Comércio Externo de Angola2017-2021ePortugal-Angola2018-2022
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1 - Introdução
Analisa-se neste trabalho a
evolução do comércio externo de mercadorias de Angola face ao mundo, entre 2017
e 2021, com
base em dados divulgados pela
“Administração Geral Tributária” (AGT) do Ministério das Finanças de
Angola.
Analisa-se
em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Angola ao longo do período 2018-2022, com base
em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE),
em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em
9 de Fevereiro de 2023.
Angola é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community –
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), que integra dezasseis países: Africa
do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia),
Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD),
Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid
na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove
dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos
aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços
entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o
francês.
Angola foi também, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que foi observador associado desde 2006.
2 – Comércio
Externo de Angola
O peso do sector petrolífero na exportação global
de mercadorias de Angola foi superior a 92% ao longo do período 2010-2021, o
que torna a economia angolana fortemente dependente do comportamento deste
sector no mercado internacional.
Entre 2010 e 2014 o seu peso
na exportação global manteve-se entre cerca de 97% e 98%, para a partir de então descer
abaixo do nível de 2010.
A partir de
2014 o valor das exportações globais, essencialmente constituídas por petróleo bruto,
desceram significativamente abaixo do valor que detinham em 2010.
O ritmo de crescimento das exportações globais, que entre 2010 e 2014 se mantivera abaixo do das importações, ultrapassou-o em 2015, com um pico máximo em 2018.
2.1 – Balança
Comercial de Angola
Entre 2018 e 2021 a Balança
Comercial de Angola foi ‘superavitária’, com elevados graus de cobertura das
importações pelas exportações. Em 2021, face ao ano anterior, as importações
terão crescido +13,5% e as exportações +66,4%, com o saldo da balança a subir
+110,4%, ao situar-se em +20,7 mil milhões de Euros, ou seja um aumento de
+10,9 mil milhões de Euros face ao ano anterior.
Em 2021, Angola terá pesado
nas importações globais portuguesas 0,1% do Total e 1,5% nas exportações, as
quotas mais baixas dos últimos cinco anos.
2.2 –
Importações em Angola por grupos de produtos
e quotas de Portugal em 2021
Os dados de base de Angola, divulgados em US$,
foram convertidos a Euros. Havendo desfasamentos acentuados entre os dados da AGT
do Ministério das Finanças angolano e do INE de Portugal no que se
refere ao Total das trocas entre os dois países, em particular do lado das
exportações angolanas para Portugal, não se dispondo de dados desagregados por
produtos, para o cálculo das quotas de Portugal
em 2021 foram utilizados, tanto nas importações como nas exportações, dados de
base do INE de Portugal, com as necessárias conversões Cif/Fob e
Fob/Cif, numa tentativa de se obter dados o mais próximos possível da
realidade.
Em 2021 as principais importações em Angola, por grupos
de produtos (ver em ANEXO o conteúdo considerado a dois dígitos da NC2),
incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (23,2% e 22,6% em
2020), “Agro-alimentares” (12,2% e 23,5%, respectivamente), “Energéticos”
(17,4% e 9,9%) e “Químicos” (13,5% e 14,5%).
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais”
(8,4% e 7,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (5,7% e
7,8%), “Produtos acabados diversos” (5,2% e 5,5%), “Têxteis e
vestuário” (3,8% e 2,5%), “Madeira cortiça e papel” (3,1% e 3,4%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,9% e 1,8%) e “Calçado, peles e couros”
(0,5% e 0,6%).
Em 2021 Portugal terá pesado 10,8% no Total das
importações angolanas, tendo as maiores quotas, por grupos de produtos, incidido
em “Produtos acabados diversos” (23,7%), “Madeira, cortiça e papel”
(14,4%), “Químicos” (14,1%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,5%),
“Minérios e metais” (12,4%) e “Agro-alimentares” (12,1%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de
produtos, os principais produtos importados por Angola em 2020 e 2021,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (Capítulos).
2.3 –
Exportações de Angola por grupos de produtos
e quotas de Portugal em 2021
As principais exportações de Angola em 2021
incidiram no grupo de produtos “Energéticos” (94,5% e 93,2% em 2020).
