Exportações e importações de
Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
1 - Nota introdutória
A evolução do nível de
intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais
Transformados, a que corresponde um maior ou menor valor acrescentado, tem um
reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um
importante indicador de desenvolvimento industrial. Pretende-se neste trabalho analisar,
a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE) para o período 2014-2018 e 1º Semestre de 2018-2019, com última actualização
em 9/9/2019, a evolução do comércio internacional português destes produtos, na
óptica do seu nível de intensidade tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade
tecnológica considerados neste trabalho são os propostos pela OCDE, definidos com
base na Revisão-3 da “International
Standard Industrial Classification” (ISIC
Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353); Média-alta tecnologia
- 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359); Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28,
351) e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).
A partir da tabela correspondente ao ano de
2007, com recurso à “Classificação Tipo
do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos
em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas
alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o
período de 2007 a 2019, com alguns ajustamentos introduzidos à tabela utilizada
em trabalhos anteriores.
3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na
exportação global portuguesa oscilou, no período de 2014 a 2018, entre 94,8%,
em 2015, e 94,2%, em 2018, situando-se em 94,5% e 94,6% nos primeiros semestres
de 2018 e 2019.
Por níveis de intensidade tecnológica, o maior peso nas exportações do
conjunto dos Produtos Industriais Transformados no 1º Semestre de 2019 incidiu
na Média-alta tecnologia (33,7%), seguido da Baixa tecnologia (33,5%), da Média-baixa
tecnologia (23,2%) e da Alta tecnologia (9,6%).
Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por
ordem decrescente do seu peso no 1º Semestre de 2019, %), os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (34,3%), o “Equipamento de
rádio, TV e comunicações” (31,8%), os “Produtos
farmacêuticos” (19,4%), os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” (9,9%) e o “Equipamento
de escritório e computação” (4,7%).
A Média-alta
tecnologia engloba, ainda por
ordem decrescente de valor no 1º Semestre de 2019, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (48,7%), os “Produtos químicos, excepto
farmacêuticos” (18,3%), as “Máquinas
e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (17,7%), as “Máquinas
e aparelhos eléctricos n.e.” (13,0%) e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte” (2,3%).
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por
ordem decrescente de valor no 1º Semestre de 2019, os “Produtos da borracha e do plástico” (17,4%), os “Refinados de petróleo, petroquímicos e
combustível nuclear” (16,6%), a “Fabricação
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (13,2%), a “Metalurgia de base” (10,7%), os “Produtos
minerais não metálicos” (10,3%) e, residualmente, a “Construção e reparação naval” (0,7%).
Por fim,
na Baixa
tecnologia alinham-se os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (37,7%),
os “Produtos alimentares, bebidas e
tabaco” (27,9%), a “Pasta, papel,
cartão e publicações” (14,1%), as
“Manufacturas não especificadas e
reciclagem” (11,0%) e a “Madeira e
produtos da madeira e cortiça” (8,6%).
As exportações
anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram
sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos. Verificaram-se desacelerações,
face ao ano anterior, nas exportações dos produtos de Média-alta e Média-baixa
tecnologia em 2016.
3.1 – Mercados de destino das exportações
As exportações globais de Produtos
Industriais Transformados, têm por principal destino o espaço comunitário.
No 1º Semestre de 2019 as
exportações para o espaço comunitário representaram 77,1% do Total destes
produtos (76,1% em 2018) - 22,9% para os países terceiros (23,9% em 2018).
No 1º Semestre de 2019, o
maior peso da União Europeia nas exportações portuguesas de Produtos Industriais
Transformados, por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta
tecnologia (83,6%).
Seguiram-se a Baixa
tecnologia (76,5%), a Alta tecnologia (71,7%) e a Média-baixa
tecnologia (70,8%).
Os países
constantes do quadro seguinte representaram 75,7% das exportações globais
portuguesas no 1º Semestre de 2019 e 75,9% das exportações de Produtos Industriais
Transformados.
Entre estes dez países
destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (23,7%
do total), seguida da França (13,7%) e da Alemanha (12,7%). Com pesos menores
alinham-se depois o Reino Unido (6,1%), os EUA (5,2%), a Itália (5,0%), os
Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,3%), Angola (2,1%) e a Polónia (1,3%).
No 1º Semestre de 2019 a
Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa
tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta
tecnologia.
Entre os quatro níveis de
intensidade tecnológica, a Baixa tecnologia predominou nas exportações
para Espanha, França, Itália, Países Baixos e Angola, a Média-baixa
prevaleceu nos EUA, a Média-alta na Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Polónia e a Alta
em nenhum deles.
