quarta-feira, 31 de julho de 2024

Comércio Externo de Macau (2019-23) e Portugal-Macau (2019-23 e Jan-Maio 2023-24)

 

Comércio Externo de Macau
(2019-2023)
e
Portugal-Macau
(2019-2023 e Janeiro-Maio 2023-2024)

                                                    disponível para download  >> aqui )       

1 - Introdução

Macau, território administrado por Portugal desde meados do séc, XVI durante mais de 400 anos, voltou para a soberania chinesa em 20 de Dezembro de 1999, constituindo actualmente aRegião Administrativa Especial de Macau” (RAEM). Em Outubro de 2003, por iniciativa do Governo Central da China, foi criado o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau)”, em coordenação, actualmente, com nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Sediado em Macau, o também designado por “Fórum de Macau” é, como se define no portal do ‘Secretariado Permanente’, “um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento económico e comercial, tendo como objectivos consolidar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, dinamizar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa e fomentar o desenvolvimento comum do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa e da RAEM”. De três em três anos realiza-se em Macau uma Conferência Ministerial, onde se planificam os “Planos de Acção para a Cooperação Económica e Comercial”.

Na nomenclatura internacional de países para efeitos estatísticos do comércio mantém–se a distinção entre China Continental (também designada por Interior da China) e as actuais Regiões Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução do comércio externo de mercadorias de Macau face ao mundo e aos países do “Fórum de Macau” e, com maior pormenor, entre Portugal e Macau. Não se dispondo, com origem em fontes oficiais, de dados estatísticos relativos ao comércio externo de mercadorias de Macau com base no “Sistema Harmonizado” (SH), foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC) para o período 2019-2023, calculados a partir de dados baseados em estatísticas COMTRADE, da ONU. A análise da evolução do comércio de Portugal com Macau entre 2019 e 2023 e período de Janeiro a Maio de 2023 e 2024 tem por base dados estatísticos do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 10 de Julho de 2024.

2 – Comércio da China, incluindo as RAE de Hong-Kong                              e Macau, com os PALOP

O comércio externo da China, incluindo as Regiões Administrativas Especiais de Hong-Kong e Macau, com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), membros do Fórum, assenta na sua quase totalidade em importações e exportações da China Continental.

Nas importações destaca-se Angola, seguida da Guiné Equatorial, constituídas essencialmente por petróleo, e Moçambique, estas centradas em minérios como titânio, e Gás. Nas exportações sobressai Angola e Moçambique, com valores da mesma ordem de grandeza ao longo do período em análise.

No período de 2019 a 2023, à excepção do ano de 2022 (106,7%), as importações da China (incluindo Hong-Kong e Macau) com os PALOP, mantiveram-se abaixo do nível de 2019.

Por sua vez as exportações, após uma ligeira quebra em 2020, cresceram até 2023 a um ritmo significativo, atingindo 201,3% do valor que detinham em 2019.

3 – Comércio externo de Macau

Após um ligeiro decréscimo em 2020, as importações e as exportações mantiveram-se acima do nível que detinham em 2019.

As importações, após um crescimento acentuado em 2021 (152,3%), mantiveram-se próximo desse nível até 2023. Por sua vez as exportações, tendo crescido até 2022 (142,8%), desaceleraram no ano seguinte (123,5%).

3.1- Balança Comercial de Macau

De acordo com os dados de base de fonte ITC disponíveis, a Balança Comercial de Macau no período de 2019 a 2023 foi desfavorável, tendo o défice aumentado respectivamente e -9,8 mil milhões de Euros para -15,1 mil milhões, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 8,5% para 7,0%.


3.2 – Importações por Grupos de Produtos

Em 2023 as principais importações de mercadorias em Macau incidiram no grupo de produtos “Agro-alimentares” (18,3% e 15,5% em 2022), principalmente bebidas alcoólicas, peixe, crustáceos e moluscos,  carnes e miudezas, preparados à base de cereais ou leite, leite e lacticínios, “Minérios e metais” (16,3% e 12,9%), principalmente pedras e metais preciosos e bijutaria, “Químicos” (15,8% e 21,2%), principalmente óleos essenciais, perfumaria e cosmética, “Máquinas, aparelhos e partes” (12,6% e 15,8%), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, “Calçado, peles e couros” (11,4% e 10,4%), com as obras de couro e artigos de viagem em evidência e “Produtos acabados diversos” (11,0% e 10,5%), principalmente artigos de relojoaria.

Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (6,6% nos dois anos), principalmente vestuário,  “Energéticos” (5,0% e 4,4%), designadamente combustíveis e óleos minerais, “Material de transporte terrestre e partes” (2,2% e 2,0%), principalmente veículos automóveis, “Madeira. cortiça e papel” (0,7% e 0,6%), como papel, cartão e suas obras, material impresso, madeira e suas obras, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em ambos os anos), essencialmente aparelhos aéreos e suas partes.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).


