domingo, 5 de março de 2023

Comércio Externo de Cabo Verde e Portugal-Cabo Verde (2018-2022)


Comércio Externo de Cabo Verde
2017-2021
e
Portugal-Cabo Verde
2018-2022

                                                        (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Cabo Verde face ao mundo entre 2017 e 2021, com base em dados divulgados no “Boletim de Estatísticas do Comércio Externo do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde”, complementados por dados de fonte “International Trade Centre (ITC)”, estes desagregados por produtos do “Sistema Harmonizado” (SH), coincidente até 6 dígitos com a "Nomenclatura Combinada" (NC).

Analisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Cabo Verde ao longo do período 2018-2022, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2023.

Cabo Verde foi, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros, designadamente o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, desde a sua fundação, tendo em 2002 sido admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial.

À parte as trocas comerciais com Portugal, nas duas vertentes, e com o Brasil, do lado das importações, o comércio de Cabo Verde com os restantes membros da CPLP é muito reduzido, ou praticamente nulo nalguns casos.

Em 2021 Cabo Verde ocupou a 5ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto dos países da CPLP (0,3%), precedido do Brasil, Guiné Equatorial, Angola e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações (13,0%), depois de Angola e do Brasil.

2 – Comércio externo de Cabo Verde

O ritmo de ‘crescimento’ em valor das importações e das exportações cabo-verdianas desde 2000, embora com alguma irregularidade é tendencialmente crescente, mais vivo do lado das pouco expressivas exportações, centradas em produtos do mar, vestuário e calçado.

Os dados de base do INE de Cabo Verde, em escudos caboverdianos, foram convertidos a Euros (1 Euro = 110,265 CVE).

No valor das importações, com esta fonte, não estão incluídas “reimportações”, assim como na exportação não estão consideradas “reexportações”, mas apenas a chamada “Exportação nacional”.

2.1 – Balança Comercial de Cabo Verde (2017-2021)

A Balança Comercial de mercadorias (Fob-Cif) foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com saldos negativos compreendidos entre -586 milhões de Euros, em 2020, e -656 milhões, em 2017, situando-se em -647 milhões em 2021.

Em 2021 as importações cresceram +9,9% face ao ano anterior, com as exportações a aumentarem +1,3%%, o que conduziu a um aumento do défice de +10,5%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a situar-se em apenas 6,8%.

2.2 – Importações por Grupos de Produtos e quotas de Portugal                   em 2021

Para a análise da evolução das importações e das exportações por Grupos de Produtos foi utilizada a base de dados do “International Trade Centre” (ITC), com os produtos definidos no “Sistema Harmonizado” (SH), não disponíveis na publicação das estatísticas do INE de Cabo Verde para 2021, tendo os 99 Capítulos sido agregados em onze Grupos de Produtos (ver em ANEXO o conteúdo considerado, definido com base nos Capítulos da nomenclatura).

Em 2021 o grupo se produtos dominante nas importações foi “Agro-alimentares” (30,3% do Total em 2021 e 2020), seguido dos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (14,0% e 15,9%, respectivamente), “Energéticos” (12,5% e 9,7%), “Minérios e metais” (11,0% e 10,3%) e “Químicos” (10,4% e 11,9%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,6% em 2021 e 5,7% em 2020), “Produtos acabados diversos” (7,6% e 8,1%), “Madeira, cortiça e papel” (3,3% e 3,7%), “Têxteis e vestuário” (2,7% e 2,4%), “Aeromaves, embarcações e partes” (0,4% e 1,7%) e “Calçado, peles e couros” (0,3% nos dois anos).

Portugal terá representado 49,2% das importações em 2021, com um peso significativo na generalidade os grupos de produtos.

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC2/SH2).

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos e quotas de Portugal                   em 2021

As principais exportações de Cabo Verde incidem no grupo de produtos “Agro-alimentares” (83,3% do Total em 2021 e 85,2% no ano anterior), designadamente preparados e conservas de peixe.

Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Têxteis e vestuário” (8,1% e 7,6%) e “Calçado, peles e couros” (6,1% e 5,0%), essencialmente partes de calçado.

Portugal terá pesado 14,4% nas exportações cabo-verdianas em 2021, cabendo-lhe a totalidade nos grupos “Têxteis e vestuário” e “Calçado, peles e couros”.


2.4 – Principais mercados do Comércio Externo de Cabo Verde

Na figura seguinte relacionam-se os principais mercados de origem e de destino das importações e exportações cabo-verdianas em 2020 e 2021, segundo estatísticas do país e do ITC, que se podem considerar consentâneas na maioria dos casos.

Portugal é desde há muito a principal origem das importações de Cabo Verde, tendo representado 49,2% do Total em 2021, segundo estatísticas do ITC, e 46,5% segundo o INE de Cabo Verde. Entre as restantes origens destacaram-se a Espanha, a China, os Países Baixos e a França.

Entre os mercados de destino das exportações de Cabo Verde a primeira posição foi ocupada pela Espanha, com mais de 60% do Total em 2021.

De acordo com o INE-CV seguiu-se Portugal (15,6%), a Itália (13,0%) e os EUA (7,3%).

3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde (2018-2022)

Face a 2018, o ritmo de evolução das importações portuguesas com origem em Cabo Verde, após uma descida acentuada até 2020, inverteu esse comportamento a partir de então, mantendo-se contudo em 2022 ainda abaixo do nível de 2018.

Por sua vez o ritmo de crescimento das exportações, que se manteve praticamente estacionário até 2021, registou em 2022 um significativo acréscimo.

3.1 – Balança Comercial

O saldo da Balança Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, em consequência do grande desfasamento existente entre os valores da importação e da exportação, tendo atingido em 2022, de acordo com os dados preliminares disponíveis, um saldo de +361,7 milhões de Euros.

Em 2021, face ao ano anterior, as importações registaram um acréscimo em valor de +22,9% e as exportações um aumento de +23,9%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

Ao longo dos últimos cinco anos, as importações portuguesas de mercadorias provenientes de Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.

Em 2022 estes três grupos de produtos representaram, no seu conjunto, 85,5% do Total das importações (81,0% no ano anterior): “Têxteis e vestuário” (47,7% e 39,9% em 2021), “Calçado, peles e couros” (26,6% e 32,2%) e “Produtos acabados diversos” (11,2% e 8,9% em 2021).

Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (4,3% e 2,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (3,7% e 2,8%), “Minérios e metais” (2,1% e 6,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,7% e 3,3%), “Aeronaves, embarcações e partes” (1,6% e 1,9%), “Energéticos” (0,8% e 2,0%), “Químicos” (0,2% e 0,1%) e “Madeira, cortiça e papel” (0,1% e 0,2%).

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2022 as principais exportações para Cabo Verde incidiram no grupo de produtos “Agro-alimetares” (29,8% do Total e 29,9% no ano anterior).

Seguiram-se os grupos “Energéticos”, com um acentuado acréscimo face ao ano anterior (14,5% e 5,5%), “Minérios e metais” (13,9% e 17,1%), “Químicos” (13,8% e 14,5%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (11,5% e 13,2%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (7,3% e 8,9% em 2021), “Madeira, cortiça e papel” (4,6% e 4,9%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e 2,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,5% e 2,8%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em cada um dos anos).

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da nomenclatura, os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.


ANEXO




Alcochete, 5 de Março de 2023.





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