quarta-feira, 17 de julho de 2019

Comércio Internacional de Têxteis e Vestuário (2008-2018)


Comércio Internacional 
de Têxteis e Vestuário
(2008-2018)
                                                   (disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória
O comércio externo do conjunto dos produtos tradicionais “Têxteis” e “Vestuário”, que registou um forte incremento após a Adesão às Comunidades, sofreu uma quebra significativa a partir de 2004 com o desmantelamento do “Acordo Multifibras” (Janeiro de 2005), em conformidade com as regras da “Organização Mundial de Comércio” (OMC), e consequente aumento da competição chinesa no sector, a que a indústria reagiu apostando na qualidade, na inovação e no “design”, com criação de valor acrescentado. Estes produtos continuam assim a ter uma importante posição no contexto das exportações, com grande interligação com as importações ao nível das matérias-primas necessárias para a indústria exportadora, tendo representado 9,2% do total das exportações em 2018 (contra 16,2% em 2003) e 5,7% das importações (7,4% em 2003). 



No presente trabalho, que cobre o período de 2008 a 2018, os produtos “Têxteis”, vão ser divididos em quatro componentes: “Fibras e Fios”, “Tecidos”, “Têxteis-Lar” e “Outros têxteis”.
Por sua vez, no “Vestuário” vão ser consideradas duas categorias: “Vestuário de malha” e “Vestuário excepto de malha” (ver Anexo).
São aqui utilizados dados de base do “Instituto Nacional de Estatística”(INE) para os anos de 2008 a 2017 em versões definitivas e para 2018 em versão ainda preliminar.
2 – Balança Comercial do conjunto dos “Têxteis e Vestuário”
A balança comercial do conjunto dos produtos “Têxteis e Vestuário” é favorável a Portugal, com um saldo positivo da ordem dos mil milhões de Euros desde 2012.

3 – Comércio internacional dos “Têxteis”


Na última década o peso das importações de “Têxteis” na importação global, que em 2003, quando ainda vigorava o “Acordo Multifibras”, se situava em 4,5%, oscilou entre 2,5% em 2008 e 3,2% em 2016, decaindo nos dois anos seguintes, com 2,8% em 2018. Por sua vez o peso das exportações de “Têxteis” na exportação global, que era de 5,7% em 2003, oscilou entre 4,2%, em 2009, e 3,7% em 2012 e 2013, com este mesmo peso em 2018.
3.1 – Balança Comercial dos “Têxteis”


Entre 2008 e 2011 a balança comercial destes produtos foi deficitária, tornando-se o saldo ligeiramente positivo a partir de 2012, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a situar-se em 101,5% em 2018.
Neste ano face ao ano anterior, as importações de “Têxteis” cresceram +2,1% e as Exportações +2,7%, com um saldo positivo de +31 milhões de Euros
3.2 – Importação de “Têxteis” e suas componentes






Nestas importações predominam as de “Fibras e Fios” e as de “Tecidos”, grande parte destes utilizados na fabricação de vestuário para exportação, seguidos dos “Outros têxteis” e dos “Têxteis-Lar”.
Nos “Outros têxteis”, multo diversificados, destacaram-se em 2018, por ordem decrescente de valor, os tecidos impregnados ou revestidos com plástico, os falsos tecidos, os artefactos têxteis confecionados incluindo os moldes para vestuário, os produtos e artefactos de matérias têxteis para uso técnico, as fitas de fios ou fibras, os sacos para embalagem, os encerados, estores, tendas e outros artigos de campismo, as etiquetas e emblemas não bordados, produtos que representaram cerca de 75% do Total.
No mesmo ano, no âmbito dos “Têxteis-Lar” destacaram-se principalmente as importações de roupas de cama, mesa, toucador e cozinha, de tapetes e outros revestimentos têxteis para pavimentos, de cortinados e outros artefactos para guarnição de interiores, e de cobertores e mantas.
3.3 – Mercados de origem das importações de “Têxteis”

O principal mercado de origem das importações portuguesas de “Têxteis” é a Espanha, com uma quota de 18,2% em 2018 e uma quebra em valor de -9,4% face ao ano anterior. Seguiu-se a Itália (13,3% e TVH -0,2%) a Índia (9,9% e TVH +8,2%), a Alemanha (9,4% e TVH +10,0%), a China (9,0% e TVH +30,5%), a Turquia (6,9% e TVH +19,5), o Paquistão (6,1% e TVH +19,6%), a França (4,0% e TVH +1,1%), os Países Baixos (3,6% e TVH -26,6%), o Reino Unido (2,8% e TVH -6,0%) e a Bélgica (2,5% e TVH -39,2%).
3.4 – Exportação de “Têxteis” e suas componentes



Em 2018, nas exportações de “Têxteis” predominaram os “Têxteis-Lar” (32,2% do Total), seguidos dos “Outros têxteis” (30,1%), dos “Tecidos” (24,9%) e das “Fibras e Fios” (12,9%).

