quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Comércio Internacional da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar -1º Semestre 2023-2024

 

Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(1º Semestre 2023-2024)

(Disponível para download >>> aqui )

 

1 - Introdução

Portugal é detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) a nível europeu e mesmo mundial. Apesar desta enorme extensão marítima, a balança comercial da “Pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar” é deficitária, representando as importações um valor (Fob) cerca de duas vezes superior ao das exportações.

No presente trabalho analisa-se a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados no portal do Instituto Nacional de Estatística para o primeiro semestre de 2023, em versão definitiva, e 2024, em versão preliminar, com última actualização em 10 de Outubro de 2024.

2 – Peso da pesca, preparações, conservas e outros produtos                    do mar no comércio internacional português

No 1º Semestre de 2023 e 2024 as importações destes produtos representaram cerca de 2,5% das importações globais, e 1,6% das exportações.

3 – Balança Comercial

No 1º Semestre de 2024 o valor das importações deste conjunto de produtos foi praticamente coincidente com o valor verificado no semestre homólogo de 2023.

Por sua vez as exportações decresceram -2,2%, uma quebra de -14,7 milhões de Euros face ao ano anterior.

O défice da Balança Comercial (Fob-Cif) destes produtos do mar aumentou +2,1%, ao situar-se em -675,2 milhões de Euros, contra -661,0 milhões no mesmo período do ano anterior.

O grau de cobertura das importações pelas exportações desceu de 49,8%, em 2023, para 48,7%, em 2024.

No 1º Semestre de 2024, entre os agregados de produtos considerados, destacaram-se, tanto nas importações como nas exportações, o “Peixe” (respectivamente 66,0% e 46,7% do Total), os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (20,4% e 24,6%) e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (11,5% e 27,4%).

Este conjunto de produtos representou 97,8% das importações em 2023 e 98,3% do total das exportações.

No quadro seguinte pode observar-se a Balança Comercial das sete componentes consideradas.

O único agregado em que o saldo da Balança Comercial foi favorável foi “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (+25,7 milhões em 2024 e +12,1 milhões de Euros em 2023).

Os maiores défices incidiram nos agregados “Peixe” (‑567,7 milhões de Euros em 2024 e ‑540,7 milhões em 2023) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (‑110,5 e -116,0 milhões de Euros, respectivamente).


4 – Importação

No 1º Semestre de 2024 as importações praticamente estabilizaram face ao período homólogo do ano anterior.

Os únicos acréscimos ocorreram nas componente “Peixe” (+19,4 milhões de Euros), e na componente Sal, águas-mãe de salinas e algas” (+2,1 milhões de Euros).

O maior decréscimo incidiu na componente “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (-14,5 milhões de Euros), seguido de Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (-6,3 milhões), “Produtos da pesca impróprios para alimentação humana” (-1,3 milhões) e “Farinhas, pós  e ‘pellets’ próprios para alimentação humana” (-76 mil Euros).


4.1 – Mercados de origem

No 1º Semestre de 2024 os principais fornecedores destes produtos foram a Espanha (40,4% do Total), os Países Baixos (14,6%), a Suécia (9,0%), a Dinamarca (4,3%), a China (3,3%), o Equador (2,9%), a Federação Russa (2,5%), e a Noruega (2,4%), países que totalizaram 79,3% destas importações.

Os maiores acréscimos, face ao semestre homólogo de 2023, couberam a Espanha (+25,1 milhões de Euros) e aos Países Baixos (+21,7 milhões). O maior decréscimo incidiu na Federação Russa ( -16,4 milhões de Euros).


5 – Exportação



No 1º Semestre de 2024 as exportações decresceram -1,8% face ao período homólogo do ano anterior (cerca de -12,0 milhões de Euros).

Os maiores decréscimos incidiram nas componentes “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (-8,9 milhões de Euros), “Peixe” (-7,6 milhões de Euros) e “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana” (-1,2 milhões), seguidos de “Gorduras e óleos de peixe e mamíferos aquáticos” (-499 mil Euros) e “Extractos e sucos de carnes” (-60 mil Euros).

