quinta-feira, 2 de março de 2023

Comércio Externo de Moçambique e Portugal-Moçambique (2018-2022)

 

Comércio Externo de Moçambique
2020-2021
e
Portugal-Moçambique
2018-2022

                                                              (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Moçambique  face ao mundo, entre 2020 e 2021, com base em dados divulgados na publicação da série anual “Estatísticas do Comércio Externo de Bens-Moçambique, 2021-Instituto Nacional de Estatística”.

Analisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Moçambique ao longo do período 2018-2022, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2023.

Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), que integra dezasseis países: Africa do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o francês.

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que foi observador associado desde 2006. 

2 – Comércio Externo de Moçambique

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Moçambique tem-se mantido deficitária desde 2010, em níveis superiores ao desse ano, à excepção do ano de 2017.

Em 2021 aumentaram em Moçambique, face ao ano anterior, a importação (+28,6%), a exportação (+50,2%) e o défice da Balança Comercial (+1,7%), com o grau de cobertura da importação pela exportação a crescer de 55,5% para 64,8%. 


2.2 – Importações em Moçambique por grupos de produtos
         (2020-202) e quotas de Portugal em 2021                               

Para o cálculo das quotas de Portugal foram utilizados, tanto nas importações como nas exportações, dados de base do INE de Portugal, com as necessárias conversões Cif/Fob e Fob/Cif, numa tentativa de se obter dados o mais próximos possível da realidade. À parte os dados do INE de Moçambique, em US$ (desconhecendo-se o câmbio do dólar ali considerado), relativos a Portugal, terem sido convertidos em Euros, há desfasamentos acentuados entre as duas fontes ao nível de produtos, como acontece, por exemplo, do lado das importações, em produtos como o trigo, as partes e acessórios de armas, os aparelhos de distribuição de energia e os medicamentos, e nas exportações nos crustáceos e moluscos, na madeira em bruto, no tabaco e no alumínio.

Em termos globais, em 2021 o peso de Portugal nas importações moçambicanas terá sido de 3,4%, segundo o INE de Moçambique e de 2,8%, de acordo com os dados do INE de Portugal.

Em 2021, por grupos de produtos (ver em ANEXO o conteúdo considerado, definido por Capítulos da Nomenclatura-NC2), as principais importações em Moçambique incidiram nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (20,5%), “Químicos” (18,2%), “Energéticos” (17,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (15,1%) e “Minérios e metais” (10,9%). Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,6%), “Produtos acabados diversos” (4,4%), “Têxteis e vestuário” (2,8%), “Madeira cortiça e papel” (1,9%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,8%) e “Calçado, peles e couros” (0,5%). As maiores quotas de Portugal, por grupos de produtos, incidiram em “Calçado, peles e couros” (8,3%), “Madeira, cortiça e papel” (7,0%), “Produtos acabados diversos” (6,5%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (5,2%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados por Moçambique em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportações de Moçambique por grupos de produtos

         (2020-2021) e quotas de Portugal em 2021                                        

As principais exportações de Moçambique em 2021 incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (42,0% e 38,2% em 2020), “Minérios e metais” (39,2% e 38,1%) e “Agro-alimentares” (13,8% e 17,8%).

Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Químicos” (1,4% e 1,2%), Têxteis e vestuário” (1,4% e 1,9%), “Madeira, cortiça e papel” (1,1% e 1,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (0,6% nos dois anos), “Material de transporte terrestre e partes” (0,3% e 0,2%) e “Produtos acabados diversos” (0,2% e 0,1%). Com exportações praticamente nulas nos dois anos seguiram-se os grupos “Aeronaves, embarcações e partes” e “Calçado, peles e couros”.

Em 2021 Portugal, que terá pesado 0,9% no Total das exportações moçambicanas, registtou as maiores quotas nos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (12,1%), “Agro-alimentares” (5,1%), “Calçado, peles e couros” (3,9%), “Máquinas, aparelhos e partes” (2,4%) e “Produtos acabados diversos” (2,0%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos exportados por Moçambique em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.


