Comércio Internacional de mercadorias
com Timor-Leste
(2014 a 2018)
(disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória
Em 2002 Timor-Leste passou a
integrar a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no
âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias
estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional
de bens e serviços entre os seus membros (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Equatorial).
Neste trabalho encontra-se reunido um
breve conjunto de dados sobre o comércio externo de Timor-Leste, com base em publicação
da sua Direcção-Geral de Estatística intitulada “Timor-Leste–Annual external trade satatistics 2018”.
Nesta publicação não de faz qualquer
referência à exportação de produtos petrolíferos, que contudo estarão na base de
grande parte dos rendimentos económicos do País e cuja gestão será da
responsabilidade do “Fundo Petrolífero de
Timor-Leste”.
Assim, nos quadros que se seguem, as
exportações, além de não incluírem re-exportações, não discriminadas por tipos
de produtos na publicação, não incluem também as exportações de produtos
petrolíferos, correspondendo ao que na publicação se designa por “Domestic Exports ”.
Os valores globais das importações e
das exportações constantes dos quadros deste trabalho são o somatório dos
valores dos respectivos capítulos, a dois dígitos do “Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias”, (HS/SH-2),
valores que foram aqui convertidos de US$ para Euros.
Analisa-se também neste trabalho,
com algum detalhe, a evolução das importações e das exportações de mercadorias
entre Portugal e Timor-Leste ao longo dos últimos cinco anos, agora com base em
dados estatísticos divulgados pelo “Instituto
Nacional de Estatística de Portugal” (INE).
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Timor-Leste
2.1 – Ritmo de evolução das importações e das exportações
O ritmo de evolução em valor das
importações de mercadorias em Timor-Leste foi crescente entre 2014 e 2017, tendo
abrandado em 2018. Por sua vez as exportações, algo
irregulares, apresentaram um comportamento tendencialmente crescente ao longo
do mesmo período.
2.2 – Balança comercial
De acordo com os dados disponíveis,
a Balança Comercial de mercadorias do País (Fob-Cif), excluindo re-exportações
e a exportação de produtos petrolíferos, foi altamente deficitária, com consequente
baixo grau de cobertura das importações pelas exportações.
2.3 – Mercados de origem e de destino
Em 2018, de acordo com os dados disponíveis, Portugal ocupou a 13ª posição
entre os principais fornecedores de
mercadorias a Timor-Leste (1,1% do total, a par dos EUA).
O primeiro lugar coube à Indonésia (30,7%), seguida de Hong-Kong (15,1%), de
Singapura (14,7%) e da China (12,5%).
Com menos peso alinharam-se, acima de Portugal e dos EUA, o Vietname
(4,9%), a Tailândia (3,2%), o Brasil e a Malásia (2,5% cada), a Austrália
(2,1%), o Paquistão (2,0%) e o Japão (1,7%).
Depois dos EUA e de Portugal seguiram-se a Índia e a Coreia do Sul (0,9%
cada), a França e os Países Baixos (0,6% cada), Taiwan (0,4%), a Áustria e os
Emiratos Árabes (0,3% cada).
No mesmo
ano, os principais destinos das
exportações timorenses foram os EUA (27,9% do total), o Canadá (16,9%), a
Indonésia (13,7%), a Alemanha (9,6%), a China (9,5%), o Japão (4,6%) e Portugal
(4,2%), na 7ª posição, seguidos, pela Austrália (3,6%), Nova Zelândia (2,1%),
Taiwan (1,5%), Coreia do Sul (1,2%), Itália e Tailândia (1,1% cada), México (8,9%),
Singapura (0,8%), Marrocos e Reino Unido (0,5% cada).
2.4 – Importações por grupos de produtos
Os
produtos, definidos a dois dígitos do Sistema Harmonizado foram agregados em
onze grupos de produtos (ver conteúdo dos
grupos na tabela em Anexo).
Os grupos
dominantes em 2018 foram “Agro-alimentares” , com 29,4% do
Total (28,5% em 2017) e “Energéticos” (27,3% e 21,8%,
respectivamente em cada um dos anos).
Seguiram-se
os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (10,8% e 12,6%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (9,2% e 12,3%), “Minérios e metais” (8,1%
e 10,3%), “Químicos” (6,7% e 6,1%), “Produtos acabados diversos” (3,6% e
3,7%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e
2,8%), “Madeira, cortiça e papel”
(1,5% e 1,4%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,5%)
e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,5% e 0,1%).
2.5 – Exportações por grupos de produtos
São
escassas as exportações de mercadorias
de Timor-Leste, centradas no café, que em 2018 representou 83,3% das exportações
totais.
3 – Comércio de mercadorias de Portugal com Timor-Leste
3.1 – Balança Comercial
A Balança
Comercial de Portugal com Timor-Leste é favorável a Portugal, com um muito
elevado grau de cobertura das importações pelas exportações.
O saldo da balança comercial, que em 2015 atingiu +8,4
milhões de Euros, tem decrescido sucessivamente desde então, situando-se em +3,8
milhões de Euros em 2018.
