ECOPOR: Comércio Internacional de mercadorias - Portugal no âmbito da CPLP

COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MERCADORIAS

DE PORTUGAL NO ÂMBITO DA CPLP

(2016 a 2020)

(disponível para download >> aqui )

1 – Nota introdutória

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 1996, sendo seus países fundadores Angola, o Brasil, Cabo Verde, a Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e, mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, observador associado desde 2006. Entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, situa-se o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços, tornando-o assim numa importante alavanca para o desenvolvimento do espaço económico lusófono e consequente melhoria das condições de vida das suas populações.

No presente trabalho pretende-se analisar, com algum pormenor, a evolução das importações e exportações efectuadas por Portugal com cada um dos seus parceiros na CPLP no período de 2016 a 2020, com base em estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Para o cálculo do peso de Portugal nas importações e nas exportações de cada um dos parceiros comunitários foram utilizados, para Portugal dados do INE, e para os parceiros comunitários estatísticas do International Trade Centre (ITC), por sua vez calculadas a partir de dados de fonte Comtrade, da ONU, de organismos nacionais e, nalguns casos, a partir de “mirror statistiques” construídas a partir de dados relatados por parceiros comerciais.

2 – Balança Comercial de mercadorias

A Balança Comercial de Portugal com o conjunto dos actuais oito parceiros na CPLP foi superavitária entre 2016 e 2019, tendo-se tornando deficitária em 2020. Ao longo do último quinquénio o saldo da balança foi positivo com todos os países à excepção do Brasil e da Guiné Equatorial. Verificou-se uma quebra sucessiva das exportações do conjunto dos oito países a partir de 2017.

Em 2020 o Brasil foi a principal origem das importações portuguesas nos países do espaço da CPLP (67,3% do total do comércio com o Mundo), seguido de Angola (16,4%), da Guiné Equatorial (14,4%) e de Moçambique (1,5%).

Na vertente das exportações, no mesmo ano, destacou-se Angola (39,0%), seguida do Brasil (32,6%), de Cabo Verde (13,5%), de Moçambique (9,0%), da Guiné-Bissau (3,3%) e de São Tomé e Príncipe (2,3%).

3 – Peso da CPLP no comércio internacional de Portugal com o Mundo e Países Terceiros

O peso da CPLP nas importações globais portuguesas ao longo dos últimos cinco anos oscilou entre 2,8%, em 2017, e 3,5%, em 2020,

Face às importações provenientes do conjunto dos Países Terceiros, o seu peso variou entre 10,6%, em 2017, e 13,8%, em 2020.

Do lado das exportações, no período em análise o seu peso no total do Mundo, que representou 5,4% em 2016 e 6,1% em 2017, desceu sucessivamente a partir de então, situando-se em 4,2% em 2020.

Comportamento semelhante tiveram as exportações para os Países Terceiros, com 15,8% e 18,7% respectivamente em 2016 e 2017, descendo a 14,5% em 2020.

4 – Importações por grupos de produtos em 2020

Os produtos transaccionados, definidos com base na Nomenclatura Combinada (coincidente até seis dígitos com o Sistema Harmonizado), foram agrupados em onze grupos de produtos:

As importações portuguesas com origem nos parceiros da CPLP representaram 3,5% das importações globais em 2020.

O grupo de produtos dominante foi o dos “Energéticos”, que em 2020 representou 27,4% destas importações e teve por principais fornecedores Angola, o Brasil e a Guiné-Equatorial. Tiveram origem na CPLP, neste ano, 27,4% das importações totais portuguesas de produtos energéticos.

Entre os restantes grupos de produtos salientou-se o grupo “Agro-alimentares” (21,1%), com destaque para as importações provenientes do Brasil, seguidas das de Moçambique e de Angola.

Numa análise mais fina por produtos, definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-2), verifica-se que entre os quinze predominantes, 95,5% das importações totais em 2020, se destacam os “Combustíveis e óleos minerais”, as “Sementes de oleaginosas”, os “Cereais”, o “Ferro fundido, ferro e aço”, a “Madeira”, e as “Frutas”.

5 – Exportações por grupos de produtos, em 2020

As exportações portuguesas com destino aos parceiros da CPLP pesaram 4,2% nas exportações globais em 2020.

O grupo de produtos dominante foi “Agro-alimentares”, que em 2020 representou 35,3% das exportações para a CPLP e 10,5% das exportações globais, tendo por principal destino o Brasil, seguido de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Seguiram-se “Máquinas, aparelhos e partes” (17,8%), com destaque para as exportações para Angola, seguida de Moçambique, Brasil e Cabo Verde. Em terceiro lugar surge o grupo “Químicos” (13,2%), principalmente exportações com destino a Angola, Cabo Verde, Brasil e Moçambique. Com pesos inferiores as 10% alinharam-se os grupos “Minérios e metais” (8,7%), “Produtos acabados diversos” (7,7%), “Aeronaves, embarcações e partes” (5,0%), “Energéticos” (4,5%), “Madeira, cortiça e papel” (3,1%), “Têxteis e vestuário” (2,4%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,9%) e “Calçado, peles e couros” (0,4%).

Ao nível de dois dígitos da Nomenclatura Combinada, os quinze principais produtos exportados para a CPLP em 2020 representaram 71,5% do total.

As maiores quotas das exportações portuguesas para a CPLP nas exportações globais para o Mundo couberam às “Gorduras e óleos animais e vegetais” (39,4%), “Aeronaves e suas partes” (27,3%), “Produtos diversos das indústrias químicas” (14,7%), “Preparações de carnes, peixe, crustáceos e moluscos” (13,4%) e “Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres” (11,6%).

6 – Evolução do peso de Portugal, entre 2018 e 2020, nas importações e exportações globais dos parceiros da CPLP

Para o cálculo das importações e exportações globais para o Mundo dos parceiros de Portugal na CPLP foram utilizadas estatísticas do “International Trade Centre” (ITC), por sua vez assentes em dados de base “Comtrade”, das Nações Unidas.

Nalguns casos, por ausência de informação dos próprios países, o ITC calculou “mirror data” a partir de dados declarados pelos parceiros comerciais, como é o caso de Angola (2020), Cabo Verde (2020), Guiné-Bissau (2019 e 2020), Guiné Equatorial (2018 a 2020), São Tomé e Príncipe (2020) e Timor-Leste (2018 a 2020),

No que diz respeito às importações e exportações portuguesas com os seus países parceiros na CPLP foram utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, consideradas mais correctas para o fim em vista, com aplicação do factor de conversão fixo Cif/Fob=0,9533 em cada uma das vertentes.

7 – Importações e exportações em Portugal por Estado-membro da CPLP entre 2016 e 2020

Seguem-se dados estatísticos, apresentados em quadros e gráficos, relativos às trocas de mercadorias entre Portugal e cada um dos estados-membros da CPLP no período de 2016 a 2020, cobrindo a balança comercial, as importações e exportações por grupos de produtos, bem como os principais produtos (NC/SH-2) importados e exportados.