1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), com última actualização em 9 de Junho de 2020, no período acumulado
de Janeiro a Abril de 2020, as exportações de mercadorias, face ao período
homólogo do ano anterior, decresceram em valor ‑12,2% (-2,4 mil milhões de
Euros), a par de uma quebra nas importações de -13,0% (-3,5 mil milhões). Estas
descidas reflectem quebras significativas verificadas nos meses de Março e
Abril, respectivamente -11,6% e -39,1% na importação, -12,7% e -39,8% na
exportação, em termos homólogos.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total corresponde
aqui ao somatório dos valores dos actuais 27 membros, incluindo provisões de bordo,
países não determinados e confidencialidade, registaram uma quebra de -13,3% (‑1,9
mil milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -9,6%
(‑551 milhões). Por sua vez, as importações vindas da UE (chegadas) diminuiram –15,7%
(-3,1 mil milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem
-5,2% (-365 milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -15,1% ao situar-se em -5,8
mil milhões de Euros (menos 1 milhão do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 1,2 mil milhões no comércio intracomunitário e um
aumento de 186 milhões no extracomunitário). Em termos globais, o grau de
cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,6%, em 2019,
para 75,3%, em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 422 para 362 Euros/Ton, com uma descida acentuada no mês de Abril.
Para além da variação da
cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da
cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da
evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,2% e 12,0%
do total das importações, respectivamente em 2019 e 2020, e 5,1% e 6,7% na
vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe, em 2020, de 75,3% para 79,7%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 70,5% do total (71,3% em 2019), decresceram em valor -13,3%, contribuindo
com -9,5 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -12,2%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 29,5%
do total em 2020 (28,7% em 2019), decaíram -9,6%, contribuindo com -2,8 p.p.
para o ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros quatro meses de 2020 foram a Espanha (25,0%),
a França (13,0%), a Alemanha (11,4%), o Reino Unido (5,8%), os EUA (5,4%), a Itália
(4,5%), os Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,5%), Angola (1,7%), o Brasil (1,5%),
a Polónia (1,3%), a Turquia, Suécia e Suíça (1,2% cada), destinos que representaram 79,4% do total das exportações.
Angola, o
terceiro maior mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos
EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –23,3% em 2020 (-90,8
milhões de Euros), envolvendo oito dos onze grupos de produtos.
Os acréscimos
couberam aos grupos “Agro-alimentares” (+2 milhões de Euros), “Material
de transporte terrestre e partes” (+1,8 milhões) e “Energéticos” (+45
mil Euros).
As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-29,5 milhões de Euros), “Minérios
e metais” (-19,9 milhões), “Químicos”
(‑17,4 milhões) e “Produtos acabados
diversos” (‑13,7 milhões).
Entre os
trinta principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’
negativo das exportações no período em análise (-12,2%), pertenceram à Irlanda (+0,3
p.p.) e à Turquia, Cabo Verde, Suécia e Brasil (+0,1 p.p. cada).
O maior contributo negativo coube a Espanha (‑2,9 p.p.), seguida da Alemanha (-2,1 p.p.), da França (-1,7 p.p.), do Reino Unido (-1,3 p.p.), da Itália (-0,9 p.p.), dos Países Baixos e Angola (-0,5 p.p. cada) e do Canadá (-0,4 p.p.).
Os acréscimos, em Euros, nas expedições
para o espaço comunitário no período
de Janeiro a Abril de 2020, em termos homólogos, incidiram na Irlanda, Suécia e
Dinamarca.
Os maiores decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França e Itália,
a que se seguiram os Países Baixos, Áustria, Bélgica, Eslováquia, Polónia,
Finlândia, Grécia, Eslovénia, Bulgária e Chipre.
Nos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se
os Gibraltar, Ceuta, Turquia, Cabo Verde, Taiwan e Moçambique. Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino
Unido, seguido de Angola, Canadá, Marrocos, China, Noruega, Egipto, Suíça,
México, África do Sul, Provisões de Bordo, EUA e Argélia.
