Comércio Externo de Macau
2017-2021
e
Portugal-Macau
2018-2022
( disponível para download >> aqui )
1 - Introdução
Macau, território administrado
por Portugal desde meados do séc, XVI durante mais de 400 anos, voltou para a
soberania chinesa em 20 de Dezembro de 1999, constituindo actualmente a “Região Administrativa Especial de Macau”. Em Outubro de 2003, por
iniciativa do Governo Central da China, foi criado o “Fórum para a Cooperação
Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau)”,
em coordenação, actualmente, com nove países de língua portuguesa: Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Sediado permanentemente
em Macau, o também designado por “Fórum de Macau” é, como se define no
portal do ‘Secretariado Permanente’, “um mecanismo
multilateral de cooperação intergovernamental centrado no desenvolvimento
económico e comercial, tendo como objectivos consolidar o intercâmbio económico
e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, dinamizar o papel
de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua
Portuguesa e fomentar o desenvolvimento comum do Interior da China, dos Países
de Língua Portuguesa e da RAEM”. De três em três anos realiza-se em Macau uma
Conferência Ministerial, onde se planificam os “Planos de Acção para a
Cooperação Económica e Comercial”.
Neste trabalho vai-se analisar a evolução do comércio externo
de Macau face ao mundo e aos países do “Fórum de Macau” e, com maior
pormenor, entre Portugal e Macau. Não
se dispondo, com origem em fontes oficiais, de dados estatísticos relativos ao
comércio externo de mercadorias de Macau com base no “Sistema Harmonizado”
(SH), foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC)
para o peródo 2017-2021, calculados a partir de dados baseados em
estatísticas COMTRADE, da ONU. A análise da evolução do comércio de Portugal com
Macau entre 2018 e 2022 tem por base dados estatísticos do ‘Instituto
Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2021 e
preliminar para 2022, com última actualização em 13 de Março de 2023.
2 – Comércio
externo de Macau
No período de 2017 a 2021 o ritmo de evolução anual
em valor das importações de Macau foi tendencialmente crescente, tendo
registado em 2021 uma aceleração significativa.
Por sua vez o ritmo das exportações manteve-se, no
mesmo período, em torno do nível de 2017, tendo resgistado em 2021 também uma
aceleração considerável.
2.1- Balança Comercial de Macau (2017-2021)
De acordo com os dados de base de fonte ITC disponíveis,
a Balança Comercial de Macau no período de 2017 a 2021 foi desfavorável, tendo
o défice aumentado respectivamente e -7,5 mil milhões de Euros para -15,2 mil
milhões, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de
10,5% para 7,2%.
Em 2021 tanto as importações como as exportações
registaram taxas de crescimento significativas face ao ano anterior,
respectivamente de +56,2% e +31,1%.
2.2 – Importações por Grupos de Produtos
Em 2021 as principais importações de mercadorias de
Macau incidiram no grupo de produtos “Químicos” (23,8% e 27,9% em 2020),
principalmente óleos essenciais, perfumaria e cosmética, “Máquinas,
aparelhos e partes” (17,9% e 12,7%), com destaque para as máquinas e
aparelhos eléctricos, “Minérios e metais” (12,2% e 10,0%), principalmente
pedras e metais preciosos e bijutaria, “Produtos acabados diversos”
(11,5% e 10,6%), com os artigos de relojoaria em evidência, “Agro-alimentares”
(11,1% e 14,7%), como bebidas alcoólicas, preparações à base de cereais ou
leite, carnes e preparações alimentares diversas, e “Calçado, peles e
couros” (10,3% e 8,0%), com destaque para as obras de couro e artigos de
viagem.
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário”
(6,4% e 6,5%), principalmente vestuário de malha e outro, e seus acessórios, “Energéticos”
(4,1% e 5,1%), com destaque para a energia eléctrica, “Material de
transporte terrestre e partes” (1,9% e 2,6%), principalmente veículos
automóveis, “Madeira. cortiça e papel” (0,6% e 0,8%), como papel
higiénico, papel, cartão e suas obras, e “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,1% em ambos os anos), essencialmente partes de aeronaves.
Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
2.3 – Exportações
por Grupos de Produtos
Entre as
exportações destacaram-se, em 2021, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes”
(25,2% e 23,9% no ano anterior), principalmente aparelhos telefónicos, “Produtos
acabados diversos” (21,4% e 19,4%), com destaque para os artigos de
relojoaria, “Minérios e metais” (20,2% e 20,9%), como pedras e metais
preciosos e bijutaria, e “Têxteis e vestuário” (15,3% e 17,2%),
essencialmente vestuário.
Seguiram-se os grupos “Calçado,
peles e couros” (7,7% e 9,0%), “Agro-alimentares” (4,8% e 3,6%), e “Químicos”
(4,5% e 5,5%).
