Comércio Externo de Cabo Verde2017-2021ePortugal-Cabo Verde2018-2022
(disponível para download >> aqui )
1 - Introdução
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo
de mercadorias de Cabo Verde face ao
mundo entre 2017 e 2021, com base em dados divulgados no “Boletim
de Estatísticas do Comércio Externo do Instituto Nacional de Estatística
de Cabo Verde”, complementados por dados de fonte “International Trade
Centre (ITC)”, estes desagregados por produtos do “Sistema Harmonizado” (SH), coincidente até 6 dígitos com a "Nomenclatura Combinada" (NC).
Analisa-se
em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Cabo Verde ao longo do período 2018-2022, com
base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização
em 9 de Fevereiro de 2023.
Cabo
Verde foi, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa” (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da
cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e
o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de
bens e serviços entre os seus membros, designadamente o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal
e São Tomé e Príncipe, desde a sua fundação, tendo em 2002 sido admitido
Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial.
À parte as trocas comerciais com Portugal, nas duas
vertentes, e com o Brasil, do lado das importações, o comércio de Cabo Verde
com os restantes membros da CPLP é muito reduzido, ou praticamente nulo nalguns
casos.
Em 2021
Cabo Verde ocupou a 5ª posição nas importações de Portugal com origem no
conjunto dos países da CPLP (0,3%), precedido do Brasil, Guiné Equatorial,
Angola e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações (13,0%), depois de Angola e
do Brasil.
2 – Comércio
externo de Cabo Verde
O ritmo de ‘crescimento’ em valor das importações e
das exportações cabo-verdianas desde 2000, embora com alguma irregularidade é tendencialmente
crescente, mais vivo do lado das pouco expressivas exportações, centradas em
produtos do mar, vestuário e calçado.
Os dados de base do INE de Cabo Verde, em escudos
caboverdianos, foram convertidos a Euros (1 Euro = 110,265 CVE).
No valor das importações, com esta fonte, não estão
incluídas “reimportações”, assim como na exportação não estão
consideradas “reexportações”, mas apenas a chamada “Exportação
nacional”.
2.1 – Balança Comercial de Cabo Verde (2017-2021)
A Balança Comercial de mercadorias (Fob-Cif) foi
deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com saldos negativos compreendidos
entre -586 milhões de Euros, em 2020, e -656 milhões, em 2017, situando-se em -647
milhões em 2021.
Em 2021 as importações cresceram +9,9% face ao ano
anterior, com as exportações a aumentarem +1,3%%, o que conduziu a um aumento
do défice de +10,5%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações
a situar-se em apenas 6,8%.
2.2 – Importações por Grupos de Produtos e quotas
de Portugal em 2021
Para a análise da evolução das importações e das
exportações por Grupos de Produtos foi utilizada a base de dados do “International
Trade Centre” (ITC), com os produtos definidos no “Sistema Harmonizado” (SH),
não disponíveis na publicação das estatísticas do INE de Cabo Verde para 2021,
tendo os 99 Capítulos sido agregados em onze Grupos de Produtos (ver em ANEXO
o conteúdo considerado, definido com base nos Capítulos da nomenclatura).
Em 2021 o grupo se produtos dominante nas
importações foi “Agro-alimentares” (30,3% do Total em 2021 e 2020),
seguido dos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (14,0% e 15,9%,
respectivamente), “Energéticos” (12,5% e 9,7%), “Minérios e metais”
(11,0% e 10,3%) e “Químicos” (10,4% e 11,9%).
Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Material
de transporte terrestre e partes” (7,6% em 2021 e 5,7% em 2020), “Produtos
acabados diversos” (7,6% e 8,1%), “Madeira, cortiça e papel” (3,3% e 3,7%),
“Têxteis e vestuário” (2,7% e 2,4%), “Aeromaves, embarcações e
partes” (0,4% e 1,7%) e “Calçado, peles e couros” (0,3% nos dois
anos).
Portugal terá representado 49,2% das importações em
2021, com um peso significativo na generalidade os grupos de produtos.
Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos,
os principais produtos desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC2/SH2).