2.4 – Principais mercados de origem e de destino em 2021

De acordo com os dados de base divulgados pelo INE de Moçambique, em 2021 o principal mercado de origem das importações moçambicanas foi a África do Sul (26,6% e 30,8% em 2020), seguida da China (10,8% e 10,7%, respectivamente), da Índia (8,6% e 9,0%), dos Emiratos Árabes Unidos (8,4% e 6,6%), de Singapura (6,9% e 5,6%), de Portugal (3,4% e 3,6%), da Malásia (2,8% e 2,1%), dos EUA (2,7% e 2,4%), do Japão (2,5% nos dois anos) e da França (2,4% e 0,6%).

O conjunto dos países da SADC representou 30,0% do Total das importações em 2021 e 33,7% no ano anterior. Por sua vez a UE-27 foi a origem de 10,5% das importações em 2021, com 10,6% em 2020. Segundo a fonte moçambicana, Portugal terá representado 3,4% do Total em 2021 e 3,6% em 2020 (2,8% e 3,7%, respectivamente, segundo o INE de Portugal).

Em 2021 o principal mercado de destino das exportações de Moçambique foi ainda a África do Sul (17,0% e 23,1% em 2020), seguida da Índia (14,1% e 11,8%), do Reino Unido (10,5% e 10,2%), da China (8,8% e 7,3%), dos Países Baixos (8,2% e 5,7%), de Singapura (6,9% e 3,1%), do Zimbabwe (3,9% e 3,2%), da Coreia do Sul (3,7% e 2,2%), da Itália (3,2% e 6,6%) e da Espanha (2,1% e 2,9%).

A SADC, no seu conjunto, pesou 24,0% (29,3% no ano anterior), cabendo 19,8% à UE-27 (24,0% em 2020). Segundo a fonte moçambicana, Portugal terá representado 0,5% do Total em 2021 e 0,6% em 2020 (0,9% e 1,2% segundo a fonte portuguesa).

3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique

No período de 2008 a 2022, o ritmo das importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique, à excepção dos anos de 2010 e 2012, manteve-se até 2021 ligeiramente acima do nível de 2008, tendo registado uma subida significativa em 2022.

Por sua vez o ritmo das exportações, que entre 2008 e 2015 havia quase quadruplicado, decresceu a partir de então, mantendo-se nos anos seguintes num patamar em torno de cerca do dobro de 2008.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.

O saldo da Balança oscilou entre um mínimo de 145,7 milhões de Euros em 2018 e um máximo de 164,1 milhões em 2002. 

3.2 – Importações por grupos de produtos

Pouco diversificadas, nos dois últimos anos as importações portuguesas com origem em Moçambique centraram-se nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (67,3% em 2022 e 78,3% em 2021) e “Madeira, cortiça e papel” (21,8% e 15,1%, respectivamente). Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (4,2% e 1,5%), “Minérios e metais” (3,2% e 2,9%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (2,9% e 1,5%).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC2).

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2022, face a 2021, após quebras verificadas nos dois anos anteriores, as exportações para Moçambique cresceram +14,4%. Os grupos de produtos com maior peso no Total foram “Máquinas, aparelhos e partes” (26,9% em 2022 e 28,3% em 2021), “Químicos” (22,5% e 23,6%), “Agro-alimentares” (16,3% e 15,5%), “Minérios e metais” (11,3% e 11,4%) e “Produtos acabados diversos” (9,7% e 10,1%).

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (5,4% em 2022 e 4,7% ), “Energéticos” (2,6% e 1,3%), “Têxteis e vestuário” (1,8% e 2,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,7% e 1,4%), “Calçado, peles e couros” (0,7% e 1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (apenas 0,1% em 2021).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados, definidos por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC2).


ANEXO





 

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