Exportações e Importações de
Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2017-2021 e 1º Trimestre 2021-2022)
1 - Introdução
A evolução do nível de intensidade tecnológica das
exportações e importações de Produtos Industriais Transformados, com maior
valor acrescentado do que os restantes, tem um reflexo directo na balança
comercial de mercadorias, sendo na exportação um importante indicador de
desenvolvimento industrial.
Pretende-se neste trabalho analisar, a partir de
dados de base de fonte INE para os anos de 2017 a 2021 e 1º Trimestre de
2021 e 2022 (definitivos de 2017 a 2020 e preliminares para 2021 e 2022, com
última actualização em 11/7/2022), a evolução do comércio internacional
português destes produtos, por níveis de intensidade tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis
de intensidade tecnológica considerados são os propostos pela OCDE, definidos
com base na Revisão-3 da “International
Standard Industrial Classification” (ISIC
Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia
- 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351
e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).
A partir
da tabela correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC
Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a
oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as
sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8
abrangendo o período de 2007 a 2022, com alguns ajustamentos introduzidos à
tabela utilizada em trabalhos anteriores.
3 – Balança comercial dos Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo dos últimos cinco anos e 1º Trimestre de
2021 e 2022, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial portuguesa do conjunto dos
Produtos Industriais Transformados foi negativo.
Neste período o saldo da balança dos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia foi positivo, enquanto que o saldo da balança
dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia foi negativo.
4 – Exportação de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica
Em
termos anuais, entre 2017 e 2021 o peso dos Produtos Industriais Transformados
na exportação global portuguesa oscilou entre 94,6%,
em 2019, e 93,3%, em 2021, situando-se em 94,3% e 92,7% respectivamente no 1º Trimestre
de 2021 e 2022.
Por níveis de
intensidade tecnológica, no 1º Trimestre de 2022 o maior peso nas exportações
do conjunto dos Produtos Industriais Transformados incidiu na Baixa tecnologia (34,5%), seguida da Média-alta (29,9%), da Média-baixa (25,7%) e da Alta
tecnologia (9,9%).
O peso da Alta tecnologia no total das exportações de produtos
industriais transformados subiu de 9,3% em 2017 para 11,5% em 2020, caindo para
9,9% em 2021. No 1º Trimestre de 2022, face ao homólogo do
ano anterior, desceu de 10,4% para 9,9%.
A
este nível encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso no 1º
Trimestre de 2022, as componentes “Equipamento de rádio, TV e
comunicações” (35,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (32,6%), os “Produtos
farmacêuticos” (21,6%), os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” (5,6%) e o “Equipamento de escritório e computação”
(4,7%).
O peso da Alta tecnologia no total das exportações de produtos
industriais transformados subiu de 9,3% em 2017 para 11,5% em 2020, caindo para
9,9% em 2021. No 1º Trimestre de 2022, face ao homólogo do
ano anterior, desceu de 10,4% para 9,9%.
A
este nível encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso no 1º
Trimestre de 2022, as componentes “Equipamento de rádio, TV e
comunicações” (35,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (32,6%), os “Produtos
farmacêuticos” (21,6%), os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” (5,6%) e o “Equipamento de escritório e computação”
(4,7%).
Após ter aumentado entre 2017
e 2019 de 29,7% para 32,6%, o peso da Média-alta tecnologia no Total desceu nos dois anos seguintes para
31,9%, para no 1º Trimestre de 2022, face ao homólogo do ano anterior, descer
de 33,6% para 29,9%. Neste Trimestre este nível engloba, por ordem decrescente
de valor em 2022, os “Veículos a motor,
reboques e semi-reboques” (39,6%), os
“Produtos químicos, excepto farmacêuticos” (23,1%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (19,6%), as “Máquinas
e aparelhos eléctricos n.e.” (14,0 %) e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte” (3,6%).
Entre 2017 e 2020 o peso da Média-baixa tecnologia decresceu sucessivamente
de 24,9% para 21,8%, para em 2021 subir para 23,8%. No 1º Trimestre de 2022
aumentou de 23,2%, em 2021, para 25,7%. Aqui perfilam-se, por ordem decrescente
de valor no 1º Trimestre de 2022, os “Refinados
de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear” (25,4%), os “Produtos da
borracha e do plástico” (24,1%), a “Fabricação
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (19,3%), a “Metalurgia de base” (17,1%), os “Produtos minerais não metálicos” (13,4%)
e, residualmente, a “Construção e
reparação naval” (0,7%).
