Comércio Internacional de mercadorias
- Taxas de variação homóloga em
- Taxas de variação homóloga em
valor, volume e preço
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1 - Nota
introdutória
O presente trabalho visou
o cálculo de indicadores de evolução em valor, volume e preço das importações e
das exportações portuguesas de mercadorias no período acumulado de Janeiro a Dezembro
de 2019, face ao período homólogo do ano anterior.
Os índices de preço, do tipo
Paasche, utilizados como deflatores
dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume,
foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2019 em versão preliminar,
com última actualização em 7 de Fevereiro de 2020, sendo ainda provisória a versão
dos correspondentes dados utilizados para 2018.
Para o cálculo dos índices
de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas
às importações e às exportações de mercadorias com movimento nos dois anos, foram
agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo 1).
2 – Nota
metodológica
O método utilizado para o
cálculo dos índices de preço de Paasche
divulgados neste trabalho assenta na selecção de uma amostra representativa do
comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos, construída com base em
metodologia definida e ensaiada ao longo de muitos anos na antiga Direcção-Geral do Comércio Externo, índices posteriormente
ponderados para o cálculo dos índices dos respectivos grupos, e estes por sua
vez ponderados para o cálculo do índice do total, em cada uma das vertentes
comerciais.
Os índices de preço de
cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, com base
nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo
definido por métodos estatísticos.
Segue-se uma análise
crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das
matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de
consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente
anormal, pode vir a ser incluído na amostra.
Mais frequentemente procede-se
à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso
relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo
o conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na proximidade do
intervalo previamente encontrado.
Também produtos dominantes
incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados
e considerados por mercados se, através de uma análise crítica, forem
encontrados desvios sensíveis face aos restantes.
3 – Balança
Comercial
De acordo com os dados preliminares
disponíveis, o défice da balança comercial de mercadorias no período de Janeiro
a Dezembro de 2019 aumentou +16,2% face ao ano anterior, com o grau de
cobertura das importações pelas exportações a descer de 76,7% para 74,6%.
As importações (somatório das ‘chegadas’ de mercadorias provenientes
do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com
um acréscimo em valor de +6,6%, terão registado um aumento em volume de +7,0% e
um decréscimo em preço de ‑0,4%.
Por sua vez, o aumento em
valor de +3,6% verificado nas exportações
terá resultado de um incremento em volume de +4,2%, com o preço a decrescer -0,6%.
Na presente conjuntura,
dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos também no
andamento do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que
integram o grupo “Energéticos”.
De acordo com os dados
disponíveis, as importações, com
exclusão dos produtos “Energéticos”,
terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de +7,4%,
+7,4% e estabilização em preço.
Por sua vez, as exportações terão averbado um aumento
em valor de +4,5%, em resultado de um incremento em volume de +4,9% e de um decréscimo
em preço de -0,4%.
Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial cresceu +20,0%, contra
+16,2% em termos globais, com o grau de cobertura das importações pelas
exportações a descer, entre 2018 e 2019, de 81,2% para 79,0% (em lugar de 76,7% para 74,6%).
A evolução em volume das exportações constitui uma
medida da capacidade produtiva da indústria, tendo-se verificado no período em
análise uma taxa de crescimento global de +4,2%, ou de +4,9% se excluirmos os
produtos “Energéticos”.
Em 2019, o saldo da balança comercial foi positivo em quatro
dos onze grupos de produtos considerados, que representaram 29,7% das
exportações e 16,7% das importações totais, designadamente “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros”
e “Produtos acabados diversos”.
Em
quadros anexos pode ser observada a evolução dos índices de valor, volume e
preço, por grupos de produtos, relativos aos trimestres acumulados de Janeiro a
Março, a Junho, a Setembro e a Dezembro, correspondendo os índices de preço a
cálculos efectuados com as primeiras versões, que habitualmente não sofrerem
alterações sensíveis, e os índices de
valor, à última versão nesta data disponível (Anexos 2 e 3).
4 –
Importações
No período em análise, os grupos
de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram: “Máquinas, aparelhos e partes” (17,9% do
total em 2019 e 17,8% em 2018), “Químicos”
(15,9% e 16,2%, respectivamente), “Agro-alimentares”
(14,1% e 14,7%), “Material de transporte
terrestre e partes” (12,3% nos dois anos) e “Energéticos” (11,3% e 12,0%). Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,0% em 2019 e 8,6%
em 2018), “Produtos acabados diversos”
(5,9% e 6,0%), “Têxteis e vestuário”
(5,7% e 5,8%), “Aeronaves, embarcações e
partes” (3,7% e 1,3%), “Madeira,
cortiça e papel” (3,0% e 3,2%) e “Calçado,
peles e couros” (2,1% em 2019 e 2,2% em 2018).