Entre os “Têxteis-Lar” destacaram-se, em 2018, as exportações de roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha (76,6% do Total), seguidas dos tapetes e outros revestimentos têxteis para pavimentos (11,9%) e dos cortinados e outros artefactos para guarnição de interiores (7,9%).
A componente “Outros têxteis” engloba produtos muito diversificados. Mais de metade destas exportações centraram-se em cordéis, cordas e cabos revestidos de borracha ou plástico e nos tecidos impregnados, revestidos ou recobertos com plástico. Seguiram-se os artefactos têxteis para usos técnicos, as telas para pneus, os tecidos com borracha, as redes de pesca e outras redes, os artefactos têxteis confeccionados incluindo os moldes para vestuário, as fitas de fios ou fibras, as etiquetas e emblemas não bordados e os encerados, estores, tendas e outros artigos de campismo, representado este conjunto de produtos cerca de 90% do Total exportado em 2008.
Entre os “Tecidos”, que entre 2008 e 2011 haviam ocupado a segunda posição, sobressaíram, entre muitos outros, os tecidos de fibras sintéticas, os tecidos de algodão, os tecidos especiais, como veludos e pelúcias, e os tecidos de malha.
No âmbito das “Fibras e Fios” destacaram-se as exportações de cabos de filamentos sintéticos, de fios de algodão não acondicionados para venda a retalho, de fibras sintéticas descontínuas não cardadas ou transformadas de outro modo para fiação, de fios de fibras sintéticas descontínuas não acondicionados, de fios de filamentos sintéticos incluindo monofilamentos, de fios de lâ penteada e de fibras sintéticas descontínuas cardadas ou transformadas para fiação, conjunto de produtos que representou mais de 80% das exportações de fibras e fios têxteis em 2018.
3.5 – Mercados de destino das exportações de “Têxteis”

Em 2018 o principal mercado de destino das exportações portuguesas de “Têxteis” foi a Espanha (19,4% do Total), seguida da França (11,4%), dos EUA (9,8%), da Alemanha (8,6%), do Reino Unido (6,6%, que em 2000 ocupava a 1ª posição no “ranking”) e da Itália (5,3%).
4 – Comércio internacional do “Vestuário”
Na última década o peso das importações de “Vestuário” na importação global oscilou entre 2,6%, em 2008, e 3,3%, em 2016, situando-se em 2,9% em 2018, o mesmo peso que detinha em 2003, em vésperas do termo do Acordo Multifibras.
Por sua vez o peso das exportações de “Vestuário” na exportação global, que em 2003 se situava em 10,5%, oscilou entre 6,8%, em 2009, e 2,8% em 2012, com 5,5% do Total em 2018.

4.1 – Balança Comercial do “Vestuário”


A balança comercial do “Vestuário” é favorável a Portugal, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações, tendo o seu saldo rondado os mil milhões de Euros entre 2012 e 2018.
Em 2018, face ao ano anterior, as importações de “Vestuário” cresceram +5,2% e as Exportações +1,0%, com um saldo positivo de +982 milhões de Euros
4.2 – Importação de “Vestuário” e suas componentes
As importações de “Vestuário” dividem-se praticamente em partes iguais entre “Vestuário de malha” e “Vestuário excepto de malha”.


Em 2018, face ao ano anterior, as importações de “Vestuário de malha” cresceram +5,7% e as de “Vestuário excepto de malha” +4,8%.
O ritmo de crescimento nominal anual das importações de “Vestuário”, que no período em análise atingiu em ambas as categorias de produtos o seu ponto mais baixo em 2012, cresceu sustentadamente a partir de então.


