quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Índices do Comércio Internacional - Jan-Dez 2019/2018


Comércio Internacional de mercadorias
- Taxas de variação homóloga em
valor, volume e preço
por grupos e subgrupos de produtos
(Jan-Dez 2019/2018)

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1 - Nota introdutória
O presente trabalho visou o cálculo de indicadores de evolução em valor, volume e preço das importações e das exportações portuguesas de mercadorias no período acumulado de Janeiro a Dezembro de 2019, face ao período homólogo do ano anterior.
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2019 em versão preliminar, com última actualização em 7 de Fevereiro de 2020, sendo ainda provisória a versão dos correspondentes dados utilizados para 2018.
Para o cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e às exportações de mercadorias com movimento nos dois anos, foram agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo 1).
2 – Nota metodológica
O método utilizado para o cálculo dos índices de preço de Paasche divulgados neste trabalho assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos, construída com base em metodologia definida e ensaiada ao longo de muitos anos na antiga Direcção-Geral do Comércio Externo, índices posteriormente ponderados para o cálculo dos índices dos respectivos grupos, e estes por sua vez ponderados para o cálculo do índice do total, em cada uma das vertentes comerciais.
Os índices de preço de cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, com base nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos.
Segue-se uma análise crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente anormal, pode vir a ser incluído na amostra.
Mais frequentemente procede-se à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo o conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na proximidade do intervalo previamente encontrado.
Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por mercados se, através de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis face aos restantes.
3 – Balança Comercial
De acordo com os dados preliminares disponíveis, o défice da balança comercial de mercadorias no período de Janeiro a Dezembro de 2019 aumentou +16,2% face ao ano anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 76,7% para 74,6%.

As importações (somatório das ‘chegadas’ de mercadorias provenientes do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com um acréscimo em valor de +6,6%, terão registado um aumento em volume de +7,0% e um decréscimo em preço de ‑0,4%.
Por sua vez, o aumento em valor de +3,6% verificado nas exportações terá resultado de um incremento em volume de +4,2%, com o preço a decrescer -0,6%.
Na presente conjuntura, dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos também no andamento do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que integram o grupo “Energéticos”

De acordo com os dados disponíveis, as importações, com exclusão dos produtos “Energéticos”, terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de +7,4%, +7,4% e estabilização em preço.
Por sua vez, as exportações terão averbado um aumento em valor de +4,5%, em resultado de um incremento em volume de +4,9% e de um decréscimo em preço de -0,4%.
Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial cresceu +20,0%, contra +16,2% em termos globais, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer, entre 2018 e 2019, de 81,2% para 79,0% (em lugar de 76,7% para 74,6%).
A evolução em volume das exportações constitui uma medida da capacidade produtiva da indústria, tendo-se verificado no período em análise uma taxa de crescimento global de +4,2%, ou de +4,9% se excluirmos os produtos “Energéticos”. 

Em 2019, o saldo da balança comercial foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que representaram 29,7% das exportações e 16,7% das importações totais, designadamente “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.


Em quadros anexos pode ser observada a evolução dos índices de valor, volume e preço, por grupos de produtos, relativos aos trimestres acumulados de Janeiro a Março, a Junho, a Setembro e a Dezembro, correspondendo os índices de preço a cálculos efectuados com as primeiras versões, que habitualmente não sofrerem alterações sensíveis, e os  índices de valor, à última versão nesta data disponível (Anexos 2 e 3).
4 – Importações
No período em análise, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram: “Máquinas, aparelhos e partes” (17,9% do total em 2019 e 17,8% em 2018), “Químicos” (15,9% e 16,2%, respectivamente), “Agro-alimentares” (14,1% e 14,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,3% nos dois anos) e “Energéticos” (11,3% e 12,0%). Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,0% em 2019 e 8,6% em 2018), “Produtos acabados diversos” (5,9% e 6,0%), “Têxteis e vestuário” (5,7% e 5,8%), “Aeronaves, embarcações e partes” (3,7% e 1,3%), “Madeira, cortiça e papel” (3,0% e 3,2%) e “Calçado, peles e couros” (2,1% em 2019 e 2,2% em 2018).


