações para o conjunto dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) destacaram-se, em 2017, pelo seu peso relativo, os grupos de produtos “Agro-alimentares” (26,3% do Total), “Máquinas” (23,4%), “Químicos” (16,6%), “Produtos acabados diversos” (10,6%) e “Minérios e metais” (9,9%). Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (4,3%), “Têxteis e vestuário” (2,7%), “Energéticos” (2,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,2%), “Calçado, peles e couros” (1,2%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Em três dos onze grupos de produtos registaram-se quebras face ao ano anterior, designadamente em “Madeira, cortiça e papel” (-8,0 milhões de Euros), “Aeronaves, embarcações e partes” (-1,7 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-111 mil Euros).
Os maiores aumentos ocorreram nos grupos “Químicos” (66,1 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (56,5 milhões), “Máquinas” (54,4 milhões) e “Minérios e metais” (52,1 milhões de Euros). Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (+22,1 milhões), “Têxteis e vestuário” (+14,9 milhões), “Energéticos (+5 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+3,3 milhões).

Outros África
No conjunto dos restantes países, as exportações por grupos de produtos, em 2017, ordenaram-se da seguinte forma: “Minérios e metais” (19,4%), “Máquinas” (15,4%), “Energéticos” (14,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,5%), “Agro-alimentares” (9,3%), “Químicos” (8,5%), “Produtos acabados diversos” (7,2%), “Madeira, cortiça e papel” (6,8%), “Têxteis e vestuário” (4,7%), “Calçado, peles e couros” (0,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).

Decresceram, face a 2016, as exportações dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (-16,3 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (-5,0 milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-1,2 milhões).
O maior aumento ocorreu no grupo “Energéticos” (+58,0 milhões de Euros). Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+15,7 milhões), “Máquinas” (+12,9 milhões), “Minérios e metais” (+11,4 milhões), “Químicos” (+10,0 milhões), “Agro-alimentares” (+9,3 milhões), “Têxteis e vestuário” (+4,4 milhões) e “Calçado, peles e couros” (+617 mil Euros).

4 – Importações portuguesas de África por grupos de produtos

Mais de metade das importações portuguesas provenientes do conjunto dos países africanos reportam-se a produtos “Energéticos” (57,8% do total em 2017 e 63,0% em 2016). O segundo grupo com maior peso foi, em 2017, “Agro-alimentares” (20,9%). Com menor expressão seguiram-se os grupos “Químicos” (4,8%), “Têxteis e vestuário” (3,5%), “Máquinas” (3,3%), “Minérios e metais” (2,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,5%), “Madeira, cortiça e papel” (2,1%), “Calçado, peles e couros” (2,0%), “Produtos acabados diversos” (0,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Decresceram em 2017, face ao ano anterior, as importações dos grupos “Energéticos” (‑168,9 milhões de Euros), de “Máquinas” (-12,9 milhões), de “Madeira, cortiça e papel” (-8,2 milhões), de “Calçado, peles e couros” (-582 mil Euros) e de “Aeronaves, embarcações e partes” (-172 mil Euros).
Os maiores acréscimos verificaram-se mos grupos “Agro-alimentares” (+37,4 milhões de Euros), “Minérios e metais” (+30,5 milhões), “Químicos” (+12,8 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+4,4 milhões), “Produtos acabados diversos” (+4,0 milhões) e “Têxteis e vestuário” (+2,7 milhões de Euros).

África do Norte
Nas importações provenientes da África do Norte predominou o grupo “Energéticos” (53,3% do total em 2017 e 47,9% em 2016). Seguiram-se, em 2017, os grupos “Químicos” (12,0%), “Máquinas” (9,4%), “Agro-alimentares” (8,1%), “Calçado, peles e couros” (6,2%), “Têxteis e vestuário” (5,6%), “Minérios e metais” (5,5%), “Madeira, cortiça e papel” (3,1%), “Produtos acabados diversos” (1,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Os maiores decréscimos, entre os dois anos, ocorreram nos grupos “Energéticos” (-50,8 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (-4,8 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (-3,1 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,3 milhões) e “Máquinas” (-1,4 milhões”). Por sua vez, os maiores acréscimos incidiram nos grupos “Minérios e metais” (+19,9 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (+4,9 milhões) e “Químicos” (+2,7 milhões de Euros).

PALOP
Também no conjunto dos PALOP prevaleceu, nas importações, o grupo “Energéticos” (75,5% do Total em 2017 e 91,5% em 2016, seguido de “Agro-alimentares” (15,1%).
O peso dos restantes grupos oscilou entre apenas 1,8% e 0,2%.

Nas importações de produtos “Energéticos” registou-se uma acentuada quebra de -530,9 milhões de Euros, centrada em Angola.
Seguiram-se descidas nos grupos “Máquinas” (-1,9 milhões de Euros), “Têxteis e vestuário” (-1,7 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-784 mil euros) e “Minérios e metais” (-116 mil Euros).
O maior acréscimo nas importações ocorreu no grupo “Agro-alimentares” (+10,5 milhões de Euros), seguido dos grupos “Madeira, cortiça e papel” (+2,1 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+813 mil Euros) e “Químicos” (282 mil Euros).

Outros África
Com o grupo “Energéticos” ainda em destaque (57,8% do Total), seguiu-se em 2017, nas importações portuguesas provenientes dos países Outros África, o grupo “Agro-alimentares” (29,1%).

Com pesos muito inferiores, de referir os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (3,7%), “Têxteis e vestuário” (3,0%), “Químicos” (2,5%), “Madeira, cortiça e papel” (1,9%) e “Minérios e metais” (1,4%).
O maior acréscimo nas importações ocorreu no grupo “Energéticos” (+412,5 milhões de Euros), seguido dos grupos “Agro-alimentares” (+31,7 milhões), “Minérios e metais” (+10,8 milhões), “Químicos” (9,8 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (7,5 milhões” e “Têxteis e vestuário” (+4,6 milhões de Euros).

5 – Importações e exportações de “Energéticos” por mercados
Conforme se verifica, as importações portuguesas dominantes em cada um dos três conjuntos de países africanos considerados, incidem em sua grande parte no grupo de produtos “Energéticos”: África do Norte 47,9% em 2017; PALOP 75,5%; Outros África 57,8%.
Estas importações centram-se nos óleos brutos de petróleo, que representaram 97,2% do total dos fornecimentos de produtos “Energéticos” em 2016 (1,3 mil milhões de Euros) e 94,8% em 2017 (1,1 mil milhões).
Em 2017, as importações provenientes da África do Norte tiveram origem principalmente na Argélia, as dos PALOP em Angola e as dos Outros África na Guiné Equatorial, nos Camarões,  no Congo e na Nigéria.
Estes dois últimos países não haviam fornecido estes óleos em 2016, tendo por sua vez o Gabão e o Gana deixado de os exportar para Portugal em 2017.
Parte destes óleos, depois de transformados, são posteriormente exportados de Portugal para África, agora principalmente na forma de refinados de petróleo e óleos lubrificantes, que representaram 93,9% das exportações de produtos do grupo “Energéticos” em 2016 (390,9 milhões de Euros) e 94,8% em 2017 (408,6 milhões).
Estas exportações destinaram-se principalmente a Marrocos e à Tunísia, na África do Norte, à Guiné-Bissau e a Angola, entre os PALOP, e a Gana, Costa do Marfim, Tanzânia e Togo, entre os Outros África.



                   Alcochete, 23 de Dezembro de 2018.


Anexo 1

Anexo 2



Anexo 3







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