quinta-feira, 4 de abril de 2019

Pesca-Import/Export (2014-2018)


Comércio internacional da pesca
conservas e outros produtos do mar
(2014-2018)

 ( disponível para download  >> aqui )

                                                  
1 – Nota introdutória
No presente trabalho pretende-se analisar a evolução das trocas comerciais portuguesas com o exterior dos produtos da pesca, conservas e outros produtos do mar, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística para os anos de 2014 a 2018, designadamente dos agregados “Peixe”, “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, “Gorduras e óleos de peixe e de mamíferos marinhos”, “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana”, e “Sal, águas-mãe de salinas e algas.
2- Peso do sector no comércio internacional global
De acordo com os dados disponíveis, as exportações portuguesas destes produtos mantiveram-se, ao longo dos últimos cinco anos, próximo de 2% do total, com as importações em torno dos 3%.


3 – Balança Comercial
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em versão definitiva para os anos de 2014 a 2016, provisória para 2017 e preliminar para 2018, com última actualização em 12-3-2019, a balança comercial da pesca, conservas e outros produtos do mar foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com um grau de cobertura das importações pelas exportações da ordem dos 50% nos quatro últimos anos. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.

Os agregados em que a Balança foi favorável a Portugal foram “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, ao longo dos últimos cinco anos, e “Gorduras e óleos de peixe e de mamíferos marinhos”, de 2014 e 2015.

4 – Importações
Mão se consideram aqui as importações de extratos e sucos de peixe, crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos, porque inseridos em posição pautal que integra também extratos e sucos de carnes (ver “Por memória” no quadro seguinte). 

Nas importações de “Peixe”, o conjunto de produtos dominante, assumem particular relevância as de “Peixe seco, salgado, em salmoura ou fumado”, ou seja, de bacalhau, que em 2018 ultrapassaram os 377 milhões de Euros, ou seja, 46,3% do valor total do peixe, fresco, refrigerado ou congelado, excluindo filetes e conservas.
De acordo com os dados disponíveis, o principal fornecedor de bacalhau em 2018, em todos os estados, com predominância do bacalhau seco ou salgado, foi a Suécia, com 201,9 milhões de Euros, ou seja 37,4% do total.
Sabe-se que a maior parte deste bacalhau tem a sua origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento por este país de apenas 674 mil Euros em 2017.
Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os principais fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.
No segundo agrupamento de produtos com maior peso, “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, com predomínio dos crustáceos e moluscos, também se assistiu, ao longo dos últimos cinco anos a um crescimento sustentado.
Seguiram-se as “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, com destaque para as de “Peixe, caviar e semelhantes a partir de ovas”.
Com menor peso no total, seguiram-se o “Sal, águas-mãe de salinas e algas”, os “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana”, onde se incluem as farinhas, pós e “pellets” e os chamados produtos “solúveis”, e as “Gorduras e óleos de peixe e mamíferos marinhos”
4.1 – Mercados de origem
Em termos globais, em 2018 os principais fornecedores de produtos da pesca, conservas e outros produtos do mar foram a Espanha (37,8%), a Suécia (10,6%, com uma fortíssima componente de bacalhau), os Países Baixos (8,2%), a China (4,3%), a Rússia (3,5%) e a Dinamarca (3,4%), conjunto de países fornecedores de mais de 2/3 do total importado por Portugal neste ano.
Os principais fornecedores dos três conjuntos de produtos dominantes, liderados largamente pela Espanha, foram:
Peixe: Espanha (30,5%), Suécia (17,4%), Países Baixos (11,6%), Rússia (5,7%), Dinamarca (5,4%), Grécia (3,7%), China (3,3%), Alemanha (2,2%), África do Sul (2,0%) e Namíbia (1,8%).
Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos: Espanha (47,7%), Índia (7,9%), China (6,6%), Moçambique (4,6%), Mauritânia (3,2%), França (2,9%), Marrocos (2,8%), Reino Unido (2,7%), México (2,5%) e Argentina (1,6%).
Conservas de peixe, crustáceos e moluscos: Espanha (51,9%), Vietname (8,7%), Maurícias (6,0%), Alemanha (5,8%), Equador (5,2%), China (4,5%), Países Baixos (2,4%), Coreia SL (2,3%), Filipinas (2,2%) e El Salvador (2,1%).



5 – Exportações
As exportações de produtos da pesca, conservas e outros produtos do mar cresceram sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, com um crescimento de +4,0% em 2018, +22,5 face ao valor que detinham em 2014.
As maiores exportações incidiram no “Peixe”, seguidas das de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, e das “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.
Nas exportações de “Peixe”, o conjunto de produtos dominante, que se cifrou 503,8 milhões de Euros em 2018, destacam-se as de “Peixe congelado excluindo filetes e conservas”, seguidas das de “Peixe fresco ou refrigerado, excluindo filetes”
O segundo agrupamento de produtos com maior peso foi o de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, com predomínio dos “Moluscos, excluindo conservas” e em terceiro lugar surgem as “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, com destaque para as de “Peixe, caviar e semelhantes a partir de ovas”.

À semelhança da vertente das importações seguiram-se, com menor peso no total,  o “Sal, águas-mãe de salinas e algas”, os “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana”, onde se incluem as farinhas, pós e “pellets” e os chamados produtos “solúveis”, as “Gorduras e óleos de peixe e mamíferos marinhos”.
5.1 – Mercados de destino
Também do lado das exportações é a Espanha o principal mercado de destino, com 52,1% do total em 2018.

Seguiram-se a Itália (12,8%), a França (9,4%), o Brasil (6,7%), os EUA 82,7%) o  Reino Unido (2,4%), e Angola (2,2%).
Nos três conjuntos de produtos dominantes, foram os seguintes os principais destinos em 2018:
Peixe: Espanha (56,1%), Brasil (13,2%), Itália (9,7%), França (5,9%) e Angola (2,4%).
Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos: Espanha (69,8%), Itália (12,1%), EUA (5,1%) e Angola (4,1%).
Conservas de peixe, crustáceos e moluscos: França (24,6%), Espanha (20,1%), Itália (19,2%), Reino Unido (8,8%) e Angola (3,6%).


6 – Importação e exportação de sardinha
Face à acentuada redução do “stock” de sardinha na última década, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), advogou a proibição, já a partir de 2018, da sua pesca em Portugal e Espanha num período longo, o que não se verificou, tendo as autoridades portuguesas tomado medidas para manter a pesca da sardinha em níveis que permitam uma recuperação.
Em 2018 o principal mercado de origem das importações portuguesas de sardinha fresca, refrigerada ou congelada foi a Espanha (74,2%). Seguiram-se Marrocos (16,2%), o Reino Unido (3,6%), a Croácia (2,8%), a França (1,9%) e os Países Baixos (1,2%)

Nos quadros seguintes pode observar-se a evolução do comércio português da sardinha fresca, congelada ou em conserva, entre 2014 e 2018.


Alcochete, 4 de Abril  de 2019.


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