quarta-feira, 8 de março de 2023

Comércio Externo da Guiné-Bissau e Portugal - Guiné-Bissau 2018-2022

 

Comércio Externo da Guiné-Bissau
2017-2021
e
Portugal - Guiné-Bissau
2018-2022

                                                        (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Não se dispondo de dados estatísticos relativos ao passado recente do comércio externo de mercadorias da Guiné-Bissau com origem em fontes  nacionais, foram neste trabalho utilizados dados de base disponíveis no “International Trade Centre” (ITC) por produtos do ‘Sistema Harmonizado’ (SH), para 2017 e 2018 calculados a partir de dados divulgados pelo INE da Guiné-Bissau e para 2019 a 2021 a parir de dados divulgados pelos seus parceiros comerciais (mirror data).

Segue-se uma análise da evolução do comércio de Portugal com a Guiné-Bissau entre 2018 e 2022, a partir de dados estatísticos do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE), em versão definitiva até 2021 e preliminar para 2022, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2023.

A Guiné-Bissau foi, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP). Esta Comunidade tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros, designadamente o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, desde a sua fundação, tendo em 2002 sido admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial.

À parte as trocas comerciais com Portugal, nas importações, o comércio da Guiné-Bissau com os restantes parceiros da CPLP é muito reduzido ou mesmo nulo, em ambas as vertentes.

A Guiné-Bissau pertence também à “União Económica e Monetária do Oeste Africano” (UEMOA), uma organização criada em 1994 por tratado assinado em Dacar, no Senegal, de que são membros fundadores o BenimBurkina FasoCosta do MarfimMaliNígerSenegal e Togo, tendo a Guiné-Bissau aderido em 1997, sendo o único membro não francófono desta organização.

A UEMOA é uma união aduaneira e monetária criada no contexto da “Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental” (CEDEAO), esta criada em 1975 por tratado assinado em Lagos, na Nigéria, visando promover a integração económica dos Estados-membros em todas as áreas de actividade.

Além dos membros da UEMOA, integram a CEDEAO os países Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.

2 – Comércio externo da Guiné-Bissau

No período de 2017 a 2021 o ritmo de evolução anual em valor das importações foi tendencialmente crescente a partir de 2018, a par de uma desaceleração das exportações após 2019. 

2.1 – Balança Comercial da Guiné-Bissau (2017-2021)

A Balança Comercial de mercadorias (Fob-Cif) da Guiné-Bissau, que em 2017 e 2018 registara saldos positivos, tornou-se deficitária a partir de 2019. Em 2021 registou um saldo negativo de -191 milhões de Euros e um grau de cobertura das importações pelas exportações de apenas 44,7%, na sequência de crescimentos de +18,4% nas importações e de +5,6% nas exportações. 

2.2 – Importações por Grupos de Produtos

Para a análise da evolução das importações e das exportações por Grupos de Produtos, com base no ‘Sistema Harmonizado’ (SH), foi utilizada a base de dados do “International Trade Centre” (ITC).

Em 2021 o grupo se produtos dominante nas importações foi “Agro-alimentares” (35,7% do Total em 2021 e 43,2% em 2020), seguido dos grupos “Químicos” (14,4% e 12,0%, respectivamente) e “Energéticos” (13,2% e 10,7%).

Com pesos inferiores alinharam-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (8,3% e 1,0%), “Minérios e metais” (6,0% e 8,1%), “Produtos acabados diversos” (5,3% e 7,4%), “Material de transporte terrestre e partes” (3,3% e 3,9%), “Têxteis e vestuário” (2,2% e 2,5%), “Madeira, cortiça e papel” (1,5% e 1,3%) e “Calçado, peles e couros” (0,7% nos dois anos).

Da figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2020 e 2021, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura.

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos

Muito pouco diversificadas, as principais exportações da Guiné-Bissau incidiram principalmente também no grupo de produtos ”Agro-alimentares” ( 85,5% to Total em 2021 e 97,6% no ano anterior), na sua quase totalidade constituídas por castanha de cajú.

Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Energéticos” (12,2% e 1,0%) e “Aeronaves, embarcações e partes”.

2.4 – Principais mercados de origem e destino em 2018

O último ano disponível na base de dados do ITC sobre mercados de origem e destino das trocas comerciais da Guiné-Bissau é 2018.

De acordo com esta fonte, neste ano Portugal terá ocupado a primeira posição nas importações da Guiné-Bissau, com 44,2% do Total, seguido do Senegal, país limítrofe e membro da UEMOA, com 29,1%, do Paquistão (17,8%), da China (6,1%), dos Países Baixos (1,7%), da Índia (0,6%) e da Gâmbia (0,4%), também país limítrofe e membro da UEMOA.

Os principais destinos indicados para as exportações guineenses foram a Índia (30,3%), a China (17,1%), Singapura (8,7%), o Vietname (5,6%), os Emiratos Árabes Unidos (5,3%), os Países Baixos (4,4%) e Hong-Kong (3,7%), países que representaram no seu conjunto 83,1% das exportações em 2018.

Para Portugal é indicado um valor nulo, embora as estatísticas portuguesas refiram uma pequena importação de 557 mil Euros com origem na Guiné-Bissau nesse ano.

3 – Comércio de Portugal com a Guiné-Bissau (2018-2022)

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com a Guiné-Bissau é fortemente favorável a Portugal, com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações.



Em 2022 as importações, num montante de apenas 224 mil Euros, cresceram +44,8% face ao ano anterior em que se havia registado um acentuado decréscimo de -91,7%. As exportações, num valor de 129,9 milhões de Euros, aumentaram +41,1%, tendo o saldo da Balança Comercial atingido +129,7 milhões de Euros.

3.2 – Importações por grupos de produtos

O grupo de produtos com maior peso no total das importações ao longo do último quinquénio foi o de “Agro-alimentares”. Em 2022 este grupo registou o valor mais baixo destes cinco anos, tendo representado 35,7% do Total, após um peso de 87,7% no ano anterior. As importações de produtos agrícolas incidiram principalmente em frutos secos, designadamente castanha de cajú, seguida de sucos e extratos vegetais.

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (34,3% com importação nula em 2021), constituído por madeira serrada, mesmo aplainada, “Máquinas, aparelhos e partes” (16,2% e 8,8%), designadamente moldes para borracha ou plástico, e “Material de transporte terrestre e partes”, como veículos automóveis para até 10 passageiros.

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Nas exportações, bem mais diversificadas, salientaram-se os grupos “Energéticos” (47,5% do Total e 36,0% em 2021), principalmente gasolinas e gasóleo, e “Agro-alimentares” (32,2% e 36,4%), com destaque para as bebidas alcoólicas.

A grande distância seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (4,4% e 6,0%), “Máquinas, aparelhos e partes” (4,4% e 5,6%), “Químicos” (41% e 6,5%), “Minérios e metais” (3,6% e 4,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,7% e 2,4%), “Madeira, cortiça e papel” (1,0% e 1,3%), “Têxteis e vestiário” (0,9% e 1,2%) e “Calçado, peles e couros” (0,1% em ambos os anos), tendo sido praticamente nulas as exportações do grupo “Aeronaves, embarcações e partes”.

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos exportados no âmbito de cada grupo de produtos.



ANEXO



Alcochete, 7 de Março de 2023.



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