Entre o “Vestuário de malha” destacaram-se, em 2018, as importações de camisolas e pulôveres, cardigans e coletes”, de “T-shirts e camisolas interiores, de fatos, conjuntos, casacos, vestidos e saias, entre outros, para senhora, e de camisas para homem, seguidos das meias-calça e meias, incluindo para varizes, das combinações, calcinhas, roupões e robes, entre outros, para senhora, do vestuáro e seus acessórios para bebés e dos fatos, conjuntos, casacos, calças e calções, entre outros, para homem, produtos que no seu conjunto representaram mais de 80% do Total.

No mesmo ano, no âmbito do “Vestuário excepto de malha” predominaram as importações de fatos, conjuntos, vestidos, saias, entre outros, para senhora, de fatos, conjuntos, casacos, calças e calções, entre outros, para homem, de camiseiros e blusas para senhora, de asacos compridos, anoraques, blusões e semelhantes, para senhora, de camisas para homem e de sobretudos, anoraques, blusões e semelhantes para homem, produtos que no seu conjunto representaram também mais de 80% do Total.
4.3 – Mercados de origem das importações de “Vestuário”
O principal mercado de origem das importações portuguesas de “Vestuário” é também a Espanha, com a elevada quota de 52,8% em 2018 (55,6% em 2017), seguida da Itália (9,4%), da França (9,1%), da China (5,8%), da Alemanha (5,2%), dos Países Baixos (3,5%), do Bangladesh (2,8%), da Bélgica (2,4%), da Índia (1,7%), de Marrocos (1,5%), do Reino Unido (1,4%) e da Croácia (1,0%).

4.4 – Exportação de “Vestuário” e suas componentes

Nas exportações de “Vestuário” predomina o “Vestuário de malha”, que em 2018 pesou 69,5% do Total.

No período em análise o ritmo de crescimento nominal anual das exportações de “Vestuário” atingiu o seu ponto mais baixo em 2009, na sequência da crise que envolveu os mercados mundiais a partir de 2008, para se afirmar tendencialmente crescente a partir de então, com a principal componente a crescer sustentadamente até 2018, tendo o crescimento das exportações de “Vestuário excepto de malha” praticamente estabilizado a partir de 2015.

Entre o “Vestuário de malha” destacam-se, em 2018, as exportações de T-shirts e camisolas interiores, de camisolas e pulôveres, cardigans e coletes, de fatos, conjuntos, casacos, vestidos e saias, entre outros, para senhora, de meias-calça e meias incluindo para varizes, de camisas para homem e de fatos, conjuntos, casacos, calças e calções, entre outros, para homem, produtos que no seu conjunto representaram nesse ano cerca de 85% destas exportações.
Na componente “Vestuário excepto de malha” salientaram-se as exportações de fatos, conjuntos, casacos, vestidos, saias e outros, para senhora, de fatos, conjuntos, casacos, calças, calções e outros, para homem, de camisas para homem, de camiseiros e blusas para senhora e de fatos de treino para desporto, de macaco, de banho, de esqui, biquínis, calções e outro não especificado, produtos que no seu conjunto pesaram também cerca de 85% no total das exportações deste tipo de vestuário.
4.5 – Mercados de destino das exportações de “Vestuário”

O principal mercado de destino das exportações portuguesas de “Vestuário” é também a Espanha, com a elevada quota de 40,2% em 2018 (42,7% em 2017), seguida da França (13,2%), da Alemanha (8,3%), do Reino Unido (8,2%), da Itália (6,8%), dos Países Baixos (5,2%), dos EUA (3,6%) e da Suécia (2,5%). Com menos de 2% alinharam-se a Bélgica, a Dinamarca, a Suíça, a Áustria, Angola e a Finlândia. O conjunto destes países averbou 93,5% do total destas exportações”.
De acordo com estatísticas do “International Trade Centre” (ITC), consentâneas com as do INE no caso de Portugal, em 2018 o país terá ocupado a 23ª posição no “ranking” dos principais exportadores mundiais de “Vestuário”, com 0,8% do Total.
A primeira posição coube à China, incluindo Hong-Kong e Macau, com 32,8%, seguida do Bangladesh (7,7%), do Vietname (6,3%), da Alemanha (4,9%), da Itália (4,8%), da Índia (3,3%), da Turquia (3,2%) e da Espanha (3,1%), países que representaram 2/3 das exportações mundiais de “Vestuário” em 2018.

Alcochete, 12 de Julho de 2019.


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