Os maiores acréscimos ocorreram na componente “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (+7,3 milhões), seguida de “Sal, águas-mãe de salinas e algas” (+201 mil Euros) e “Farinhas, pós e ‘pellets’ para alimentação humana” (+7 mil Euros).

5.1 – Mercados de destino

No 1º Semestre de 2024 o principal mercado de destino, com mais de metade do valor das exportações foi a Espanha (53,2% do Total), seguida da França (11,5%), da Itália (10,1%) e do Brasil (5,9%).

Com quotas inferiores alinharam-se depois, entre os principais, os EUA (2,4%), a China (1,8%), a Suíça e Bélgica (1,4% cada) e o Reino Unido/Irl NT, Alemanha e Países Baixos (1,3% cada).

Os maiores acréscimos, face ao semestre homólogo de 2023, couberam a Espanha (+11,0 milhões de Euros) e à Bélgica (+1,3 milhões).

Os maiores decréscimos nestas exportações incidiram no Brasil (-13,3 milhões de Euros), na China (-4,9 milhões), na Alemanha (-3,6 milhões), e em Angola (-3,1 mil Euros).


6 – Importação e exportação de sardinha

São conhecidas as limitações impostas à pesca da sardinha, importante para a exportação das conservas, em zonas em que operam habitualmente os pescadores portugueses e espanhóis. Face à acentuada redução do “stock” verificada ao longo da última década, houve mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a proibição da sua pesca. 


No 1º Semestre de 2024, face ao semestre homólogo de 2023, diminuiu o valor da importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (-1,9%), a par de um aumento em quantidade (+0,3%).

Por sua vez, registou-se um aumento significativo do valor da exportação e da quantidade (+45,6% e +54,8% respectivamente).




7 – Importação e exportação de bacalhau


O bacalhau ocupa uma posição importante na dieta alimentar dos portugueses. Nos semestres em análise o valor da importação de bacalhau (Fob), nos seus diversos estados, foi mais de 4 vezes superior ao da exportação.

No 1º Semestre de 2024 a importação de bacalhau decresceu em valor -4,5% face ao  1º semestre de 2023, tendo pesado cerca de 30% no Total dos produtos do mar (28% em 2023). Por sua vez, na exportação o bacalhau representou cerca de 13% do Total nos dois anos.

Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se, nas importações, o “Seco, salgado, em salmoura ou fumado”, que representou 71,4% do Total no 1º Semestre de 2024, seguido do “Congelado, excluindo filetes” (20,1%) e do “Fresco ou refrigerado excepto filetes” (5,0%). Nas exportações prevaleceu o bacalhau “Congelado excluindo filetes” (40,2%), seguido dos “Filetes em qualquer estado” (24,0%), do “Seco, salgado, em salmoura ou fumado” (22,4%), e da “Carne de bacalhau congelada, excluindo filetes” (10,3%).

Os principais mercados de origem das importações de bacalhau no 1º Semestre de 2024 foram os Países Baixos (40,3%) e a Suécia (24,8%), Seguiram-se a Federação Russa (8,3%), a Noruega e Espanha (7,4% cada), a Dinamarca (7,2%) e a China (2,3%).

Sabe-se que uma grande parte do bacalhau consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia. Tudo indica que a posição da Suécia entre os fornecedores contabilizados pelo INE assentará no facto de ser este eventualmente um país de “introdução em livre prática” na UE de bacalhau norueguês destinado a Portugal.

Os principais mercados de destino das exportações de bacalhau no 1º Semestre de 2024 foram o Brasil (34,8%), a Espanha (31,5%) e a França (14,4%). Com pesos inferiores alinharam-se depois os EUA (3,3%), a Suíça e a Itália (3,2% cada), a Bélgica (1,9%) e o Luxemburgo (1,5%).

Seguem-se, em anexo, quadros e gráficos com a Balança Comercial da desagregação das diversas componentes por produtos a quatro ou a seis dígitos da Nomenclatura, com indicação do valor e das quantidades transaccionadas nos semestres em análise.


ANEXOS



























Alcochete, 23 de Outubro de 2024.

 



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