3.3 – Exportações por Grupos de Produtos


Entre as exportações destacaram-se, em 2023, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (26,7% e 22,8% no ano anterior), principalmente aparelhos eléctricos, “Minérios e metais” (23,2% e 25,1%), como pedras e metais preciosos e bijutaria, “Produtos acabados diversos” (14,3% e 18,6%), com destaque para os artigos de relojoaria, e “Têxteis e vestuário” (11,7% e 10,9%), essencialmente vestuário excepto de malha e seus acessórios. Seguiram-se o “Calçado, peles e couros” (8,8% e 9,0%), “Agro-alimentares” (7,3% nos dois anos) e “Químicos” (6,5% e 4,4%). Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Aeronaves, embarcações e partes”, “Material de transporte terrestre e partes” e “Madeira, cortiça e papel”, tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).

3.4 – Mercados de origem e de destino

São idênticos os principais mercados das importações de Macau em 2023 e seus pesos no  Total, quando considerados a partir de dados de base do “ITC” ou do “Anuário Estatísticico 2023–Macau”. Já o mesmo não acontece relativamente às exportações. 

Para efeitos estatísticos são consideradas autonomamente as Região Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong, separadas do que se designa no Anuário Estatístico por “interior da China” (China Continental). Em 2023, segundo o ITC, as principais importações couberam à China Continental (28,6%), seguida da França (16,1%), da Itália (11,8%), da Suíça (6,8%), do Japão (6,1%), dos EUA (6,0%) e de Hong-Kong (5,2%). As exportações dominantes terão incidido em Hong-Kong (84,4%), seguido da China (Cont.) (7,8%), dos EUA (4,8%), do Vietname (1,1%), de Taiwan (0,6%) e de Singapura (0,5%).

Portugal terá representado 0,2% das importações, sendo praticamente nulas as exportações.

4 – Comércio de Portugal com Macau

No período de 2019 a 2023 o ritmo de evolução anual das importações manteve-se abaixo do nível de 2019 mas sempre acima de 73,7%. Por sua vez as exportações, após uma subida considerável em 2020 (169,6%), desceram sucessivamente abaixo do nível que detinham em 2019, atingindo 30,7% desse nível em 2023.

4.1 – Balança Comercial

No período em análise a Balança Comercial de Portugal com Macau foi favorável a Portugal, com saldos positivos oscilando entre +19,6 milhões de Euros em 2020 e +25,7 milhões em 2019, situando-se em +23,9 milhões em 2023. Nos primeiros cinco meses de 2024 o saldo foi de +10,4 milhões, representando uma quebra de -2,4% face ao período homólogo do ano anterior.

As importações, que em 2020 atingiram +2,3 milhões de Euros, decresceram sucessivamente a partir de então, situando-se em +421 mil Euros em 2023. No período de Janeiro a Maio de 2024, face ao período homólogo de 2023, cresceram +22,6%, fixando-se em +285 mil Euros.

Por sua vez as exportações, que em 2019 ultrapassaram os +27 milhões de Euros, desceram nos três anos seguintes para um patamar em torno de +20 milhões de Euros, subindo em 2024 para +24,3 milhões. No período de Janeiro a Maio de 2024 decresceram -1,9% face ao mesmo período do ano anterior, situando-se em +10,7 milhões de Euros.  

4.2 – Importações por Grupos de Produtos

No período de Janeiro a Maio de 2024 as principais importações com origem em Macau ocorreram no grupo “Químicos” (81,0% do Total em 2024 e apenas 9,7% em 2023), designadamente produtos químicos orgânicos, como antibióticos.

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (7,7% e 13,6%), com destaque para livros e outro material impresso, “Têxteis e vestuário” (5,1% e 13,3%), principalmente vestuário, “Calçado, peles e couros” (3,6% e 3,1%), principalmente calçado e obras de couro, e “Produtos acabados diversos” (1,7% e 55,3%, em2023 centradas em quadros, pinturas e desenhos).

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados no período de Janeiro-Maio de 2023-2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).

4.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Nos primeiros cinco meses de 2024 o grupo de produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares” (79,1% e 71,2% no ano anterior), com destaque para as bebidas alcoólicas, conservas de peixe, preparações e conservas de carnes, seguido à distância pelo grupo “Químicos” (11,7% e 17,0%), principalmente constituído por produtos farmacêuticos.

Alinharam-se depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (3,1% e 5,3%), com destaque para aparelhos eléctricos como fios, cabos, aparelhos de interrupção e quadros eléctricos, “Produtos acabados diversos” (2,3% e 1,5%), principalmente produtos cerâmicos, “Calçado, peles e couros” (1,4% e 2,1%), com as obras de couro em evidência, “Minérios e metais” (1,3% e 0,9%), principalmente obras de ferro ou aço, “Têxteis e vestuário” (0,6% e 1,3%), principalmente vestuário, tapetes e outros revestimentos de matérias têxteis e “Madeira, cortiça e papel” (0,5% e 0,6%) com destaque para os livros e outro material impresso.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados no período de Janeiro-Maio de 2023-2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).


Alcochete, 21 de Julho de 2024.


ANEXO








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