3.2 - Importações
De Janeiro
a Abril de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram
71,5% do total (73,8% em 2019), registaram um decréscimo de -15,7% e contribuíram
com -11,6 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de -13,0%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑5,2%,
representando 28,5% do total em 2020 (26,2% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -1,4 p.p..
Os principais
mercados de origem em 2020, foram a Espanha (30,2%), a Alemanha (13,0%) e a França
(7,7%). Seguiram-se os Países Baixos (5,2%), a Itália (4,8%), a China (4,1%), o
Brasil (3,1%), a Bélgica e o Reino Unido (2,9% cada), os EUA (2,1 %) e a Nigéria
(1,7%). Estes países representaram, no seu conjunto, 77,7% das importações
totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑13,0%) destacou-se
o do Brasil (+1,8 p.p.), seguido da Nigéria (+0,6 p.p.), da Suécia (+0,3 p.p.),
de Taiwan (0,2 p.p.), e do Reino Unido, China, Suíça e Polónia (+0,1 p.p. cada).
Por sua vez, os maiores contributos
negativos couberam a Espanha (-3,5 p.p.), à França (-3,2 p.p.) e à Alemanha (-2,7
p.p.). Seguiram-se a Rússia (-1,0 p.p.), a Itália (-0,8 p.p.), o Azerbaijão (-0,6
p.p.), a Arábia Saudita (-0,5 p.p.), e a Bélgica, Países Baixos e EUA (‑0,4
p.p. cada).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif)
couberam à França (+473 milhões de Euros), aos EUA (+461 milhões) e ao Reino
Unido (+341 milhões). Seguiram-se a Turquia (+206 milhões) e Marrocos (+116
milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a
Espanha (-2641 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (‑1013 milhões), da China
(-817 milhões), dos Países Baixos (-539 milhões) e do Brasil (-465 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso
nas exportações em 2020, representando 54,0% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,1%
do total e TVH -9,3%), “Agro-alimentares” (13,8% e +3,4%), “Químicos” (13,2% e -7,0%) e “Material de transporte terrestre e partes”
(12,9% e TVH -29,9%).
Registaram-se
decréscimos, face a 2019, nas exportações de 9 dos 11 grupos de
produtos. Os maiores contributos para o decréscimo global (-2,4 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (-963
milhões de Euros), “Minérios e metais” (-307 milhões), “Produtos
acabados diversos” (-303 milhões), “Têxteis e vestuário” (-275
milhões) e “Máquinas, aparelhos e partes” (-255 milhões).
Os acréscimos
incidiram nos grupos “Agro-alimentares” (+81 milhões de Euros) e “Energéticos”
(+23 milhões).
5.2 – Importações
Em 2020,
os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,6% do total, foram “Químicos”
(18,2% do total e TVH -3,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,2% e -16,5%), “Agro-alimentares”
(15,3% e TVH -0,6%), e “Energéticos” (11,6% e TVH -10,1%), e “Material de transporte terrestre e
partes” (11,3% e TVH -22,0%).
Verificaram-se
decréscimos nas importações em todos os 11 grupos de produtos, num total
de -3,5 mil milhões de Euros, cabendo os maiores aos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-790 milhões), ), “Material
de transporte terrestre e partes” (-741 milhões) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (‑597 milhões).
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,0% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª
posição, precedida do Brasil, da França e dos EUA).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,0%), a
Alemanha (11,4%), o Reino Unido (5,8%), os EUA (5,4%), a Itália (4,5%), os
Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,5%), Angola (1,7%) e Brasil (1,5%). Estes
dez países representaram 74,6% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 30,2% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (3ª posição, precedida do
Brasil e Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois
da França, Alemanha e EUA).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,0%), a França (7,7%), os Países Baixos (5,2%), a Itália (4,8%), a China (4,1%), o Brasil (3,1%), a Bélgica e o Reino Unido (2,9% cada) e os EUA (2,1%). Estes dez países cobriram 76,0% das importações totais.
Alcochete, 11 de Junho de 2020.
ANEXO
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