No gráfico acima encontra-se representada a
estrutura das exportações, excluindo o grupo “Energéticos”, em que o
grupo “Minérios e metais” pesa 84,1% em 2021 e 79,9% em 2020. Seguiram-se
os grupos “Agro-alimentares” (5,8% e 6.6%), “Máquinas, aparelhos e
partes” (4,4% e 5,8%), “Madeira, cortiça e papel” (2,2% e 2,7%) e “Produtos
acabados diversos” (2,2% e 1,3%). Com pesos muito inferiores alinharam-se
depois os grupos “Químicos” (0,5% e 0,8%), “Material de transporte
terrestre e partes” (0,4% e 0,6%), “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,3% e 1,8%), “Calçado, peles e couros” (0,2% nos dois anos) e “Têxteis e
vestuário” (0,1% e 0,2%).
Em 2021 Portugal terá pesado 0,3% no Total das
exportações angolanas, tendo as maiores quotas, por grupos de produtos,
incidido em “Agro-alimentares” (18,7%), “Material de transporte
terrestre e partes” (6,0%), “Madeira, cortiça e papel” (5,6%), “Têxteis
e vestuário” (3,8%), e “Aeronaves, embarcações e partes” (3,6%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de
produtos, os principais produtos exportados por Angola em 2020 e 2021,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (Capítulos).
2.4 – Principais mercados de origem e destino
De acordo com os dados de base angolanos, em 2021 o
principal mercado de origem das importações foi a China (14,9% e 15,2%
em 2020), seguida de Portugal (12,0% e 13,9%, respectivamente), da Índia (6,6%
e 4,8%), do Togo (6,0% e 1,0%), do Brasil (4,8% e 5,7%), dos EUA (4,6% e 6,4%),
do Reino Unido (4,6% nos dois anos), dos Países Baixos (3,9% e 1,3%), da Itália
(3,7% e 2,5%), da França (3,6% e 3,3%), da Bélgica (3,4% e 4,3%) e da África do
Sul (3,1% e 4,3%).
O conjunto dos países da SADC representou 3,6% do Total
das importações em 2021 e 4,8% no ano anterior, tendo a UE-27 sido a origem de 33,1%
das importações em 2021, com 31,3% em 2020.
Em 2021 o principal mercado de destino das
exportações de Angola foi ainda a China (57,5% e 56,9% em 2020), seguida da
Índia (7,7% e 7,4%), dos EUA (5,3% e 8,8%), dos Emiratos Árabes Unidos (4,5%
nos dois anos), da Tailândia (3,1% e 3,6%) e da Itália (2,5% e 1,4%).
A SADC, no seu conjunto, pesou 1,3% (1,5% no ano
anterior) e a UE-27 foi o destino de 6,1% das exportações (8,2% em 2020).
Portugal terá representado 0,4% do Total em 2021 e 1,6%
em 2020.
3 – Comércio de
Portugal com Angola (2018-2022)
No período de 2008 a 2022, as importações
portuguesas de mercadorias com origem em Angola, à excepção dos anos de 2009 e
2017, e mais recentemente 2020 e 2021, mantiveram-se abaixo do nível de 2008.
Por sua vez as
exportações, que entre 2011 e 2014 se haviam mantido acima do nível de 2008 desceram
consideravelmente abaixo desse nível a partir de então.
Angola faz parte do conjunto de oito países que
integram a CPLP, que em 2022 foi a origem de 5,1% das importações portuguesas
de mercadorias e o destino de 4,0% das exportações.
Face ao conjunto dos parceiros de Portugal nesta
Comunidade, Angola ocupou a segunda posição nas importações (11,1%), depois do
Brasil (81,4%), e o primeiro lugar nas exportações (45,3%).
Para
as trocas comerciais de Portugal com Angola ao longo dos últimos cinco anos vão
ser utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal,
com dados definitivos de 2018 a 2021 e preliminares para 2021, com última
actualização em 9 de Fevereiro de 2023.
3.1 – Balança
Comercial
A balança comercial foi francamente favorável a
Portugal entre 2018 e 2022.
Após terem atingido um pico de 1075 milhões de
Euros em 2019, as importações decresceram acentuadamente nos dois anos
seguintes, tendo-se situado em apenas 81 milhões em 2021. Em 2022 inverteu-se
este comportamento, com uma subida acentuada de +673,6%, atingindo 624 milhões
de Euros.
