1 - Nota introdutória
A evolução do nível de intensidade tecnológica das exportações e
importações de Produtos Industriais Transformados, a que corresponde um maior
ou menor valor acrescentado, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias,
sendo na exportação um importante indicador do desenvolvimento industrial.
Pretende-se neste trabalho analisar, a partir de dados de base de fonte INE
para os anos de 2016 a 2020 e 1º Semestre de 2021 (definitivos de 2016 a 2019 e
preliminares para 2020 e 2021, com última actualização em 9/8/2021), a
evolução do comércio internacional português destes produtos por níveis de intensidade
tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade tecnológica considerados são os
propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da “International Standard Industrial Classification”
(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34,
352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351 e Baixa tecnologia - 15 a 22,
36 e 37).
A partir da tabela correspondente ao ano de 2007, com
recurso à “Classificação Tipo do Comércio
Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos em uso na União Europeia
(NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas alterações pautais anuais, foi
construída uma tabela em NC-8 abrangendo o período de 2007 a 2020, com alguns ajustamentos
introduzidos à tabela utilizada em trabalhos anteriores.
3 – Balança comercial dos Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo dos últimos cinco anos e 1º Semestre de 2021, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial portuguesa do conjunto dos Produtos Industriais Transformados foi negativo.
Neste período o saldo da
balança dos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia foi positivo,
enquanto que o saldo da balança dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia foi negativo.
4 – Exportação de Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
Em termos
anuais, entre 2016 e 2020 o peso dos Produtos Industriais Transformados na
exportação global portuguesa oscilou entre 94,7%
e 94,1%, situando-se respectivamente em 93,9% e 93,8% no 1º Semestre de 2020 e
2021.
Por níveis de intensidade
tecnológica, o maior peso nas exportações do conjunto dos Produtos Industriais
Transformados no 1º Semestre de 2021 incidiu na Baixa tecnologia (33,1%),
seguida da Média-alta tecnologia (32,9%), da Média-baixa tecnologia (23,9%) e
da Alta tecnologia (10,1%).
O peso da Alta tecnologia no total das
exportações de produtos industriais transformados no período de 2016 a 2020,
exceptuando uma pequena desaceleração
em 2018, tem subido sustentadamente. No 1º Semestre de 2021, face ao homólogo do amo
anterior, desceu de 11,0% para 10,1%.
Aqui se
encontram incluídos, por ordem decrescente do seu peso nos primeiros seis meses
de 2021, os “Instrumentos
médicos, ópticos e de precisão” (33,0%), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (31,7%), os “Produtos farmacêuticos” (23,9%), o “Equipamento de escritório e computação” (5,9%) e os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial” (5,5%).
Após ter aumentado entre 2016 e 2019 de
29,3% para 32,7%, o peso da Média-alta tecnologia no Total desceu
para 32,0% em 2020, para no 1º Semestre de 2021, face ao homólogo do ano
anterior, aumentar de 30,9% para 32,9%. Neste Semestre este nível engloba, por
ordem decrescente de valor, os “Veículos
a motor, reboques e semi-reboques” (42,2%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,4%), os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos”
(19,6%), as “Máquinas e aparelhos
eléctricos n.e.” (13,6%) e o “Equipamento
ferroviário e outro equipamento de transporte” (3,2%).
Entre 2017 e 2020 o peso da Média-baixa
tecnologia decresceu de 24,8%
para 21,8%, para no 1º Semestre de 2021, face a 2020, aumentar de 22,6% para
23,9%. Aqui perfilam-se, por ordem decrescente de valor no 1º Semestre de 202 ,
os “Produtos da borracha e do plástico” (26,4%),
os “Refinados de petróleo, petroquímicos
e combustível nuclear” (22,5%), a
“Fabricação de produtos metálicos,
excluindo máquinas e equipamentos” (18,8%), a “Metalurgia de base” (17,0%) os “Produtos
minerais não metálicos” (14,7%) e, residualmente, a “Construção e reparação naval” (0,5%).
Entre 2016 e 2019, o ritmo de ‘crescimento’ nominal anual do conjunto das exportações de Produtos Industriais Transformados, face a 2016, cresceu sustentadamente, desacelerando em 2020, com quedas em todas as componentes.
4.1 – Mercados de destino das exportações
As exportações globais de Produtos Industriais Transformados, têm por
principal destino o espaço comunitário. No 1º Semestre de 2021 as exportações
para o espaço comunitário (Reino Unido excluído) representaram 71,2% do Total
destes produtos (70,9% em 2020) e 28,8% para os países terceiros (29,1% em 2019).
Neste período, o maior peso da União Europeia nas exportações de Produtos
Industriais Transformados, incidiu nos produtos de Média-alta tecnologia (75,0%). Seguiram-se a Alta tecnologia (71,3%), a Baixa
tecnologia (70,6%) e a Média-baixa
tecnologia (66,6%).