Na figura seguinte encontra-se
representada a distribuição das exportações para cada um destes mercados por
níveis de intensidade tecnológica.
4 – Importação de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação
global portuguesa aumentou, no período de 2014 a 2018, de 80,0% para 83,9%, com
85,0% em 2016, situando-se em 83,7% e 85,3%, respectivamente no primeiro
semestre de 2018 e de 2019.
Por níveis de intensidade tecnológica, no 1º Semestre de 2019 o maior
peso no conjunto das importações de Produtos Industriais Transformados incidiu
na Média-alta tecnologia (40,3%), seguida da Baixa tecnologia (24,5%), da Alta
tecnologia (18,8%) e da Média-baixa tecnologia (16,6%).
Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por
ordem decrescente do seu peso no 1º Semestre de 2019, os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial” (27,3%), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (26,3%),
os “Produtos farmacêuticos” (21,6%), os
“Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (15,1%) e o “Equipamento de
escritório e computação” (9,8%).
No mesmo período, a Média-alta tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente
de valor, os “Veículos a motor, reboques
e semi-reboques” (38,1%), os “Produtos
químicos, excepto farmacêuticos” (29,2%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,3%), as “Máquinas
e aparelhos eléctricos n.e.” (9,7%) e
o “Equipamento ferroviário e outro
equipamento de transporte” (1,7%).
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por
ordem decrescente de valor no 1º Semestre de 2019, a “Metalurgia de base” (34,1%), os “Produtos da borracha e do plástico” (22,6%), a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo
máquinas e equipamentos” (17,0%), os “Refinados
de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear” (16,9%), os “Produtos minerais não metálicos” (9,1%)
e residualmente, a “Construção e
reparação naval” (0,4%).
Na Baixa tecnologia alinham-se, por ordem decrescente do seu peso, os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco”
(43,1%), os “Têxteis, vestuário, couros e
calçado” (33,4%), as “Manufacturas não
especificadas e reciclagem” (9,7%), a “Pasta,
papel, cartão e publicações” (9,2%) e a “Madeira
e produtos da madeira e cortiça” (4,6%).
As
importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram
sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, bem como em todos os níveis de
intensidade tecnológica à excepção da Média-baixa tecnologia, em que se verificaram
desacelerações nos anos de 2015 e 2016.
Os ritmos de crescimentos
relativo com maior amplitude verificaram-se na Média-alta tecnologia (+44,7% em 2018, face a 2014)
e na Alta
tecnologia (+44,5%).
4.1 – Mercados de origem das importações
À semelhança das exportações, as
importações portuguesas, designadamente as de Produtos Industriais
Transformados, têm por principal origem o espaço comunitário.
No 1º Semestre de 2019 as importações
provenientes do espaço comunitário representaram 83,7% do Total destes produtos
industriais (84,7% em igual período de 2018), contra 16,3% das oriundas dos
países terceiros (15,3% no 1º Semestre de 2018).
No 1º Semestre de 2019, o
maior peso da União Europeia nas importações portuguesas de Produtos
Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos
produtos de Média-alta tecnologia
(85,9%).
Seguiram-se a Alta tecnologia (84,4%), a Baixa
tecnologia (81,9%) e a Média-baixa
tecnologia (80,6%).
Os países
constantes do quadro seguinte representaram 76,3% das importações globais
portuguesas no 1º Semestre de 2019 e 82,3% das importações de produtos
industriais transformados.
Entre estes dez países
destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (31,6%
do total), seguida da Alemanha (15,7%) e da França (11,4%). Com pesos inferiores
alinham-se depois a Itália (5,8%), os Países Baixos (5,3%), a China (4,1%), a Bélgica
(3,5%), o Reino Unido (2,5%), os EUA (1,6%) e a Rússia (0,8%).
Neste 1º Semestre de 2019 a
Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologia, cabendo à França o primeiro
lugar ao nível da Alta tecnologia.
Na figura seguinte encontra-se
representada a distribuição das importações com origem em cada um destes
mercados, por níveis de intensidade tecnológica.
5 – Balança comercial dos produtos industriais transformados,
por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo do período em
análise, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial portuguesa do conjunto dos Produtos
Industriais Transformados foi sempre negativo. O saldo da balança dos produtos
de Média-baixa e de Baixa tecnologia foi sempre positivo, enquanto que o saldo da balança
dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia foi negativo.
Alcochete, 24 de Setembro de 2019.
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