1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE) para o período de Janeiro a Junho de 2021 e também ainda
preliminares para 2020, com última actualização em 9 de Agosto de 2021, as
exportações de mercadorias aumentaram em valor, em termos homólogos, +24,2% (+6066
milhões de Euros), a par de uma subida nas importações de +16,6% (+5417 milhões).
A partir do mês de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram
acrescentados dois novos códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do
Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”,
apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros destas séries mensais do
Comércio Internacional manteremos, para já, este código GB, correspondente
ao somatório dos valores dos dois novos códigos.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total
corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido incluindo a Irlanda do
Norte, excluído), registaram no 1º semestre de 2021 um acréscimo de +23,2% (+4399
milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros aumentado +22,1%
(+1667 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) aumentaram
+19,4% (+4630 milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a
crescerem +8,9% (+787 milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -8,5% ao situar-se em -6963
milhões de Euros (inferior em 649 milhões ao do ano anterior), a que
correspondeu um agravamento de 231 milhões no comércio intracomunitário e um
decréscimo de 880 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de
cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 76,7%, em 2020,
para 81,7%, em 2021.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Nos
primeiros seis meses de 2021 o valor médio de importação do petróleo bruto subiu, face ao período
homólogo de 2020, de 313 para 382 Euros/Ton.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida
em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos
factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (o gráfico já inclui a
cotação de Julho).
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou
9,7% no total das importações no período de Janeiro-Junho de 2021 e 5,8% do
lado das exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe de 81,7%, no comércio global, para 85,3%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
No período em análise, as exportações para a UE (expedições), que representaram 71,6% do total (71,4% em 2020), cresceram +24,5%, contribuindo com +17,5 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de +24,2%. As exportações para o espaço extracomunitário (28,4% do total em Janeiro-Junho de 2021 e 28,6% em 2020), cresceram +23,2%, contribuindo com +6,64 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos das exportações nos primeiros cinco meses de 2021 foram a
Espanha (26,2%), a França (13,6%), a Alemanha (11,1%), os EUA e o Reino Unido
incl. Irlanda NT (5,2% cada), a Itália (4,6%), os Países Baixos (3,9%), a
Bélgica (2,6%), Marrocos (1,6%), a Polónia (1,4%), Angola (1,3%), China, Suécia
e Brasil (1,1% cada), destinos que representaram 80,0% do total das exportações.
Angola, o
terceiro principal mercado entre os países terceiros, depois do Reino Unido e dos
EUA, registou no período em análise uma quebra nas exportações de -2,8% (‑12,2
milhões de Euros), envolvendo 5 dos 11 grupos de produtos, sendo as excepções
os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+18,8 milhões), “Minérios e
metais” (+2,0 milhões) “Material de transporte terrestre“ (+2,0
milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+1,8 milhões), “Têxteis
e vestuário” (+875 mil Euros) e Químicos (+692 mil).
A
principal descida nas exportações portuguesas para Angola incidiu no grupo de
produtos “Agro-alimentares” (-33,6 milhões de Euros), seguido da “Madeira,
cortiça e papel” (-1,6 milhões), “Energéticos” (-1,5 milhões), “Produtos
acabados diversos” (-1,0 milhão) e “Calçado, peles e couros” (-756
mil Euos).
Entre os
principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’ das
exportações neste período (+24,2%) pertenceram a Espanha (+7,7 p.p.), à França
(+3,3 p.p.), à Alemanha (+1,8 p.p.), aos EUA (+1,3 p.p.), à Itália (+1,2 p.p.),
a Marrocos e Países Baixos (+1,0% cada).
Os maiores contributos negativos couberam às Provisões de Bordo para
países comunitários (-0,5 p.p.) e também para países terceiros (-0,2 p.p), e à
Irlanda (-0,1 p.p.).
Os maiores acréscimos nas
expedições para o espaço comunitário
incidiram na Espanha, França, Alemanha, Itália, Países Baixos e Bélgica,
Polónia e Rep. Checa. Os maiores decréscimos couberam às Provisões de
Bordo.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os EUA, Marrocos, Reino Unido, Gibraltar,
China, Japão, Turquia, Austrália, Israel, África do Sul, Vietname, Noruega e
México. Entre os maiores decréscimos
evidenciaram-se os de Provisões de Bordo e de Taiwan.
