Comércio Externo de Moçambique2020-2021ePortugal-Moçambique2018-2022
(disponível para download >> aqui )
1 - Introdução
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo
de mercadorias de Moçambique face ao
mundo, entre 2020 e 2021, com base em dados divulgados na publicação da
série anual “Estatísticas do Comércio Externo de Bens-Moçambique, 2021-Instituto
Nacional de Estatística”.
Analisa-se
em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Moçambique ao longo do período 2018-2022, com
base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal”
(INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última
actualização em 9 de Fevereiro de 2023.
Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community –
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), que integra dezasseis países: Africa
do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia),
Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD),
Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid
na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove
dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos
aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços
entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o
francês.
Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores
da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e
São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em
2014, a Guiné-Equatorial, que foi observador associado desde 2006.
2 – Comércio
Externo de Moçambique
2.1 – Balança
Comercial
A Balança Comercial de Moçambique
tem-se mantido deficitária desde 2010, em níveis superiores ao desse ano, à
excepção do ano de 2017.
Em 2021 aumentaram em
Moçambique, face ao ano anterior, a importação (+28,6%), a exportação (+50,2%)
e o défice da Balança Comercial (+1,7%), com o grau de cobertura da importação
pela exportação a crescer de 55,5% para 64,8%.
Para o cálculo das quotas de Portugal foram
utilizados, tanto nas importações como nas exportações, dados de base do INE de
Portugal, com as necessárias conversões Cif/Fob e Fob/Cif, numa tentativa de se
obter dados o mais próximos possível da realidade. À parte os dados do INE de
Moçambique, em US$ (desconhecendo-se o câmbio do dólar ali considerado), relativos
a Portugal, terem sido convertidos em Euros, há desfasamentos acentuados entre
as duas fontes ao nível de produtos, como acontece, por exemplo, do lado das
importações, em produtos como o trigo, as partes e acessórios de armas, os aparelhos
de distribuição de energia e os medicamentos, e nas exportações nos crustáceos
e moluscos, na madeira em bruto, no tabaco e no alumínio.
Em termos globais, em 2021 o peso de Portugal nas
importações moçambicanas terá sido de 3,4%, segundo o INE de Moçambique e de 2,8%,
de acordo com os dados do INE de Portugal.
Em 2021, por grupos de produtos (ver em ANEXO
o conteúdo considerado, definido por Capítulos da Nomenclatura-NC2), as principais
importações em Moçambique incidiram nos grupos de produtos “Agro-alimentares”
(20,5%), “Químicos” (18,2%), “Energéticos” (17,4%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (15,1%) e “Minérios e metais” (10,9%). Seguiram-se
os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,6%), “Produtos
acabados diversos” (4,4%), “Têxteis e vestuário” (2,8%), “Madeira
cortiça e papel” (1,9%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,8%) e “Calçado,
peles e couros” (0,5%). As maiores quotas de Portugal, por grupos de
produtos, incidiram em “Calçado, peles e couros” (8,3%), “Madeira,
cortiça e papel” (7,0%), “Produtos acabados diversos” (6,5%) e “Máquinas,
aparelhos e partes” (5,2%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de
produtos, os principais produtos importados por Moçambique em 2020 e 2021,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.
2.3 –
Exportações de Moçambique por grupos de produtos
(2020-2021) e quotas de Portugal em
2021
As principais exportações de Moçambique em 2021
incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (42,0% e 38,2% em 2020), “Minérios
e metais” (39,2% e 38,1%) e “Agro-alimentares” (13,8% e 17,8%).
Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os
grupos “Químicos” (1,4% e 1,2%), Têxteis e vestuário” (1,4% e
1,9%), “Madeira, cortiça e papel” (1,1% e 1,7%), “Máquinas, aparelhos
e partes” (0,6% nos dois anos), “Material de transporte terrestre e
partes” (0,3% e 0,2%) e “Produtos acabados diversos” (0,2% e 0,1%).
Com exportações praticamente nulas nos dois anos seguiram-se os grupos “Aeronaves,
embarcações e partes” e “Calçado, peles e couros”.
Em 2021 Portugal, que terá pesado 0,9% no Total das
exportações moçambicanas, registtou as maiores quotas nos grupos de produtos “Madeira,
cortiça e papel” (12,1%), “Agro-alimentares” (5,1%), “Calçado,
peles e couros” (3,9%), “Máquinas, aparelhos e partes” (2,4%) e “Produtos
acabados diversos” (2,0%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de
produtos, os principais produtos exportados por Moçambique em 2020 e 2021,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.
