sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Comércio Externo de Moçambique & Portugal-Moçambique (2020-21 e 1º Semestre 2021-22)

 

Comércio Externo de Moçambique

e Portugal-Moçambique

(2020-21 e 1º Semestre 2021-22)

                                            ( disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC),

Esta Comunidade integra actualmente dezasseis países: Africa do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o francês.

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que foi observador associado desde 2006.

Entre os objectivos da CPLP, no âmbito da cooperação em todos os domínios, situa-se o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços, tornando-o assim numa importante alavanca para o desenvolvimento do espaço económico lusófono e consequente melhoria das condições de vida das suas populações.

Neste trabalho encontra-se reunido um conjunto de dados sobre o comércio externo de Moçambique, com base em estatísticas constantes da publicação “Estatísticas do Comércio Externo de Bens - 2020 - Instituto Nacional de Estatística de Moçambique”, em que os valores, em dólares, foram convertidos a Euros.

2 – Comércio Externo de Moçambique

2.1 – Balança Comercial

De acordo com os dados disponíveis, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi deficitária entre 2017 e 2020, tendo os maiores défices, da ordem de -2,5 mil milhões de Euros incidido nos dois últimos anos.

Em 2020 registaram-se quebras em valor, face ao ano anterior, de ‑14,6% nas importações e -24,7% nas exportações, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer respectivamente de 52,9% para 55,5%.

2.2 – Importações moçambicanas por grupos de produtos                             em 2020 e quotas de Portugal

As importações e exportações de produtos encontram-se agregadas em onze grupos de produtos (ver conteúdo definido em Anexo).

As principais importações em 2020 incidiram nos grupos “Agro-alimentares” (19,8% do Total), “Químicos” (18,5%), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,4%), “Energéticos” (14,3%) e “Minérios e metais” (10,7%). Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,9%), “Produtos acabados diversos” (5,3%), “Têxteis e vestuário” (3,2%), “Madeira, cortiça e papel” (1,9%), “Calçado, peles e couros” (0,6%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5%).

A quota de Portugal no conjunto das importações em 2020, de acordo com os dados oficiais moçambicanos, foi de 3,6%, tendo as maiores quotas incidido nos grupos “Produtos acabados diversos” (12,4%), “Madeira, cortiça e papel” (9,0%), “Têxteis e vestuário” (7,1%), “Minérios e metais” (4,0%), “Químicos” (3,9%), “Máquinas, aparelhos e partes” (3,6%) e “Agro-alimentares” (3,0%). 

2.3 – Exportações moçambicanas por grupos de produtos                            em 2020 e quotas de Portugal

Em 2020, os grupos de produtos dominantes nas exportações foram “Energéticos” (38,2% do Total), “Minérios e metais” (38,1%) e “Agro-alimentares” (17,8%).

Seguiram-se os “Têxteis e vestuário” (1,9%), “Madeira, cortiça e papel” (1,7%), “Químicos” (1,2%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (0,6%) e, com pesos muito inferiores, os grupos “Produtos acabados diversos”, “Aeronaves, embarcações e partes” e “Calçado, peles e couros”.

A quota de Portugal no conjunto das exportações em 2020, de acordo com dados oficiais do país, foi de apenas 0,6%, tendo as maiores quotas incidido nos grupos “Produtos acabados diversos” (4,8%), “Agro-alimentares” (3,0%), “Têxteis e vestuário” (2,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (2,5%) e “Calçado, peles e couros” (2,1%).

2.4 – Principais mercados de origem e de destino em 2020

Em 2020 o principal mercado de origem das importações moçambicanas foi a África do Sul (30,8%), seguida da China (10,7%) e da Índia (9,0%). Neste ano Portugal ocupou a 6ª posição, com 3,6% do Total, precedido destes países, dos Emiratos e de Singapura.

Em 2020 o principal mercado de destino das exportações de Moçambique foi ainda a África do Sul, 23,1%, seguida da Índia 11,8%, do Reino Unido 10,2%, da China 7,3%, da Itália 6,6% e dos Países Baixos 5,7%, tendo Portugal pesado apenas 0,6% no Total.

Os países da SADC foram os fornecedores, em 2020, de 33,7% do total das importações moçambicanas e os destinatários de 29,3% das exportações, cabendo à UE-27 (Reino Unido Excluído) 10,6% das importações e 24,0% das exportações.

3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique

No período de 2000 a 2021, as importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique, à excepção do ano de 2013, mantiveram-se abaixo do nível de 2000. Por sua vez as exportações, que até 2005 se haviam mantido abaixo do nível de 2000 subiram significativamente até 2015, mais que quintuplicando o valor de 2000, para decrescerem depois acentuadamente até 2017, mantendo o seu valor a partir de então entre duas e meia a três vezes o valor que detinham em 2000.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique é favorável a Portugal, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações. Ao longo do último quinquénio o saldo da balança oscilou entre um mínimo de 139,0 milhões de Euros, em 1997 e um máximo de 164,1 milhões, em 2000, tendo no 1º Semestre de 2022, face ao semestre homólogo de 2021, crescido +6,1%, situando-se em 83,6 milhões de Euros. 

3.2 – Importações por grupos de produtos

As importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique são pouco diversificadas, tendo-se centrado, no 1º Semestre de 2022, nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (59,7%) e “Madeira, cortiça e papel” (29,0%).

Seguiram-se por ordem decrescente de peso no Total, entre os principais, os grupos “Têxteis e vestuário“ (16,7%), “Minérios e metais” (1,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (0,7%) e “Produtos acabados diversos” (0,4%).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos a 4 dígitos da Nomenclatura Combinada.

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2001, face ao ano anterior, as exportações para Moçambique haviam decrescido -2,6%, tendo incidido as quebras mais significativas nos grupos “Madeira, cortiça e papel” (-24,3%), “Têxteis e vestuário” (-15,1%), “Minérios e metais” (-13,2%), “Máquinas, aparelhos e partes” (-9,7%) e “Material de transporte terrestre e partes” (-4,5%).

No 1º Semestre de 2022 as exportações cresceram +25,4% face ao semestre homólogo de 2021, tendo ocorrido os decréscimos nos grupos “Têxteis e vestuário” (-32,4%), “Calçado, peles e couros” (-22,0%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (-87,6%).

As principais exportações em valor neste semestre incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,2%), “Químicos” (24,6%), “Agro-alimentares” (16,7%), “Minérios e metais” (12,3%), “Produtos acabados diversos” (10,9%) e “Madeira, cortiça e papel” (5,8%).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados definidos a 4 dígitos da Nomenclatura Combinada.


Alcochete, 8 de Setembro de 2022.

ANEXO



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