2.3 – Exportações por Grupos de Produtos e quotas
de Portugal em 2021
As principais exportações de Cabo Verde incidem no
grupo de produtos “Agro-alimentares” (83,3% do Total em 2021 e 85,2% no
ano anterior), designadamente preparados e conservas de peixe.
Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Têxteis
e vestuário” (8,1% e 7,6%) e “Calçado, peles e couros” (6,1% e
5,0%), essencialmente partes de calçado.
Portugal terá pesado 14,4% nas exportações
cabo-verdianas em 2021, cabendo-lhe a totalidade nos grupos “Têxteis e
vestuário” e “Calçado, peles e couros”.
2.4 – Principais mercados do Comércio Externo de
Cabo Verde
Na figura seguinte relacionam-se os principais
mercados de origem e de destino das importações e exportações cabo-verdianas em
2020 e 2021, segundo estatísticas do país e do ITC, que se podem
considerar consentâneas na maioria dos casos.
Portugal é desde há muito a principal origem das importações de Cabo Verde, tendo representado
49,2% do Total em 2021, segundo estatísticas do ITC, e 46,5% segundo o INE
de Cabo Verde. Entre as restantes origens destacaram-se a Espanha, a China, os
Países Baixos e a França.
Entre os mercados de destino
das exportações de Cabo Verde a primeira posição foi ocupada pela Espanha, com
mais de 60% do Total em 2021.
De acordo com o INE-CV seguiu-se
Portugal (15,6%), a Itália (13,0%) e os EUA (7,3%).
3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde (2018-2022)
Face a 2018, o ritmo de evolução das importações
portuguesas com origem em Cabo Verde, após uma descida acentuada até 2020,
inverteu esse comportamento a partir de então, mantendo-se contudo em 2022
ainda abaixo do nível de 2018.
Por sua vez o ritmo de crescimento das exportações, que se
manteve praticamente estacionário até 2021, registou em 2022 um significativo
acréscimo.
3.1 – Balança
Comercial
O saldo da Balança Comercial de Portugal com Cabo
Verde é amplamente favorável a Portugal, em consequência do grande desfasamento
existente entre os valores da importação e da exportação, tendo atingido em
2022, de acordo com os dados preliminares disponíveis, um saldo de +361,7
milhões de Euros.
Em 2021, face ao ano anterior,
as importações registaram um acréscimo em valor de +22,9% e as exportações um
aumento de +23,9%.
3.2 – Importações por grupos de produtos
Ao longo dos últimos cinco anos, as importações portuguesas de
mercadorias provenientes de Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de
produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado,
peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.
Em 2022 estes três grupos de produtos representaram,
no seu conjunto, 85,5% do Total das importações (81,0% no ano anterior): “Têxteis
e vestuário” (47,7% e 39,9% em 2021), “Calçado, peles e couros” (26,6%
e 32,2%) e “Produtos acabados diversos” (11,2% e 8,9% em 2021).
Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (4,3%
e 2,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (3,7% e 2,8%), “Minérios e
metais” (2,1% e 6,2%), “Material de transporte terrestre e partes”
(1,7% e 3,3%), “Aeronaves, embarcações e partes” (1,6% e 1,9%), “Energéticos”
(0,8% e 2,0%), “Químicos” (0,2% e 0,1%) e “Madeira, cortiça e papel”
(0,1% e 0,2%).
No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.
3.3 – Exportações por grupos de produtos
Em
2022 as principais exportações para Cabo Verde incidiram no grupo de produtos “Agro-alimetares”
(29,8% do Total e 29,9% no ano anterior).
Seguiram-se
os grupos “Energéticos”, com um acentuado acréscimo face ao ano anterior
(14,5% e 5,5%), “Minérios e metais” (13,9% e 17,1%), “Químicos”
(13,8% e 14,5%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (11,5% e 13,2%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados
diversos” (7,3% e 8,9% em 2021), “Madeira, cortiça e papel” (4,6% e
4,9%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e 2,5%), “Material de transporte
terrestre e partes” (1,5% e 2,8%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e
0,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% em cada um dos anos).
No quadro seguinte encontram-se desagregados, por
Capítulos da nomenclatura, os principais produtos importados no âmbito de cada
grupo de produtos.
ANEXO
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