À excepção do grupo “Minérios e metais” (-0,6%), em todos os grupos se registaram taxas de crescimento em valor positivas. O maior acréscimo ocorreu no grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+210,2%), não constante dos gráficos por não serem calculados neste grupo os índices de volume e preço.
Entre os restantes destacaram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+7,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (+6,7%), “Produtos acabados diversos” (+6,0%), seguidos dos grupos “Químicos” (+4,7%), “Têxteis e vestuário”  (+3,9%) e “Agro-alimentares” (+2,4%).
Em todos os grupos, excepto em “Calçado, peles e couros” (-0,4%), se verificaram crescimento em volume, com destaque para os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+6,8%), “Químicos” (+6,0%), “Produtos acabados diversos” (+4,8%), “Têxteis e vestuário” (+4,3%), “Energéticos” (+3,7%),  “Material de transporte terrestre e partes” (+3,1%), “Minérios e metais” (+2,9%), e “Agro-alimentares” (+2,8%).
Na óptica da evolução em preço verificaram-se acréscimos nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+3,5%), “Calçado, peles e couros” (+1,3%), “Produtos acabados diversos” (+1,1%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,5%).
Registaram-se descréscimos nos grupos “Minérios e metais” (‑3,5%), “Energéticos” (-3,2%), “Químicos” (-1,2%), “Agro-alimentares” (‑0,5%), “Têxteis e vestuário” (-0,4%) e “Madeira, cortiça e papel” (-0,1%).

5 – Exportações
No período de Janeiro a Dezembro de 2019, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de mercadorias foram “Material de transporte terrestre e partes” (15,0% do total em 2019 e 13,6% em 2018), “Máquinas aparelhos e partes” (14,0% e 14,3% respectivamente), “Químicos” (12,5% e 12,3%) e “Agro-alimentares” (12,2% e 12,3%).
 Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,8% e 9,5%), “Minérios e metais” (9,3% e 9,8%), “Têxteis e vestuário” (8,9% e 9,3%), “Madeira, cortiça e papel” (7,4% e 7,6%), “Energéticos” (6,1% e 6,8%), “Calçado, peles e couros” (3,6% e 3,9%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (1,2% e 0,7%).


Verificaram-se decréscimos em valor, face ao ano anterior, em quatro dos grupos de produtos, designadamente “Energéticos” (-7,9%), “Calçado, peles e couros” (‑3,1%), “Minérios e metais” (-1,3%) e “Têxteis e vestuário” (‑0,8%).
O maior acréscimo ocorreu no grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+86,2%), não constante dos gráficos à semelhança do verificado nas importações, a que se seguiram os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+14,8%), “Produtos acabados diversos” (+7,5%), “Químicos” (+5,1%), Agro-alimentares” (+2,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑1,1%) e “Madeira, cortiça e papel” (+0,9%).
Em volume, verificaram-se descidas nos grupos “Energéticos” (-4,4%), “Têxteis e vestuário” (‑3,4%) e “Calçado, peles e couros” (-2,6%). Os maiores acréscimos ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+10,9%) e “Químicos” (+9,3%), a que se seguiram os grupos “Agro-alimentares” (+4,5%), “Produtos acabados diversos” (+4,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (+3,3%), “Madeira, cortiça e papel” (+2,0%) e “Minérios e metais” (+1,3%).
No âmbito do preço verificaram-se quebras nos grupos “Químicos” (‑3,9%), “Energéticos” (‑3,6%), “Minérios e metais” (-2,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑2,2%), “Agro-alimentares” (-1,6%), “Madeira, cortiça e papel” (-1,1%) e “Calçado, peles e couros” (-0,6%). Os maiores acréscimos verificaram-se nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+3,5%), “Produtos acabados diversos” (+2,9%) e “Têxteis e vestuário” (+2,7%).

6 – Representatividade das amostras

Como se pode observar no quadro, a representatividade da amostra global de cada uma das vertentes comerciais, que serviu de base ao cálculo dos respectivos índices de preço de Paasche, foi superior a 90%, o que também aconteceu na quase totalidade dos grupos de produtos.

Alcochete, 19 de Fevereiro de 2020.

ANEXO-1


ANEXO-2



ANEXO-3



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