À excepção do grupo “Minérios e metais” (-0,6%), em todos os grupos se registaram
taxas de crescimento em valor
positivas. O maior acréscimo ocorreu no grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+210,2%), não constante dos gráficos
por não serem calculados neste grupo os índices de volume e preço.
Entre os restantes
destacaram-se os grupos “Máquinas, aparelhos
e partes” (+7,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (+6,7%), “Produtos acabados diversos” (+6,0%),
seguidos dos grupos “Químicos” (+4,7%),
“Têxteis e vestuário” (+3,9%) e “Agro-alimentares” (+2,4%).
Em todos os grupos,
excepto em “Calçado, peles e couros” (-0,4%), se verificaram crescimento
em volume, com destaque para os
grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+6,8%),
“Químicos” (+6,0%), “Produtos acabados diversos” (+4,8%), “Têxteis e vestuário” (+4,3%), “Energéticos”
(+3,7%), “Material de transporte
terrestre e partes” (+3,1%), “Minérios
e metais” (+2,9%), e “Agro-alimentares” (+2,8%).
Na óptica da evolução em preço verificaram-se acréscimos nos
grupos “Material de transporte terrestre
e partes” (+3,5%), “Calçado, peles e couros” (+1,3%), “Produtos acabados diversos” (+1,1%)
e “Máquinas, aparelhos e partes” (+0,5%).
Registaram-se
descréscimos nos grupos “Minérios
e metais” (‑3,5%), “Energéticos” (-3,2%), “Químicos” (-1,2%), “Agro-alimentares” (‑0,5%), “Têxteis e vestuário” (-0,4%) e “Madeira, cortiça e papel” (-0,1%).
5 –
Exportações
No período de Janeiro a Dezembro
de 2019, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de
mercadorias foram “Material de transporte
terrestre e partes” (15,0% do total em 2019 e 13,6% em 2018), “Máquinas aparelhos e partes” (14,0% e
14,3% respectivamente), “Químicos” (12,5%
e 12,3%) e “Agro-alimentares” (12,2%
e 12,3%).
Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,8% e 9,5%), “Minérios e metais” (9,3% e 9,8%), “Têxteis e vestuário” (8,9% e 9,3%), “Madeira, cortiça e papel” (7,4% e 7,6%), “Energéticos” (6,1% e 6,8%), “Calçado,
peles e couros” (3,6% e 3,9%) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (1,2% e 0,7%).
Verificaram-se decréscimos
em valor, face ao ano anterior, em quatro
dos grupos de produtos, designadamente “Energéticos”
(-7,9%), “Calçado, peles e couros” (‑3,1%),
“Minérios e metais” (-1,3%) e “Têxteis
e vestuário” (‑0,8%).
O maior acréscimo ocorreu
no grupo “Aeronaves, embarcações e partes”
(+86,2%), não constante dos gráficos à semelhança do verificado nas importações,
a que se seguiram os grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(+14,8%), “Produtos acabados diversos” (+7,5%), “Químicos” (+5,1%), Agro-alimentares”
(+2,8%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(‑1,1%) e “Madeira, cortiça e papel”
(+0,9%).
Em volume, verificaram-se descidas nos grupos “Energéticos” (-4,4%), “Têxteis
e vestuário” (‑3,4%) e “Calçado,
peles e couros” (-2,6%). Os maiores acréscimos ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(+10,9%) e “Químicos” (+9,3%), a que
se seguiram os grupos “Agro-alimentares”
(+4,5%), “Produtos acabados diversos”
(+4,4%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(+3,3%), “Madeira, cortiça e papel”
(+2,0%) e “Minérios e metais” (+1,3%).
No âmbito do preço verificaram-se quebras nos grupos
“Químicos” (‑3,9%), “Energéticos” (‑3,6%), “Minérios e
metais” (-2,6%), “Máquinas, aparelhos
e partes” (‑2,2%), “Agro-alimentares”
(-1,6%), “Madeira, cortiça e papel” (-1,1%) e “Calçado, peles e couros” (-0,6%). Os maiores acréscimos verificaram-se
nos grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (+3,5%), “Produtos
acabados diversos” (+2,9%) e “Têxteis
e vestuário” (+2,7%).
6 –
Representatividade das amostras
Como se pode observar no
quadro, a representatividade da amostra global de cada uma das vertentes comerciais,
que serviu de base ao cálculo dos respectivos índices de preço de Paasche, foi superior a 90%, o que
também aconteceu na quase totalidade dos grupos de produtos.
Alcochete, 19 de Fevereiro de 2020.
ANEXO-1
ANEXO-2
ANEXO-3
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