Por sua vez as exportações decaíram entre 2018 e
2020, de 1513 milhões de Euros para 870 milhões, recuperando nos dois anos
seguintes, situando-se em 1424 milhões de Euros em 2022.
3.2 –
Importações
As importações provenientes de Angola encontram-se
centradas no petróleo bruto e logo sujeitas à flutuação do seu preço no mercado
internacional, tendo o grupo dos produtos “Energéticos” representado 95,2%
do Total em 2022 (67,4% em 2021).
Na figura seguinte, para o cálculo da estrutura por
grupos de produtos em 2021 e 2022, foi excluído o grupo “Energéticos”. O
grupo de produtos dominante em 2022 foi “Agro-alimentares” (63,5% do
Total excluindo “Energéticos” e 71,3% em 2021), principalmente
constituído por crustáceos, bananas e outras frutas, resíduos das indústrias
alimentares e alimentos para animais.
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais”
(14,3% e 8,7%), principalmente granito e outras rochas, em blocos e placas, “Madeira,
cortiça e papel” (9,8% e 8,2%), designadamente madeira serrada, “Máquinas,
aparelhos e partes” (5,4% e 5,6%), principalmente aparelhos mecânicos, “Produtos
acabados diversos” (5,0% e 3,2%), como pedra de cantaria e construção,
pedra de calcetar, lajes de pedra natural,e relógios, e “Material de
transporte terrestre e partes” (1,2% e 1,5%), com destaque para os veículos
automóveis, motocicletas, e suas partes.
Na figura seguinte relacionam-se as principais importações
com origem em Angola efectuadas nos últimos dois anos, por grupos de produtos, desagregadas
por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2).
3.3 –
Exportações
Ao longo do último quinquénio as principais
exportações portuguesas para Angola incidiram nos grupos de produtos “Máquinas,
aparelhos e partes”, “Agro-alimentares”, “Químicos”, “Produtos
acabados diversos” e “Minérios e metais”.
Em 2022 as exportações de “Máquinas, aparelhos e
partes”, muito diversificadas, representaram 29,1% do Total (29,2%
no ano anterior), tendo-se destacado as máquinas automáticas para processamento
de dados, fios e cabos eléctricos, centrifugadores, máquinas e aparelhos de
impressão, quadros eléctricos, máquinas de lavar louça, secar, encher, empacotar,
capsular e outras, bombas de ar e para líquidos, aparelhos telefónicos,
refrigeradores e congeladores, aparelhos de interrupção, seccionamento e
proteção eléctrica, entre muitos outros.
Entre os produtos “Agro-alimentares” (20,8%
em 2022 e 20,4% em 2021) predominaram as gorduras e óleos, designadamente de soja,
os vinhos, o leite e lacticínios, as preparações de carne e peixe, os produtos
à base de cereais, as carnes e os enchidos, entre outros.
No âmbito dos produtos “Qúímicos”
(17,1% e 17,8%) ocuparam posição dominante os produtos farmacêuticos, o
plástico e suas obras, produtos diversos das indústrias químicas como reagentes
de diagnóstico, aglutinantes para moldes, insecticidas, solventes e diluentes
orgânicos, preparações anticongelantes e antidetonantes, e cimentos, entre
outros.
Entre os “Produtos acabados diversos” (11,1%
em 2022 e 11,5% em 2021) destacaram-se as exportações de aparelhos ópticos, de
fotografia, de medida, de precisão e médicos, o mobiliário, assentos, colchões
e aparelhos de iluminação, os produtos cerâmicos, as obras de pedra, os artigos
de relojoaria e o vidro e suas obras.
Nos “Minérios e metais” (9,7% em cada um dos
anos), sobressaíram o ferro, aço, alumínio, cobre e suas obras, as obras
diversas de metais comuns, como ferramentas, cutelaria e talheres, entre
outras.
Na figura seguinte relacionam-se as principais exportações portuguesas
com destino a Angola efectuadas nos últimos dois anos, por grupos de produtos, desagregadas
por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2).
Alcochete, 25 de Fevereiro de 2023.
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