Os países constantes do quadro seguinte
representaram 93,7% das exportações globais portuguesas nos primeiros seis meses
de 2021.
Entre estes quinze países destacam-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados,
a Espanha (25,1% do total), seguida da França (14,1%) e da Alemanha (11,5%). Com
pesos menores alinharam-se depois os EUA (5,5%), o Reino Unido (5,4%), a Itália
(4,7%), os Países Baixos (3,8%) e a Bélgica (2,5%).
Em 2021, no período em análise, a Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta tecnologia. Ao nível da Alta tecnologia, depois da Alemanha (24,8%) alinharam-se, entre os principais, a Espanha (14,9%), a França (7,7%), os EUA (7,6%), o Reino Unido (5,7%), os Países Baixos e a Itália (2,4% cada),
Na figura seguinte encontra-se representada a distribuição das exportações
para cada um destes quinze mercados por níveis de intensidade tecnológica.
5 – Importação de Produtos Industriais Transforma por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos
Produtos Industriais Transformados na importação global portuguesa, que em 2016
se situava em 85,0%%, manteve-se em
cerca de 84% nos dois anos seguintes, subindo para 86,3% em 2020.
No período
de Janeiro a Junho de 2021, de acordo com os dados preliminares disponíveis, o conjunto
dos Produtos Industriais Transformados representou 85,1% do total global das
importações (85,2% no mesmo período do ano anterior).
Neste período, o maior
peso no conjunto das importações de Produtos Industriais Transformados incidiu
na Média-alta tecnologia (40,6%). Seguiu-se a Baixa tecnologia (23,8%), a Média-baixa
tecnologia (18,9%) ea Alta tecnologia (16,7%).
Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu
peso no no período em análise de 2021, o “Equipamento
de rádio, TV e comunicações” (33,6%), os “Produtos farmacêuticos” (27,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (17,9%), o “Equipamento de escritório e computação” (15,3%)
e os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial”
(5,7%).
No mesmo período, a Média-alta
tecnologia engloba, ainda por
ordem decrescente de valor, os “Produtos
químicos, excepto farmacêuticos” (34,2%), os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (30,7%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente
não eléctricos” (22,1%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (11,0%) e o “Equipamento
ferroviário e outro equipamento de transporte” (2,3%).
Na Média-baixa tecnologia perfilam-se, por ordem
decrescente de valor, a “Metalurgia de
base” (36,7%), os “Produtos da borracha
e do plástico” (22,8%), a “Fabricação
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (16,4%), os “Refinados de petróleo, petroquímicos e
combustível nuclear” (11,8%), os “Produtos
minerais não metálicos” (14,7%) e, residualmente, a “Construção e reparação naval” (0,4%).
Na Baixa tecnologia alinham-se, os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco”
(46,3%), os “Têxteis, vestuário, couros e
calçado” (29,4%), as “Manufacturas não
especificadas e reciclagem” (10,1%), a “Pasta,
papel, cartão e publicações” (9,9%), e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (4,3%).
As importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados
cresceram sustentadamente entre 2016 e 2019, bem como em todos os níveis de
intensidade tecnológica. O ritmo de crescimento anual com maior amplitude verificou-se
na Alta
tecnologia (+56,1% em 2019, face a 2016).
Em 2020 assistiu-se a una
significativa desaceleração em todos os níveis de intensidade tecnológica.
5.1 – Mercados de origem das importações
À semelhança das exportações, as importações globais portuguesas têm por
principal origem o espaço comunitário.
Nos primeiros seis meses de 2021 as importações provenientes do espaço
comunitário (Reino Unido excluído) representaram 79,9% do Total destes produtos
industriais (81,1% em igual período de 2019), contra 20,1% das oriundas dos países
terceiros (18,9% em 2019).
Neste período, o maior peso da União Europeia nas importações portuguesas de
Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica, incidiu
nos produtos de Média-alta tecnologia
(81,9%).
Seguiram-se a Média-baixa tecnologia
(79,5%), a Baixa tecnologia (78,9%)
e a Alta tecnologia (77,3%).
Os quinze países constantes do quadro
seguinte representaram 84,7% das importações globais portuguesas no período de
Janeiro a Junho de 2021 e 85,7% das importações de Produtos Industriais Transformados.
Entre estes países destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados,
a Espanha (34,1% do total), seguida da Alemanha (15,1%) e da França (7,5%).
Com pesos inferiores alinham-se depois os Países Baixos (6,1%), a Itália (5,9%),
a China (5,0%) e a Bélgica (3,4%).
No 1º Semestre de 2021 Espanha ocupou a primeira posição na Média-baixa
(43,3%), na Baixa (45,8%) e na Média-alta tecnologia
(30,0%), cabendo à Alemanha a primeira posição ao nível da Alta
tecnologia (22,1%).
Na figura seguinte encontra-se representada a distribuição das importações com
origem em cada um destes mercados, por níveis de intensidade tecnológica.
Alcochete, 9 de Setembro de 2021.
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