3.2 - Importações
No
período de Janeiro a Junho de 2021, as chegadas de mercadorias com origem na UE,
que representaram 74,8% do total (73,0% em 2020), registaram um acréscimo de +19,4%
e contribuíram com +14,1 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de +16,6%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um acréscimo de +8,9%,
representando 25,2% do total em 2021 (27,0% em 2020), com um contributo para o ‘crescimento’
global de +2,4 p.p..
Os principais mercados de origem das importações em 2021 foram a Espanha (32,4% do Total) e a Alemanha (13,5%). Seguiram-se a França (7,0%) os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,3%), o Brasil e a Bélgica (3,1% cada), a Polónia (2,1%), os EUA (2,0%) e a Nigéria (1,8%). Estes países representaram, no seu conjunto, 79,9% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações no período de
Janeiro a Junho de 2021 (+16,6%) destacaram-se os da Espanha, (+6,4 p.p.) e da Alemanha
(+2,6 p.p.), seguidos dos Países Baixos (+1,0 p.p.) e do Brasil, Itália, Polónia e França (+0,9 p.p. cada).
Os
principais contributos negativos incidiram no Reino Unido (-1,3 p.p.), em
Angola (‑0,7 p.p.), na Guiné Equatorial e Argélia (-0,3 p.p. cada), e na Arábia
Saudita (-0,1 p.p.).
Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária (chegadas) e nos países terceiros entre 2020 e 2021.
4 – Saldos da Balança Comercial
No período acumulado de Janeiro a Junho de 2021, os maiores saldos
positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1573 milhões
de Euros) e ao Reino Unido (+1164 milhões). Seguiram-se os EUA (+869 milhões), Marrocos
(+381 milhões) e Angola (+352 milhões). O maior défice, a grande
distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-4170 milhões de Euros), seguida
da Alemanha (-1684 milhões), da China (‑1292 milhões), dos Países Baixos (‑885
milhões) e do Brasil (-837 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os
capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO).
Todos os grupos registaram acréscimos nas exportações face ao 1º semestre de 2020, sendo os que detiveram maior peso na estrutura “Máquinas, aparelhos e partes” (14,7% do Total e +996 milhões de Euros), “Químicos” (13,7% e 930 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (13,6% e 979 milhões), “Agro-alimentares” (12,5% e +319 milhões), “Minérios e metais” (10,5% e 898 milhões), “Produtos acabados diversos” (9,7% e 638 milhões). Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (8,6% e 424 milhões), “Madeira cortiça e papel” (7,3% e 258 milhões), “Energéticos” (5,8% e +506 milhões), “Calçado, peles e couros” (2,9% e +113 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6% e +4 milhões de Euros).
5.2 – Importações
O único
grupo de produtos em que se registou um decréscimo no valor das importações no 1º
semestre de 2021 foi “Aeronaves, embarcações e partes”, com um
peso de apenas 0,8% na estrutura (‑180 milhões de Euros).
Os grupos
de produtos com maior peso nas importações foram “Químicos” (19,4% e +1260 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (19,0% e +1323 milhões), “Agro-alimentares” (14,8% e +395 milhões),
“Material de transporte terrestre e
partes” (10,6% e +598 milhões), “Energéticos”
(9,7% e +519 milhões) e “Minérios e metais” (9,7% e +944 milhões).
Seguiram-se
os grupos “Produtos acabados diversos” (6,3% e +423 milhões), “Têxteis
e vestuário” (5,0% e +45 milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (3,1%
e +92 milhões).
No grupo “Calçado,
Peles e couros”, com um peso de 1,6% no Total, verificou-se nos dois
semestres exactamente o mesmo valor nas importações.
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os mercados
de destino, a Espanha ocupou em 2021 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de
produtos com 26,2% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da Alemanha, França e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª
posição, precedida da França, do Reino Unido, do Brasil da Roménia e da Suíça.
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,6%), a
Alemanha (11,1%), os EUA e o Reino Unido (5,2% cada), a Itália (4,6%), os
Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,6%), Marrocos (1,6%) e a Polónia (1,4%). Estes
dez países representaram 75,3% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 32,4% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (3ª posição, precedida do
Brasil e da Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar,
depois da França, Alemanha e EUA).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,5%), a França (7,0%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,3%), o Brasil e a Bélgica (3,1% cada), a Polónia (2,1%) e os EUA (2,0%). Estes dez países cobriram 78,1% das importações totais.
Alcochete, 11 de Agosto de 2021.
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