Comércio Externo de Macau(2019-2023)ePortugal-Macau(2019-2023 e Janeiro-Maio 2023-2024)
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1 - Introdução
Macau, território administrado
por Portugal desde meados do séc, XVI durante mais de 400 anos, voltou para a
soberania chinesa em 20 de Dezembro de 1999, constituindo actualmente a “Região Administrativa Especial de Macau” (RAEM). Em Outubro de 2003, por
iniciativa do Governo Central da China, foi criado o “Fórum para a
Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa
(Macau)”, em coordenação, actualmente, com nove países de língua portuguesa:
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Sediado em Macau, o
também designado por “Fórum de Macau” é, como se define no portal do ‘Secretariado
Permanente’, “um mecanismo multilateral de
cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento económico e
comercial, tendo como objectivos consolidar o intercâmbio económico e comercial
entre a China e os Países de Língua Portuguesa, dinamizar o papel de Macau
enquanto plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua
Portuguesa e fomentar o desenvolvimento comum do Interior da China, dos Países
de Língua Portuguesa e da RAEM”. De três em três anos realiza-se em Macau uma
Conferência Ministerial, onde se planificam os “Planos de Acção para a
Cooperação Económica e Comercial”.
Na nomenclatura
internacional de países para efeitos estatísticos do comércio mantém–se a distinção entre China Continental (também designada por Interior da
China) e as actuais Regiões Administrativas Especiais de
Macau e Hong-Kong.
Neste trabalho vai-se analisar a evolução do comércio externo de mercadorias de Macau face ao mundo e aos países do “Fórum de Macau” e, com maior pormenor, entre Portugal e Macau. Não se dispondo, com origem em fontes oficiais, de dados estatísticos relativos ao comércio externo de mercadorias de Macau com base no “Sistema Harmonizado” (SH), foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC) para o período 2019-2023, calculados a partir de dados baseados em estatísticas COMTRADE, da ONU. A análise da evolução do comércio de Portugal com Macau entre 2019 e 2023 e período de Janeiro a Maio de 2023 e 2024 tem por base dados estatísticos do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 10 de Julho de 2024.
2 – Comércio da China, incluindo as RAE de
Hong-Kong e Macau, com os PALOP
O comércio externo da China, incluindo as Regiões
Administrativas Especiais de Hong-Kong e Macau, com os Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa (PALOP), membros do Fórum, assenta na
sua quase totalidade em importações e exportações da China Continental.
Nas importações destaca-se Angola, seguida da Guiné
Equatorial, constituídas essencialmente por petróleo, e Moçambique, estas
centradas em minérios como titânio, e Gás. Nas exportações sobressai Angola e
Moçambique, com valores da mesma ordem de grandeza ao longo do período em
análise.
No período de 2019 a 2023, à excepção do ano de
2022 (106,7%), as importações da China (incluindo Hong-Kong e Macau) com os
PALOP, mantiveram-se abaixo do nível de 2019.
Por sua vez as exportações, após uma ligeira quebra
em 2020, cresceram até 2023 a um ritmo significativo, atingindo 201,3% do valor
que detinham em 2019.
3 – Comércio
externo de Macau
Após um ligeiro decréscimo em 2020, as importações
e as exportações mantiveram-se acima do nível que detinham em 2019.
As importações, após um crescimento acentuado em
2021 (152,3%), mantiveram-se próximo desse nível até 2023. Por sua vez as
exportações, tendo crescido até 2022 (142,8%), desaceleraram no ano seguinte
(123,5%).
3.1- Balança Comercial de Macau
De acordo com os dados de base de fonte ITC disponíveis,
a Balança Comercial de Macau no período de 2019 a 2023 foi desfavorável, tendo
o défice aumentado respectivamente e -9,8 mil milhões de Euros para -15,1 mil
milhões, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 8,5%
para 7,0%.
3.2 – Importações por Grupos de Produtos
Em 2023 as principais importações de mercadorias em Macau incidiram no grupo de produtos “Agro-alimentares” (18,3% e 15,5% em 2022), principalmente bebidas alcoólicas, peixe, crustáceos e moluscos, carnes e miudezas, preparados à base de cereais ou leite, leite e lacticínios, “Minérios e metais” (16,3% e 12,9%), principalmente pedras e metais preciosos e bijutaria, “Químicos” (15,8% e 21,2%), principalmente óleos essenciais, perfumaria e cosmética, “Máquinas, aparelhos e partes” (12,6% e 15,8%), com destaque para as máquinas e aparelhos eléctricos, “Calçado, peles e couros” (11,4% e 10,4%), com as obras de couro e artigos de viagem em evidência e “Produtos acabados diversos” (11,0% e 10,5%), principalmente artigos de relojoaria.
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (6,6% nos dois anos), principalmente vestuário, “Energéticos” (5,0% e 4,4%), designadamente combustíveis e óleos minerais, “Material de transporte terrestre e partes” (2,2% e 2,0%), principalmente veículos automóveis, “Madeira. cortiça e papel” (0,7% e 0,6%), como papel, cartão e suas obras, material impresso, madeira e suas obras, e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em ambos os anos), essencialmente aparelhos aéreos e suas partes.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura (SH-2).