Com pesos muito inferiores
alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes”,
“Aeronaves, embarcações e partes” e “Madeira, cortiça e papel”,
tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.
Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
2.4 – Mercados de
origem e de destino
São idênticos os
principais mercados das importações e das exportações de Macau em 2021 quando
considerados a partir de dados de base do “ITC” ou do “Anuário
Estatísticico 2021–Macau”. Para efeitos estatísticos são consideradas
autonomamente as Região Administrativas Especiais de Macau e Hong-Kong, separadas
do que se designa no Anuário Estatístico por “interior da China”.
Em 2021, segundo o
ITC, as principais importações couberam à China, interior da China,
(31,8%), seguida da França (18,1%), da Itália (11,0%), do Japão (8,8%), da Suíça
(7,8%), dos EUA (6,8%) e de Hong-Kong (3,7%).
As exportações dominantes
incidiram em Hong-Kong (79,2%), seguido da China (13,0%), dos EUA (5,0%), do Vietname
(1,0%) e de Singapura (0,5%).
As trocas
comerciais entre Macau e os seus parceiros no “Fórum de Macau” são pouco
expressivas, em particular do lado das exportações, em que se registou, em 2021,
a exportação para o Brasil (106 mil Euros). Do lado das importações, com maior
significado, registaram-se no mesmo ano fornecimentos por parte do Brasil (47,6
milhões de Euros), de Portugal (29,4 milhões), da Guiné-Bissau (29 mil Euros),
de Angola (18 mil Euros) e de Moçambique (14 mil Euros).
3 – Comércio
de Portugal com Macau (2018-2022)
No período de 2018 a 2022 o ritmo de evolução
anual das importações e exportações portuguesas de mercadorias com Macau
decresceu sustentadamente, de forma mais acentuada na vertente das importações.
3.1 – Balança
Comercial
No período de 2018
a 2022 a Balança Comercial de Portugal com Macau foi favorável a Portugal, com
saldos positivos oscilando entre +19 e +26 milhões de Euros, com +20,4 milhões
em 2022. As importações, que em 2018 atingiram 2,8 milhões de Euros,
decresceram sucessivamente, situando-se em 528 mil Euros em 2022. Por sua vez
as exportações, que em 2018 e 2019 ultrapassaram os 27 milhões de Euros, desceram
nos três anos seguintes para um patamar em torno dos 20 milhões de Euros,
situando-se em 2022 em 20,9 milhões.
3.2 – Importações
por Grupos de Produtos
Em 2022 as
principais importações com origem em Macau ocorreram nos grupos “Produtos
acabados diversos” (47,8% e 5,7% no ano anterior), com destaque para o
mobiliário de madeira para cozinha e quartos, “Químicos” (15,9% e
59,5%), tendo a quebra significativa incidido nos antibióticos, na sequência,
aliás, de descidas acentuadas já em 2021 face aos três anos anteriores noutros
tipos de produtos, e “Têxteis e vestuário” (10,4% e 4,7%),
principalmente vestuário.
Com pesos
inferiores, entre os restantes grupos são de referir “Madeira, cortiça e
papel” (8,6% e 4,5%), com destaque para livros e impressos, “Agro-alimentares”
(5,4% e 2,8%), designadamente mamíferos vivos, “Máquinas, aparelhos e
partes” (4,5% e 15,7%), com destaque para as partes de aparelhos de filtrar
ou depurar líquidos e gases e montagens electrónicas para máquinas automáticas
de processamento de dados, e “Calçado, peles e couros” (3,9% e 6,8%),
principalmente calçado.
Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
3.3 – Exportações
por Grupos de Produtos
Em 2022 o grupo de
produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares” (61,7% e
66,9%), destacando-se as bebidas alcoólicas, as conservas de peixe e as
preparações e conservas de carnes, seguido do grupo “Químicos” (22,2% e
20,9%), principalmente constituído por produtos farmacêuticos.
Alinharam-se
depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (6,5% e 2,4%),
principalmente máquinas e aparelhos eléctricos, “Produtos acabados diversos”
(4,3% e 5,4%), como aparelhos de precisão para análises físicas ou químicas, lentes
e outros elementos de óptica e aparelhos para uso médico, entre outros, “Calçado,
peles e couros” (1,8% e 1,6%), como obras de couro e bolsas, “Madeira,
cortiça e papel” (1,4% e 1,3%), como livros e impressos e “Têxteis e
vestuário” (1,4% e 1,3%), principalmente vestuário de malha.
Com pesos mais
reduzidos seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (0,5% e 0,4%) e “Material
de transporte terrestre e partes” (0,3%, com exportação quase nula em
2021), tendo sido mesmo nulas as exportações de “Energéticos" e
“Aeronaves, embarcações e partes”.
Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos importados em 2021 e 2022, desagregados a dois dígitos
da Nomenclatura.
ANEXO
Alcochete, 28 de
março de 2023.