3.2 – Importações por grupos de produtos
O grupo
de produtos dominante é “Agro-alimentares”, que em 2018
pesou 95,8% no Total (97,3% em 2017),
integralmente constituído por café.
Seguiu-se
o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (3,0% e 2,4% respectivamente), designadamente consttuido por conversores
estáticos para aparelhos de telecomunicações ou máquinas automáticas de
processamento de dados, por aparelhos eléctricos com função própria não
especificada, por partes de aparelhos telefónicos e por computadores portáteis.
Os
restantes grupos ou registaram pesos muito reduzidos, como acontece com os grupos “Têxteis e vestuário” (0,5% em
2018), “Produtos acabados diversos” (0,5%) e “Madeira, cortiça e papel”
(0,2%), ou mesmo nulos ou praticamente nulos os restantes.
3.3 – Exportações por grupos de produtos
Também
nesta vertente o grupo de produtos dominante é “Agro-alimentares”, que
em 2018 pesou 62,1% no Total (49,9% em 2017).
Entre
muitos outros produtos destacaram-se aqui, em 2018, a cerveja, os vinhos, o azeite,
os enchidos, as aguardentes e outras bebidas alcoólicas, os produtos de padaria
e pastelaria, o queijo, o leite, o chocolate e preparações com cacau, as carnes,
o peixe congelado, os produtos hortícolas preparados, as águas naturais e minerais,
preparações alimentícias diversas, as massas alimentares, o café e seus
sucedâneos, os sumos, as conservas de peixe e os produtos à base de cereais.
No mesmo
ano seguiu-se o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (respectivamente
12,0% em 2018 e 12,3% em 2017), principalmente quadros eléctricos para
distribuição de energia, fios e cabos eléctricos, máquinas automáticas para
processamento de dados, aparelhos de telefonia e comunicações, interruptores,
seccionadores e aparelhos eléctricos de protecção, suportes virgens para
gravação de som, aparelhos diversos que utilizam mudança de temperatura, emissores
de rádio, TV e câmaras de TV, teares, transformadores, conversores e bobinas de
reactância ou auto-indução, acumuladores eléctricos, máquinas-ferramenta,
partes de leitores e gravadores de som e máquinas de impressão.
Seguiu-se
o grupo “Madeira, cortiça e papel” (10,7% e 15,2%), com destaque para os
livros e brochuras, cofragens de madeira para betão, sacos, bolsas e cartuchos
de papel ou cartão, livros de contabilidade, cadernos e blocos tipo “manifold” mesmo com papel químico,
estatuetas e outros objectos de ornamentação em madeira.
No grupo “Químicos”
(6,2% e 8,2%), sobressaíram os medicamentes, os produtos em plástico (como estatuetas
e outros objectos de ornamentação, artigos de escritório ou escolares, cápsulas,
sacos, bolsas, cartuchos e outros artigos de embalagem, serviços de mesa, de
cozinha e outros artigos de uso doméstico, chapas e folhas), as preparações
para lavagem e limpeza, os desodorizantes, preparações para banho,
depilatórios, produtos de perfumaria, cosmética e preparações para a barba, os aditivos
preparados para cimentos, argamassa ou betão, os champôs e outras preparações
capilares, os sabões e outros produtos tensoactivos, e as preparações para
manicura, entre outros.
O grupo “Material
de transporte terrestre e partes” (5,1% e 7,2%) compreendeu
principalmente veículos automóveis para usos especiais, e algum material fixo
para vias-férreas.
Seguiu-se
o grupo “Produtos acabados diversos” (1,9% e 3,8%), em que se
destacaram os candeeiros e outros aparelhos de iluminação, os objectos de
vidro, o mobiliário, a louça e artigos domésticos de porcelana, os artigos para
desporto, os jogos de ar livre, os multímetros, os brinquedos, os pensos,
tampões higiénicos, fraldas e semelhantes, o vidro de segurança, os artigos
para festas, as garrafas e outras embalagens em vidro, as esferográficas,
canetas e marcadores, os lápis, minas, pastéis, carvões e giz, os bilhares e
cartas de jogar, as vassouras, escovas, pincéis e espanadores, e as fibras e lã
de vidro e suas obras.
No grupo “Minérios
e metais” (1,5% e 2,1%) destacaram-se
as exportações de construções, painéis, portas, janelas e materiais para andaimes
em ferro ou aço, de artefactos de joalharia, de águas-mãe de salinas e sal para
alimentação humana, de bijutaria de metais comuns, de obras de ferro ou aço não
especificadas, de fechaduras e suas partes em metais comuns, de artigos de
cozinha e outros de uso doméstico em aço inoxidável, de construções, chapas,
perfis e tubos de alumínio, de obras de alumínio não especificadas e de
ferramentas manuais.
Os
restantes grupos, “Calçado, peles e couros”, “Energéticos” e “Aeronaves embarcações e partes”
tiveram um peso nulo ou praticamente nulo em 2018.
Alcochete, 22 de Abril de 2019.
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