Entre as
exportações destacaram-se, em 2023, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes”
(26,7% e 22,8% no ano anterior), principalmente aparelhos eléctricos, “Minérios
e metais” (23,2% e 25,1%), como pedras e metais preciosos e bijutaria, “Produtos
acabados diversos” (14,3% e 18,6%), com destaque para os artigos de relojoaria,
e “Têxteis e vestuário” (11,7% e 10,9%), essencialmente vestuário
excepto de malha e seus acessórios. Seguiram-se o “Calçado, peles e couros”
(8,8% e 9,0%), “Agro-alimentares” (7,3% nos dois anos) e “Químicos”
(6,5% e 4,4%). Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os grupos “Aeronaves,
embarcações e partes”, “Material de transporte terrestre e partes” e “Madeira,
cortiça e papel”, tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos exportados em 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura (SH-2).
3.4 – Mercados de
origem e de destino
São idênticos os principais mercados das importações de Macau em 2023 e seus pesos no Total, quando considerados a partir de dados de base do “ITC” ou do “Anuário Estatísticico 2023–Macau”. Já o mesmo não acontece relativamente às exportações.
Para efeitos estatísticos são consideradas autonomamente as Região Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong, separadas do que se designa no Anuário Estatístico por “interior da China” (China Continental). Em 2023, segundo o ITC, as principais importações couberam à China Continental (28,6%), seguida da França (16,1%), da Itália (11,8%), da Suíça (6,8%), do Japão (6,1%), dos EUA (6,0%) e de Hong-Kong (5,2%). As exportações dominantes terão incidido em Hong-Kong (84,4%), seguido da China (Cont.) (7,8%), dos EUA (4,8%), do Vietname (1,1%), de Taiwan (0,6%) e de Singapura (0,5%).
Portugal terá
representado 0,2% das importações, sendo praticamente nulas as exportações.
4 – Comércio
de Portugal com Macau
No período de 2019 a 2023 o ritmo de evolução
anual das importações manteve-se abaixo do nível de 2019 mas sempre acima de
73,7%. Por sua vez as exportações, após uma subida considerável em 2020
(169,6%), desceram sucessivamente abaixo do nível que detinham em 2019,
atingindo 30,7% desse nível em 2023.
4.1 – Balança
Comercial
No período em
análise a Balança Comercial de Portugal com Macau foi favorável a Portugal, com
saldos positivos oscilando entre +19,6 milhões de Euros em 2020 e +25,7 milhões
em 2019, situando-se em +23,9 milhões em 2023. Nos primeiros cinco meses de
2024 o saldo foi de +10,4 milhões, representando uma quebra de -2,4% face ao
período homólogo do ano anterior.
As importações,
que em 2020 atingiram +2,3 milhões de Euros, decresceram sucessivamente a
partir de então, situando-se em +421 mil Euros em 2023. No período de Janeiro a
Maio de 2024, face ao período homólogo de 2023, cresceram +22,6%, fixando-se em
+285 mil Euros.
Por sua vez as
exportações, que em 2019 ultrapassaram os +27 milhões de Euros, desceram nos
três anos seguintes para um patamar em torno de +20 milhões de Euros, subindo
em 2024 para +24,3 milhões. No período de Janeiro a Maio de 2024 decresceram
-1,9% face ao mesmo período do ano anterior, situando-se em +10,7 milhões de
Euros.
4.2 – Importações
por Grupos de Produtos
No período de
Janeiro a Maio de 2024 as principais importações com origem em Macau ocorreram
no grupo “Químicos” (81,0% do Total em 2024 e apenas 9,7% em 2023),
designadamente produtos químicos orgânicos, como antibióticos.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados no período de Janeiro-Maio de 2023-2024,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).
4.3 – Exportações por Grupos de Produtos
Nos primeiros
cinco meses de 2024 o grupo de produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares”
(79,1% e 71,2% no ano anterior), com destaque para as bebidas alcoólicas,
conservas de peixe, preparações e conservas de carnes, seguido à distância
pelo grupo “Químicos” (11,7% e 17,0%), principalmente constituído por
produtos farmacêuticos.
Alinharam-se
depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (3,1% e 5,3%), com
destaque para aparelhos eléctricos como fios, cabos, aparelhos de interrupção e
quadros eléctricos, “Produtos acabados diversos” (2,3% e 1,5%), principalmente
produtos cerâmicos, “Calçado, peles e couros” (1,4% e 2,1%), com as
obras de couro em evidência, “Minérios e metais” (1,3% e 0,9%),
principalmente obras de ferro ou aço, “Têxteis e vestuário” (0,6% e
1,3%), principalmente vestuário, tapetes e outros revestimentos de matérias
têxteis e “Madeira, cortiça e papel” (0,5% e 0,6%) com destaque para os
livros e outro material impresso.
Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos exportados no período de Janeiro-Maio de 2023-2024,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH-2).
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