Por fim, na Baixa
tecnologia, o seu peso no Total decresceu de 36,1%, em
2017, para 34,4% em 2021. No 1º trimestre de 2022, face ao homólogo do ano
anterior, subiu de 32,8% para 34,5%. Alinham-se neste nível as
componentes “Têxteis, vestuário, couros e
calçado” (36,7%), os “Produtos
alimentares, bebidas e tabaco” (30,3%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (14,7%), as “Manufacturas não
especificadas e reciclagem” (9,4%) e a “Madeira
e produtos da madeira e cortiça” (8,9%).
Entre 2017 e 2021, o ritmo de
‘crescimento’ nominal anual do conjunto das exportações de Produtos Industriais
Transformados, face a 2017, cresceu sustentadamente até 2019 (109,0%, com
2017=100), decaindo em 2020 abaixo do nível de 2017 (97,3%), para recuperar
significativamente o crescimento em 2021 (114,2%).
4.1 – Mercados de destino das exportações
As exportações globais de Produtos Industriais
Transformados, têm por principal destino o espaço comunitário. No 1º Trimestre
de 2022 as exportações para o espaço comunitário (Reino Unido excluído)
representaram 72,5% do Total destes produtos (71,5% em 2021) e 27,5% para os
países terceiros (28,5% em 2021).
Os países constantes do quadro
anterior foram os principais destinos das mercadorias portuguesas, em termos
globais, no ano de 2021.
Entre estes quinze países destacam-se, no âmbito dos Produtos
Industriais Transformados, no 1º Trimestre de 2022, a Espanha (24,6% do total),
seguida da França (14,2%) e da Alemanha (11,7%). Com pesos inferiores
alinharam-se depois, entre os principais, os EUA (6,1%), a Itália (4,8%), o
Reino Unido (4,5%) e os Países Baixos (4,4%).
Neste Trimestre a Espanha ocupou a primeira posição
na Média-alta,
na Média-baixa
e na Baixa
tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta
tecnologia (24,6%), seguida aqui pela Espanha (14,7%), EUA (9,9%), França
(7,2%), Reino Unido (4,6%), Angola (3,2%), Bélgica (2,7%), Itália e Suécia
(2,5% cada).
Nas figuras seguintes representa-se a distribuição do
valor das exportações para cada destes quinze mercados, por níveis de
intensidade tecnológica.
5 – Importação de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo do último
quinquénio, o peso dos Produtos Industriais Transformados na importação global
portuguesa oscilou entre 84,0% em 2018, e 86,3%, em 2020. No 1º Trimestre de
2021 representou 86,1% do Total, descendo para 81,9% em 2022, de acordo com os
dados preliminares disponíveis.
No 1º
Trimestre de 2022 o maior peso no conjunto das
importações de Produtos Industriais Transformados incidiu na Média-alta tecnologia (37,2%). Seguiu-se
a Baixa tecnologia (24,3%), a Média-baixa tecnologia (21,2%) e a Alta tecnologia (17,3%).
Na Baixa tecnologia alinham-se os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (42,1%), os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (32,9%),
as “Manufacturas não especificadas e
reciclagem” (11,0%), a “Pasta, papel,
cartão e publicações” (9,9%), e a “Madeira
e produtos da madeira e cortiça” (5,5%).
As importações anuais do
conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente entre
2017 e 2019, bem como em todos os níveis de intensidade tecnológica, tendo-se o
ritmo de crescimento anual com maior amplitude verificado na Alta
tecnologia (141,9% face a
2017).
Em 2020 assistiu-se a una acentuada desaceleração em
todos os níveis de intensidade tecnológica, a que se seguiu em 2021 uma
significativa recuperação do crescimento extensiva a todps os níveis.
5.1 – Mercados de origem das importações
À semelhança das exportações, as importações globais portuguesas têm por principal origem o espaço comunitário.
Neste 1º Trimestre de 2022 o maior peso da União Europeia nas importações
portuguesas de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade
tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta tecnologia (80,3%). Seguiram-se a a Baixa tecnologia (79,5%),
a Alta tecnologia (75,9%) e a Média-baixa tecnologia (73,0%).
Os quinze países constantes do quadro seguinte
representaram 83,2% das importações globais portuguesas no 1º Trimestre de 2022
e 86,7% das importações de Produtos Industriais Transformados.
Entre estes países destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais
Transformados, a Espanha (33,4% do total), seguida da Alemanha (14,0%). Com
pesos inferiores alinham-se depois os Países Baixos (6,1%), a Itália (5,9%), a
China (5,0%) e a Bélgica (3,4%).
Nas figuras seguintes representa-se a distribuição do
valor das exportações para cada destes quinze mercados, por níveis de intensidade
tecnológica.
Alcochete, 30 de Julho de 2022.
Sem comentários:
Enviar um comentário