2.4 – Principais mercados de origem e de destino em
2021
De acordo com os dados de base divulgados pelo INE
de Moçambique, em 2021 o principal mercado de origem das importações moçambicanas
foi a África do Sul (26,6% e 30,8% em 2020), seguida da China (10,8% e 10,7%,
respectivamente), da Índia (8,6% e 9,0%), dos Emiratos Árabes Unidos (8,4% e
6,6%), de Singapura (6,9% e 5,6%), de Portugal (3,4% e 3,6%), da Malásia (2,8%
e 2,1%), dos EUA (2,7% e 2,4%), do Japão (2,5% nos dois anos) e da França (2,4%
e 0,6%).
O conjunto dos países da SADC representou 30,0% do
Total das importações em 2021 e 33,7% no ano anterior. Por sua vez a UE-27 foi
a origem de 10,5% das importações em 2021, com 10,6% em 2020. Segundo a fonte
moçambicana, Portugal terá representado 3,4% do Total em 2021 e 3,6% em 2020
(2,8% e 3,7%, respectivamente, segundo o INE de Portugal).
Em 2021 o principal mercado de destino das exportações
de Moçambique foi ainda a África do Sul (17,0% e 23,1% em 2020), seguida
da Índia (14,1% e 11,8%), do Reino Unido (10,5% e 10,2%), da China (8,8% e
7,3%), dos Países Baixos (8,2% e 5,7%), de Singapura (6,9% e 3,1%), do Zimbabwe
(3,9% e 3,2%), da Coreia do Sul (3,7% e 2,2%), da Itália (3,2% e 6,6%) e da Espanha
(2,1% e 2,9%).
A SADC, no seu conjunto, pesou 24,0% (29,3% no ano
anterior), cabendo 19,8% à UE-27 (24,0% em 2020). Segundo a fonte moçambicana, Portugal
terá representado 0,5% do Total em 2021 e 0,6% em 2020 (0,9% e 1,2% segundo a
fonte portuguesa).
3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique
No período de 2008 a 2022, o ritmo das importações
portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique, à excepção dos anos de 2010
e 2012, manteve-se até 2021 ligeiramente acima do nível de 2008, tendo
registado uma subida significativa em 2022.
Por sua vez o ritmo das
exportações, que entre 2008 e 2015 havia quase quadruplicado, decresceu a
partir de então, mantendo-se nos anos seguintes num patamar em torno de cerca
do dobro de 2008.
3.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com
Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos, com
elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.
O saldo da Balança oscilou entre um mínimo de 145,7
milhões de Euros em 2018 e um máximo de 164,1 milhões em 2002.
3.2 –
Importações por grupos de produtos
Pouco diversificadas, nos
dois últimos anos as importações portuguesas com origem em Moçambique
centraram-se nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (67,3% em 2022 e
78,3% em 2021) e “Madeira, cortiça e papel” (21,8% e 15,1%, respectivamente).
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (4,2% e 1,5%), “Minérios
e metais” (3,2% e 2,9%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (2,9% e
1,5%).
No quadro seguinte encontram-se discriminados, por
grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos
da Nomenclatura Combinada (NC2).
3.3 – Exportações
por grupos de produtos
Em 2022, face a 2021, após
quebras verificadas nos dois anos anteriores, as exportações para Moçambique cresceram
+14,4%. Os grupos de produtos com maior peso no Total foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (26,9% em 2022 e 28,3% em 2021), “Químicos” (22,5%
e 23,6%), “Agro-alimentares” (16,3% e 15,5%), “Minérios e metais”
(11,3% e 11,4%) e “Produtos acabados diversos” (9,7% e 10,1%).
Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel”
(5,4% em 2022 e 4,7% ), “Energéticos” (2,6% e 1,3%), “Têxteis e
vestuário” (1,8% e 2,2%), “Material de transporte terrestre e partes”
(1,7% e 1,4%), “Calçado, peles e couros” (0,7% e 1,4%) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (apenas 0,1% em 2021).
No quadro seguinte encontram-se discriminados, por
grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos
da Nomenclatura Combinada (NC2).
Sem comentários:
Enviar um comentário