sábado, 14 de setembro de 2019

Comércio Internacional da Pesca - Janeiro-Junho 2018-2019


Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(Janeiro-Junho 2018-2019)
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1 – Nota introdutória
Portugal é detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE), a nível europeu e mundial. Com mais de 1,7 milhões de Km2, compreende três subáreas: Continente (287,5 mil Km2), Açores (930,7 mil Km2) e Madeira (442,2 mil Km2). Aguarda-se uma decisão das Nações Unidas sobre uma proposta de extensão da sua plataforma continental das 200 para as 350 milhas, apresentada em Maio de 2009, que a ser aceite alargará a ZEE nacional para mais de 3 milhões de Km2.
Apesar da enorme extensão já hoje disponível, a balança comercial da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações um valor duplo do das exportações. No presente trabalho pretende-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística para o os primeiros seis meses de 2019 (versão provisória) e 2018 (versão preliminar), com última actualização em 9 de Agosto de 2019.
2- Peso do sector no comércio internacional global

De acordo com os dados disponíveis, as importações de produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, representaram 3,0% das importações globais no período de Janeiro a Setembro de 2018 (3,1% em 2017) e 1,8% das exportações (1,9% no mesmo período de 2017).

3 – Balança Comercial
A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária nos primeiros seis meses dos anos em análise, com défices de -597,5 milhões de Euros em 2018 e -566,9 milhões em 2019, com um grau de cobertura das importações pelas exportações inferior a 50% nos dois anos. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Conservas de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, nos dois anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.

O único agregado, entre os sete considerados, em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.

Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial das componentes desagregadas por produtos da Nomenclatura Combinada (NC) e quantidades transaccionadas.
4 – Importação
As importações do conjunto destes produtos decresceram -3,8% nos primeiros seis meses de 2019, face ao mesmo período do ano anterior (-43,4 milhões de Euros), tendo os maiores quebras incidido nas importações de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (-52,8 milhões de Euros), principalmente moluscos, excluindo conservas (-45,9 milhões). 

Nestas importações assumem relevância, entre outras, as de bacalhau, nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.
4.1 – Mercados de origem
No período de Janeiro a Junho de 2019 os principais fornecedores deste conjunto de produtos foram a Espanha (37,3%), a Suécia (11,8%), os Países Baixos (9,6%), a Rússia (5,4%), a China (4,2%), a Dinamarca (3,8%), a Índia (2,8%), o Vietname (1,9%), a Grécia (1,6%), a África do Sul (1,5%), os EUA (1,3%), e a França, a Namíbia, a Alemanha e o Senegal (1,2% cada), conjunto de países fornecedores de 86% do total importado por Portugal neste período. O maior acréscimo em valor coube à Dinamarca (+10,9 milhões de Euros) e os maiores decréscimos a Marrocos (-14,9 milhões), à Suécia (-11,4 milhões).

5 – Exportação
As exportações decresceram -2,4% em termos homólogos (-12,7 milhões de Euros). Esta quebra centrou-se em “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“ (25,2% do total e -31,4 milhões de Euros), principalmente moluscos, excluindo conservas (-30,2 milhões de Euros) e nas “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (22,5% do total e -8,1 milhões).

5.1 – Mercados de destino
Também do lado das exportações é a Espanha o principal mercado de destino, com mais de metade do total em 2019 (51,3%). Seguiram-se a Itália (12,9%), a França (10,6%) e o Brasil (6,9%), representando estes quatro países mais de 80% das exportações efectuadas no período em análise.

6 – Importação e exportação de sardinha
São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição em 2019.
Nos primeiros seis meses de 2019 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada de -25,8%, em quantidade, em termos homólogos, e a uma redução na exportação de -17,6%, sendo o grau de cobertura do valor das importações pelas exportações inferior a 50% nos dois períodos.
As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram uma descida em quantidade de -1,3%.
No período de Janeiro a Junho de 2019 o principal mercado de origem das importações de sardinha fresca, refrigerada ou congelada foi a Espanha (86,2%), seguida do Reino Unido (6,1%) e da Croácia (4,5%).
As importações com origem em Marrocos, que no ano anterior fora o 2º fornecedor, foram nulas em 2019.
Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (41,1%), seguida do Canadá (13,2%), dos EUA (12,9%), da França (6,6%) e da Suíça  (6,0%).
Em 2019, os principais fornecedores de conservas de sardinha foram a Espanha (66,0%), a Alemanha (20,6%) e Marrocos (9,6%), que no primeiro semestre de 2018 fora o primeiro mercado de origem.
Por sua vez, o principal mercado de destino foi a França (41,1%), seguida do Reino Unido (9,6%), da Bélgica (8,4%) e da Áustria (8,0%).

7 – Importação e exportação de bacalhau
Cerca de 30% das importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar reportam-se a bacalhau, nos seus variados estados. Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (60,8% no 1º semestre de 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (31,8%).
A principal origem da importação de bacalhau no período em análise foi a Suécia (34,6% do Total em 2019 e 37,9% em 2018), seguida dos Países Baixos (24,0% e 24,6%), da Rússia (17,7% e 16,6%), da Espanha (8,2% e 5,6%) e da Dinamarca (6,0% e 5,3%).
Sabe-se que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento de apenas 48 toneladas nos primeiros 6 meses de 2019 (23 tons no período homólogo do ano anterior), contra mais de 16,4 mil toneladas provenientes da Suécia em 2019 (19,8 mil tons em 2018).
Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os principais fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras. 

No período de Janeiro a Junho de 2019 Portugal exportou 10,5 mil toneladas de bacalhau (9,5 mil tons no ano anterior), principalmente ‘Congelado (excluindo filetes)’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’, tendo sido os principais destinatários o Brasil, a Espanha e a França.


Alcochete, 8 de Setembro de 2019.

ANEXO
Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial das componentes desagregadas por produtos da Nomenclatura Combinada e quantidades transacionadas.





























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