quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Comércio Internacional de mercadorias com Moçambique (2014-2019)


Comércio Internacional de mercadorias
com Moçambique
(2014-2019)

                                                    "Disponível para download > aqui"

1 – Nota introdutória
Entre outras organizações, Moçambique é um dos quinze países-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), organização criada em 1992 que tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica entre os seus membros, com base no equilíbrio, igualdade e benefícios mútuos, proporcionando um livre movimento dos factores de produção através das fronteiras nacionais e estimular o comércio de produtos e serviços entre os países-membros: África do Sul, Angola, Botswana, Eswatini (Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Rep. Democrática do Congo, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP).
São objectivos desta organização, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus actuais nove membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor.
Neste trabalho encontra-se reunido um breve conjunto de dados sobre o comércio externo de Moçambique no período de 2014 a 2018 (últimos dados disponíveis), com base em estatísticas publicadas anualmente pelo seu Instituto Nacional de Estatística no “Anuário Estatístico”.
No tratamento das importações e das exportações por produtos, foram calculadas também as quotas de Portugal na óptica das Secções do Sistema Harmonizado.
Não se encontrando disponíveis na informação de base dados sobre as trocas destes conjuntos de produtos com Portugal, foram aqui utilizados dados oficiais portugueses, com aplicação das necessárias conversões Cif / Fob.
Com maior detalhe, analisa-se depois a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e Moçambique no período de 2014 a 2019, com base em dados estatísticos divulgados recentemente pelo INE de Portugal.
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Moçambique
As importações de mercadorias em Moçambique decresceram acentuadamente entre 2014 e 2016. A partir daí cresceram até 2018, mas mantendo-se sempre abaixo do nível de 2014.
Por sua vez, as exportações decresceram de 2014 para 2015, invertendo esse comportamento a partir de então, ultrapassando nos dois últimos anos o nível que detinham em 2014.

De acordo com os dados disponíveis, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi deficitária, com um défice em 2018 de -1,6 mil milhões de Euros (-903 mil Euros em 2017).

Em 2017 e 2018, de acordo com os dados disponíveis, Portugal terá ocupado a 7ª posição entre os principais fornecedores de mercadorias a Moçambique, com respectivamente 4,2% e 3,3% do Total.
Os cinco principais mercados de origem foram a África do Sul (29,0% e 27,8%, em cada um dos anos), a China (8,6% e 11,5%), os Emiratos Árabes Unidos (9,5% e 7,5%), os Países Baixos (8,5% e 7,5%) e a Índia (7,9% e 7,1%).

Os três principais destinos das exportações moçambicanas nestes dois anos foram a Índia (34,3%b em 2017 e 27,3% em 2018), os Países Baixos (10,0% e 17,4%) e a África do Sul (18,7% e 12,2%).
Portugal terá ocupado em 2017 a 18ª posição, com 0,5% do total das exportações moçambicanas e a 16ª em 2018, com 0,8%.

Dos quadros seguintes constam as importações e exportações de Moçambique em 2017 e 2018 por Secções do Sistema Harmonizado de classificação de mercadorias, e as correspondentes quotas de Portugal.
Para o cálculo destas quotas, não se encontrando disponíveis nos dados de base utilizados os montantes relativos a Portugal, foram utilizados dados estatísticos do INE de Portugal, com as necessárias conversões entre valores Cif e Fob.


3 – Comércio de mercadorias de Portugal com Moçambique
As importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique têm-se mantido ao longo dos últimos seis anos moderadamente acima do nível de 2014, podendo considerar-se tendencialmente crescentes.
Por sua vez as exportações com este destino decresceram significativamente entre 2014 e 2017, invertendo este comportamento nos últimos dois anos mas mantendo-se ainda muito abaixo do nível que detinham em 2014.

3.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique é amplamente favorável a Portugal. Dado o significativo desfasamento entre o valor das importações e das exportações, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é muito elevado.

Ao longo dos últimos seis anos o maior saldo positivo ocorreu em 2015, com +355 milhões de Euros, seguido de uma acentuada quebra no ano seguinte (-43,6%), que prosseguiu em 2017 (-22,3%), situando-se então em +139 milhões de Euros. Nos últimos dois anos inverteu-se este comportamento, atingindo o saldo +163 milhões de Euros em 2019.
3.2 – Importações por grupos de produtos
No período em análise as importações de mercadorias com origem em Moçambique centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”, que representou 93,1% do total em 2019, com destaque para os crustáceos e moluscos, açúcar de cana e tabaco não manufacturado. Seguiu-se o grupo “Têxteis e vestuário”, com um peso de 3,3% no Total em 2019, essencialmente composto por fios de algodão ou outras fibras têxteis vegetais e de  algodão não cardado ou penteado. 

3.3 - Principais importações por produtos SH-4


3.4 – Exportações por grupos de produtos

As exportações para Moçambique registaram em 2016 uma quebra, face ao ano anterior, de -39,5%, a que se seguiu uma nova descida de -16,0% em 2017, para nos dois anos seguintes recuperarem ligeiramente, com crescimentos de +3,1% e +9,3%.
Os maiores contributos para o acréscimo verificado em 2019 (+17,3 milhões de Euros) couberam aos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+7,0 milhões de Euros, principalmente fios, cabos, fibra óptica e condutores eléctricos (+2,5 milhões de Euros), quadros eléctricos (+1,6 milhões) e interruptores, seccionadores e aparelhos de protecção e ligação eléctrica (+1,2 milhões), “Minérios e metais” (+5,1 milhões de Euros), com destaque para as construções em ferro ou aço (+3,1 milhões de Euros), “Químicos” (+3,6 milhões), muito diversificados e “Agro-alimentares (+2,1 milhões), principalmente conservas de peixe (+1,2 milhões de Euros).
Os decréscimos ocorreram nos grupos “Produtos acabados diversos” (-1,8 milhões de Euros), principalmente mobiliário não médico (-1,9 milhões) e assentos mesmo transformáveis em camas (-1,6 milhões), “Calçado, peles e couros” (-594 mil Euros) e “Madeira, cortiça e papel” (-121 mil Euros), com destaque para os sacos, caixas e embalagens de papel ou cartão.
3.5 - Principais exportações por produtos SH-4

Alcochete, 26 de Fevereiro de 2020.

ANEXO




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